Ler e interpretar ou incorporar? Eis a questão!
Por Elita de Medeiros | 20/01/2011 | EducaçãoCom o advento da mídia eletrônica, a maioria dos alunos prefere pesquisas na internet e filmes à leitura. Isso ocorre em todas as disciplinas, não apenas na Língua Portuguesa e Literatura, historicamente as que exigem leitura e produção textual.
Deste fato podemos perceber, como afirma a Prof. Elise Bastos Silva, o surgimento do internetês, nova língua dos adolescentes. É do conhecimento dos profissionais de Língua Portuguesa a evolução natural do idioma, onde novos termos surgem e antigos adquirem outros significados. Um exemplo é a palavra medíocre que, de acordo com o dicionário Aurélio, significa "que não é bom nem mau, sem relevo, vulgar". Perguntando aos adolescentes qual o significado desta palavra, as respostas podem diferir, mas o sentido sempre será "abaixo da média".
Ora, o que não é bom nem mau, é médio, portanto aceitável. Mas o medíocre é pouco para os padrões da garotada.
O questionamento, direcionado aos os educadores, gira em torno de um ponto crucial: se ler traz conhecimentos, então, não se deve ler de tudo, inclusive internetês?
É importante que os estudantes tomem contato com todo tipo de obra, dos clássicos às bulas de remédio: afinal, interpretar corretamente uma bula pode salvar vidas. Então, qual a razão de discriminar a produção "errada" dos alunos? Há, inclusive, os que não aceitam o erro, como Marcos Bagno que, em seu livro Preconceito Lingüístico, afirma que o que existe é uma maneira diferente de transmitir a mesma ideia.
Se a função da língua é comunicar, não importa a forma como se realiza, haja vista as várias linguagens: verbal, não-verbal, entre tantas outras. Se a função do educador é mediar, nosso ofício encerra o papel de mostrar o que é certo e errado, diferenciar o padrão culto da linguagem coloquial.
O internetês de hoje pode vir a ser padrão no futuro. Se confrontarmos as produções atuais com as do início do século passado, por exemplo, muitos terão dificuldades de entender a linguagem utilizada naquela época, nem tão remota assim. O que precisamos é promover um novo significado à produção de nossos alunos para que esteja além do medíocre.
Infelizmente, nós educadores ainda não aproveitamos as mídias como aliadas, como ferramentas possíveis de facilitar o cotidiano em sala de aula. Podemos partir do que os alunos já sabem para a novidade e, então, utilizando mais uma vez as ideias do Professor Marcos Bagno, até mesmo a aprendizagem da gramática deixará de ser dramática.