Liberdade de Imprensa

Por Bruno Azevedo | 09/11/2010 | Filosofia

"A liberdade de imprensa não faz seu poder sentir-se apenas sobre as opiniões políticas, mas também sobre todas as opiniões dos homens. Ela não modifica apenas as leis, mas os costumes."(TOCQUEVILLE,1998: 207)

"Num país em que reina ostensivamente o dogma da soberania do povo, a censura não é apenas um perigo, mas um grande absurdo.
Quando se concede a cada qual um direito de governar a sociedade, cumpre reconhecer-lhe a capacidade de escolher entre as diferentes opiniões que agitam seus contemporâneos e apreciar os diferentes feitos cujo conhecimento pode guiá-lo.
A soberania do povo e a liberdade de imprensa são, pois, duas coisas inteiramente correlativas. A censura e o voto universal são, ao contrário, duas coisas que se contradizem e não se podem encontrar por muito tempo nas instituições polítcas de um mesmo povo. Entre os doze milhões de homens que vivem no território dos Estados Unidos, não há um só que tenha ousado propor a restrição da liberdade de imprensa."(TOCQUEVILLE,1998: 209)

No primeiro trecho exposto, percebe-se a influência da liberdade de imprensa que está relacionada intrínsecamente à sociedade, demonstrando tal verificação a partir de sua inserção nos costumes, o que caracteriza uma familiarização no âmbito social.
Na segunda citação, expõe-se a legitimidade da soberania popular sendo atestada pela liberdade de opinião que não poderia ser contida através da censura, expondo a consciência do povo de discernir acerca das diversas opiniões que permeiam o espaço público e a responsabilidade em sua seleção pela sobriedade da liberdade de escolha.
A liberdade de imprensa, permite que o Estado, ou seja, a representação da soberania popular, possa ter "voz" e que essa não esteja restrita, já que assume a forma de interlocutora correspondente a todo esse corpo de indivíduos que compõe a nação.
A liberdade de imprensa, é a voz de todos, ou seja, de ninguém, pois é a que permite ecoar dentro de uma sociedade a liberdade de expressão, possibilitando inclusive, a contestação do poder vigente, embora nem sempre funcione dessa forma, por um monopólio dos meios de comunicação de massa.
Resta uma preocupação ainda mais contundente, pois saber da forma como as informações são monopolizadas, possibilita uma reflexão a priori, mas e quanto a forma como estas informações estão sendo captadas?
Como as informações são absorvidas e retransmitidas em meio a uma rede de comunicação primária? Afinal de contas, esta rede setorial também possui sua complexidade de reprodução, criando uma cadeia informativa degenerativa de efeitos imediatos, com repercussões além de nossa contingência perceptiva.

Referência Bibliográfica:

TOCQUEVILLE, Alexis de. A Democracia na América: Livro I ? leis e costumes de certas leis e costumes políticos que foram naturalmente sugeridos aos americanos por seu estado social democrático. tradução: Eduardo Brandão. prefácio, bibliografia e cronologia: François Furet. São Paulo: Martins Fontes, 1998. (Paidéia)