Jogos Matemáticos - Alternativa para o aprendizado ou uma brincadeira a mais?
Por Luiz Felipe Afonso Melo | 15/05/2016 | EducaçãoRESUMO
A brincadeira, o uso de jogos comuns e até os que fazem alusão à matemática, são ferramentas que ajudam o professor a estimular o sensorial das crianças, ampliando a capacidade imaginativa, argumentativa e até áreas menos privilegiadas dos discentes. Mas como fazer essa prática se tornar positivo dentro de um contexto complexo do atual cenário educacional brasileiro?
Uma das grandes problemáticas no ensino aprendizagem da disciplina matemática está no aspecto de seu currículo cansativo, as vezes repetitivo, não atrai o universo imaginário da criança, carga horária extensa, conteúdos desnecessários e valorização de assuntos sem uma análise crítica acerca dos procedimentos pedagógicos como uma ferramenta auxiliar no currículo escolar.
Nessa perspectiva, os jogos matemáticos para o ensino aprendizagem da matemática influenciam positivamente, inovando, dinamizando, interagindo, propiciando ao discente transformar-se em um “jogador” obedecendo regras, a procedimentos para sua pontuação. A ajuda dessa atividade entre a assimilação dos jogos e os conteúdos dentro do currículo proposto, é a troca que ocorre entre os alunos, o professor e a disciplina, fazendo com que a compreensão e o raciocínio do conteúdo ministrado, despertem o prazer de ensinar e aprender.
Os jogos matemáticos possuem várias modalidades, significam uma atividade agradável e por diversas vezes motivadora, fazendo com que o participante possa agir de forma espontânea e consequentemente desenvolvendo o raciocínio, sentimento, autoestima, liberalidade, capacidade de criar, e sobretudo proporciona autonomia e criticidade. Segundo MENDONÇA (2001):
Ensinar e aprender matemática pode e deve ser uma experiência feliz Curiosamente quase nunca se cita a felicidade dentro dos objetivos educativos, mas é bastante evidente que só poderemos falar de um trabalho docente bem feito quando todos alcançarem um grau de felicidade satisfatório. (p. 14)
Assim, o ensino aprendizagem da matemática precisa ter diversão, criatividade e sentimento de prazer, assim o ensino em sala de aula passa a se transformar em felicidade.
Na etimologia o da palavra matemática, vimos que ela é de origem grega “máthema”; a ela são atribuídos os significados científicos e de aprendizagem, a partir disso derivou-se “mathematikós”, o prazer de aprender..
Exemplificando o lúdico de jogos educativos para crianças na fase escolar, registramos o estudo apresentado por alunos da antiga 5ª série do ensino fundamental, a partir dos resultados apresentando por esses discentes, foi feita uma proposta de jogos como recurso didático.
A partir disso, verificou-se o baixo índice de professores que recorrem aos jogos como prática de ensino aprendizagem, apesar da instituição disponibilizar materiais em seus acervos. A manipulação dos jogos entre os alunos estimulou o interesse e envolvimento na prática de jogar, motivando discussões das regras e estratégias pré-estabelecidas e também de regras por eles inventadas. Em termos de aprendizagem, observou-se que os discentes conseguiram assimilar alguns conceitos matemáticos fundamentais para o perfeito entendimento dos conteúdos disciplinares.
Apesar do acompanhamento focar a aprendizagem das crianças, foi constatado também a satisfação dos professores que no decorrer da distribuição dos jogos foram sugerindo outros que se intercalavam com os conteúdos posteriores e também previstos dentro do currículo já elaborado pela escola em suas respectivas modalidades e séries.
Algumas sugestões importantes e dentro do contexto de aplicação em sala de aula estão descritas neste artigo:
O Dominó, que é mais conhecido, como jogo de tabuleiro, pode ser utilizado para ensinar o aluno a fazer uso das unidades básicas de 0 a 6 e associar essas unidades corretamente. Auxilia também no pensamento cognitivo e lógico discente. Assemelhando-se ao dominó o professor pode utilizar também o jogo Terminó do 10, que consiste em montar triângulos de forma que a soma dos mesmos sempre seja 10. Pode ser utilizado tanto para formar o conceito de dezenas como também para fundamentação básica para o geometria métrica.
O Material Dourado Montessori é indicado para atividades que ajudam com bastante utilidade a prática do ensino aprendizagem do sistema de numeração decimal-posicional e também dos métodos para efetuar as operações fundamentais (algoritmos).
Ao trabalhar o ensino de Geometria e suas propriedades, o Tangram, um jogo confeccionado por 7 peças, sendo 5 triângulos, 01 quadrado e 01 trapézio, é considerado o quebra-cabeças mais conhecido no mundo e ao construir figuras o jogo facilita e indica uma melhor visualização concreta das formas geométricas.
A influência dos jogos na prática e ensino de matemática , faz com que o aluno “jogador” assimile e vivencie a matemática em seu dia a dia de forma lúdica, prazerosa e satisfatória. Utilizar jogos e regras no decorrer do processo educativo, proporciona resultados significativos para todos aqueles inseridos nessa metodologia educacional.
Assim, os jogos matemáticos no ensino da matemática, rompem com o sistema já tido como pré-requisito do ensino tradicional, onde o aluno está inserido de forma sugestionada na sala de aula e começa a contribuir para a construção e formação de um sujeito reflexivo, ativo, critico, e consciente no aspecto social, educacional e político.
REFERÊNCIAS
ALVES, E. M. S. Ludicidade e o Ensino de Matemática. 4. ed. Campinas. Papirus Editora, 2007.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. São Paulo. Ática. 1990.
KAMII, Constance. Piaget para a educação pré-escolar. 2. ed. Porto Alegre. Artes Médicas, 1992.
MELO, S.A; SARDINHA, M. O. B. Jogos no Ensino Aprendizagem em Matemática: uma estratégia para aulas mais dinâmicas. F@pciência, Apucarana, PR, vol. 4, n. 2, p. 5 – 15, jan/jun. 2009