LEITURA LITERATURA E DIVERSIDADE

Por Micheli da Silva Campos | 25/04/2017 | Educação

INTRODUÇÃO 

Ao passar dos tempos sempre se questionou a respeito da leitura infantil, dessa maneira a mesma deve fazer parte do cotidiano das crianças, de forma com que elas desenvolvam sua personalidade e sua maneira de ver o mundo. Afinal de contas, é através da leitura que nós nos construímos como cidadãos, pois a mesma permite participação social e compreensão de diferentes maneiras de participar da sociedade.

A leitura se constitui como um dos avanços à busca do conhecimento sistemático e aprofundado. É através da leitura que o aluno desperta para a interpretação dos fatos e ainda sente-se estimulado para desenvolver a aprendizagem, visto que a leitura proporciona o amadurecimento do intelecto.

Mas para alcançar estes objetivos, devem-se levar o leitor a correlacionar seus interesses e conhecimentos com estratégias de leitura. Ele deve ainda promover o encontro do aluno não só com o texto no código verbal, mas em diferentes linguagens: plásticas, cinematográficas, dramática, a da imagem e muitas outras. Mas não basta colocar o aluno diante do material de leitura. O professor, que antes de qualquer coisa deve ser um leitor, precisa iniciar o aluno nos segredos, encantados e estratégias de leitura. Isso significa ajudar o aluno a descobrir o que, sozinho, não estaria conseguindo. (PCN, 1997, P.55 APUD. BUSACHERA, KATIANE APARECIDA, 2008, P.11). 

Quando o assunto é leitura, deparamos com uma realidade muita complexa, onde a mesma é muitas vezes trabalhada por obrigação e não por prazer. Esta realidade é bastante presente principalmente no contexto escolar. Esse tema é bastante relevante, tendo em vista que hoje é preciso ajudar a desenvolver nas crianças o gosto pela leitura.Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996, art.32º I): 

O ensino fundamental, obrigatório e gratuito na escola pública, (...) terá     por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I-O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, (...). 

 Nesse contexto, entendemos por domínio pleno da leitura, a capacidade de ler e interpretar diversos tipos de textos. Assim, quando as crianças chegam à escola, os professores precisam valorizar a leitura de mundo que elas já possuem. “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.” (FREIRE, 2005.p.11).

A leitura faz parte do nosso cotidiano, seja na escola, na rua ou em casa. O que se percebe em alguns casos é que a leitura imaginária e textual é trabalhada de forma mecânica, sem muito significado para as crianças, pois, as mesmas sentem-se obrigadas a realizar determinadas leituras sem entendê-las.

Teoricamente, a leitura é perfeita no contexto da educação infantil, onde normas estão estabelecidas no currículo nacional da educação. A infância é o período em que a imaginação da criança está pujante e que as leituras devem se apropriar à faixa-etária das mesmas. É fundamental trabalharmos os contos infantis de maneira significativa proporcionando momentos de faz de conta. 

Os contos de fadas e outras histórias do gênero propõem uma ruptura com o real imediato e dirigem-se a região do inconsciente, fortalecendo a necessidade de beleza interior e de sabedoria, valores tão precários em um mundo chamado de realidade. (SARAIVA, 2001.p.82) 

Sabendo que as crianças são extremamente imaginativas e que os contos devem fazer parte do seu cotidiano, percebemos que há uma necessidade de fazer uma educação mais próxima da vida infantil.

Diante do exposto acima questionamos se a prática de leitura enfoca o mundo a diversidade? A leitura tem sido um momento de prazer ou de mera obrigação? A leitura é trabalhada na perspectiva do letramento? As crianças gostam de ouvir histórias? Como são os espaços que oportuniza as crianças a esses momentos? As escola possui projetos referentes à diversidade, e esse projeto voltado na literatura?

AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES DA LITERATURA INFANTIL.

Desde a antiguidade a leitura já era considerada fundamental para aprendizagem dos homens, mesmo que seja de forma diferente das atuais. Segundo BARBOSA (1994, p.97).

 O leitor na antiguidade era, antes de mais nada, um ouvinte. As dificuldades de publicação e divulgação das obras escritas instituíram uma prática habitual de leitura: as recitações públicas, realizadas pelo autor ou por um profissional da leitura

Nesse período o povo não tinha acesso aos livros como hoje, e muito menos os de menor poder aquisitivo. Os livros eram considerados relíquias, onde poucos podiam ter acesso, apenas a aristocracia e religiosos possuíam esse privilégio. Ao poucos o livro foi sendo introduzido ao mercado, e com ele um problema, pois era de alto custo. Isso fez com que se tornasse um objeto de poucos, devido a esses problemas e aos problemas religiosos, pois durante esse período o poder pertencia à igreja, que acabava determinando as regras e com isso quanto menos pessoas possuíssem acesso a informações melhor seria.

Nesse período a população não tinha acesso aos livros, onde lhes eram passado à informação. Mas ao passar dos tempos e com as revoluções ocorridas nas mais diversas áreas, começaram a aparecer texto em forma religiosa como a Bíblia, folhetos, jornais e livros. A habilidade de ler gradativamente toma conta de amplas camadas da população, graças à ação da escola; a literatura popular amplia seu publico, gerando a “leitura mania” que levou pedagogos da época a campanhas de esclarecimentos a alertas contra os perigos da leitura em excesso (BARBOSA, 1994, p. 106).

Somente depois de muitos séculos que a Literatura Infantil constitui-se como gênero, foi durante o século XVII, época em que a mudança na estrutura da sociedade desencadeou repercussões no âmbito artístico. De acordo com SARAIVA (2001, p.35),

A origem da literatura infantil vincula-se ás mudanças que ocorreram na sociedade dos séculos XVII e XVIII, momento em que se instalou o modelo burguês de família unicelular, provocando uma alteração na forma de se visualizar a infância.

O aparecimento da Literatura Infantil tem características próprias, pois decorre da ascensão da família burguesa, do novo "status" concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola. Sua emergência deu-se, antes de tudo, à sua associação com a Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela.

Devido a essa concepção, a literatura infantil chega ao Brasil no fim do século XIX, com a finalidade de difundir a mesma concepção que lhe dera origem e assim contextualizar-se no panorama da literatura universal. E se distinguindo em 4 (quatro) fases, que são:

 A primeira fase compreende o final do século XIX, onde foram realizadas as primeiras tentativas de formar um público de leitor infantil. No início houve um pouco de resistência, mas aos poucos foram se consagrando nomes, onde deu um pilar a nova modalidade. Os primeiros livros da literatura no Brasil foram traduções de autores europeus. Onde o objetivo era de formar um novo público de leitores, sendo as crianças, o alvo principal, pois,

Os livros infantis e escolares são dois gêneros que saem fortalecidos das várias campanhas de alfabetização deflagradas e lideradas, nessa época, por intelectuais, políticos e educadores, abrindo espaço, nas letras brasileiras, para um tipo de produção didática e literária dirigida especificamente ao público infantil (ALBINO, 2011, p.05). 

A segunda fase abrange o período de 1920 a 1945, época de frenética política, intelectual e artística, no meio de uma triste realidade nacional, que era um sistema de educação fragilizado e consequentemente um alto índice de analfabetismo. Devido a isso se criou a escola nova que motivou uma série de reformas. Período esse que apareceram os primeiros autores brasileiros de literatura infantil, apesar de usarem histórias europeias nos primeiros exemplares, mas com uma nova roupagem na inovação temática das histórias e na aproximação entre a linguagem e o tom coloquial que caracteriza a fala brasileira. 

O percurso da literatura infantil foi marcado pelo momento histórico-cultural, especialmente pelo ano de 1921 quando nascia oficialmente pela mão de Monteiro Lobato, recebendo uma roupagem nova, apesar de algumas obras permanecerem com caráter pedagógico, aumentando assim os números exemplares disponíveis para o público infantil.          

Com a expressão da arte moderna na Semana da Arte Moderna de 1922, data essa que é o inicio da revolução nas letras brasileiras, Monteiro Lobato acreditava que com as mudanças que viam acontecendo no Brasil à sociedade possibilitaria um avanço tão desejado.

Devida às turbulências da segunda guerra mundial os escritores privilegiaram o espaço rural como cenário de seus enredos.

A terceira fase corresponde ao período das décadas de 1950 a 1960, período esse da aprovação da Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional. Durante essa fase registrou-se um expressivo aumento de autores e títulos à disposição do público. Apesar de que nessa fase se manteve um caráter conservador, devido o golpe ocorrido de 1964, onde ficou conhecido como terror político, onde muitos alunos e professores foram perseguidos, golpe esse que foi impiedoso a cultura brasileira levando à literatura tanto infantil quanto a adulta a assumir um caráter conservador, pois muito dos intelectuais sofreram tanto agressões psicológicas como física.

 A quarta fase está entre os anos de 1970 a 1980. Período em que as narrativas infantis foram bastante diversificadas, como modernos contos infantis e contos de fada. Segundo Saraiva (2001), mesmo com as inovaçõesalgumas obras continuaram tendo a permanência do caráter pedagógico, especialmente aquelas que aproveitam temas históricos, como ética e comportamento humano.

O percurso da literatura infantil brasileira revela (...) uma série de percalços ao longo da trajetória empreendida. Em alguns momentos constatou o predomínio da quantidade e de outros os da qualidade. Entretanto nesse final de século, ao se rever todo esse contexto que envolveu o a produção dirigida à infância (SARAIVA 2001, p. 41).

Nesse contexto, com as contribuições de Saraiva fica mais fácil de compreender que a literatura é intransitiva e, independente do adjetivo que receba. Sendo assim, o termo infantil associado à literatura não significa que ela tenha sido feita necessariamente para crianças. Na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que corresponde de alguma forma, aos anseios do impulso de contar histórias deve ter nascido no homem, no momento em que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experiência sua, que poderia ter significação para todos. Não há povo que não se orgulhe de suas histórias, tradições e lendas, pois é a expressão de sua cultura e devem ser preservadas. 

 DELINEAMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA 

Sabemos que a leitura é indispensável ao cotidiano do ser humanoe tendo como processo de compreensão, multi-dimensionado, envolvendo diversas operações, como: percepção, decodificação e processamento de informações, memória, predição antecipação, inferência, dedução, evocação, analogia, síntese, análise, avaliação e interpretação. Segundo FOUCAMBERT (1997, p.10) “A leitura é considerada como instrumento de aprendizagem e meio de autodidatismo do qual, diante da rápida mutação do conhecimento”.

Portanto, saber ler não é apenas conseguir decodificar, traduzir automaticamente um conjunto de sinais, mas mobilizar um conjunto de estratégias, fazendo interagir diversos níveis de conhecimento, para construir significados.

Portanto, é fundamental na aprendizagem da criança quanto a cidadão, principalmente no período em que se estáiniciando a vida escolar, fatores esses que me levaram a escolher esse tema como o assunto de minha pesquisa de conclusão de curso e desta forma observar e analisar, se esse fator tão importante realmente está sendo trabalhado adequadamente dentro da sala de aula pelos seus respectivos professores. E assim comparar a minha concepção já existente com o aporte teórico e a prática pedagógica dos docentes.

O que me levou a escolher esse tema foi por não ter tido a oportunidade de ter contato com a literatura nas séries iniciais, hoje anos iniciais do Ensino Fundamental. A criança que tem acesso a livros, principalmente os de literatura durante a sua construção de conhecimento diante do mundo, se torna um adulto mais crítico e independente. Pois segundo FREIRE (1998, p.96) “A leitura da palavra não podia estar dissociada da leitura do mundo”. 

A pesquisa de campo foi realizada numa escola da rede municipal de ensino de Juara, em duas classes de alfabetização, numa abordagem qualitativa, no sentido de analisar os métodos utilizados pelos professores em relação às práticas de leitura.

Na pesquisa qualitativa, de forma muito geral, segue-se a mesma rotação ao realizar uma investigação. “A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave” (TRIVINOS, 1987, p. 128).

Para realização desse trabalho, ou seja, para atingir os objetivos propostos passei por duas etapas, sendo elas necessárias para uma melhora nas coletas de dados, utilizando assim o questionário e a observação como instrumentos de coleta de dados. 

Em seguida, analisei todo o conteúdo coletado durante o desenvolvimento da pesquisa, a qual foi desenvolvida em diferentes momentos: Inicialmente fiz observação de duas turmas do 1º Ano correspondente à turma de alfabetização. A observação se faz necessária, haja vista que, é preciso perceber se o discurso dos professores realmente condiz com suas práticas.

No segundo momento, entreguei um questionário para ambas às professoras regentes. O questionário nos permite coletar dados mais precisos em relação ao que pensam os professores.

A observação foi realizada em vários dias alternados em cada classe, nas aulas de Português e Literatura. Segundo LIBÂNEO (1994, p. 28). 

As bases teórico-científicas da educação escolar e a prática docente operam como que uma ponte entre o “o que“ e o “como“ do processo pedagógico escolar (...). Este papel de síntese entre a teoria pedagógica e a prática educativa real assegura a interpenetração e a interdependência entre fins e meios da educação escolar.

Um dos objetivos intrínsecos ao processo é contribuir para uma reflexão acerca da necessidade de repensarmos nossas práticas de leituras no contexto escolar.

 RESULTADOS OBTIDOS

A leitura e a música devem fazer parte do cotidiano das crianças, de formaque elas desenvolvam sua personalidade e sua maneira de ver o mundo. Afinal de contas, é através da mesma que nós nos construímos como cidadãos, pois nos permite participação social e compreensão de diferentes maneiras de participar da sociedade, uma vez que a leitura se constitui como um dos avanços à busca do conhecimento sistemático e aprofundado. É através da leitura que o aluno desperta para a interpretação dos fatos e ainda se sente estimulado para desenvolver a aprendizagem, posto que a leitura proporciona o amadurecimento do intelecto.

E sendo o professor o principal intermediador desse processo, questioneiPara você, o que é um texto?

Segundo a professora A, texto é um conjunto de palavras e frases articuladas sobre qualquer base.  Enquanto para a professora B, texto é tudo aquilo que emite fatos, histórias e figuras etc. 

Veja que a primeira professora apenas considera a linguagem verbal. Naresposta não aparece figuras, imagens, que na verdade, também são textos, pois entendemos texto como toda unidade de sentido.

Já a professora B, considera a linguagem verbal, e isso pode ser comprovado na observação da sua prática pedagógica, quando trabalha com a leitura.

KLEIMAN. (2004, p. 20) afirma que:

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