LABRE - Asssociação de radioamadores
Por Romano Dazzi | 04/06/2009 | CrônicasLABRE – ASSOCIAÇÃO DE RADIO AMADOREES
de Romano Dazzi
OI,
Então a LABRE ainda vive ?
Não foi coberta pelas areias do tempo e arrastada para o esquecimento, assim como foram meu radio galena, minha máquina de escrever, a calculadora Facit, o duplicador a álcool, o telex e finalmente meu poderoso PY , um Kenwood de santa memória, que tantas satisfações me trouxe?
Quanto mais difícil era se comunicar, mais empenho tínhamos e mais orgulho, mais alegria.
Hoje nem me lembro dos prefixos que usávamos, das abreviaturas que coloriam nossas conversas e que nos faziam parecer diferentes dos mortais comuns.
Em tempos em que se esperava uma hora inteira para falar por telefone com o Rio, a meia noite eu conseguia pegar cinco, seis japoneses nos
E a Labre estava aí, acompanhando, orientando, distribuindo os cartões que chegavam de todas as partes do Mundo; organizada, metódica, eficiente; era uma âncora, um porto seguro.
Mas isso foi uns trinta, quarenta anos atrás.
O tempo é implacável. Tudo cria e tudo destrói. E no fim, só resta a lembrança.
Hoje, reconheçam, não tem mais graça.
Falo com meu neto (por isso eu a chamo de Interneto) que está na Itália e ele me mostra no monitor o prato de macarrão que está chegando à mesa dele.
Só faltam os cheiros; mas não me admiraria de descobrir, um dia destes, que já chegamos lá – e só eu ainda não sabia.....
Numa tele conferência, você vê o big boss em Nova York, o gerente do escritório de Macau e o operador na bolsa de São Petersburgo; todos ao mesmo tempo; e fala com eles, como se estivessem todos sentados em sua sala de visita.
Adeus privacidade!
Naqueles tempos, eu ficava no sótão, de pijama e chinelos, às vezes enrolado num cobertor, tiritando de frio.
Nessas condições, hoje, eu perderia o emprego em dois tempos.
Por isto, Labre, eu lhe agradeço muito a sua cartinha de aniversário.
Ela trouxe um bom perfume de primavera, para quem já está caminhando a passos largos para o inverno.
PY2-DRO agradece a lembrança, o sopro de saudade, vindo diretamente do Tatuapé.
E não há melhor maneira de agradecer, do que enxugar com a manga uma lágrima solitária, que teimou em ficar nos cílios.
Romano