JOSÉ DE XEREZ FURNA UCHÔA - O CAPITÃO QUE INTRODUZIU O CAFÉ NA REGIÃO DO CEARÁ
Por Jose Wilamy Carneiro Vasconcelos | 26/06/2019 | LiteraturaLITERATURA POPULAR
JOSE DE XEREX FURNAS UCHOA
“O CAPITÃO QUE INTRODUZIU O CAFÉ NA REGIÃO DO CEARÁ”
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Vou contar uma história
Um fato que interessou até burguês
Um capitão de coração tornou-se sobralense
Onde vai intrigar todos vosmecês
Na então Distinta Vila Januária de Sobral
O conhecido “Capitão José de Xerez”
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Antigamente aqui em nossa região
Navegou pelo Acaraú: português, Índio e holandês
Era início de século dezessete
Pero Coelho de Sousa, um burguês
Ocorreu a Primeira Expedição no Siará
Atraiu simpatia de Diabo-grande
Um chefe índio com o corsário francês.
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Nas trilhas que rondavam por aqui
Europeus atracaram na praia de Camocim
Vieram as primeiras notícias
Na simpatia de índios Curumins
Os jesuítas na sua conversão
Em bravas lutas com seus tupiniquins
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Juntos os jesuítas apareceram
Chefiados por Belchior Rosa
Capitão dos índios de Pernambuco
A mando do Governador Gaspar de Sousa em tropa
Em Recife, terra de Joaquim Nabuco
O Comandante Diogo Campos Moreno, em prosa.
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Das lutas realizadas nesse torrão
O historiador Berredo descreve com desdém
Frei Cristovam, um bom capelão
Travou guerrilha com índios tapuios como ninguém
Além de religioso jogava espada com o capitão
Livrando das emboscadas das tropas de Araquém.
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Reza nossa História da Distinta Januária
A conceituada e Vila em Fundação
Que uma dessas lutas na memória
O local onde hoje é Sobral nosso torrão
Vieram três combatentes encontrar o guerreiro branco
O Capitão-Mor, o Fundador do Ceará e Martin Moreno em ação.
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Na vinda para a Vila de Sobral
O Capitão-Mor prestou uma grande missão
Com muitos serviços ao povo prestado
Chefiava com presteza de um capitão
Por isso foi congratulado
Uma honraria do povo com gratidão.
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Um século já se passou
Eram Mil Setecentos e Cinqüenta e Sete
Antônio Rodrigues Magalhães, fundador e capitão
Decidiu repartir suas terras para a igreja
Através de um jesuíta fez uma doação
Para construir uma capelinha na Vila
Patrimônio da Igreja de Nossa Senhora da Conceição
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Nesse tempo de nossa história
Foi um pulsar em nosso povoado
José de Xerez era um então Sargento-Mor
Serviu de testemunha num papel assinado
A doação de terra para a capela de Conceição
Com a honraria e responsabilidade num tratado
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Para o tal cargo e posto de sargento-mor
Lhe foi dado pelo Governador-Geral
Através de uma indicação por oficiais da Câmara
Para ocupar a famosa Vila Januária de Sobral
Tinha que ser pessoa de gabarito residente na Vila
José de Xerez foi escolhido com unanimidade fenomenal
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Depois de seguidas doações para a Vila de Sobral
José de Xerez Furna Uchoa fixou sua permanência
Construiu uma casinha ao lado da capela
Que até hoje se encontra sua existência
De outrora só existia casinhas construídas de taipa
Hoje é Patrimônio Histórico com muita frequência
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Trouxe mudas de café num navio
Atravessou toda a Europa
Com as mudas de café em nosso torrão fez brotar
O cafezal que virou moeda de troca
Muitos latifundiários quiseram lhe imitar
Em seus sítios e fazendas com muita broca
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Construiu a primeira casa de tijolo na cidade
Sua história faz parte de nossa gente
Próximo a Capela de Nossa Senhora da Conceição
O Capitão-Mor era homem fino e inteligente
Quiçá virou Patrimônio Histórico de Sobral
Com relatos e visita do público intermitente
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Atualmente a casa do Capitão-Mor
Está situada em pleno centro de Sobral
Lá arqueólogos encontraram resquícios de nossa História
Ponto turístico do estrangeiro e visitante local
Defronte um Pelourinho se destaca
Na lateral uma antiga Cadeia Municipal.
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O capitão tinha origem judaica
Tempo que Igreja pregava a Inquisição
Muitos povos fugiram da forca
Pernambuco era uma dessa região
Com a presença dos judeus convertidos
Um mausoléu na Rua Bom Jesus foi a razão
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José de Xerez já em Sobral
Fora convertido em novo Cristão
Assim era chamado esse povo
Que optava por essa Religião.
Uma ideologia que marcou a História
Até Jesus foi perseguido em seu torrão
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O capitão antes de receber essa honraria
Prestava serviços à população de Sobral
Desbravando terras e mares
Entre o Brasil e Portugal
O visionário José de Xerez Uchoa
Com elevados cargos no interior e capital
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Contraiu o matrimônio com um das sete irmãs
Sua esposa tinha origem portuguesa
Dona Rosa de Sá Oliveira e sua descendência.
Filha de Manoel Vaz Carrasco de grande nobreza
Berço de família com estirpe espanhola e holandesa
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O sogro do capitão-mor José de Xerez
Têm origem de quase toda família de Sobral
Era o Capitão Manoel Vaz Carrasco e Inês de Vasconcelos
Conhecida em Pernambuco e na História internacional
Eram genitores ascendentes das célebres sete irmãs
Registrados em testemunhos vindos de Portugal
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No Antigo alagadiço de Recife
Em terra pernambucana
Fundou-se a Primeira Sinagoga
Outrora eram fazendas e plantação de cana
Os negros e escravos na labuta
O Cais do Porto com exportação americana
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Uma triste notícia ocorreu
Espalhou em todo o cafezal
Falece Dona Rosaura do Ó Mendonça
Irmã do Capitão-Mor de Sobral
Moradora do Sítio Santa Úrsula
Noticiário de jornal internacional.
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Conhecida D. Rosaura era mulher guerreira
Casou-se com André José M. Cavalcante
Foi morar num sítio na Meruoca
Era povo de trato fino e elegante
Chamava-se Sítio Santa Úsula
Terra farta e prosperante.
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Sepultou na Capela de Santa Cruz,
Um irmão do capitão José de Xerez
Com a idade já avançada, hoje cidade de Cruz
Era Luís de Sousa Xerez
Aos Setenta e Dois anos foi encontrar Jesus
Casado com D. Rosa Maria Ferreira em luz
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Filha de João Lins da Família Albuquerque
D. Rosa com renascença Portuguesa
Era cunhada do Capitão-Mor José de Xerez
Distinta prole de realeza
Onde renasceu a Fazenda Caiçara
No Maranhão e Ibiapaba com a guerra holandesa
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Houve um decreto adotado
A vila de Sobral tomou rumo de cidade
Naquela época, Meruoca pertencia a Sobral
A Câmara Municipal com sua atrocidade
Assina um pergaminho para colher imposto
Na região e em toda sociedade
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Meruoca já esbanjava de muitos lugarejos
Sítios em plantações e moradores na freguesia
Repassados de pai para ilustres filhos
Numa eterna e efêmera maestria
O passado de nosso povo em sangrentas lutas
Que viveram na bravura e simetria
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No Sítio do latifundiário José de Xerez
Milhares de pés de café plantados no chão
Tinha que pagar muita quantia em dinheito
Insatisfeitos, protestou a população
Capitão-Mor resistiu com o não pagamento
Foi aí que virou uma grande confusão
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Ameaçado, o capitão foi levado preso
Pois o mesmo resistiu à prisão
Quiseram fazer acordo com José de Xerez
Mas, inconformado não aceitou tal humilhação
Reconheceram seus projetos feitos em Sobral
Tinha na certeza com ele fazer uma conciliação
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O Capitão foi levado para Pernambuco
Seguindo sua prisão para Bahia
O Governador-Geral não conseguiu dobrá-lo
Pois o mesmo era de grande Valentia
José Xerez recebeu pena de sete anos de prisão
Amigos conseguiram arrecadar uma grande quantia
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Abatido, após anos de prisão
Foi impedido de voltar para o Ceará
Depois de cumprir sua pena por longos anos
Recebeu poderes do Vice-Rei nesse lado de cá
Para vingar-se de seus inimigos
Mas, não fez por piedade de seu povo em abdicar
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Agora com a saúde comprometida
E suas finanças abaladas pela prisão
Pagou aos amigos e parentes que devia
Ficando quase sem nenhum tostão
Essa foi mais uma história de nosso povo.
De José de Xerez Furna Uchoa entrodo
O nosso eterno e bravo capitão.