LAGOA DE VIDRO

Por FELLIPE KNOPP | 16/06/2010 | Poesias

Registro:271.717 Livro:488 Folha:377


11-09-2002


"LAGOA DE VIDRO"

Gemidos insonantes
proclamam, promulgam,
desventuras incontáveis
que os olhos ocultam.

Ao céu a inspiração
que exaurida de antemão,
desvencilhou-se de sua gênese,
ao seu estribo uma cisão.
Ao ouvido um sussurro medonho
lhe lembrara suas dores.
Se lhe abria um sorriso tristonho,
seus versos seus clamores.

Já sentira o fulgor de existir,
a responsabilidade de viver.
já soubera que então, se extinguir,
já sentira a entranha tremer.

O seu mundo um poema infeliz;
diluíam-se seus intentos;
pretensão encontrara em si,
chamar poesia tais pensamentos.

Descontento insolúvel engolia,
um augúrio inefável exprimia,
pela dor que no âmago havia,
que insistia em chamar poesia.

O seu corpo cansado doía,
refletindo a aspereza da lida,
da vã luta travada no dia,
sua porção limitada da vida.

Herói és, pois, estás aqui;
suportaste a dor que sentiste;
mesmo não aprendendo a sorrir,
herói és, pois [resististe.

O vivaz sentimento veemente,
que lhe faz caminhar, ir em frente,
uma audaz pretensão eloqüente,
chamar por Eu àquilo que sente.

FELLIPE KNOPP