JOGOS MATEMÁTICOS: UM RECURSO PARA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Por IVANY LIMA DE ALMEIDA | 18/11/2013 | Educação

JOGOS MATEMÁTICOS: UM RECURSO PARA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Ivany Lima de Almeida[1]

RESUMO: Este artigo apresenta uma reflexão sobre a utilização dos jogos matemáticos como método de ensino que além de proporcionar laser e prazer leva a criança ao desenvolvimento de conceitos matemáticos na educação infantil. Objetivou-se verificar a concepção da professora da pré-escola no que tange ao uso do jogo nas aulas de matemática como recurso que contribui de forma significante para a aquisição de várias competências pela criança. Buscou-se averiguar se a professora tem trabalhado pedagogicamente com jogos matemáticos com a referida turma. Para isso realizou-se uma revisão bibliográfica que contempla diversos pressupostos teóricos que abordam essa temática e adotou-se como procedimento a pesquisa de campo com a realização de entrevista semi-estruturada com a professora regente da pré-escola de 5 anos. Na análise de dados adotou-se a técnica qualitativa com análise de discurso. Palavras- chaves: jogo. Matemática. Lazer. Desenvolvimento.

 

 

1 - INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho com o tema “Jogos matemáticos: um recurso para aprendizagem da matemática na educação infantil” vem a culminar uma etapa de estudos e pesquisas em relação à concepção da professora da pré-escola da EMRB no Município de Santa Cruz do Xingu, em relação à utilização dos jogos matemáticos como recurso para a aprendizagem da matemática na educação infantil.

Partindo do princípio de que a matemática através de jogos surge como meio para adquirir novas competências no mundo escolar. Observa-se seu ensino deve acontecer de forma lúdica e prazerosa no qual o professor utilizará os jogos de acordo com o assunto que se quer trabalhar, dando uma maior qualidade no ensino a ser oferecido e na receptividade da disciplina.

 Pensando que os professores da pré-escola são conhecedores do uso dos jogos como excelentes recursos para o ensino – aprendizagem da matemática visou-se através de pesquisa, saber o porquê da não valorização dos jogos nas aulas de matemática como recurso para a aprendizagem das crianças.

Num primeiro momento realizou-se um desenvolvimento teórico, contendo as idéias de diversos pensadores que abordam sobre as contribuições dos jogos para o ensino da matemática na educação infantil, apresentou-se também apontamentos de documentos legais que contemplam o assunto abordado.

            No segundo momento foi aplicada entrevista semi-estruturada à professora, com a finalidade de identificar a concepção desta sobre o trabalho com os jogos considerando-os um método lúdico no ensino da matemática na educação infantil. Assim buscou-se averiguar se a entrevistada utiliza e valoriza os jogos como método eficaz para esse ensino. A divisão do presente trabalho se deu em três capítulos :

            O primeiro capítulo apresenta o início do desenvolvimento teórico e reflete as contribuições dos jogos para o aprendizado da matemática na educação infantil. O segundo capítulo aborda a reflexão sobre a mediação do professor no aprendizado da matemática através dos jogos, considerando que este incentiva as crianças a irem busca do conhecimento, propondo novos desafios, e ajudando-as a resolvê-los. E ao fim apresenta-se a análise dos dados obtidos na entrevista com a professora relacionando-os com pressupostos teóricos, onde a partir do qual pode-se fazer algumas reflexões.

2 - AS CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS PARA O APRENDIZADO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

 

Desde o início da vida as crianças vivenciam experiências e apreendem aspectos pertencentes ao raciocínio lógico-matemático. Ainda bem pequenas as crianças pensam sobre o mundo que as cerca e procuram compreendê-lo. Assim, desenvolver um trabalho intencional com a matemática na educação infantil contribui para que elas sistematizem conhecimentos, ou seja, o educador deve planejar atividades lúdicas que abordem o tema a ser trabalhado, de forma que as crianças sintam-se satisfeitas com o que estão fazendo, favorecendo a aprendizagem dos conceitos matemáticos.

            Porém, os educadores devem considerar as características das crianças das diferentes faixas etárias, assim como suas necessidades e suas formas de conhecer o mundo. Nessa linha de pensamento, a matemática através de jogos, surge como meio para adquirir novas competências no mundo escolar.

Assim, verifica-se que o educador possui uma função importante que é propiciar as crianças um ambiente em que possam explorar diferentes idéias matemáticas, não somente numéricas, mas também sobre geometria, medidas e noções de estatísticas. Isso de forma prazerosa para que compreendam a matemática como algo inserido em suas vidas.

De acordo com Pannuti (2007), o trabalho com matemática na educação infantil tem por objetivo o desenvolvimento de uma postura de investigação, isto é, desenvolver habilidades de formular hipóteses e testá-las percebendo regras e seu funcionamento.

É possível observar que para as crianças, os jogos e as brincadeiras são atividades recreativas os quais realizam buscando o divertimento. Porém se realizadas em sala de aula o educador deve ter em mente o objetivo a ser alcançado, pois se bem planejadas e aplicadas às brincadeiras auxiliam a criança a despertar seus talentos.

Assim, pode-se perceber que o jogo pode desempenhar um papel muito importante na educação matemática, ao passo que através do jogo estamos abrindo espaço para a presença do lúdico no meio educacional. O jogo não é só sinônimo de recreação e entretenimento, ele permite o desenvolvimento da criatividade, da iniciativa e da intuição e do prazer. Segundo Piaget (1961), as crianças aprendem quando entra em contato com os objetos disponíveis a ela, onde a criança constrói de forma ativa seu conhecimento.

Como educadores, devemos constantemente procurar alternativas para aumentar a motivação dos alunos para a aprendizagem. Dessa forma devemos ocupar um horário dentro do nosso planejamento, explorando todo potencial dos jogos. Observa-se que os jogos podem ser utilizados para introduzir e preparar as crianças, objetivando aprofundar os temas já trabalhados.

Deve-se possibilitar que a criança construa as noções e conceitos matemáticos de forma livre, a partir da atividade lúdica e da exploração ativa, onde ela possa interpretar o mundo à medida que sua curiosidade é instigada. Observa-se que devemos utilizar os jogos como facilitadores, colaboradores para trabalhar os bloqueios que os alunos apresentam em relação a alguns conteúdos matemáticos.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) , volume 3,  não existe um melhor e único caminho para o ensino da matemática, observa-se que conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula  é fundamental para que o professor construa sua prática.

No entanto, os PCNs (1997, 48-48) enfatizam:

Finalmente um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver.

Os jogos trabalhados em sala de aula devem ter regras. Pois são importantes para o desenvolvimento do pensamento lógico e para o desenvolvimento de habilidades de pensamento. As regras devem ser apresentadas aos jogadores antes da partida e a responsabilidade de cumprir normas e zelar pelo seu cumprimento ajuda no desenvolvimento da iniciativa, da atenção e da confiança.

Nesse sentido, observa-se que o trabalho com jogos matemáticos em sala de aula traz alguns benefícios, como: conseguimos detectar os alunos que estão com dificuldades; o aluno demonstra para seus colegas e professores se o assunto foi bem assimilado; existe uma competição entre os jogadores e os adversários, pois almejam vencer e para isso aperfeiçoam-se e ultrapassam seus limites; durante o desenrolar de um jogo, observamos que o aluno se torna mais crítico, alerta e confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas e tirando conclusões sem necessidade da interferência ou aprovação do professor; não existe o medo de errar, pois o erro é considerado um degrau necessário para se chegar a uma resposta correta; o aluno se empolga com o clima de uma aula diferente, o que faz com que aprenda sem perceber.

Assim, verifica-se que a matemática deve ser ensinada de forma lúdica no qual o professor utilizará os jogos de acordo com o assunto que se quer tratar, dando uma maior qualidade no que diz respeito à receptividade da disciplina. Diante disso Mendonça (2001) afirma que:

Ensinar e aprender matemática pode e deve ser uma experiência feliz. Curiosamente quase nunca se cita a felicidade, dentro dos objetivos educativos, mas é bastante evidente que só poderemos falar de um trabalho docente bem feito, quando todos alcançarmos um grau de felicidade satisfatório (p.14).

Nessa perspectiva, o ensino da matemática pode ser realizado dentro de um ambiente descontraído e sério, possibilitando a construção do conhecimento ao aluno e o alcance dos objetivos almejados pelo professor. Assim ambos poderão se sentir satisfeitos com o que estão fazendo e aprendendo.

Pode-se também analisar, que alguns cuidados são essenciais ao escolher os jogos a serem aplicados, são eles: não tornar o jogo algo obrigatório; não escolher jogos que envolvem sorte nas jogadas, permitindo que vença aquele que descobrir as melhores estratégias; utilizar atividades que envolvam dois ou mais alunos, para oportunizar a interação social; estabelecer regras, que podem ou não ser modificadas no decorrer de uma rodada; trabalhar a frustração pela derrota na criança, no sentido de minimizá-la; ter conhecimento do jogo antes de aplicá-lo.

 Portanto, os jogos como recurso pedagógico devem promover a aprendizagem de forma interessante e prazerosa, desde que aplicados de forma correta. Pois, observa-se que os jogos possibilitam que as crianças desenvolvam sua inteligência, suas habilidades, o raciocínio e a criatividade, além de aprender a socializar-se com outras crianças e com o adulto. Assim, faz-se necessário seu planejamento e sua aplicabilidade constantemente nas salas de aula de educação infantil, como fator que potencializa o desenvolvimento das crianças.

3 - A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR

 

 Tendo como base a aprendizagem da matemática, Muniz (2001), ressalta o brincar e o jogar na aprendizagem infantil, uma vez em que o jogo propicia uma nova forma de ver acerca do fazer matemático, no qual a criança aprende se divertindo e conflitando com novas idéias através da interação com os colegas e com o professor. Assim, cabe ao professor observar atentamente as crianças, a fim de fazer as mediações necessárias entre a ação de jogar e a construção dos conhecimentos matemáticos.

De acordo com a constituição federal de 1988, em seu artigo 214, é mencionado que é dever do estado a melhoria da qualidade do ensino e formação para o trabalho. Assim, para que o ensino na educação infantil seja realizado de forma coerente com cada faixa etária, observa-se que é de suma importância que haja profissionais qualificados e conscientes de seu papel na sociedade.

Dessa forma, o Ministério da Educação ressalta que o professor de educação infantil deve:

(...) Planejar pedagogicamente a educação infantil, elegendo conteúdos a ensinar e suas didáticas, gerenciando o espaço escolar na educação infantil, levando em conta o desenvolvimento e aprendizagem específicos nas faixas etárias de0 a3 anos e de4 a6 anos. (MEC/SEMTEC, 2000, P. 73).

            Verifica-se a importância de se respeitar as crianças como autoras do mundo que as cerca. Por isso é importante que se tenha um planejamento efetivo de o que, e como se deve ensinar as crianças, no que se refere ao ensino da matemática, respeitando as especificidades de cada faixa etária. O professor como mediador do processo ensino-aprendizagem deve promover atividades diferenciadas que valorizem a construção do conhecimento e levem as crianças a aprender e gostar da matemática desde os primeiros anos de escolarização.

            Conforme o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, os jogos tornou-se assunto de interesse de psicólogos, educadores e pesquisadores, com decorrência de sua importância para o desenvolvimento da criança e uma prática que auxilia nas ações pedagógica. (RCNEI, Volume 03).

            Convém destacar a importância dos jogos em creches e pré-escola, pois nesse período da vida da criança, são relevantes todos os aspectos de sua formação, pois estão desenvolvendo o biológico, o psicológico, o social e o cultural. Através dessas atividades prazerosas como o jogo, a criança realiza passos definitivos para seu desenvolvimento, aprendendo a conviver em sociedade.

            Nesse prisma, é importante que o educador tenha consciência dos objetivos da educação infantil para o ensino da matemática. Sobre isso os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil, menciona:

Estabelecer aproximações a algumas noções matemáticas presentes no seu cotidiano, como contagem, relações espaciais, etc.(...); reconhecer e valorizar os números, as operações numéricas, as contagens orais e as noções espaciais como ferramentas essenciais no seu cotidiano; comunicar idéias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e resultados encontrados em situações problema relativos a quantidades, espaço físico e medida, utilizando a linguagem oral e a linguagem matemática; ter confiança em suas estratégias e na sua capacidade para lidar com situações matemáticas novas, utilizando seus conhecimentos prévios. (BRASIL, 2008, p. 215)

            Observa-se que tais objetivos devem ser sistematizados diariamente de forma diferenciada na educação infantil, valorizando os jogos, brincadeiras, e outras atividades práticas que propicie esse ensino. Porém, embora a criança não consiga realizar uma atividade corretamente o educador deve levar em consideração o conhecimento prévio e prever estratégias para ampliá-las. Nesse sentido a escola deve oferecer oportunidades para construção do conhecimento através da descoberta e da invenção de elementos indispensáveis para a participação ativa da criança em suas atividades.

            Para Vygotsky (1991), o professor tem papel fundamental na formação do indivíduo, onde este deve atuar como orientador da criança, orientando e conduzindo as atividades propostas de forma que atinja os objetivos planejados.

            Sobre a mediação do professor nos jogos, Grando (2004) afirma que: “o professor é o mediador da ação do aluno [...], objetivando resgatar conceitos matemáticos do nível da ação para uma posterior compreensão e sistematização” (p.14). Nessa perspectiva, o professor deve atuar como mediador das experiências das crianças, contribuindo positivamente para seu desenvolvimento e aprendizagem. Portanto, verifica-se que o professor se apresenta como o grande responsável pelas atividades desenvolvidasem sala. Assimas mudanças a serem realizadas no ensino, estão vinculadas a ação transformadora do professor, sendo que este deverá pautar o ensino a partir dos interesses das crianças, observando as necessidades de cada um.

De acordo com Vygotsky, o professor não é o centro do processo de ensino, ele é o mediador, que incentiva o aluno a ir em busca de seus objetivos, afim de adquirir mais conhecimentos. Nessa mediatização, o professor incentiva-os e propõe desafios, ajudando-os a resolvê-los.  Dessa forma, através das intervenções o educador estará contribuindo para a abertura de zonas de desenvolvimento proximal (ZDP). Vygotsky (1994) define como Zona de Desenvolvimento Proximal, a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado pela resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro mais experiente.

Nessa linha de pensamento, os jogos e brinquedos criam uma zona de desenvolvimento proximal na criança, tendo enorme influência em seu desenvolvimento. Ao brincar a criança tem um comportamento além do habitual para sua idade. Verifica-se, portanto que os jogos e brincadeiras planejados para as crianças, devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que elas se encontram, estimulando-as para o desenvolvimento e aprendizagem. Assim o papel do professor é de suma importância para o avanço da criança, pois é ele quem organiza o espaço, disponibiliza os materiais e jogos, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento. Dessa maneira, o educador deve desenvolver estratégias que leve os alunos a resolver de forma independente o que antes não era capaz de resolver sozinho, estimulando-as através de jogos e brinquedos, respeitando seus valores culturais e as aprendizagens ocorridas nas interações sociais.

                        Portanto, pode-se observar que a forma mais eficaz, prazerosa e gratificante para a construção do saber pela criança é através das atividades lúdicas, das brincadeiras e assim também através dos jogos contribuindo para que as crianças da educação infantil apreendam os mais variados conceitos matemáticos de forma alegre e descontraída, favorecendo o alcance dos objetivos propostos pelo educador, ao passo que proporciona uma formação de qualidade as crianças, desenvolvendo nelas o gosto pelos estudos.

4 - ANÁLISE DE DADOS

 

Tendo como base os dados coletados na pesquisa realizada com a professora da pré-escola na Escola Municipal, pode-se realizar algumas reflexões a cerca das percepções da entrevistada sobre como deve ser o ensino da matemática na educação infantil. Que recursos metodológicos utilizar para o ensino da matemática, assim como saber o porquê da escolha de tais metodologias.

Primeiramente perguntamos a professora entrevistada: Em sua opinião, como deve ser o ensino da matemática na educação infantil?

Com essa pergunta tínhamos o objetivo de verificar se a professora entrevistada considerava relevante trabalhar o método lúdico através de jogos no ensino da matemática. O questionamento apresentou-se de maneira abrangente, pois, não direcionar a fala da entrevistada foi um dos requisitos aplicados na elaboração da questão.

A professora “A” respondeu: “No inicio as crianças vem da pré-escola trabalhando o lúdico, jogos envolvendo a quantidade. Começa com a pintura, gravura dos números, formas geométricas, cores, igual e diferente, o que vem antes e depois. Tem a hora da brincadeira e tem a hora de falar sério com eles, pois não adianta ficar só brincando, sem ensinar no quadro os números, colocando-os no lugar certo. A adição, saber somar, tirar, tudo isso eles aprendem na educação infantil”.

Diante da fala da professora “A”, pode-se observar que esta mostrou que o lúdico (os jogos) de início, fazem parte do trabalho na pré-escola, porém notou-se que a mesma referiu-se as brincadeiras e jogos como um divertimento com a criança afirmando que deve existir o momento de falar sério, que para ela seria o momento da aprendizagem desvinculado do brincar.

            O jogo tem muito sentido na educação matemática, sobre isso o autor abaixo afirma:

O interesse dos jogos na educação não é apenas divertir, mas sim extrair dessa atividade matérias suficientes para gerar um conhecimento, interessar e fazer com que os estudantes pensem com certa motivação. (Miguel de Guzmán, 1996).

         Contudo, observa-se que ao se planejar o uso de jogos, deve-se levar em conta suas diferentes possibilidades de desenvolvimento, seu caráter pedagógico, o aspecto lúdico e motivador, ou seja, o jogo está vinculado a aprendizagem, e deve ser valorizado como estratégia de ensino na educação infantil.

            Posteriormente foi perguntada a professora: Que recursos metodológicos você utiliza para o ensino da matemática?

            A seguinte pergunta teve por finalidade saber-se a entrevistada utiliza e valoriza os jogos como método eficaz para o ensino da matemática na educação infantil.

A professora “A” disse: “Eu trabalho com jogos, relacionando o número com a quantidade. Saber guardar os brinquedos. Eu já trabalhei com bolas, números de crianças na sala, atividades coladas na parede, relacionando os números com os objetos da sala. Outra coisa que eu utilizo é o caderno com tarefinhas onde elas vão fixar as tarefinhas. Outro método é o quadro que passo as tarefinhas”.

            Com base na fala da referida professora notou-se que a mesma trabalha com jogos, como método para o ensino da matemática, porém pode-se perceber que ela enfatiza as atividades no caderno e no quadro como meio para fixar o conteúdo trabalhado.

            Entretanto, sobre a intencionalidade no uso do jogo afirma-se que:           

Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagens, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem. Utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora. (KISHIMOTO, 1999, p. 36-37).

            Desta forma verifica-se, que o educador promove as situações de aprendizagens, quando conduz as atividades lúdicas de forma intencional, mantendo nas crianças suas intenções e expressões para o ato de brincar. Assim, o professor estará contribuindo para a construção do conhecimento, de forma lúdica, prazerosa, dando uma maior motivação e autonomia às crianças.

Seguindo a entrevista, foi solicitado para a professora: Explique o porquê da escolha de tais metodologias para o ensino da matemática.

            Esse questionamento buscou saber se a professora entrevistada tinha conhecimento da importância do uso dos jogos como método que além de proporcionar laser e prazer à criança desenvolve o ensino-aprendizagem de forma gratificante para o professor e para o aluno. Além de buscar compreender sua real concepção sobre as metodologias aplicadas em sala de aula. Afinal, aqui ela teve liberdade para expressar suas considerações a cerca do tema.

A professora “A” assim respondeu: Eu uso o caderno, porque não adianta ter só teoria, porque se não tiver prática, não vai. Eu utilizo o quadro porque mostra a todos os conteúdos que estou propondo para eles. Na hora das tarefas eu faço um palhacinho, uma minhoquinha, onde coloco os números para prender a atenção deles, todo dia é um desenho. Trabalho com jogos para sair um pouco do tradicional, trabalhando em grupo onde eles aprendem a trabalhar em grupo. Utilizo os objetos da sala para eles aprender a relacionar as quantidades aos números”.

 

            Diante da fala da professora pode-se notar que ela não valoriza o uso dos jogos como meios para aprendizagem, ela usa os jogos apenas para mudar a rotina das aulas fazendo com que as crianças tenham um pouco de descontração.

            A importância do ato de brincar fica claro nas palavras do autor quando afirma que:

Brincar não constitui perda de tempo, nem é simplesmente uma forma de preencher o tempo (...). O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que ela se envolve afetivamente e opera mentalmente, tudo isso de maneira envolvente, em que a criança imagina, constrói conhecimento e cria alternativas para resolver os imprevistos que surgem no ato de brincar. (NICOLAU, 1988, p. 78).

Nessa perspectiva, observa-se que o brincar deve ser considerado uma ferramenta importante na aprendizagem com as crianças na educação infantil, sendo parte constante do planejamento do professor para o ensino do conteúdo a ser trabalhado. Assim, não deve ser encarado pelo professor como atividade para preencher o tempo no fim das aulas, e nem somente ser levado a simples ato de brincar, destituído de caráter pedagógico.

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto neste trabalho, pode-se verificar que os jogos contribuem para o aprendizado da matemática na educação infantil. Pois, o ensino da matemática através dos jogos faz despertar nas crianças o interesse, o prazer, a criatividade, promovendo a construção de conceitos matemáticos de forma livre, oportunizando a criança a interpretar o mundo ao seu redor satisfazendo suas curiosidades, além de promover o alcance dos objetivos pelo professor.

Portanto, o professor deve observar atentamente as crianças, a fim de fazer as mediações necessárias entre o ato de jogar e a construção do saber, promovendo atividades diferenciadas, respeitando as características das crianças das diferentes faixas etárias, levem as crianças a aprender e gostar da matemática desde os primeiros anos da educação infantil.

Finalizando este trabalho, verificou-se que a colaboração da professora foi de grande valia no desenvolvimento deste processo de pesquisa, pois constituíram a base fundamental para a realização do mesmo.

Diante da análise dos dados, pode-se constatar que a professora entrevistada tem conhecimento do uso dos jogos para o ensino da matemática. Porém não associa os jogos como forma de aprendizagem, e sim como forma de entretenimento, um meio de sair da rotina, ou seja, ela vê a aprendizagem desvinculada do ato de brincar.

Observou-se também que a professora entrevistada apesar de utilizar os jogos, demonstrou diante da entrevista não conhecer seu real valor como recurso metodológico para o ensino na educação infantil. Entretanto, verifica-se que a professora valoriza outros recursos metodológicos, como: atividades no caderno e no quadro para fixar o conteúdo trabalhado, objetos presentes na sala e desenho.

Contudo, reprova-se a hipótese sugerida, pois se observa que apesar de a professora não ter conhecimento sobre as contribuições dos jogos a mesma utiliza-os como recurso pedagógico em suas aulas na pré-escola.

Os dados obtidos evidenciam a necessidade de a Escola Municipal, juntamente com os seus gestores municipais promover formações continuadas, a fim de fazer com que os professores venham a refletir sobre suas praticas pedagógicas, para que possam ampliar seus conhecimentos sobre as diversas formas de ensino e aprendizagem na educação infantil. 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TAHAN, M. O homem que calculava. Rio de Janeiro: Record,1968.

 



[1] Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia para Educação Infantil pela UNEMAT e pós-graduanda em Educação para a Infância: Educação Infantil e os Anos Iniciais do Ensino Fundamental pela Universidade Cândido Mendes/Wpós.