LAMENTO DO POETA
Por ROGÉRIO RAMOS | 11/02/2009 | PoesiasEstou passando em Petrolina
e ouço o nordeste chorar;
é o choro de uma menina
que implora pra se alimentar.
Sinto o pânico de seu pai
e vejo as lágrimas em sua face rolar;
é o desespero de alguém
que implora pra se alimentar.
Ouço o clamor de uma mãe
que olha pro céu em dor,
com seu filho nos braços
pedindo o leite que secou.
Vejo um homem agonizando
no terminal a esmolar;
é o retrato que por algum instante
eu pergunto: Até quando vai continuar?
E com lágrimas nos olhos
e uma dor forte no peito,
o meu lado poeta se consome
e eu penso se pro nordeste tem jeito.
Brasília o esqueceu,
ele depende de sua própria sorte;
o seu dia escureceu
e o seu fim é de pouco a pouco a morte.
Espero que sem demora
essa longa noite de pranto amanheça,
para que finalmente Brasília
o NORDESTE enfim RECONHEÇA.