LITERATURA DE CORDEL COMO RECURSO METODOLÓGICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Por Luceny de Andrade Victor Tavares | 22/11/2016 | Contos

FETREMIS – FACULDADE DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA DA REGIÃO MISSIONEIRA

Luceny de Andrade Victor Tavares

lucenyandrade1@gmail.com

Rosalina Lauriano Victor

laurianorosalina@gmail.com

Resumo

O presente Artigo elucida a contribuição que a literatura de cordel pode exercer dentro do processo de alfabetização nas séries iniciais, levando em consideração a riqueza linguística e seus fortes traços em relação à utilização da linguagem oral.  Apresentou-se um breve apanhado histórico enfatizando sua participação na formação cultural da sociedade brasileira, desde sua chegada por intermédio dos colonizadores até nos dias atuais. A relevância da utilização dos textos de cordel como recurso metodológico nas salas de aulas perpassa pelo entendimento que através de seus poemas rimados e musicais, que contam histórias inusitadas e reflexivas, os alunos tenham sua curiosidade, seu interesse e sua imaginação despertados. Acredita-se que partir desses textos populares ilustrados que relatam experiências e situações do cotidiano se consiga alcançar resultados relevantes na dicotomia -oralidade e escrita- tão necessárias nesse momento de aquisição da leitura.

Palavras-chave: Cordel; Contribuição; Alfabetização.

1 Introdução

 Este artigo procura ressaltar a relevância da Literatura de Cordel como recurso metodológico no processo de alfabetização nas séries iniciais, apresentando fatos históricos desde seu surgimento  até sua condição atual.  

A cultura brasileira é consideravelmente abastada e apresenta-se de maneira diversificada, especialmente se considerar que as diferentes regiões possuem peculiaridades e características próprias que enriquecem ainda mais seu acervo cultural e histórico.  Contudo, certos costumes e formas de expressão deixam de ser valorizadas e reconhecidas, como o caso dos cordelistas.

O cordel é a literatura popular. Suas rimas relatam episódios, sua poesia retrata a política, lendas, folclore, sua arte pitoresca expressa à vida como ela. A linguagem é simples e muitas vezes coloquial, não exige muitas formalidades, todavia, consegue atingir diferentes níveis sociais.

O ambiente escolar, como palco para a construção do saber, é essencial no processo de conhecimento do sujeito. A educação ministrada nas escolas deve assumir o compromisso de proporcionar descobertas históricas e culturais que sustentarão o alicerce para o desenvolvimento que o aluno irá obter e posteriormente exercerá diante da sociedade.

Utilizar a literatura de cordel para favorecer o processo de alfabetização infantil, é oferecer aos alunos a oportunidade de aprendizado pautado na história cultural de seu país. Os cordelistas criam textos cheios de sentimentos, musicalidade, rimas, metáforas, vocabulário diversificado, linguagem não verbal, elementos essenciais para despertar o hábito e o prazer da leitura.

LITERATURA DE CORDEL COMO RECURSO METODOLÓGICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

O Brasil conheceu a literatura de cordel por intermédio dos colonizadores portugueses que trouxeram seus manuscritos em folhas soltas, como eram conhecidos em Portugal. Com o surgimento das tipografias o cordel se estabelece em terras brasileiras, sobretudo no nordeste. Todavia, mesmo antes de serem impressos os versos eram feitos em rimas cantadas por seus compositores nas praças, reunindo populares.

Os versos com expressões regionais, impressos em papel de questionável qualidade, recebeu o nome de cordel por serem expostos em feiras e praças pendurados em cordas. Para chamar atenção dos ouvintes, os cordelistas liam suas obras e declamavam seus poemas muitas vezes acompanhados pelo som da viola e nunca uma história era repetida e seus desenhos, que traziam com sigo imagens de cartões postais, ou alguma notória personalidade nordestina como Lampião ou Padre Cícero, outras vezes só retratava o infortúnio de um povo sofrido.  Conforme Santos (2005 p. 86):

O cordel (folhetins de feira ou ainda panfletos nas cordas), no Brasil, apareceu em meados de 1890, nas feiras do Nordeste. Em suma, a literatura de cordel é escrito feito em versos impressos em folhas de pouca qualidade dobradas e encadernadas, com capas ilustradas em xilogravuras, desenhos ou ainda imagens de jornais cujo formato e quase sempre 11x16 cm, com 8, 16, 32 e 64 paginas (é considerado folheto de 8 e 16 paginas, e partir de 24 paginas e chamado de romance). Os opúsculos de cordel são cunhados, tradicionalmente, em manufaturas de imprensa.

 O Cordel é uma forma literária tão popular que originou na formação dos poetas de rua conhecidos como repentistas, que cantam seus versos improvisados atendendo aos pedidos dos espectadores, normalmente apresentam-se em duplas travando verdadeiros duelos linguísticos por meio de palavras e rimas. Os exemplares dos folhetins, no Brasil, expressam uma forma de poesia que chama a atenção dos estudiosos nacionais e estrangeiros. Seus textos poéticos recebem ilustrações de xilogravuras, que são desenhos talhados em madeiras de ilustrações feitas por populares, normalmente retratando uma determinada visão dentro do contexto econômico e social que o tema tenha sugerido. Desta forma, os folhetos transcorrem por diversos assuntos, modernos ou clássicos, versados por artistas populares que estabelecem relações utilizando expressivamente em sua poesia elementos não verbais para imprimir suas ideias, ou ainda dando conotações distintas às palavras empregadas em seus textos.  

Buscando revelar os sentimentos em relação aos problemas sociais, econômicos, políticos e sentimental, vividos pela sociedade, o cordel vai transpondo barreiras culturais e conquistando seu lugar junto às referências de leitura.

A literatura de Cordel proporciona uma vivência agradável e prazerosa entre a oralidade e a escrita. Desta forma, pode se tornar grande aliado no período de alfabetização, tendo em vista, a riqueza sonora e linguística apresentada em seus textos.

Através de rimas engraçadas, histórias estimulantes, a memorização das palavras o reconhecimento das letras ocorrem de maneira mais suave, desta forma esses folhetos proporcionam aos alunos um envolvimento com o mundo imaginário, despertando suas emoções e curiosidades, estimulando o pensamento infantil.

A alfabetização perpassa por caminhos de descobertas e novidades e pode ser feita de forma mais simples, a literatura de cordel ajusta um tom mais lúdico dentro desse processo. As aulas ganham mais musicalidade; a cultura e os artistas brasileiros ganham notoriedade; os alunos se divertem com os poemas e os professores conseguem trabalhar a oralidade, a leitura e a escrita de forma sistematizada utilizando os textos e gravuras.

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