Liderança pautada em vaidades

Por PAULO SERGIO BUHRER | 28/09/2009 | Adm

Muitas empresas quebram. Segundo o SEBRAE, mais de 50% delas quebram em menos de dois anos de vida. São vários os fatores que contribuem para esse acontecimento. Empresas que são abertas sem a menor estrutura financeira, que possa lhe dar continuidade em momentos difíceis. Empresas que se constituem pelo excesso de otimismo diante de uma oportunidade, mas que, não foram planejadas e executadas as metas que fariam dessa oportunidade, resultados. Outras que são constituídas porque seus sócios adoram determinado produto ou serviço, porém, não compreenderam que quem precisa adorar ou necessitar desses produtos ou serviços são os potenciais clientes. Enfim, são muitos os motivos que levam as empresas à ruína.

Entretanto, conheço empresas que possuem um bom planejamento financeiro, têm mercado para seus produtos e serviços, mas que, também, quebram. Tenho percebido que, em muitos casos, o problema está na liderança ou, na falta dela.

Um dos maiores problemas da liderança empresarial é o que eu chamo de “liderança pautada em vaidades”. Líderes empresariais estão preferindo quebrar as empresas a romperem com o cárcere da vaidade excessiva que lhes aprisionam.
O diretor, presidente, dono, supervisor, enfim, qualquer indivíduo que tenha cargo hierárquico que lhe permita tomar decisões, toma-as, mesmo que evidentemente incorretas, à sua maneira, simplesmente para que seu ego fique inflado. Tenho demonstrado para muitos desses dignos senhores e senhoras que, melhor do que ter o ego inflado é ter uma conta bancária ingente.

Nesses casos, o indivíduo que lidera, mesmo estando errado na sua tomada de decisões, prefere executá-las a ouvir os sinais e as vozes de outros colaboradores. Até o mais sábio dos líderes precisa ouvir outras pessoas, para que tome as melhores decisões.

Milhares de empresas vêm desfalecendo pela imprudência dos seus líderes. O pior de tudo isso é que, normalmente, os donos, que nomeiam tais líderes, não se dão conta disso, tendo em vista que não acompanham o desenvolvimento da empresa. Deixam todas as decisões nas mãos desses maus líderes que, para satisfazerem seus egos, suas vaidades, preferem errar a ouvir a opinião dos outros.

Há pouca coisa a ser feita por uma empresa que tem um líder ruim, além de demiti-lo. Ele será capaz de demitir todos da sua equipe, acreditando que são as pessoas que compõem o grupo que estão equivocadas, mas, jamais admitirá que ele é o culpado. Como é ele quem decide, poderá demitir quem julgar necessário, sem que o (s) proprietário (s) tenha conhecimento. Muitas pessoas ótimas para o trabalho poderão ser demitidas, enquanto que o líder envaidecido continua a afundar a empresa.

Quem toma decisões pautadas na arrogância, no ego, não se importa, ou não mede as conseqüências. Tenta encontrar culpados, buscar falhas no mundo de fora. Contudo, não quer admitir que precisa resolver seu conflito interno de vaidade para que suas decisões sejam tomadas com base em informações, ideias, opiniões, críticas de outros colaboradores. Quem não está aberto às críticas não é digno de liderar.

Certa vez, procurei convencer o proprietário de uma empresa que as decisões que ele vinha tomando não eram as mais adequadas. Usei de toda psicologia no diálogo. Infelizmente, não fui capaz de convencê-lo a abandonar a decisão que pretendia tomar. Ele tinha uma empresa de engenharia. Nesse caso, como sua empresa construía imóveis comerciais e residenciais, precisava obter um registro junto ao CREA, que é o Conselho de classe dos engenheiros e arquitetos, dentre outros profissionais. Esse cliente, embebido por sua arrogância e para registrar nos solos da sua mente que era superior a tudo e a todos, disse-me que não se registraria nesse órgão e queria ver quem era capaz de fechar a empresa dele por não ter o referido registro.

Em menos de seis meses, ele fora multado pelo CREA. Não pagou a multa e continuava dizendo que nenhum órgão seria capaz de fazer com que ele parasse de executar as suas obras. Passaram-se mais dois meses e a empresa recebeu uma notificação de que não poderia mais operar. Novamente, o envaidecido empresário resolveu enfrentar o órgão da sua classe. Tentou de todas as formas, inclusive judicialmente, não obter o registro. Gastou, desde o início, mais de 10 mil reais e, ao final, teve que se registrar para poder exercer a atividade. O valor do registro era de menos de 10% do que gastara com sua vaidade que, no final, caiu por terra. Hoje ele me ouve e ouve seus colaboradores, antes de tomar decisões, fáceis ou difíceis, porém, sempre peço para que ele deixe seu ego e sua vaidade de fora da sala de reuniões.

Empresários, atentem para seus gerentes e líderes. Vejam como eles têm tomado decisões. Se estiverem pautando-as nas próprias vaidades, sua empresa pode estar em apuros. Você pode estar perdendo ótimos funcionários e, é claro, sua conta bancária pode estar diminuindo e você não encontra o motivo. A vaidade excessiva, que serve apena para manter a pose e o ego está ajudando a quebrar mais e mais empresas.

Se você é líder, gerente, supervisor e não tem ouvido a opinião das pessoas para tomar decisões, porque acredita que elas não terão nada de valor para lhe dar, cuidado, você poderá quebrar a empresa e aí, não sobrarão pessoas para você liderar e, seu cargo também irá para o espaço. A única coisa que restará será sua vaidade exacerbada, que não vale nada!

 

Pense nisso, sem vaidades excessivas!

 

Professor Paulo Sérgio Buhrer
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