LINGUÍSTICA TEXTUAL
Por ERIVELTO CABRAL | 01/10/2009 | EducaçãoPalavras - chave: Recursos Coesivos. Análise Textual.
INTRODUÇÃO
Para a análise de texto, é preciso mais do que uma gramática em mãos. A linguística textual na década de 60, soube-se que "o texto é caracterizado por vários fatores de textualidade" (Fávero, 2003), entre eles, a coesão. Há poucos anos asescolastêmintroduzidoo estudodosrecursos coesivos emseuslivros didáticos ou apostilas e nota -se que os alunos estão lentamentedeixandodeladoomitodeque"paraescreveréprecisoter inspiração".
Ao analisar os recursos coesivos alguns alunos do ensino médio da rede Estadual usam com mais freqüência e como o fazem, para depois apresentar uma breve proposta de trabalho com o intuito de colaborar com o processo de ensino-aprendizagem de língua materna. Isso porque é necessário que o trabalho com a produção de textos não se limite à mera explanação de regras, mas promova uma reflexão acerca da construção do texto. Portanto, foram analisados as concepções de texto e de coesão textual segundo a abordagem da linguística textual.
1. COESÃO TEXTUAL
Diversos estudiosos da lingüística apresentam bibliografias acerca de uma gramática voltada ao texto, uma vez que o âmbito da frase constituía uma série delacunas e não garantiaa construção de um texto. Mas o que é um texto? O objetodeestudoda LingüísticaTextualvaialémdafraseisolada; nessa perspectiva,segundo Fávero e Koch(1998: 25), otexto étomado em duas acepções:
(...) texto, em sentido, designa toda e qualquer manifestação da capacidadetextual do ser humano, (quer setrate de um poema, quer de uma música, uma pintura, umfilme etc.), isto é, qualquer tipo de comunicaçãorealizadoatravésdeum sistema de signos. Em se tratando da linguagem verbal, temos o discurso, atividade comunicativade um falante, numa situação de comunicação dada, englobando o conjunto de enunciados produzidos pelo locutor e o evento de sua enunciação. O discurso é manifestado, lingüisticamente, por meio de textos (sentido estrito), Neste sentido, o textoconsisteemqualquer passagem,faladaouescrita,queformaum todosignificativo, independente de sua extensão.Trata-se, pois, de uma unidade de sentido, de um contínuo comunicativo contextual que se caracteriza por um conjunto de relações responsáveis pelo o texto critérios padrões de textualidade,dentreosquaismerecem destaque especial a coesão.
Segundo eles o texto enquanto um todo significativo é dotado de fatores detextualidade (coesão, coerência, informatividade, situacionalidade, intertextualidade,intencionalidadeeaceitabilidade)e,dentreeles,estáa coesão que é de suma importância para que esse todo não seja um amontoado de frasesdesconexas.Então, cabe aos mecanismos coesivos estabelecer relações textuais as quais formam a tessitura do texto.
O conceito de coesão textual diz respeito a todos os processos de sequenciação que asseguram (ou tornam recuperável) um a ligação lingüística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual (Koch, 1999).
Para ela, tem duas modalidades de coesão: a coesão referencial e a coesão seqüencial. A coesão referencial é aquela em que um elemento faz referência a outro do texto, sendo que tal remissão pode ser feita para trás e para frente, ouseja,constituirumaanáforaou catáfora. Já a coesão sequencial está relacionada a segmentos do texto, partes do enunciado.
2. METODOLOGIA
A análise foi feita com um corpus de um texto produzido em sala de aula, o propósito de realizar este trabalho foram analisados os recursos coesivos de alguns alunos do ensino médio da rede Estadual que usam com mais freqüência e como o fazem, para depois apresentar uma breve proposta de trabalho com o intuito de colaborar com o processo de ensino-aprendizagem de língua materna. Isso porque é necessário que o trabalho com a produção de textos não se limite à mera explanação de regras, mas promova uma reflexão acerca da construção do texto. Foi consultada a obra do estudo dos recursos coesivos de Ingedore Koch, A CoesãoTextual (2004).
3. CORPUS E ANÁLISE
Os recursos coesivos estão sublinhados para melhor identificação.
LER
TEXTO 01
A importância da leitura para criar argumentos e modificar opiniões. Os livros servem de fundamentos para uma cultura rica e diversificada.
A sociedade leitora é mais esclarecida, portanto, mais difícil de ser manipulada, além de deter mais conhecimento a respeito de assuntos diversos, desde notícias, até obras literárias.
Nesse texto há recorrência de mecanismos que figuram a coesão do tiposeqüencial frástica. Segundo Koch, esses mecanismos fazem com que o texto se desenrole"sem rodeios retornos,ou seja, sem tornar lento ofluxo informacional". No entanto, o aluno, preocupado em colocar no papel seus conhecimentos sobreoassunto,fezpoucousodacoesão referencial, o que prejudicou a ligação entre os enunciados e a clareza textual.
TEXTO 02
A NATUREZA
A preservação da natureza. Creio que o bem estar da natureza é essencial para o bem estar do homem. Os capitalista tem como objetivo o consumo.
A grande extração de recursos naturais, como a madeira e o metal, são responsáveis pela grande acumulação de capital de empresários. A partir do momento que cresce demais este capital, o consumo e grande.
Este aluno utilizou em seu texto mais recursos referenciais, entretanto percebe-se que são freqüentes os problemas com repetição excessiva de palavras, o que significa que ele desconhece ou não sabe como aplicar ao seu texto diferentes mecanismos cuja função é fazer remissões a um outro elemento do texto, tornando-o mais objetivo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho mostra, que lingüística textual, com os alunos de Ensino Médio de um colégio da Rede Estadual constroem a tessitura de seu texto. E que a coesão textual apenas não garante a textualidade, porém fica evidente a dificuldade do mesmo quanto ao uso dos conectores. A análise foi feita com corpus de textos produzido em sala de aula com produção textual. E a partir daí percebi: que o aluno costuma usar maior número dos recursos de coesão referencial e sequencial, porém com dificuldade; às vezes, deixam de fazer coesão externa (de frase para frase), mas quando a utilizam, em geral, não há inadequações.
Essa conclusão pode servir de base para a reflexão acerca da arquitetura textual, a fim de que os alunos que pretendem prestar exames de vestibular tenham mais segurança com relação à estrutura de uma produção textual.
REFERÊNCIAS
KOCH, Ingedore. A coesão textual. São Paulo, 1999.
FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore. Lingüísticatextual: introdução,4ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.
KOCH, Ingedore Grunfeld Vilaça.Introdução à Lingüística Textual. São Paulo :Martins Fontes, 2004.
Revista Virtual de Estudos da Linguagem Entrevista sobre Linguística Textual.
Linguagem – . Ano 1, nº. 1, 2003. (www.revelhp.cjb.net).