Lixo etílico

Por Carlos José Esteves Gondim | 04/05/2018 | Crônicas

LIXO ETÍLICO.

Sempre considerei aprender e ensinar ecologia, que o contato direto com a Natureza é fundamental e imprescindível. Daí meu empenho em realizar aulas práticas, tanto na Ecologia Básica como na Ecologia Agrícola.

Fucei ambientes dentro, próximos e distantes da FCAP/UFRA. Eram frequentes as aulas nas matas e capoeiras localizadas por detrás da garagem da FCAP/UFRA, a que varava no Departamento de Solos, na Área de Várzea às margens do rio Guamá e muitos outros locais. Pela “picada” no fundo da Zootecnia, superávamos o igarapé Murucutum, por cima de tronco caído, varávamos até a estrada da CEASA passando pelas Ruínas do Murucutum. A mesma coisa era feita pela “picada” da várzea. Atravessávamos uma velha ponte de madeira e alcançávamos a estrada da CEASA. Daí seguíamos até as Reservas do Mocambo e Área de Pesquisas Ecológicas do Guamá, APEG, sempre passando antes pelas Ruínas do Murucutum. A maioria delas feitas caminhando, outras usando o ônibus da FCAP/UFRA ou alugados.

A minha convicção e segurança foi se firmando e decidi alçar voos mais longos. Os ecossistemas de Campos Cerrados e Manguezais passaram a ser alvo de aulas práticas mais demoradas. Inicialmente, saíamos às 07:00 horas e retornávamos… Bem, a hora de retorno era variada… Meu objetivo era alcançar o campo cerrado localizado próximo à Vigia e o manguezal mais adiante, em São Caetano de Odivelas. Só depois de alguns anos decidi atravessar a Baia do Marajó e fazer as aulas práticas por lá. Mas isso são outros quinhentos mil reais!
O ônibus partia da Praça do Operário, em frente ao Terminal Rodoviário. E lá íamos nós. Como eu sabia que entre os estudantes tinham uns mais afoitos e ansiosos, estabeleci a regra: Nem antes, nem durante a ingestão de bebida alcoólica era permitida. Depois, sim, com moderação, é claro. Só que esse depois, quase sempre era antecipado. Ao finalizar a aula, todos lambuzados de lama do mangue, já na viagem de volta, parávamos no Balneário Santa Rosa, perto de Santo Antônio do Tauá, onde além de fazermos uma refeição, tomávamos banho no igarapé e nos divertíamos. Daí, algumas horas depois, retornávamos ao ônibus para finalizar viagem. Sempre o ponto final na mesma praça. Paradas no meio do caminho eram permitidas e até pegar carona no ônibus que voltava para a FCAP/UFRA eram feitas. Foi numa dessas vezes que aconteceu o fato.

“– Professor, venha ver o que encontramos dentro do ônibus!”. Falou na segunda feira de manhã, logo após uma dessas aulas, um funcionário da garagem da FCAP/UFRA encarregado de fazer a lavagem do veículo para uso interno, o chamado “bagé”. Fui ver. Putz! Algumas garrafas vazias de Tatuzinho, 51 e outras coisas mais, estavam no assoalho do ônibus! Pedi desculpas a ele, afirmando que isso não iria mais acontecer. Nunca mais! "

– Como? Uma turma de Ecologia não recolher e dar destino adequado ao lixo produzido?! Pensei eu resignado.

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