JOGOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por JANAINA NASCIMENTO TERTO DAS FLORES | 03/03/2017 | Educação

INTRODUÇÃO:

 

   Esta pesquisa tem como propósito apresentar a importância dos jogos no ensino da matemática na aprendizagem da Educação Infantil, objetiva-se uma investigação sobre as contribuições e influências dos jogos, para o processo de ensino. Assim, pretende-se enfatizar a importância da mediação dos educadores como articuladores do conhecimento, refletindo sobre as atividades lúdicas e suas contribuições para o desenvolvimento do raciocínio lógico da criança.

Discutir este tema abre a possibilidade da compreensão do que este recurso pode propiciar quanto ao conhecimento dos alunos, pois sua utilização deve ser considerada como um instrumento integrado ao ensino-aprendizagem da matemática contribuindo para o desenvolvimento cognitivo, que garante uma forma prazerosa de desenvolvimento da criança. .

Para a criança se faz necessária à existência de estímulos a serem oferecidos, para que ela possa desenvolver toda sua capacidade de raciocínio lógico e aprender de maneira ampla, por isso da importância do professor conhecer os objetivos dos jogos.

    Os jogos sugerem para o professor um espaço privilegiado de observação de seus alunos, para que despertem seus interesses na matemáticae que se sintam estimulados e desafiados para sua aprendizagem.Aprender brincando enriquece o trabalho do professor e o processo de aprendizagem do aluno, contribuindo para o desenvolvimento integral, e desenvolvendo o prazer em aprender.

 

JUSTIFICATIVA:

A escolha do tema se deu através das aulas de Matemática que tive durante o curso de Pedagogia.

Esse tema chamou minha atenção e despertou-me a curiosidade em aprender como estimular o raciocínio lógico de Matemática por meio dos jogos, visto que na Educação Infantil é de extrema importância ter aulas dinâmicas e criativas, que tenham interação entre aluno/professor e aluno/aluno.

Este projeto propõe uma investigação sobre a utilização de jogos para o ensino dos conceitos da matemática ensinada na escola, o objetivo principal é analisar e compreender as potencialidades pedagógicas da aprendizagem de conceitos por meio dos jogos.

      A aprendizagem por meio de jogos permite que o estudante adquira conhecimentos matemáticos através de um processo alternativo aos padrões tradicionais, incorporando características lúdicas, que potencializam a discussão de idéias. A aprendizagem matemática ocorre de modo significativo quando o aluno se depara com situações que exijam investigação, reflexão e empenho, levando- o a construir e desenvolver conceitos e procedimentos matemáticos. Os progressos em relação ao conhecimento desses conceitos verificam - se quando os alunos conseguem analisar criticamente e entender osentido do que aprenderam, num processo em que podem expor e discutir idéias com outras pessoas, negociar significados, organizar conhecimentos e fazer registros.

O assunto possibilitara ainda, melhores esclarecimentos em como trabalhar os jogos para um aproveitamento melhor dos alunos na disciplina de Matemática, bem como, para minha formação e de outros pedagogos.

O objetivo dessa pesquisa foi estudar a importância dos jogos no ensino da matemática na educação infantil, refletindo sobre as possibilidades do lúdico no processo de aprendizagem e no desenvolvimento da criança.

      Esta pesquisa tem como foco a investigação da implementação de regras e desafios como elo entre os jogos e as propriedades numéricas na ação docente para a aprendizagem, de proporcionalidade no ensino da Matemática na educação infantil.

Diante de tais considerações, justifica- se o tema pela reconhecida importância do mesmo como facilitador da aprendizagem da matemática, principalmente, na educação infantil.

REFERENCIAL TEÓRICO

Fazer matemática é expor ideias, escutar as dos outros, formular e comunicar procedimentos de resolução de problemas, confrontar, argumentar e procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar erros, buscar dados que faltam para resolver problemas entre outras coisas. Desta forma as crianças poderão tomar decisões, agindo como produtoras de conhecimento e não apenas executoras de instruções. Portanto, o trabalho com a Matemática pode contribuir para formação de cidadãos autônomos, capazes de pensar por conta própria sabendo resolver problemas.

No que diz respeito quanto ao convívio social o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil argumenta:

Nessa perspectiva, a instituição de educação infantil pode ajudar as crianças a organizarem melhor as suas informações e estratégias, bem como proporcionar condições para aquisição de novos conhecimentos matemáticos. O trabalho com noções matemáticas na educação infantil atende, por um lado, às necessidades das próprias crianças de construírem conhecimentos que iniciam nos mais variados domínios do pensamento; por outro, corresponde a uma necessidade social e instrumentalizá-las melhor para viver,participar e compreender um muno que exige diferentes conhecimentos e habilidades. (BRASIL 1998, p.207).

 

A matemática está presente na música, em histórias, nas brincadeiras e nos jogos infantis, e jogos. As crianças conseguem formular questões mais elaboradas, aprendem a trabalhar diante de um problema, desenvolvem estratégias, criam ou mudam regra de jogos, revisam o que fizeram e discutem entre pares as diferentes propostas.

Portanto, ao inserir a matemática desde cedo, a criança passará ter percepções quanto ao que o cerca, e, de acordo com Referencial Curricular:

Diversas ações intervêm na construção dos conhecimentos matemáticos, como recitar a seu modo a sequência numérica, fazer comparações entre quantidades e entre notações numéricas e localizar-se espacialmente. Essas ações ocorrem fundamentalmente no convívio social e no contato das crianças com histórias, contos, músicas, jogos, brincadeiras etc. (BRASIL 1998, p.213)

 

Preparar e capacitar o aluno para o futuro é uma necessidade e o trabalho com a lógica busca facilitar de forma lúdica e interativa este processo que pode ser através de jogos. Ao propor um jogo, o professor deve estar atento quanto ao número de participantes e se o jogo está na faixa etária apropriado.

Segundo o Referencial Curricular da Educação Infantil, volume 3 de 1998, diz:

 

O jogo tornou-se objeto de interesse de psicólogos, educadores e pesquisadores como decorrência da sua importância para a criança e da idéia de que é uma prática que auxilia o desenvolvimento infantil, a construção ou potencialização de conhecimentos. A educação infantil, historicamente, configurou-se como o espaço natural do jogo e da brincadeira, o que favoreceu a idéia de que a aprendizagem de conteúdos matemáticos se dá prioritariamente por meio dessas atividades. A participação ativa da criança e a natureza lúdica e prazerosa inerentes a diferentes tipos de jogos têm servido de argumento para fortalecer essa concepção, segundo a qual aprende se Matemática brincando. (BRASIL 1998, p.210-211)

 

Com o objetivo de atender necessidades das crianças, a utilização de jogos infantis é uma forma apropriada para a aprendizagem dos conteúdos escolares.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S):

 

Os jogos constituem uma forma interessante de propor problema, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo efavorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções.Propiciam a simulação de situações problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações. (MEC, 1998, p.47)

 

Torna-se um grande desafio para os professores da educação infantil,compreender e conhecer a criança que se encontra nesse período escolar, pois tratando de jogos, estes não são vistos apenas como forma de entretenimento, mas uma atividade que poderá auxiliar no desenvolvimento de várias habilidades, conforme ressaltaTizuko Kishimoto:

 

Utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora.

(KISHIMOTO2009b, p. 36).

 

 

O jogo aproxima se da matemática via desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas, além de permitir trabalhar os conteúdos, pertinentes a o próprio jogo, Kishimoto destaca:

 O jogo na educação matemática parece justificar – se ao introduziruma linguagem matemática que pouco a pouco será incorporada aosconceitos matemáticos formais, ao desenvolver a capacidade de lidarcom informações e ao criar significados culturais para os conceitosmatemáticos e estudo de novos conteúdos.

(KISHIMOTO, 2009b, p.85)

 Marta Oliveira (1998) afirma que tanto o jogo quanto o problema podem ser vistos, no processo educacional, como introdutores ou desencadeadores de conceitos ou como verificadores/ aplicadores de conceitos já desenvolvidos e formalizados. O autor estabelece uma relação entre jogo e problema, afirmando que:

 

O jogo tem fortes componentes da resolução de problemas namedida em que jogar envolve uma atitude psicológica do sujeito queao se predispor para isso, coloca em movimento estruturas dopensamento que lhe permitem participar do jogo [...] O jogo, nosentido psicológico, desestrutura o sujeito que parte em busca deestratégias que o levem a participar dele. Podemos definir jogo comoum problema em movimento. Problema que envolve a atitude pessoalde querer jogar tal qual o resolvedor de problema que só os temquando estes lhes exigem busca de instrumentos novos depensamento. (OLIVEIRA 1998 p.53).

 

 

A forma como a matemática é trabalhada no ensino e aprendizagem das crianças é muito importante para a construção do conhecimento, sendo que os educadores podem trazer explicações, exemplos, atividades de raciocínio lógico representam um método positivo para iniciar o ensino da matemática na Educação Infantil. Katia Smole afirma:

Uma proposta de trabalho de matemática para a escola de Educação Infantil deve encorajar a exploração de uma grande variedade de idéias matemáticas relativas a números, medidas, geometria e noções rudimentares conservem um prazer e uma curiosidade acerca da matemática. Uma proposta assim incorpora contextos do mundo real, as experiências e a linguagem natural da criança no das noções matemáticas, sem, no entanto, esquecer que a escola deve tentar compreender como ele pensa e fazer as interferências no sentido de levar cada aluno a ampliar progressivamente suas noções matemáticas. (SMOLE 2000 p.62).

 

Proporcionar situações desafiadoras, agradáveis e significativas em sala de aula, motivar o aluno para o aprendizado da Matemática e aprimorar a didática usada durante as aulas, proporcionam qualidade na arte de ensinar e melhoram a receptividade por parte dos estudantes.

Maria de Fatima Sousa expressa a importância de se trabalhar com o jogo na sala de auladizendo que:

 

A proposta de se trabalhar com jogos no processo ensino aprendizagem da Matemática implica numa opção didática metodológica por parte do professor, vinculada às suas concepções de educação de Matemática de mundo, pois é a partir de tais concepções que se definem normas, maneiras e objetivos a serem trabalhados, coerente com a metodologia de ensino adotada pelo professor.(SOUSA 2002 p.132)

 

 

A autora Júlia Borin (2004, p. 8) realça que:

A atividade de jogar, se bem orientada, tem papel importante no desenvolvimento de habilidades de raciocínio como organização, atenção e concentração, tão necessárias para o aprendizado, em especial da Matemática, e para a resolução de problemas emgeral. [...] Também, no jogo, identificamos o desenvolvimento da linguagem, criatividade e raciocínio dedutivo, exigidos na escolha de uma jogada e na argumentação necessária durante a troca de informações.( BORIN, 2004,p 8.)

 

Trabalhar de maneira lúdica, utilizando os Jogos de Regras como ferramenta no ensino da Matemática, proporciona ao aluno o prazer de ser ativo, pensante, questionador e reflexivo,dando-lhe uma maior qualidade no que diz respeito à receptividade da disciplina. Como ErastoMendonça (2001) menciona:

 

Ensinar e aprender matemática pode e deve ser uma experiênciafeliz. Curiosamente quase nunca se cita a felicidade dentro dosobjetivos educativos, mas é bastante evidente que só poderemos falar de um trabalho docente bem feito quando todos alcançarmos um grau de felicidade satisfatório (MENDONÇA 2001p.14).

 

Além disso, Maria Cecília Micotti (1999, p. 161), afirma que as aulas expositivas e os chamados livros didáticos pretendem focalizar o saber, mas, geralmente, ficam sem sentido para os alunos.

 

Assim, percebe-se que o ensino de matemática realizado de maneira impessoal tem se mostrado ineficaz, já que, a simples reprodução de exercícios não significa a efetiva aprendizagem. Portanto, se fazem necessárias reflexões que permitam a dinamização do ato de ensinar e aprender matemática. (MICOTTI 1999, p. 161)

 

Sabe-se que os jogos matemáticos, quando utilizados de forma correta, inseridos no planejamento do professor, contribuem para a construção do conhecimento que, de acordo com Paulo Isamo Hiratsuka (2004, p. 183).

 

Concebe-se como um processo dinâmico no qual o aluno torna-se o agente dessa construção ao vivenciar situações, estabelecer conexões com o seu conhecimento prévio, perceber sentidos e construir significados. (HIRATSUKA, 2004, p. 183.).

 

Assim, também o jogo é um processo, no qual o aluno necessita de conhecimentosprévios, interpretação de regras e raciocínio, o que representa constantes desafios, pois a cada nova jogada são abertos espaços para a elaboração de novas estratégias, desencadeando situações-problema que, ao serem resolvidas, permitem a evolução do pensamento abstrato para o conhecimento efetivo, construído durante a atividade.

Ademais Manoel Oriosvaldo Moura (1992, p. 47) afirma que:

 

O jogo para ensinar matemática deve cumprir o papel de auxiliar no ensino do conteúdo, propiciar a aquisição de habilidades, permitir o desenvolvimento operatório do sujeito e, mais, estar perfeitamente localizado no processo que leva a criança do conhecimento primeiro ao conhecimento elaborado. (MOURA, 1992, p.47).

 

A utilização dos jogos matemáticos enquanto recurso didático exige um planejamento bem estruturado, com metodologia detalhada e objetivo definidos quebusquem não só auxiliar os educandos no processo de construção de seus conhecimentos, mas também proporcionar ao professor momentos de reflexão sobre sua prática educativa no contexto da relação entre professor, aluno e saber matemático. Além disso:

O uso de jogos para o ensino representa, em sua essência, uma mudança de postura do professor em relação ao que é ensinar matemática, ou seja, o papel do professor muda de comunicador de conhecimentos para o de observador, organizador, consultor, mediador, interventor, controlador e incentivador da aprendizagem, do processo de construção do saber pelo aluno.

 (SILVA; KODAMA, 2004, p. 5).

Sendo assim, percebe-se que o jogo matemático, quando utilizado de forma correta, com objetivos pré-estabelecidos e inseridos no planejamento do professor com intencionalidade, configura-se como um objeto de construção de saberes, podendo auxiliar tanto os professores na dinamização de sua prática, quanto os alunos que se tornarão capazes de atuar como sujeitos na construção de seus conhecimentos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

BORIN, Júlia. Jogos e resolução de problemas: uma estratégia para as aulas de matemática. São Paulo: IME-USP, 2004.

BRASIL, Ministério da Educação e da Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática (PCN+). Brasília: MEC/SEMT, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil Brasília: MEC/SEF, 1998. 3 v.

HIRATSUKA, Paulo Isamo. A mudança da prática do professor e a construção do conhecimento matemático. p. 182-189, 2004.

KISHIMOTO, Tizuko, Morchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 12.ed.São Paulo: Cortez, 2009b.

MENDONÇA, Erasto Fortes – Educação e Sociedade Numa Perspectiva Sociológica. Volume 3, In: Módulo I. – Curso PIE – Pedagogia Para Professores em Exercício no Início de Escolarização. Brasília, UnB, 2001.

MICOTTI, Maria Cecília de Oliveita. O ensino e as propostas pedagógicas. In

MOURA, Manoel Oriosvaldo de. O jogo e a construção do conhecimento matemático. Série Idéias n. 10, São Paulo: FDE, 1992. p. 45-53

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento – um processo sócio – histórico. São Paulo; CENP, 1998.

SMOLE. K. C. S. A matemática na educação infantil: a teoria das inteligências múltiplas na prática escolar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SILVA, Aparecida Francisco da; KODAMA, Helia Matiko Yano. Jogos no ensino de matemática. II Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática, UFBA, 2004.