Linha do Tempo - HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
Por Vanessa Ruffatto Gregoviski | 06/03/2017 | PolíticaLinha do tempo
História da Saúde Pública no Brasil
Vanessa Ruffatto Gregoviski
Iniciaremos por 1900, de início já caracterizado como século do progresso. Aconteceu uma forte epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro, e outras epidemias na cidade de São Paulo, além de surtos de tuberculose, pestes, etc. em todas as grandes capitais brasileiras. A divisão de dava em ricos com médicos e pobres com benzedeiras, e era dever de mulheres “tementes a Deus” atender os pobres doentes.
Osvaldo Cruz, nomeado diretor de um importante instituto na época, iniciou a produção de vacinas juntamente com a campanha de vacinação, aonde quem não cooperasse era considerado inimigo da saúde pública.
Nessa mesma época, o prefeito da cidade de Rio de Janeiro quis “limpar” os pobres da cidade e remover todos os cortiços.
As pessoas tinham forte resistência à vacinação devido ao momento social, havia uma imposição, lei, que obrigava as pessoas a se vacinarem, mesmo não querendo. Isso era recebido com revoltas e as pessoas tinham a ideia de que era uma forma de aniquilar.
Em São Paulo, médicos passam a morar com infectados de febre amarela, como um experimento, com o objetivo de provar que o contágio da doença não se dava pela forma que todos acreditavam.
A cidade de Santos ganha obras de saneamento por Emílio Ribas.
Em 1917, acontece o avanço das indústrias e consequente greves operárias.
Em 1918 a gripe espanhola devastou populações, que a viram como um castigo vindo dos céus.
Em 1919, os grevistas entram em um acordo com os patrões e voltam a trabalhar.
Em 1922, tenentes se revoltam e tomam o forte de Copacabana.
Em 1923, criou-se a lei que regulamenta a aposentadoria e pensão de idosos, graças às greves, progresso esse que fez diminuir as tensões sociais incluindo nessa parte da história assistências médicas aos trabalhadores.
Nessa mesma época, Paulo Souza retorna ao Brasil após uma jornada nos Estados Unidos, aonde realizou um curso de saúde pública.
No ano de 1924, os tenentes queriam reformar o país.
Em 1930 os revoltantes chegam ao Rio de Janeiro e Getúlio Vargas toma posse da presidência da República. Ele teve um discurso aonde dizia que iria governar para os pobres e desprotegidos. O café perde o poder e os empresários passam a ser quem detém o poder agora.
GV centraliza e uniformiza as estruturas de saúde.
No ano de 1932, São Paulo exige a constituição prometida em 30. A elite paulista fica fora do poder. GV cria o instituto de aposentadoria dos marítimos e promete para as demais profissões, sempre mantendo o discurso de que os trabalhadores são o seu público importante.
Os recursos dos IAPs são aplicados na industrialização do país, deixando o futuro incerto. Acontece, também, revolta dos trabalhadores porque tinha quem não conseguia nem mesmo pagar o fundo de aposentadoria, planejando o futuro, de tão escasso que era o dinheiro (eles viam como uma espécie de seguro de vida).
Em 1935, os comunistas de Luiz Carlos Prestes tentam o levante militar para tomar o poder. Em 1937, depois da tentativa de golpe integralista de GV, é decretado estado de sítio, o congresso é fechado e as eleições canceladas. (mesma época em que se iniciou a segunda guerra mundial).
Nessa época, descobrem que o dinheiro que era para ser usado para a previdência social estava sendo utilizado na industrialização. Acontece uma iniciativa da saúde pública para conter a malária, outro grande problema que aconteceu nesse período.
CESP (programa de auxílio americano por causa da borracha) faz parte da saúde pública que vem auxiliando para que o fim das epidemias se aproxime. As expedições vão até os locais aonde a saúde é um conceito incomum, como com a população indígena.
Em 1945, em oposição ao estado novo, é pedido que Getúlio saia, pois é tido como um ditador. GV é deposto. Acontecem, então, eleições democráticas, mas boatos espalham-se de que comunistas elegeram pessoas demais para cargos públicos e o partido comunista é posto na ilegalidade.
Em uma entrevista com Alberto José foi discutido como o Brasil adotou o modelo de saúde americano, com grandes hospitais aonde todos os médicos têm sua especialidade, destacou que essa era a nova tendência do futuro. “Moderno espaço da doença”.
Nas eleições de 50, GV volta como candidato e ele é eleito novamente. A TV Tupi é inaugurada. Criou-se a Petrobrás e o Ministério da Saúde, pois cresce tanto que precisa de estrutura própria.
A indústria farmacêutica fica cada vez mais em pauta, aparece em todos os lugares imagináveis, fica mais evidente e vem a tona como patrocinadora.
O Ministério da Saúde vem para fortalecer ações em saúde pública, medicina preventiva, mas traz mais médicos especializados e mais centros especializados.
A segregação gera críticas.
Vargas é acusado de pertencer a um governo corrupto. GV morre. Militares buscam garantir a vitória de JK. Ele inicia o mandato com entusiasmo, cria Brasília e dá um “up” na indústria automobilística e na economia.
“Varre, varre, varre, varre vassourinha!
Varre, varre a bandalheira!
Que o povo já 'tá cansado
De sofrer dessa maneira
Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!
Jânio Quadros é a certeza de um Brasil, moralizado!
Alerta, meu irmão!
Vassoura, conterrâneo!
Vamos vencer com Jânio!”
Surge a ideia da medicina de grupo, empresas privadas dão auxílio a grupos dentro de empresas.
Época do presidencialismo de João Goulart.
Em 1964, JG e Brizola fogem do Brasil. As tropas militares tomam conta. Jango é derrubado, indica-se o general Castelo Branco para ocupar oposto de presidente. Assim começa uma era negra na história do país: torturas, presídio para pessoas que iam contra às ideias impostas, censura extrema em meios de comunicação, universidades, ruas, etc.
As pessoas ficam sem saber direito o que está acontecendo, os salários baixam ainda mais, prejudicando os mais pobres, arrocha salarial. Período de grande êxodo rural, trazendo as pessoas pobres para o meio urbano. Mais doenças, serviços sem verba, saneamento básico vai sendo abandonado e o governo prioriza o privado, ficando o questionamento, afinal, saúde é um bem público ou privado?
Há o unificamento do sistema previdenciário, instituto nacional de previdência social, inps.
Mais torturas percorrem o período militar no país, manifestações repreendidas com extrema força, com isso vem as notícias cada vez mais entusiasmantes sobre a Copa do Mundo tentando amenizar a revolta popular, passando a todos a imagem de que o Brasil é um país privilegiado, com músicas que retratam isso.
Obras como a Transamazônica e a Usina de Itaipu são anunciadas prometendo promover o avanço do Brasil.
O povo se pergunta aonde está o dinheiro da previdência, o SEU dinheiro.
Iniciativa privada constrói hospitais e somente atendem trabalhadores inscritos na previdência social (força de fazer com que paguem). Obras do setor privado com o dinheiro público, sem nenhum controle do governo, e quem questiona isso, ou qualquer outra coisa, é denominado comunista.
A reclamação é a sucateação da saúde pública. Faltam lugares disponibilizados para saúde pública, creches públicas, etc.
A TV não pode dar notícias reais devido à censura. Mídia é um meio totalmente controlado, com o objetivo de emburrecer as massas.
Em 1978, protestos pedem melhorias na saúde e acontece o movimento popular de saúde nas periferias do país. Criam-se os Conselhos Municipais de Saúde. SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, INAMPS – Órgãos de Assistência Médica, INPS- Órgãos de Aposentadorias e Pensões, são criados. A administração financeira do sistema passou a ser controlada pelo IAPAS.
Em 1979 a luta sindical ganha força, com figuras como Luís Inácio Lula da Silva.
Em 1980, ocorrem mobilizações por todo o país, o movimento popular ganha força pela união. Vários movimentos se espalham pelo país. Saúde passa a ser discutida também pelo povo, nos conselhos populares.
O sistema previdenciário é tido como falido. IAPAS não tem mais recursos necessários então acontecem as diminuições de gastos e benefícios e aumento das contribuições.
DIRETAS JÁ ganha foça. As classes dominantes não deixam fácil. Tancredo Neves e Paulo M. disputam após diretas já terem sido rejeitadas.
A saúde parece estar falida, bem como a previdência: Crise de assistência médica. Farmácias fazem ofertas mirabolantes para conseguir vender seus remédios num custo bem baixo. Os anos 70 equipam privados, inamps garante pagamento, quando capitalizados se descredencializaram do inamps e deixaram a população sem saúde.
Em 1986 acontece a 8ª Conferência da Saúde pedindo por um sistema único e público, controlado pela sociedade e pelos conselhos de saúde. É então criado o SUS, Sistema Único de Saúde, conquistado na constituição. Há um conselho em cada cidade, aonde o usuário pode participar. As políticas de saúde estarão sendo observadas e os médicos, gestores, etc. também são convidados a participar dos conselhos.
Em 1990 a regulamentação do SUS foi aprovada. Collor sofre o impeachmente graças a muita corrupção. Existem dificuldades na implantação efetiva do SUS, problemas com saúde pública, um atendimento que precisa de melhorias. As cooperativas querem atuar em hospitais, sucateando ainda mais a rede.
Em 1994 chega ao Brasil a rede de computadores. Percebe-se o rombo na previdência. Programa de Saúde da Família é lançado, PSF, disponibilizando atendimento domiciliar.
Em 1995 abertura da internet. Planos de saúde ficam no vermelho e ameaçam descredenciar-se de hospitais e médicos. Fernando Henrique Cardoso assume a presidência.
Transferência de serviços públicos para entidades privadas sem fins lucrativos. Terceirização do SUS. Governo garante bons condições aos hospitais da rede privada, mas não ao da pública.
Em 2003, Lula toma posse. O setor privado não se importa com o SUS, acontece uma crise no SUS, falta de responsabilidade sanitária, terceirização da saúde para oss. A fila no SUS aumenta cada dia que passa, e as pessoas mais pobres que mais sofrem.
Em 2006, SUS faz parte do cotidiano da população, da pessoa mais privilegiada até a população ribeirinha do amazonas, aonde tem o maior centro de transplantes. Promoção de pesquisas, intervenção e formação crítica, vacinação, medicamentos, atendimentos de emergência, atendimento de alta complexidade, qualidade da água, alimentos, etc. O SUS esta em vários aspectos do cotidiano, mais importante e avançada política democrática para justiça social. Infelizmente, existem também muitas dificuldades e poucos orçamentos. O SUS atende mais de um milhão de usuários por dia, e isso corresponde a 90% da demanda.
Mostra-se de extrema importância conhecer nossas origens, saber de onde viemos e porque nos encontramos nessa situação. Muitas pessoas não prestam atenção às aulas de história que tem durante sua vida, aos fatos divulgados por diversos meios de comunicação e não somente um, entre outros aspectos, e acabam tendo uma opinião que não abrange todos os contextos (ou grande parte deles), e criticando políticas como o SUS sem nem sequer ver seus benefícios. O brasileiro é um povo de luta, superações, que sempre busca melhorias para sua população, que clama por isso, e ao assistirmos esse vídeo podemos conhecer um pouco mais disso. Um longo caminho foi percorrido, mas um tão grande quanto está por ser. Nós, enquanto cidadãos, temos o direito e dever de nos posicionar e buscar por melhorias na saúde, educação, economia, democracia e todos os aspectos que movem a nação, devemos sim reclamar com políticos que elegemos se não estão cumprindo com o seu dever, mas antes de tudo isso, precisamos conhecer nossa realidade.
Fonte: Vídeo Youtube