Liberdade vivencial e o autogerenciamento vivencial

Por CLÁUDIO DE OLIVEIRA LIMA | 16/04/2012 | Psicologia

LIBERDADE VIVENCIAL E O AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

 No início dos tempos, o homem vivia em grupo com o objetivo de sobrevivência, não havia competição entre eles.  À medida que a relação social entre os humanos foi se tornando mais complexa, outros valores, bens, status agregaram-se às suas relações sociais, que começaram a ser competitivas. Logo, tornou-se imperativo a criação de um poder que envolvesse as pessoas como um todo, nascendo assim o Estado com suas leis gerais com o intuito de organizar, disciplinar e limitar as atitudes e comportamentos individuais. Surge a sociedade com seu poder institucional, com as suas leis sociais, elaboradas tendo como objetivo maior as proibições, ou seja, o que não se deve fazer, buscando assim, homogeneizar e delimitar as atitudes e comportamentos individuais, numa tentativa de tornar mais justas as relações humanas.

Todavia a história vivencial nos tem mostrado que apesar do homem criar e recriar as suas regras sociais e mecanismos para impô-las, o que se tem observado é que a humanidade, de um modo geral, carece de responsabilidade e maturidade.

Na realidade, esse modelo que prestigia a repressão,em vez de transformar o ser humano num ser responsável e obediente, o está transformando num ser irresponsável, temente mas não obediente às regras. Resultado, sem dúvida, desastroso.

Então, para corrigir tal falha, a Sociedade está dando ao desenvolvimento tecnológico uma importância deveras perigosa, a de educar o homem sem precisar dele em sua própria educação. Assim, vai surgindo aos poucos o homem cibernético que obedecerá às regras, tendo o seu direito de escolha e participação restringido. Haverá uma ditadura vivencial que não levará em conta o seu pensar e o seu agir, que lhe dirá o que fazer, como fazer, controlando tudo e, em algumas situações, dispensando até a sua participação física e mental. Limitar o pensar, o refletir e o agir, conforme o raciocínio que supervaloriza a tecnologia, é o único caminho da perfeição e da não violência. Ele apregoa que assim irá evitar os flagelos sociais que tanto interferem na sociedade de maneira negativa, obrigando-a, a todo instante, criar novas regras sociais para enfrentá-los e assim controlá-los.

Atualmente, refletir sobre a liberdade vivencial é de importância fundamental para o homem adquirir a consciência dos riscos que há no novo modelo que está traçando para si e possa encontrar soluções mais adequadas ao bem viver. É preciso entender que essa forma de educar, o tornará cada vez mais alienado e irá cada vez mais limitar a sua capacidade de pensar e agir, afetando sobremodo as suas escolhas cognitivas e vivenciais.

Essa educação alienante, focada no anti-humano, procura, a todo tempo, ressaltar que o homem não é capaz de gerenciar a sua liberdade de escolha, através da autorreflexão. Busca, então, embotar a sua capacidade de pensar e agir, pois para ela esse é o caminho que permitirá discipliná-lo e torná-lo confiável. Assim sendo, a tecnologia se destaca agora como uma ferramenta educadora, ou melhor, repressora, que ajudará a sociedade a educar (enquadrar) o ser humano, nos moldes desejados.  Para atingir tal fim, a sociedade, com o apoio da ciência, sustenta a imagem de que homem é um ser irresponsável, logo incapaz de gerenciar a própria liberdade.  Assim, justifica que, ao dar-lhe limites, deveres e obrigações e ao executar a tarefa por ele, em algumas situações, além de evitar qualquer imprevisto, torna a sua ação confiável. Aprisionar a mente humana, ou seja, as atitudes, os pensamentos, as verdades e o modo de agir é o caminho que irá melhorá-la.

O que sem tem visto, apesar de cada vez mais novas tecnologias serem incorporadas ao processo educacional, é que os resultados estão aquém do desejado, já que o ser humano, além de burlar os educadores (repressores) eletrônicos, está cada vez mais manifestando uma desobediência às regras.

Por que será!? Talvez por ter transferido para o Estado algo que só ele pode dar a si mesmo, que é a responsabilidade com a sua própria vida. Ao ignorar a capacidade de ser o seu próprio gestor, enfraqueceu a crença em si e na sua capacidade de criar e manter a sua própria paz.

Para o autogerenciamento vivencial, ser responsável com a própria vida suscita uma responsabilidade com a vida dos outros, porque o comportamento individual gera uma responsabilidade social. Os atos individuais vão além da pessoa, produzindo o tão falado efeito dominó.

Isto não nega, entretanto, a importância de um Estado. Somos seres sociais; as regras se fazem necessárias para disciplinarmos comportamentos e atitudes, porém não podemos nos restringir a elas. Uma flor de plástico tem forma e cor de flor, porém não é uma flor. Não tem vida, não tem brilho, não tem cheiro, não faz parte da natureza, é artificial. Assim somos nós, se não estivermos conectados à nossa liberdade interior, ao nosso pensar, seremos também seres artificiais.

O que se tem visto!!! É que o homem, ao transferir para o Estado toda a responsabilidade pela sua vida, inclusive dos seus erros e da sua violência, o está transformando num ser irresponsável, alienado, com pouca consciência sobre si mesmo, chegando ao ponto de esquecer que é, na realidade, o grande responsável pela sociedade em que vive e não o contrário.

      Enfim!! Será que o homem cibernético, aprisionado a regras, conceitos, valores, atitudes e comportamentos sociais, conseguirá atingir a perfeição vivencial???  

 Drº Cláudio de Oliveira Lima – psicólogo

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