Liverdades Nocturnas
Por Bruno Resende | 02/04/2007 | SociedadeA noite afigura-se como a possibilidade de se ser aquilo que se é. Exteriorizações de mendigação absurda perante sociedades monitorizadas pelos ponteiros de relógios e pelas subserviências incontornáveis caem com o Sol, e a hegemonia da essência pessoal desabrocha fulgurante e luminosa à nossa única percepção. Rodeios de prosélitos memorizados implodem sob a imperatividade do livre pensamento. Obrigações e proibições extinguem-se perante a vontade de ser e poder ser aquilo que se é. As proibições nascem exclusivamente da minha vontade e a mim mesmo nego a lavagem cerebral das televisões, dos livros superficiais e alienantes, das revistas coloridas que explodem consecutivamente realidades irreais de pessoas artificiais que interiorizam e exteriorizam as artificialidades como se de realidade inequívoca se tratasse. Eu sou o herege do meu Mundo, das minhas convicções e acções. Eu escolho!
Perante a leveza e insonoridade das mais subtis escuridões, emprego-lhe a mais forte luminosidade do pensamento. Sem ruídos, a não ser os meus, e os que escolho existirem, divago e diversifico a arte de pensar insonoramente. Sem companhias, a não ser a minha, sinto a maior fraternidade que a experiência nos fornece, o contacto e percepção de nós próprios. Sem raios de Sol a dificultarem-me a clarividência das observações, ilumino a experiência e a sabedoria.
Nada nem ninguém me distrai daquilo que penso, exponho e assimilo. Diversifico as tonalidades das luzes do meu pensamento enquanto o Sol não nasce, e consigo a inevitável contagem decrescente da vitória Lunar. O ciclo é inevitável, não sendo inevitável acreditar e pensar no que não existe, no que não nos atrai, no que é falso e desumano. Pondero as asas que a noite me dá, e com elas tento voar o mais alto possível, longe das poluições terrestres de toxicidade intelectual. Por entre as nuvens soturnas encontro outros seres voadores, que planam livremente na sua existência. Entre eles ensino e sou ensinado, experimento e sou experimentado, troco chaves de LiVerdades diferentes e faço cópias, distribuindo-as por todos os que as quiserem.
A experiência nocturna emancipa-me a cada momento, responde-me às questões essenciais e mais excelsas, possibilita a minha melhor clarividência do Mundo hiperbóreo. Esse Mundo longínquo fechado a infinitas chaves por religiões, materialismos e políticas. As chaves passam e copiam-se, antevendo-se uma possibilidade complexa e improvável de chegarem a todas as mãos e a todas as mentes. Tal Mundo merece o nosso esforço e a nossa dedicação para que todos voem em plena luz do dia.
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