Luz no Entardecer
Por Paulo de Aragão Lins | 08/11/2008 | CrônicasNo entardecer da história do homem, as trevas procuram, cada vez mais, avançar e dominar.
Vemos trevas sobre a Economia. Os homens lutam desesperadamente para resolverem os misteriosos problemas que daí decorrem.
Vemos trevas na Ecologia. A natureza está morrendo inexoravelmente.
Vemos trevas no Comportamento. Jovens e adultos afundam rapidamente em um tremedal de imundícia e destemor.
Vemos trevas na religião. Muitos são os artifícios inventados nestes últimos dias, para substituírem o cristianismo verdadeiro.
A palavra de Deus, porém, mostra a esperança que deve permear cada coração piedoso.
Ela diz que no tempo da tarde haverá luz.
Enquanto o mundo começa a desesperar-se, e o medo toma conta do pensamento de muitos, o filho de Deus vê a luz que surge no horizonte.
Semelhante à aurora do mundo. Quando Deus pairou sobre a terra cheia de trevas, sem forma e vazia. Ele disse:
- Haja Luz!
E houve luz. E Deus viu que a luz era boa e fez separação entre a luz e as trevas.
Navios perdidos nas tempestades transformam-se em palcos de alegria, quando a luz distante de um farol lhes indica o caminho.
Viandantes perdidos no meio da floresta, ouvindo uivos, rosnados e grunhidos, sob sombras espessas, sentem-se renovados em seu ânimo, ao verem alguma nesga de luz que demonstra haver esperança perto.
Quando tudo parece sem solução, surge a luz no tempo da tarde.
Quando os israelitas estavam na terra de Gósen, no Egito, houve três dias de trevas, porém aquelas trevas só atingiam as casas dos egípcios. Nas casas dos israelitas, havia luz.
Sempre há esperança para aqueles que temem ao Senhor. Para os que o desprezam, o turbilhão pode vir de repente. Muitas vezes os seres humanos foram apanhados de surpresa.
Em 7 de dezembro de 1941, a poderosa frota japonesa atacou a Base Naval de Pearl Harbor, dos Estados Unidos. Ninguém esperava o ataque.
Todos foram surpreendidos em meio aos seus afazeres, pecados e indiferença. Muitas vidas foram ceifadas e várias embarcações foram destruídas.
Em 6 de agosto de 1945, a mais poderosa arma do homem na época, a bomba atômica, foi lançada sobre a cidade de Hiroshima.
Aquela dona de casa que estava tranqüilamente preparando comida para sua família, aquele garoto que estava indo calmamente para a escola, aquele homem de negócios que mergulhava no jornal matinal, na coluna econômica, sem ao menos ligar para a família, todos foram atingidos de repente, e nem souberam o que os atingiu.
Quem poderia imaginar tamanho poder?
Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, as cidades do pecado, jamais pensariam que choveria fogo e enxofre do céu contra elas, destruindo-as. Suas festas, danças, orgias, bebedices, crimes e assaltos, foram interrompidos, subitamente, pela ação vigorosa e vingadora de Deus.
Mas, para Ló e suas filhas houve luz...
O Egito nem desconfiava que o anjo destruidor viria àquela noite.
A geração de Noé esperava tudo, menos o dilúvio.
Quantas vezes as soluções parecem inexistentes, tudo é treva, negro, problemas, lutas, dores...
Certa vez, as sombras da angústia queriam abater-se sobre a minha alma. Debatia-me na confluência de dois mundos, sem saber escolher a melhor parte.
Em meio à tempestade mental que me assolava, deitei-me na cama e fiquei olhando o teto.
Antes disso, havia colocado na vitrola um disco de música clássica. Dentre os inúmeros compositores, escolhi Sibelius.
Deus fala de maneiras extraordinárias, e em momentos inesperados. Exatamente quando, na carreira da existência humana, tudo parece perdido!
Dilúvio, pragas, fogo destruidor e angústia jamais poderão tomar de assalto e de surpresa aqueles que possuem a Luz do Entardecer!
Jamais imaginara que alguém escolheria uma daquelas músicas do compositor finlandês, para nela colocar uma letra, um doce poema de conforto, transformado em hino que dizia assim:
"Desperta, ó, alma, eis o Senhor ao lado!".
Confiante leva, e sem queixar-te, a cruz.
Deixa o Senhor tomar de ti cuidado...
Ele não muda, o teu fiel Jesus".
Quando aquelas palavras pungentes começaram a surgir de dentro da memória, era como a luz do entardecer, como um raio de esperança dissipando as trevas.
Lágrimas em borbotões desceram cálidas, marcando a necessária catarse e anunciando o fim de um estado negativo que nunca mais se repetiu.
A recordação de que Jesus está sempre ao lado, transformou-se em certeza e vida, e uma alegria maravilhosa passou a habitar meu ser.
Mesmo no tempo da tarde, mesmo nos momentos conflitantes, mesmo em meio aos embates das violentas borrascas, Jesus está ao meu lado, dizendo:
- Sou eu, não tema!
Quando tudo parece negro para a humanidade, para a cultura para a civilização, para a economia, para a ecologia, Deus enviou uma mensagem de vida, uma luz alvinitente, portadora de esperança.
- Que maravilha, esta suprema certeza!