Lutas na Escola: Meio de propagação de cultura e conhecimento na formação social de estudantes

Por josé Pinto | 06/04/2010 | Educação

Alda Maria Rocha da Silva

amef25@yahoo.com.br

José Pinto da Silva

pinto.silva09@yahoo.com.br

RESUMO

O artigo aqui apresentado tem como objetivo, descrever, relatar, discutir a importância das lutas como forma pedagógica possível na cultura e na formação social de estudantes. Somos sabedores que as lutas sãocomponentes da Educação Física Escolar. Este trabalho foi realizado em forma de resumo bibliográfico, a abordagem se fez de forma qualitativa.Identificamos que as lutas se fazem presente e pode se manifesta de varias formas: o ato de se sentir oprimido, acuado, fome, injustiçado, sobrevivência, defesa, conquista.Sabemos que não se pode reproduzir na escola o mesmo ensino das lutas que se realiza em academias, ou seja, de caráter desportivo, defesa pessoal, ou como uma prática de exercícios destinados apenas à promoção da saúde, mas deve sim desenvolvido de forma inclusiva, cultura, socialização, de superação, de ampliação motora e educacional. Consideramos que as Lutas devem ser incluídas no planejamento escolar pelo professor de Educação Física de forma que possa contribuir para a formação integral do educando, embora sabendo que a sociedade tem uma concepção muito errada sobre a prática das lutas, para tanto se faz importante mudar essas concepções. Mudanças só se fazem através de elaboração de metodologias inovadoras, pois a pratica das lutas atua como válvula de escape em um publico que quase sempre é entendido como difícil e que se encontram excluídos (imperativos), dessa maneira as lutas surgem como forma de resgate. Portanto, devemos considerar todos os aspectos do indivíduo e da modalidade: motor, intelectual, sócio-afetivo, filosófico, valores sócio cultural e educação.

Palavras Chaves: Lutas, Cultura & Educação Física Escolar.

ABSTRACT
The article presented here is intended to describe, report, discuss the importance of struggles as a pedagogical possible in culture and social background of students. We are mindful that the fights are components of physical education. This work was carried out in summary form the literature, the approach was made in a qualitative way. Identified that the struggles are present and can manifest in many ways: the act of feeling overwhelmed, trapped, hunger, injustice, survival, defense, conquest. We know that we can not replicate the school the same teaching of the struggles taking place in academia, that is, sporty character, defense, or as an exercise intended only for health promotion, but should rather developed in an inclusive manner, culture, socialization, of conquest, expansion motor and educational. We believe that the struggles to be included in planning for school physical education teacher so that it can contribute to the formation of the student, knowing that society has a very wrong about the practice of fighting for so much is important to change these conceptions. Only changes have been made through development of innovative methodologies for the practical struggles acts as safety valve in a crowd that is often perceived as difficult and which are excluded (mandatory), thus the struggles come as a rescue. Therefore, we must consider all aspects of the individual and the type motor, intellectual, socio-emotional, philosophical, socio-cultural values and education.

Keywords: Wrestling, Culture and Physical Education.

1.INTRODUÇÃO

Sabemos que a influencia sofrida das lutas após os séculos até a atualidade atua de forma cultural na vida da sociedade, possibilitando vários benefícios através dos estilos de lutas: saúde, estilo de vida, qualidade de vida, desenvolvimento motor, desporto, educação, combate a indisciplina, resgate social.

Para tanto é de suma importância uma abordagem inicial, no tocante aos valores socioculturais e filosóficos das lutas, os quais acreditamos serem valores de resgate social aos envolvidos neste processo de aprendizagem. Assim, buscamos apresentar estudos e relatos históricos inerentes as lutas, suas influências dentro e fora do ambiente escolar.

Sabemos que a cultura da sociedade e do individuo reflete principalmente no ambiente escola, sendo fácil observação, como isso vemos o maior problema é a indisciplina dos alunos, pois não seria difícil de identificar: opressão, acuadas, fome, injustiçadas, de sobrevivência, defesa ou pelo simples fato que falta algo que lhe é importante.

As lutas surgem na maioria das vezes um meio de combater meios desviantes, ou seja, indisciplina. Embora saibam que a referida modalidade não seja a solução para todos os problemas de indisciplina, mas surge como meio de auxilio e propagação de valores como: a moral, ética, formação do caráter e da personalidade. Para tanto sabemos que o conceito de indisciplina é susceptível de múltiplas interpretações.

Sabemos que um aluno indisciplinado é em princípio alguém que possui um comportamento desviante em relação a uma norma explicita ou implícita sancionada em termos escolares e sociais. Estes desvios são, todavia denominados de forma diferente conforme o trato de alunos ou de professores. "Os primeiros são apelidados de indisciplinados, os segundos de incompetentes". Portanto, a indisciplina pode implicar violência, mas não é necessário que esta ocorra.

É neste sentido que alguns autores distinguem vários níveis de indisciplina, tais como:

Perturbação pontual que afeta o funcionamento das aulas ou mesmo da escola; conflitos que afetam as relações formais e informais entre os alunos, que podem atingir alguma agressividade e violência, envolvendo por vezes, atos de extorsão, violência física ou verbal, roubo, vandalismo;conflitos que afetam a relação professor-aluno, e que em geral colocam em causa a autoridade e o estatuto do professor; Vandalismo contra a instituição escolar, que muitas vezes procura atingir tudo aquilo que ela significa (BARELLA, 2005: 34).

Desde a origem da vida o ser humano vive em constante guerra. Seja ela social, cultural, religiosa, pessoal ou interna (consigo mesmo), o objetivo do ser humano na guerra é a "busca da paz". Para Oliveira (2002, p. 16) as Artes Marciais, pelo que Marte representava, simbolizavam a evolução espiritual, através do domínio das paixões brutais.

Com a busca da paz em momentos de guerra interna e externa devemos nos indagar dizendo "se as artes marciais são uma expressão da cultura de um povo, o que então elas se expressam dentro de um contexto pedagógico a ser desenvolvido em escolas? Será que as artes marciais por derivar de marte "deus da guerra" será que a cultura realmente da sociedade em relação as lutas é sinônimo de violência? Temos a visão de que a pratica das lutas vão além do aspecto físico, pois suas tradições marciais estão nas raízes de cada sociedade que a criou, embora interpretamos as lutas como meio de liberdade, propagação de cultura e superação.

O importante da cultura, das guerras e das conquistas é que todos eles nos levam a reflexão, pois delas devemos tirar o que tem de melhor em relação: aos apetrechos, as modalidades de lutas. Temos um exemplo claro em relação as armas em que: antes eram usadas para destruir ou conquistar, hoje são usadas para incluir, resgatar, conhecer, competir e recrear.

Diante de culturas que fazem parte de nossa sociedade podemos tomar como exemplo a herança o arco e flecha dos indios, oriundo dos negros da África o que chamamos a capoeira e com eles o maculêle, o samba de roda, capoeira Angola, capoeira Regional. Temos a capoeira como riqueza de culturas, hoje é uma das manifestações culturais criadas pelo povo e patrimônio cultural do Brasil. Dos países orientais as lutas marciais como: o Karatê, o Judô, Jiu-jitsu, Boxe Tailandês, Tae- Kwon Dô, Kung Fu e outras mais.

Sabe-se que as artes marciais, talvez por causa de meio século de exaltação na mídia em filmes com estrelas de artes marciais como o lendário Bruce Lee, Jackie Chan, Jean Cloud Vandamme e Jet Li, possivelmente estas estrelas do cinema estejam influenciando nas formas de cultura.

Fato que se tratando de conhecimento, cultura e mídia em relação as lutas as mesmas devem surgir de forma sistematizada ao ensino na escola, com isso Santos Junior (2008) aponta alguns desafios à educação em geral: informático, formal, técnico, preferencial, efetividade pedagógica e relevância educativa. Atentamos para dois desses desafios, os quais entendemos como fundamentais para uma melhor compreensão sobre o discurso midiático no cotidiano escolar:

O primeiro deles seria o desafio informático, ligado diretamente aos recursos tecnológicos oferecidos diariamente pelos MCM, que incorpora a espetacularização através da multifuncionalidade de seus produtos associados ao dia a dia, encontros sem empecilhos geográficos e facilidade de obter informações em pouco tempo, transformando-se em bens de consumo. No segundo desafio, coloca-se em discussão a efetividade pedagógica, pois pesquisas apontam que o aprendizado dos jovens torna-se mais veloz e eficaz através dos MCM, em especial a TV, permitindo obter um conjunto de conhecimentos mais adequados para sua vida social (ibidem).

Para Belloni (2001) apud Santos Junior (2008) a mídia distribui imagens e linguagens, construindo sistematicamente o imaginário de muitos jovens, por oferecer significações através de mitos, símbolos e representações, estereotipando valores, normas e modelos de comportamento, e é preciso que "muitas dessas informações possuem apenas a forma do espetáculo e do entretenimento, distante de preocupações educativas formais" (BETTI, 2004: 125).

Paramos agora para refletir sobre as várias formas em que a mídia influência a pratica da atividade física e do esporte para a sociedade, em que, a mídia usufrui de efeitos especiais e de profissionais de marqueting para chamar a atenção do público, levando-nos a crê que os próprios meios de comunicação passam de uma forma ou de outra para as pessoas uma cultura não muito pedagógica, de forma a chamar a atenção do expectador pelo produto, pela imagem.

Embora sabemos que hoje a mídia é um meio de cultura que vem a ser importante para a sociedade no geral, ainda que, a Educação Física não poderia ficar de fora deste contexto de cultura, pois hoje em dia favorecem ao educador subsídios que podem ser utilizados como material e métodos que podem facilitar a compreensão de conteúdos a serem aplicado aos alunos, sendo de grande relevância "reflexão".

Diferente da oferta da mídia em que oferta as pratica de esporte de lutas ou atividade física, competição, através do marketing (propagandas, revistas, reportagens, filmes, vídeos games), ou seja, traduz que nela tudo e possível, Lê Boulch (1987) afirma que diante da lei da procura e da oferta de atividades o ser humano objetiva algo mais, pois:

Os exercícios corporais (educação física e esportiva) e as atividades despertadoras visam, essencialmente, ao longo da escolaridade primária, assegurar o desenvolvimento harmonioso dos componentes corporais, afetivos, intelectuais da personalidade da criança objetivando a conquista de uma relativa autonomia e da apreensão refletida do mundo que a cerca (p. 53).

Pensando nisso vemos que a titulo de mídia as crianças possam ser as mais influenciadas. Contudo é partindo desse ponto de vista que a pratica do esporte lutas é muito importante para o desenvolvimento físico e educacional da criança, pois a escola e o professor de Educação Física deve favorecer a criança o afastamento do ambiente televisão, pois na maioria a criança poderá adquirir hábitos errados, doenças e se incluir a um grupo de risco. O importante mesmo é que sejam ofertadas as crianças aulas teoria/pratica de lutas em grupos é levá-los a reflexão, seja ela individual ou coletiva.

Com isso sabe-se que as artes marciais não são restritas apenas ao continente asiático, ou seja, com a evolução das culturas de todo o mundo, outros continentes desenvolveram suas próprias formas de defesa e ataque como comenta Ferreira (2006) em relação ao Savate na França, com o jogo do Pau em Portugal, e com a Capoeira no Brasil.

Lage; Gonçalves Junior; Nagamine (2008) comentam que as lutas ou artes marciais e esportes de combate sejam denominações freqüentes a práticas corporais como capoeira, jiu-jitsu, judô, karatê, sumô, dentre outras. Embora sabe-se que há uma supervalorização do elemento espetacular-visual em detrimento de valores freqüentemente presentes nas lutas, as quais mantêm raízes das respectivas culturas originárias (africana, oriental, indígena), tais como: persistência, humildade, dignidade, respeito e honra. Envolvendo, portanto, uma sabedoria de vida, um aprender a conduzir a própria vida, tornar-se pessoa, não fragmentando a vida em si mesma da atividade, como se esta fosse meramente física.

Oliveira (2002) define "Arte" em que "denota algo realizado por um ser capaz, eminente, hábil e sábio. Ele diz que a raiz do termo vem do latim "Ars" implica o sentido de imaginar, inventar, acomodar e adaptar. O termo "Marcial" é derivado de Marte, nome latino de Ares, deus da Guerra da Mitologia Grega. Ele era filho de Júpiter e Juno.

Mesmo sendo as lutas surgidas com o intuito de guerrear, lutar, defender, de preparo militar, vemos que surge um outro ponto de vista em relação as lutas a serem incluídas no ambiente escolar, pois é importante pensarmos na inclusão, socialização e na individualidade biológica do individuo. Em que esse novo sistema de luta ao ser desenvolvido no ambiente escolar seja ele de fundamental importância, pois deve ele ter uma administração de exercícios, ou seja, em toda atividade de luta deve haver um inicio, meio e fim. Essa administração é conhecida pelo nome de "Síndrome de Emergência de Cannon".

A Síndrome de Emergência de Cannon nada mais é do que o fenômeno que visa preparar o organismo para o esforço físico que será necessário pra resolver a situação, o que num passado remoto poderia significar fugir ou combater um ser humano ou um animal maior. Todo sistema simpático é ativado, ou seja, age como um alarme ou ele luta ou foge é conhecida por Cannon como (to figt or to flight).

Paralelo ao fenômeno de Cannon surge um outro fenômeno de cultura hoje mais conhecido como "mídia", fenômeno importante na cultura entre os jovens, sendo uma forte influência no campo pedagógico, em que influência no âmbito da cultura corporal de movimento, sugerindo diversas práticas corporais, reproduzindo-as, mas também as transformando e constituindo novos modelos de consumo (BETTI, 2004). Santos Junior (2008) informa que o profissional da área educacional deve em suma:

Oportunizar diálogos, trabalhando recurso audiovisual, recortes de revistas e jornais, matérias televisivas e curiosidades sobre elementos da cultura corporal transmitidos pela mídia, no qual possa usufruir de maneira ativa, seletiva, dando significado próprio a suas estruturas de recepção.

Sabemos que as lutas se encontram no conteúdo de esporte, pois fazem parte dos conteúdos a serem trabalhados na escola, contudo os PCN's nos mostram uma estruturação e caminhos a serem seguidos em cada nível que o aluno se encontra (infantil, fundamental e médio). Os quais devem representar resultado do processo de ensino e aprendizagem no âmbito da educação, do desporto e a construção de valores.

Contudo como afirmar com segurança sobre a importância do esporte (lutas) para o desenvolvimento físico, educacional da criança e suas influências nos aspectos culturais e sociais? Quando se fala em esporte e atividade física para as crianças elas vêem logo o futebol em si, para tanto é muito importante traçarmos a definição do que sejam esporte e atividade física. Stigger (2005, p. 19) afirma que o termo "esporte" "é utilizado no presente momento de maneira bastante vaga, de forma a abranger confrontos de jogos de numerosos gêneros".

Comenta-se que um jovem que pratica o verdadeiro esporte karatê, aprende que deve amar seus pais, ser responsável na escola e respeitar seus semelhantes. O karateca sabe até onde vai seus limites e onde começa os dos outros (OLIVEIRA; 2002, p. 44). Com isso este processo evidência a necessidade de mudanças de paradigmas no que tange às condições de formação e habilitação dos instrutores de artes marciais, pois se entende que apenas o conhecimento técnico específico de uma determinada arte marcial não é o suficiente para capacitar o praticante para a sociedade.

Objetivo geral é descrever, relatar, discutir a importância das lutas como um método pedagógico para aplicação em alunosconsiderados indisciplinados tornando-os mais sociáveis.

Como objetivos específicos, pretendemos relatar a importância do esporte lutas como meio de propagação da cultura e do conhecimento do ser humano; ressaltar que a disciplina nas lutas é de fundamental importância para o convívio social; favorecer aos alunos na escola a inclusão das lutas na qual a mesma é propagadora do conhecimento, teórico/prático; conscientizar os professores que aprática das lutas deve contribuir para o desenvolvimento integral do aluno.

Este trabalho foi formulado em forma de resumo bibliográfico. A abordagem se fez de forma qualitativa buscando selecionar informações das mais importantes, submetendo-as a exame critico, com observação de falhas e distorções, se procurou ter uma análise e interpretação de todos os dados investigados de forma objetiva e cientifica, atribuindo a estas um caráter fenomenológico-hermenêutico (BARROS; LEHFELD, 2000, 2002; MARTINS, 2000; MINAYO, 2000 apud QUEIROZ, 2008; p.12).

Podemos descrever pressupostos de confrontamento entre teorias e práticas e assim traçar ações metodológicas que direcionem nossas práticas, pois analisar o comportamento do ser humano é uma ciência.

As referências utilizadas na construção do trabalho foram as mais diversas como: livros, revistas cientificas, artigos, endereços eletrônicos, dicionários, manuais. Todas voltadas para a realização deste artigo para que se tornasse coesa e coerente com o tema abordado.

2.MARCO TEÓRICO

2.1 PERPETUAÇÃO DAS LUTAS

A idéia de que temos sobre perpetuação é de escrever, de ler, refletir, praticar as lutas marciais ou artes marcias: karatê, Capoeira, Judô, Jiu-Jitsu, Tae- Kwan-do e outras, pois devemos perpetuar mostrando documentários, palestras, apresentações, visitas em academias, a literatura de Sum Tzu e Miamoto Mussashi,

Oportunizar reflexões e aprofundar nossos conhecimentos nas mais variadas forma de luta que hoje são trabalhadas e manifestadas por profissionais em beneficio de uma sociedade melhor.Junto aos conceitos de lutas temos a oferta de um documento que possibilita ao professor caminhos a serem seguidos por faixa etária ou em ciclos como os PCN's (1998, p.49) este por sua vez define as lutas de uma forma muito ampla:

As lutas são disputas em que o(s) oponentes (s) deve (m) ser subjugado (s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por ter uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade.

Sabemos que a maioria dos professores de lutas adquirem conhecimento sobre as artes marciais na informalidade, pois não existe graduação a titulo de nível superior na área de lutas. Murata comenta que "as artes marciais são passadas como um telefone sem fio", em que este ensino é passado através de pessoas para pessoa ou profissionais, em que vivem ou representam suas tradições, seus ideais, sua filosofia e seus costumes estão sendo distorcidos, na maioria das vezes por causa da falta do conhecimento pedagógico. Oliveira comenta que os ensinamentos da arte marcial são modalidades seriíssimas na sociedade antiga.

Santos Junior (2008) comenta que a Educação Física como proposta a subsidiar e incorporar elementos para interpretação crítica sobre a cultura midiática, não pode prender-se a idéia de transformar sua prática em laboratório para formação de futuros atletas ou a concepções desenvolvimentistas. Com isso a Educação Física deve assumir a responsabilidade de interventora e articuladora sobre cultura midiática, considerando-a de extrema relevância para as práticas pedagógicas transformadoras.

2.2 PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA X PROFESSOR DE LUTAS

Se faz conhecermos que no ambiente escolar, era (e continua sendo) raro o professor de Educação Física que, além dos costumeiros esportes coletivos de quadra apresenta ao educando o conteúdo relacionado às artes marciais, como o judô que é esporte olímpico com tradição de conquistas de medalhas ou a capoeira com profundas raízes histórico-culturais em nosso país.

Vemos como principal problema acontece no curso de graduação em Educação Física, quer seja de licenciatura ou bacharelado, possivelmente não dão uma maior importância no estudo teórico e pratico relacionada às lutas, resultando assim um distanciamento profissional do universo cultural das artes marciais.

Por outro lado, são bem conhecidas as sessões de treinamento destas artes marciais em academias, clubes ou entidades esportivas, ministradas, em geral, por atletas ou praticantes com formação restrita e insuficiente, quando muito, freqüentaram algum curso (in) formativo em uma academia ou na respectiva federação.

Segundo a Lei Federal 9.615/98, que institui normas gerais sobre o desporto, em seu artigo 20, determina que: "as entidades de prática desportivas e as entidades nacionais de administração do desporto, bem como as ligas que se trata o art. 20 da Lei 9.615/98 são pessoas jurídicas de direito privado, com organização e funcionamento autônomo, e terão competência em seus estatutos".

O CONFEF prever que essas entidades são responsáveis pela organização esportiva em nível nacional ou regional e são organizadas em federações, confederações e ligas. Por outro lado a Lei 9.696/ 98, no seu artigo 3º afirma que compete ao profissional de Educação Física:

"Coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, orientar, ensinar, conduzir, treinar, administrar, implantar, implementar, ministrar, analisar, avaliar e executar atividades, estudos, trabalhos, programas, planos, projetos e pesquisas; executar treinamentos especializados; prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria; participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares; elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos; prestar assistência e educação corporal a indivíduos ou coletividades, em instituições privadas ou públicas; prestar assistência e treinamento especializado; coordenar, organizar, supervisionar, executar e ministrar cursos e atividades de orientação, reciclagem e treinamento profissional nas áreas da atividade física e desportiva" (BRASIL, 1998).

Sabemos também que a referida lei citada anteriormente favorece a praticantes e ex-praticantes de modalidades esportivas, seja ele qual for, sob medida de provar que já ministrava aquele (a) modalidade por mais de cinco anos, obrigando a ter o registro no CREF (Conselho Regional de Educação Física) para então continuar o seu trabalho de forma provisionada na referida modalidade, não podendo exercer outro deporto se não o que consta na sua carteira.

Segundo o código de ética CONFEF/CREFs 7ª edição capitulo I Art 3º:

Reconhece como profissional de educação física, o profissional identificado, segundo a CBO, como: professor de educação física;avaliador físico; ludomotricista; preparador de atleta;preparador físico; técnico desportivo;podendo ainda, conforme as características da atividade que desenpenha, ser reconhecido pelas seguintes denominações: treinador esportivo; personal triner, treinador de esportes; preparador físico- corporal;professor de educação corporal;orientador de exercícios corporais; monitor de atividades corporais; motricista e cinesiologo, entre outros.

Contudo todo e qualquer profissional graduado (faixa preta), licenciado ou provisionado em Educação Física deve favorecer cultura, para tanto Lage (2008) comenta que as diferentes lutas vivenciadas proporcionaram situações nas quais os educandos podem aprender um pouco sobre diferentes culturas. As vivências junto aos grupos de karatê, judô e jiu-jitsu, promovem o contato dos educandos com alguns costumes advindos da cultura oriental, dentre eles, temos a disposição dos seus praticantes com relação ao zelo e asseio do Dojo, a retirada dos calçados.

2.3 A HISTÓRIA DAS ARTES MARCIAIS

O combate desarmado nasceu antes da história escrita, mas as origens mais remotas são obscuras, muitas vezes encobertas pelo folclore de uma variedade de culturas de um mundo fechado. Várias são as formas de combate desarmado, suas práticas se deram de inicio na Índia, na China, em Formosa e em Okinawa, uma das varias ilhas ao sul do Japão.

Comenta-se em Okinawa, que: as lutas desarmadas foram desenvolvidas em segredo durante muito tempo, devido à influência dos fidalgos japoneses que conquistaram a ilha, proibindo os seus súditos de carregarem armas. Esta proibição de andarem armados obrigou muitas pessoas a praticar formas de combate sem armas, em segredo tornando o próprio corpo uma arma.

Em pesquisa no site: http://pt. Wikipédia.org/wiki/Artes_marciais apud Ferreira (2006) comenta que as artes marciais são sistemas de práticas e tradições para treinamento de combate usualmente (mas nem sempre) sem o uso de armas de fogo ou outros dispositivos modernos. Atualmente pessoas de todo mundo estudam arte marciais por diferentes motivos, tais como: condicionamento físico, defesa pessoal, coordenação física, lazer, desenvolvimento de disciplina e participação em um grupo social.

A Arte Marcial se caracteriza por ter um estilo próprio, escola ou descendência e uma nomenclatura específica segundo Ferreira (2006, p. 22):

  1. Socos, chutes, projeções, quedas e armas (Kung Fu, Chin-Na, Suai Jiao);
  2. Socos (por exemplo, Boxe, Karatê, Krav Maga);
  3. Chutes (por exemplo, Tae Kwon Do, Savate, Capoeira);
  4. Constrições e arremessos (por exemplo, Aikido, Judô, Jiu-Jitsu, Luta Grego- Romana);
  5. Uso de armas (por exemplo, Kendo, Iaido, Esgrima).

O equilíbrio da mente e do corpo é o antídoto eficaz para uma existência mais feliz. Oliveira (2002, p. 18) comenta que as Artes Marciais é uma das formas artísticas mais importantes da cultura deum povo.

Oliveira (2002) comenta os caminhos do budô no passado, que não são apenas seguidos por samurais na era feudal (1192 e 1867), hoje se tornou referência para os adeptos das lutas em geral, se tornando um código a ser seguido:

A lealdade, o patriotismo e a crença num ser supremo (Deus), constituem a alma do budô; ser respeitoso e educado, nunca adotar uma atitude prepotente ou covarde; honra e o caráter são a vida do budô; a modéstia eo respeito tem que orientar o comportamento de quem pratica o budô; a paz e sempre o objetivo do budô e há de se evitar a luta com o semelhante; a base da fortaleza viril se encontra na retidão das intenções e na humildade do comportamento; a arma é sempre perigosa e mortal, mas se for empregada para favorecer a justiça, ela se transforma na virtude do budô; ser sempre leal e respeitoso com os superiores; a lealdade, o autêntico patriotismo e o amor ao próximo são as mais belas virtudes do homem (p. 9 e 10).

Os símbolos como a honra, lealdade e coragem cultivados na vida dos samurais, são o fortalecimento de cada individuo, pois sabemos que esses valores devem ser cultivados desde cedo para que possamos obter êxito no ensino das lutas.

2.4O CAMINHO HISTÓRICO E PEDAGÓGICO DAS LUTAS

Muitos adeptos das artes marciais consideram a China e a Índia como celeiro das artes marciais e se ramificando posteriormente nas ilhas de Okinawa como: Japão, China e outros. Faz-se saber que historias sobre lutadores se encontram escritas em textos bíblicos.

Segundo Reid; Croucher (2003; p.21) apud Ferreira comentam que:

Desde as épocas antigas temos registros de lutas a dois. A historia de Davi, que matou Golias com uma pedra atirada por uma funda, é uma das descrições mais detalhadas (...) com sua arma simples, Davi foi capaz de obter uma precisão comparada à de um samurai quando dá um golpe com sua espada (...) (2006; p.7).

A filosofia do Budismo influencia até hoje os sistemas de lutas de todo o oriente, principalmente a China, Coréia, Índia e os países do Sudeste Asiático. Foi desta forma que as técnicas de lutas se desenvolveram e cultuam a proliferar por todo o oriente.

Devemos ressaltar que nos países Asiáticos surgiram grandes lutadores, sábios e estratégias de guerra (militares), que tornaram referencia por sua sabedoria Sun Tzu, general de guerra Chinês e Miyamoto Musashi, um dos mais famosos samurais do antigo Japão. Hoje estas sabedorias são utilizadas por estudiosos de artes marciais, empresários e empreendedores (SUGA, 2004; p.17) apud (FERREIRA, 2006; p. 9).

Embora sendo o karatê, o Kung Fu, Jiu-jitsu, Aikido, Capoeira e outras praticas praticadas mundialmente as mesmas não fazem parte de jogos olímpicos, mas podem favorecer grandes ensinamentos. Tubino (2001, p. 10) admite que o esporte da antiguidade, cujas manifestações mais importantes foram os jogos Gregos (Olimpíadas Gregas, Jogos Fúnebres, Jogos Píticos), o chamado Esporte moderno surgiu no século passado, criado por Thomas Arnold, na Inglaterra, numa perspectiva pedagógica que em momento algum restringiu os aspectos agonisticos das competições.

Atualmente temos poucas artes marciais fazendo parte dos jogos olímpicos.São representados pelo Judô, o Tae-Kwon-do, a esgrima, o arco e flecha, o boxe, a luta livre e a luta grego-romana. Sabemos que há muito tempo o Karatê tenta conseguir a fazer parte deste acervo de artes marciais como modalidade olímpica, embora praticado em vários continentes.

A popularidade global do karate como esporte, a formação de uma federação internacional de karate tornou-se necessária, já que, a referida modalidade pleiteia uma vaga nas olimpíadas até hoje.

Uma das formas de ver o trabalho pedagógico do karatê é através das competições e estas se dividem em duas classes "shiai kata e shiai Kumite" se define como sendo "um jogo de reflexos que exige "timing", velocidade, técnica, estratégia, camaradagem e controle, onde prevalecem HONRA, LEALDADE e SENSO DE COMPROMISSO".

Em um campeonato ou torneio, nem todos os golpes podem ser aplicados, embora fortemente focalizados, devem ser controlados precisamente antes do contato. Embora seja muito excitante um torneio de karate, a competição é considerada, pela maioria dos mestres, como um degrau e não como o objetivo principal no desenvolvimento do karate-ka.

Como praticante de artes marciais, passei a conhecer outras federações e ainda participado de competições dentro e fora do estado e a nível de Brasil, pois o fato do karatê ainda não ter sido aceito em jogos olímpicos deve-se de fato que:

No Brasil ainda existe uma briga muito grande em relação as confederações e federações qual seja a representante olímpica. No entanto a entidade nacional de administração da modalidade karate é hoje a Confederação Brasileira de Karate-CBK, segundo eles representante de 26 federações estaduais, onde esta é filiada a WKF (Word Karatê Federation) e vinculada ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro) reconhecida através da Portaria nº 551 do Ministério da Educação (10/11/1987), como entidade de direção nacional da modalidade, com competência na área do desporto de sua própria denominação.(http://www.karatedobrasil.org.br).

Sabemos que embora haja entidades superiores no tocante a organização do karatê, vemos que, há dissipação de confederações e federações que outrora são subordinadas a estas entidades que deixam formar mais de uma confederação a titulo de Brasil, fato que não ocorre com o judô, pois existe apenas uma única confederação.

2.5A LUTA DO ESPORTE KARATÊ COMO UM DOS MEIOS DE COMBATE A INDISCIPLINA

Sabemos que a indisciplina é um dos maiores problemas familiar, social e educacional, como já nos posicionamos anteriormente o karatê não veio para acabar ou solucionar os problemas de indisciplina, mas como proposta de mediação de conflitos no meio escolar. Em visita ao site (http://www.karatedobrasil.org.br/historia.asp) nos deparamos com o inicio da inclusão do karatê pelo mestre Gichin Funakoshi no ministério da educação no Japão em que hoje em dia se faz conhecer em forma de escola:

O karate moderno nasceu na época em que o Mestre Gichin Funakoshi (1868-1957), então líder da Sociedade Okinawa de Artes Marciais, foi solicitado pelo Ministério da Educação do Japão, em maio de 1922 a conduzir apresentações de karate em Tóquio. Hoje existem inúmeras escolas no Japão, sendo as mais destacadas: Shotokan, Goju-Ryu, Shito-Ryu e Wado-Ryu, todas com ramificações pelo mundo afora.

Ainda em pesquisa (http://www.karatedobrasil.org.br/historia.asp) o mesmo define Karate como "uma palavra japonesa que significa "mãos vazias". É uma arte altamente científica, fazendo o mais eficaz uso de todas as partes do corpo para fins de autodefesa. O maior objetivo do karate é a perfeição do caráter, através de árduo treinamento e rigorosa disciplina da mente e do corpo. O karate-ka (cultor de karate-do) utiliza como armas as mãos, braços e pernas". Enfim, qualquer parte do corpo

Sendo através da utilização de varias partes do corpo para a pratica das lutas "karatê" vemos que há uma educação de movimentos pela repetição, pois a pratica desta arte é repetitiva, embora saibam que é na infância (segundo os princípios da psicomotricidade), que construímos os atributos do esquema corporal, do aspecto social, afetivo, cognitivo e físico, o reconhecimento do corpo e do movimento na prática do defender e atacar dentro dos fundamentos básicos (kihon), das formas dos katas e kumite, o aluno desenvolverá valores como: responsabilidade, sociabilidade, iniciativa, paciência, autoconfiança, concentração, memorização, respeito mútuo, preservação da integridade corporal bem como desenvolver à uma cultura que antes não era conhecida.

2.6JUDÔ MEIO DE COMBATE NA INDISCIPLINA

Shinohara (2000); Calleja (1979); Silva e Giovana dos Santos (2005) comentam sobre o pai do judô e sua criação. Onde a arte marcial do Judô teve sua fundação juntamente com a Kodokan (Escola para o Estudo do Caminho), em 1882 no Japão. O Judô tem seu apogeu no Japão, a palavra Judô significa "caminho suave", tem como pai JIGORO KANO, o Judô tem como intuito melhorar um modo de lutar, este mestre também a desenvolveu de forma a ser trabalhada nas escolas, trabalha o ensino moral, filosófico, ética, respeito, honra.

De acordo com Alvin (1975, p. 77), comenta que quando Jigoro Kano criou o judô ele definiu objetivos para esta arte, que não se limitavam a questões práticas, mas sim um judô que fosse trabalhado como forma de desenvolver o caráter, a moral, autodomínio, autoconhecimento, respeito mútuo, entre outros.

O alicerce que levou Jigoro Kano a repensar um novo estilo de jiu-jitsu foi de elaborar uma atividade que fosse capaz de explicar e ser útil a todas as atividades humanas, e Seiryoku Zenyo que significa máxima eficiência com mínimo de esforço gasto e Jita Kyoei que significa bem estar e benefícios mútuos, são as máximas deixadas por Jigoro Kano e, se bem aplicados, trazem benefícios tanto na prática do judô como na vida em geral de seus seguidores (SHINOHARA, 2000) apud (SILVA & GIOVANA DOS SANTOS, 2005).

Segundo Dos Santos (2006) uma das preocupações de Jigoro Kano para elaborar um outro tipo de Ju-Jitsu:

Que fosse capaz de explicar não apenas as fases de ataque e defesa de uma disputa; elaborar um estilo que não se findasse apenas na execução de técnicas e preparo físico, mas também com a construção do caráter, da moral e da espiritualidade, ou seja, que a prática do Judô em todas as suas abrangências fosse para a vida.

Como o Judô se encontra interligado ao Jiu Jitsu, o karatê se encontra também ligados ao desenvolvimento do trabalho de valores e ambos procuram a valorizar o ensino moral, filosófico, ético, respeito e honra. Nas artes marciais, dentro de seu contexto, devemos levar em conta o desenvolvimento dos valores psicomotores, a ética e a harmonia do espírito com o corpo para o fortalecimento da cidadania.

2.7 A IMPORTANCIA DAS FAIXAS NAS ARTES MARCIAS NA CONQUISTA DO CONHECIMENTO PELO ALUNO

Estes valores citados anteriormente devem ser bem trabalhados não apenas internamente, na academia, estes valores são levados alem dos tatames isso se inicia a partir das graduações, quando o iniciante recebe o seu OBI (faixa) que é um cinturão que seve para manter o kimono fechado.

A faixa tem um significado simbólico, como na capoeira no recebimento do cordão, sabe-se que no ato do colocar a faixa existe todo um cerimonial ao amarrar a nova faixa na cintura do praticante este ato indica evolução (DELIBERADOR; 1996, p. 43). As faixas são colocadas nas artes marciais não apenas para ser amarradas na cintura, mas para identificar o grau ou dan de conhecimento e experiência de cada praticante.A faixa é conquistada pelo praticante de certa modalidade de luta quando atingi um "Kyu" e "Dan", ou seja, o praticante somente chega a tão almejada faixa preta quando já conquistou o espírito, quando, através do treinamento, estabeleceu o alicerce e já assumiu um novo modo de vida.

Na categoria dos faixas pretas no judô existe uma classificação, ou seja, existe dez Dans. Até o 5º Dan a faixa é totalmente preta com cinco riscos vermelho na ponta, onde cada risco vermelho identifica o grau que se encontra atualmente, do 6º ao 8º Dan a faixa é vermelha e branca sendo chamada de rajada ou coral, Ko-dan, 9º e 10º Dan a faixa é vermelha (DELIBERADOR (1996, p. 38).

Especificação por nome e grau dos faixas pretas no Judô:

6º Ko-dan recebe a denominação de Kodan-sha, é constituído de faixa rajada, que tem um grau de conhecimento ainda maior que o faixa preta;

7º Dan; Nana-dan, faixa rajada;

8º Dan; Hati-dan, faixa rajada;

9º Dan; Kiu- dan, faixa vermelha com riquinho branco;

10º Dan; Diu- dan, faixa vermelha

Para o judoca mudar de faixa é exigido um período que representa o nível em que se encontra. A faixa também corresponde ao nosso caráter, nossa formação (ela nos envolve de responsabilidade) o nó é a nossa fé, nosso respeito, nosso compromisso (por isso, nunca devemos desamarrar nossas faixas em frente aos nossos superiores).

Na medida em que o judoca evolui com ele vem grande responsabilidade, pois, deve ser exemplo não apenas para a comunidade de judocas, mas, para toda a sociedade, para os menos graduados, onde o de maior graduação deve cobrar a hierarquia e a disciplina. Segundo Deliberador (1996, p. 40) comenta que nas rodas de judô no Japão, há mais rigor com a hierarquia, aos judocas menos graduado, principalmente quando o professor estiver observando determinado aluno, outros jamais poderão passar na sua frente podendo apenas passar por traz.

Ex: quando um faixa marrom pretende entrar ou sair do tatame, o mesmo deverá pedir licença ao professor mais graduado, pois o professor deve saber o que está acontecendo ao seu redor.

O conhecimento de um desportista de judô jamais poderá ser mensurado, pois a cada momento é renovado, ampliado, sendo que, em relação a pratica este conhecimento se faz através exames de Kyus ou dans. O professor Calleja (1979) diz que "a prática do judô tem sua importância comprovada a partir de estudos e pesquisas realizadas ao longo de décadas. Através destas experiências fomos aprimorando o desenvolvimento físico, trazendo saúde e bem estar para seus praticantes". Um outro ponto de vista em relação ao conhecimento da pratica do Judô "é apresentar evidências de que é uma arte que foi idealizada com base em pressupostos éticos, morais e religiosos, cujo idealizador tinha uma visão de mundo diferenciada das outras artes marciais da época, a qual dentre outros objetivos deveria visar o bem estar comunitário (DOS SANTOS, 2006; p. 115)".

2.8 O SURGIMENTO DA CAPOEIRA E SUA PEDAGOGIA

A idéia de reelaborarão histórica da ancestralidade configura-se como a mais coerente pratica corporal, de sobrevivência, dança e cultura brasileira a se pensar numa realidade que é dinâmica, dialética, contraditória. Nesse sentido:

Os grupos étnicos africanos escravizados e transportados para o Brasil, sempre conseguiram se articular em torno de questões de sobrevivência de busca de liberdade e de possibilidade de cultivar vínculos com seus ancestrais, preservando suas tradições e, ao mesmo tempo, recriando-as histórica e culturalmente. Nesse sentido, lutas e tentativas de rearticulação estende-se em diferentes pontos do país, contribuindo e m grande parte, com o fenômeno de construção de um imaginário racial, cultural e religioso afro-brasileiro específico (SIQUEIRA, 2002, P. 74) apud (SANTOS, 2004, p. 49).

Antigamente a capoeira por volta do ano de 1935, começou a ser passada de forma pedagógica e seus ensinamentos eram passados pelos mais velhos aos mais jovens. Esse fato se deu em Matatu Pequeno, no bairro de Brotas, cidade de São Salvador, no banheiro de Otaviano, onde havia uma quitanda em frente.

Segundo Abreu (2002) apud Abib (2006) era na cidade de São Salvador que aconteciam as vadiagens de capoeira. Foi no ano de 1935, que acapoeira se aprendia "de oitiva", ou seja, sem método ou pedagogia. Para tanto se faz necessário saber o que é a "oitiva" em que "constitui-se como se dá a transmissão através da oralidade na capoeira, baseada na experiência e na observação". O "processo, na maior parte das vezes, dava-se na própria roda, sem a interrupção do seu curso". O mestre geralmente pegava nas mãos do aluno para "dar uma volta" com ele, dar os primeiros passos.

Segundo Luft (2000, p. 144) coloca o significado da palavra capoeira como sendo:

1. Mata não muito extensa; bosque;

2. Gaiola de capões (frangos) e aves domestica;

3. Jogo atlético de destreza, capoeiragem.

Sabe-se que em outros tempos alunos e professores se utilizavam de seus conhecimentos em artes da luta, mas antes mesmo do mestre repassa-la o futuro discípulo teria que provar que era digno de receber o ensinamento. Segundo historias contadas na capoeira em relação aos mestres:

Mestre Bimba aplicava uma "Gravata" no pescoço do indivíduo que quisesse treinar e dizia "Agüenta ai sem chiar", se agüentasse o tempo que ele mesmo determinava estaria matriculado. Mestre Bimba justificava esse critério dizendo que só queria macho em sua academia. Mais tarde mudou os critérios, submetendo o Candidato a fazer alguns movimentos para que ele pudesse avaliar se o pretendente tinha condição ou não para praticar a capoeira regional. Seqüência de ensino.

O aluno nessa faseaprendia o que se chama "Seqüências de Ensino" que eram as oito seqüências de movimentos de ataque, esquivas e contra ataque destinado somente aos iniciantes, simulando as situações mais comuns que o aluno enfrentaria durante o jogo de capoeira.

Era comum naquele tempo dizerem que o capoeirista quando agarrado, não tinha como reagir. Então Mestre Bimba, com sua criatividade ensinavam seus alunos quais eram as melhores saídas. Todos esses ensinamentos faziam com que o método de mestre Bimba fosse incomparável e esse treinamento durava cerca de 3 meses, só então é que o aluno seria batizado.

O batizado era quando o aluno jogava pela 1ª vez na roda com o acompanhamento dos instrumentos que era formado por 1 (um) berimbau e 2 (dois) pandeiros.Escolhido o "nome de guerra" todos aplaudiam e então o mestre mandava o calouro pedir a "Benção" do padrinho e ao estender a mão para o formado que o batizou, receberia uma Benção (golpe) que o jogava no chão.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alguns autores na pesquisa mostraram que as lutas têm um papel fundamental na formação educacional e na personalidade da criança, pois ela deve aprender a assumir a responsabilidade de intervir e articular sobre sua cultura, mediando os conflitos surgidos, pois as lutas devem ser consideradas de extrema relevância como prática pedagógica transformadora nos sistemas psicomotor e social.

O professor de Educação Física segundo o CONFEF e CREFs é um dos profissionais competente para desenvolver sistemas pedagógicos e este deve favorecer aos alunos o conteúdo das lutas na escola, pois o tema lutas faz parte do bloco de conteúdos dos parâmetros curriculares nacionais, não apenas como conteúdo teórico, mas pratico e este deve ser visto como uma forma de resgatar aqueles que na maioria estejam com problemas de socialização.

Mesmo sabendo que as lutas surgiram de uma forma de sobrevivência, devemos entender as lutas não como forma de cura, de trabalhar o corpo e a mente, mas como outra possibilidade a ser defendida e desenvolvida no combate a indisciplina de alunos em escolas. Para tanto sabemos que o meio social pode estimular no intimo do ser, comportamentos que não condizem com a pessoa, pois dependem das manifestações de outro ser ou do ambiente.

O ser humano conhece a historia das lutas de forma de conquista, de poder, de espetáculo de degladiar, de se defender. Hoje existe uma outra oferta, em que vemos: a procura de um corpo perfeito, de filosofia, de lutar contra o eu, meio de socialização, de desenvolvimento físico, de desenvolver outras peculiaridades (força, velocidade, desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo, destreza, harmonia (natureza e o homem), respeito ao próximo, conhecimento, cultura, honra, ética, cidadania).

Contudo para que haja essas concepções e outras devem mudança, pois é preciso rever o currículo de formação do magistério, onde haja espaço para que o futuro professor possa se preparar melhor e aprofundar conhecimento sobre as lutas. Sabemos que o sistema educacional usa recursos nada atraentes para os alunos, métodos que privilegiam a repetição mecânica e não o raciocínio, métodos didáticos que valorizam no aluno apenas a memorização em detrimento da compreensão ou de uma verdadeira aprendizagem mais significativa.

A luta mesmo sendo movimentos repetitivos ou mecânicos ela pode favorecer a criança a ter uma boa disciplina em relação a sociedade desde quando essa criança seja estimulada a cumprir as regras do jogo educativo e da convivência social, pois uma das maiores particularidades no ensino das lutas é: honra, lealdade e caráter. Essas são as principais virtudes que um lutador deve ter, em que cada um deve cultivar, pois deve ser impreterível na vida do ser humano por toda a sua vida.

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