Ludicidade como possibilidade de inclusão de crianças com necessidades especiais de educação

Rejane Paradella Silva,discente de Licenciatura em Pedagogia

 

Ludicidade como possibilidade de inclusão de crianças com Necessidades Especiais de Educação

A ludicidade é sem dúvida, um grande aliado na mediação do processo de ensino e aprendizagem de  crianças, inclusive as que apresentam necessidades  educacionais especiais (NEE).

Necessidade especial de educação é todo e qualquer sintoma apresentado pela criança, que pode ser permanente ou temporário, de natureza orgânica e/ou emocional, que prejudica o processo cognitivo.

Os profissionais de educação podem e devem usar de estratégias pedagógicas, como as atividades lúdicas, que associadas a tratamento profissional quando necessário, ajudarão a criança a explorar e desenvolver as suas habilidades.

Para Luckese ( 2002), pesquisador de educação e Ludicidade. A Ludicidade é um estado pleno e completo de satisfação humana, que envolve o corpo e a mente ao mesmo tempo de acordo com a atividade que está sendo realizada no momento.

As atividades  lúdicas como: jogos , brincadeiras, dança, música, trabalhos manuais, dentre outras   costumam  envolver  a criança e despertar o seu interesse de participação, além de revelar as suas habilidades. Através dessas atividades, todas as crianças  podem ter a mesma possibilidade de  atingir  um estado pleno de Ludicidade.

Tanto para Vygotsky, apud Oliveira(1997), como para wallon, apud Galvão(1995)  o  desenvolvimento humano ocorre a partir da sua interação com símbolos e instrumentos, e nas relações sociais. E através dessa interação, se evidenciam as suas potencialidades.

Luckese (2002) cita as quatro dimensões do crescimento humano segundo Ken Weber: O EU individual e interior que são as experiências com os outros quando desenvolvem-se o seno ético e moral; O ELE individual exterior que desenvolvem as ciências comportamentais ex: a neurofisiologia; O ELE coletivo exterior que define o modo de ser e de viver as relações sociais. Assim Luckese concluiu que o ser humano está em pleno estado lúdico quando satisfaz o seu EU.

O estado pleno de satisfação ou  Ludicidade, ocorre na dimensão do EU interior estético. E as atividades lúdicas abrangem todas as quatro dimensões do crescimento, porque faz a inter-relação entre o EU interior estético, com o ELE exterior sistêmico; assim como o NÓS interior ético, com o ELE exterior comportamental.

Tanto Vygotsky, apud Oliveira(1997), quanto Wallon, apud Galvão(1995) realizaram estudos sobre crianças com deficiências cognitivas. Porém Vygotsky, em uma das suas citações discorre de maneira extraordinária sobre a natureza psicológica das emoções:

 

Não sei por que em nossa sociedade formou-se um critério unilateral sobre a personalidade humana nem porque todos relacionam dons e talentos apenas ao intelecto. Além de ser possível pensar com talento, também se pode sentir talentosamente. O aspecto emocional da personalidade não tem menos importância que outros e constitui objeto de preocupação da educação na mesma medida que intelecto e vontade. O amor pode conter tanto talento e genialidade quanto a descoberta de um cálculo diferencial. Em ambos os casos o comportamento humano adota formas excepcionais e grandiosas.( VYGOTSKY,1997)

 

Conclui-se que através das atividades lúdicas é possível avaliar o desenvolvimento da criança com ou sem dificuldades cognitivas, não apenas por sua capacidade intelectual de assimilar conteúdos disciplinares, mas principalmente pela satisfação das necessidades de cada criança, respeitando sua individualidade e o seu tempo.

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências:

 

GALVÃO, Isabel. Henri Wallon. Uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil.Petrópolis.RJ: Vozes,1995.

 

LUCKESE, Cipriano Carlos. Ludicidade e Atividades Lúdicas: Uma Abordagem a Partir de uma Experiência Interna. In: Porto, B (org) Ludicidade: O que é isso mesmo ? . Salvador, EDUFBA, 2002.p.22-60 )

 

OLIVEIRA, Martha Koll de. Vygotsky Aprendizado e Desenvolvimento: Um Processo Sócio-histórico. São Paulo: Scipione,1997.