José - A Formação de um Caráter Admirável

Por Elisabeth Lorena Alves | 27/02/2011 | Religião

Elisabeth Lorena Alves


Desde a infância a história de José me emociona e deixava meu coração bastante abalado, já que sofreu tanto.
Quando se é criança não se percebe o tempo, assim, sempre que ouvia, me entristecia com todas as dores deste que era para mim, um mártir da família.
José é um tema recorrente, no entanto o Senhor me fez ver algo mais nesta história dramática que me deu alívio e por que não dizer alegria. Claro que esta história relata as desventuras de um homem que para conseguir ver seus sonhos realizados passou por apuros. Sua vitória, no entanto, compensou-lhes todos. Ele mesmo viu o agir de Deus em tudo.
José perdeu:
? Sua liberdade: vendido, José deixa sua condição de sonhador e passa a ser um escravo. Mesmo naquela época era humilhante demais ser escravo. A zombaria de seus irmãos, ao venderem era para que ele fosse testado em sua capacidade de sonhar.
? Sua posição social: José deixou de ser um dos senhores de sua casa e passou a fazer todo tipo de trabalho braçal em casa alheia. Costumo acreditar que o amor que Jacó tinha por José faria com que ele passasse o direito ao patriarcado ao menino, mesmo este não sendo o primogênito e este pode ser o temor que seus irmãos tinham. Afinal, José era primogênito também, de sua mãe, mais ainda assim era o mais velho. Jacó, - na cabeça dos irmãos de José - poderia fazer algo para dar maior privilégio ao filho predileto.
? Sua filiação: deixou de ser filho de Jacó, para ser apenas mais um hebreu. Isto fazia dele quase um desertor da promessa feita a Abraão. E no cativeiro ele nem era contado como pessoa, mais como objeto, afinal um escravo era um bem pessoal e era contado com os bens de uma família junto com a terra e o gado.
? Sua auto-estima: arrancaram-lhe a túnica talar. Túnica esta que mostrava a todos a sua importância na família.
? Sua liberdade de religião: foi mandado para um país idólatra, assim estava longe de seus pontos de culto, de suas audições da promessa ? afinal era de forma oral que era passado o conhecimento de Deus e da Promessa dada ao seu avô.
? Seu direito de Cidadania: os egípcios não aceitavam sentar à mesa com um hebreu, mesmo que este fosse seu senhor e tivesse o respeito de seu povo, como veio ser o caso do próprio José (Gêneses 42.32).
? Seus costumes e tradições: teve que se rapar para ir à presença do faraó e os hebreus não costumavam arrancar seus pelos.

O que José não Perdeu:
? Sua Fidelidade: José cria em Deus e até seu dono e senhor, Potifar reconhecia que Deus era com ele (Gêneses 39,3). José também nos mostra que não importa como e onde, uma pessoa realmente fiel a Deus abençoa a todos com suas atitudes e honestidade.
? A capacidade de Sonhar: José ainda acredita que alcançará um benefício de perdão, já que é inocente (40,14). Além disto, José nos presta mais um favor nos ensinando que devemos evitar expor nossos irmãos, mesmo quando eles estão errados.
? A confiança no próximo: Quando ele interpreta o sonho do copeiro de Faraó, José lhe pede que não se esqueça dele (40.14).
? A visão profética: José nos dá um exemplo magnífico de fé e visão espiritual ao afirmar que Deus visitaria seus irmãos e os tiraria do Egito (50,25). Promessa que se cumpriu anos depois através da vida de Moisés.

O que José aprendeu:
? A humildade: No momento em que o rei do Egito lhe pede a interpretação do sonho, José lhe responde: O Senhor Jeová te dará a interpretação (41,16). Reconhece então a grandeza de Deus em relação a si e acaba em crédito, já que mais para frente a Bíblia ensina o Princípio da Exaltação: quem se humilha será exaltado.
? O valor do perdão: Num ato de grandeza humana, José chora com seus irmãos, abraçando-os e como é do conhecimento geral o ser humano jamais mostra sua fraqueza em frente aos inimigos (45,5). E, para todos os efeitos, até ai seus irmãos eram também seus inimigos, afinal amigos não se vendem.
? A relevar ? Com o nascimento de Manasses, José demonstra sua nobreza, já que o nome do primeiro filho significa: o Senhor me fez esquecer-me do sofrimento e dos da casa de meu pai (41,51).
? A agradecer: Com o nascimento de Efraim, seu outro filho, ele agradece, já que o nome tem o significado: O Senhor me fez prosperar na terra de minha aflição (41,52).
? Valorizar a dignidade humana: Até aí ele não tinha se dado a conhecer a seus irmãos, mas mesmo assim,ele os faz sentar à mesa respeitando a idade deles, num sinal claro de respeito à tradição da primogenitura (43,33).
? Perceber o propósito divino: Em duas ocasiões José afirma aos seus irmãos que o Senhor transformou em bênçãos a maldade destes para manter a vida de uma nação (45,5-50,20)

José, um exemplo de fidelidade

José é a prova real de que quem tem fé vive além da morte, já que sua história chegou até nós como bom exemplo a ser seguido. Um caráter forjado no sofrimento, acima de tudo, um homem que soube aproveitar as experiências negativas e transformá-las em proveito próprio, tornando-se assim um exemplo de caráter admirável. Um homem que podia viver tanto entre seu povo, quanto entre pessoas de tradição diferente, sem prostituir seu caráter.
Outro detalhe que mostra a grandeza de caráter deste personagem bíblico é o fato de apesar de ter se casado com uma mulher pagã - filha do sacerdote de Om - respeitou sua origem e seu Deus até dar nome aos seus filhos e respeitar sua fé.
É importante também salientar que seu nome egípcio, Zafenate- Paneia, era em homenagem a um dos deuses do Egito, mesmo assim José se manteve fiel ao Senhor Jeová.
José não escolheu seu novo nome, nem sua mulher, mesmo assim manteve sua integridade, sem deixar se envolver pela idolatria que assolava aquele país. Os costumes, tradições e cultos daquele povo não corromperam este nosso herói.
Deus seja louvado.
Elisabeth Lorena Alves