Libertar antepassado para ser feliz
Por Paulo Rabelo Guimaraes Machado Diniz | 08/06/2012 | CrônicasEscreve-se este porque " In memoriam" está o conforto e também porque
"é preciso mergulhar no desconhecido para conhecer a sim mesmo". Também porque tentar descobrir as motivações mais íntimas que impulsionam as pessoas a fazerem o que fazem é, sem dúvida, um grande aprendizado.
Inicialmente, pergunta-se o que, por exemplo, pode motivar o senhor Tonico a enviar um filho ainda muito jovem, solteiro a uma antiga fazenda para lá se desenvolver e ainda preservar? Haveria algo além da vontade da cunhada Eta de ter lá o sobrinho Zezé para manter a casa do jeito que era? Estas e outras questões levaram o autor há voltar um pouco mais na memória e interagir com outros atores interessados neste registro de memória.
Não demorou muito para saber através do senhor Lico Machado que o senhor Valdivino Machado também, muito contrariado, foi convencido a mudar para junto do Avô João Machado para a distante fazenda Brejo.
Descobriu-se, nesta oportunidade, que lá não era a sede do patriarca, o primeiro Machado a pisar nestas vazantes - o senhor João Machado Diniz, conhecido como João Machadinho. Onde foi a sua sede e por que foi vendida? E outras questões surgiram em seqüência.
Não havia evidências de venda desta sede pelo filho João Machado.
Foi dito estar esta sede (hoje propriedade do Senhor Jacques Soares) totalmente reformada.
Mas como libertar as almas de suas paredes? Somente com as mãos dos próprios descendentes. Se estes juntarem as mãos em prece, pois as almas aprisionadas estão, na verdade, em suas próprias mãos.
Enquanto um único antepassado estiver sofrendo a busca da felicidade será apenas um sonho indigno.
Desculpe os Machados de pouca reza, mas neste assunto sutil e relevante só Deus Supremo poderá ajudar.
As questões que precisam de resposta.
- Foi esta sede abandonada depois da morte do senhor João Machadinho?
- O que motivou tal abandono?
- Poderia o abandono motivar o senhor Tonico a enviar o filho para a fazenda Claro para lá preservar? Já que não mais poderia preservar a sede do seu ancestral?
- Será que o senhor João Machado teve dor de remorso por não ter conseguido proteger o pai João Machadinho?
- Ouve, por acaso, judiação de jagunço de genro maldoso do Senhor das Terras ao senhor João Machadinho? Tal judiação transformou-se em morte?
- A nora de João Machadinho não era descendente do Senhor das Terras de Araxá que em leilão comprou o Vão das Vazantes?
- Para onde foram os outros moradores desta sede depois da morte ou assassinato de João Machadinho? Sabe-se que o capanga Ilarindo exclamou ao patrão: "_Vos mercê não vai ver seu pai primeiro?" "_Não!" "Vamos cercar os malditos lá no vão".
Respondeu João Machado.
Apurar os fatos é louvável, pois o abandono é estranho já que o senhor João Machadinho distribui descendentes para tomar pose em todos os cantos de seu domínio: - sua filha Teodolina com Emílio Alves Rios que era filho de criação foi enviada para Serra Velha, na Pedra Preta; - a segunda filha Julia com o Armando Rocha foram para o Arrenegado no Guarda-Mór; - o filho João Machado com Sinhazinha fixaram-se no Brejo; -Titão vendeu tudo e foi para o Goiás; Etelvina com Francisco Machado foram para o Borá; - Niquinha com Benônimo estabeleceu-se na Fazenda Canastra; - Olímpio, Barroso, fixou-se na Fazenda Salobo; - Nonô fixou-se na região da Vargem Grande, no Barrocão, hoje MASA; - Julieta, mudou-se para Coromandel, depois mudou-se novamente para Patrocínio até que finalmente estabeleceu-se em Campos Altos.
Se não foi por remorso de senhor João Machado, o que explicaria então, a sede do seu pai ser abandonada?
"Tudo que tem nome existe", era repetido sempre pelo Senhor João Machado. Será que lá alguma coisa havia e ele não quis ficar para não descobrir? Provavelmente, seria muito duro e poderia desmoronar a fortaleza de Delegado que ele sempre tinha que se apresentar.
Este prognóstico se confirmou? Ele pôde ter visto o que outros não viram? E em conseqüência, um destes outros (o antepassado dos Fialhos) suicidar? E por que os outros depois deste não quiseram lá fixar?