JESUS RESTAURA ORELHAS; PEDROS ARRANCAM...
Por monica conte campello | 08/08/2016 | ReligiãoJESUS RESTAURA ORELHAS; PEDROS ARRANCAM: Ações e reações do Mestre e de seus discípulos.
Reação de Pedro em defesa do Mestre
“Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita” (Jo 18:10).
Reação de Jesus em defesa do Reino:
“E, respondendo Jesus, disse: Deixai-os; basta. E, tocando-lhe a orelha, o curou” (Lc 22:51).
Jesus teve duas reações que nós, como servos do Senhor devemos imitar com perfeição (se é que queremos imitá-lo): Jesus retrucou Pedro e depois restaurou a orelha de Malco. Precisamos aprender a seguir o comportamento de Cristo através do qual podemos empregar perfeitamente a seguinte frase: Chegamos a conhecer uma pessoa mais pelas suas REAÇÔES do que pelas suas ações.
Quando Pedro cometeu o grave erro de arrancar a orelha do soldado Malco – crendo estar reagindo devidamente por uma causa justa –, o Mestre, em sua AUTORIDADE E ONISCIÊNCIA DIVINAS, “puxou a orelha de Pedro”, ou seja, retrucou-lhe o feito errôneo com ensinamento, e não para vergonha pública – Pedro não foi envergonhado por Jesus, mas admoestado. Pedro, como discípulo, não imitou corretamente seu Mestre, pois não “puxou a orelha de Malco”, mas ARRANCOU-A.
“Puxar a orelha de alguém significa “Repreender alguém por indisciplina”.
Indisciplina: falta de respeito às regras, negação às normas, mal comportamento que compromete a convivência social, desobediência, rebelião.
Se alguém está na igreja a serviço do Senhor e comete atos de indisciplina, este deve ser advertido a se corrigir; porém, ameaçar puxar a orelha de alguém que não cometeu nenhum desses atos, que não feriu nenhum preceito dogmático no seio da Igreja, fere os princípios da ética cristã e da dignidade alheia. O que o fez deve corrigir-se na mesma medida em que causou o dano a outrem, privada ou publicamente, conforme o caso, mas jamais negar que o tenha feito, principalmente diante de quem sofreu o dano moral. A atitude de negar o erro, alegando não se lembrar de tê-lo cometido, implica em omissão. Isso equivale a “tequelizar”: ser pesado na balança e achado em falta (Dn 5:27), pois sabia que deveria ter feito o bem (da assunção do erro que tiraria a vergonha do outro) e não o fez, cometendo pecado (Tg 4:17), pois o outro continua envergonhado.
As Escrituras advertem a ter o máximo de cuidado com as palavras. Estas não devem ser usadas inadvertidamente, principalmente por alguém que tem a responsabilidade do zelo por tantas outras. Palavras carregam um enorme peso que cobram o ônus de quem as proferiu. A pessoa pode redarguir, dizendo que falou de brincadeira, mas também contra isso a palavra adverte: “Assim é o homem que engana o seu próximo, e diz: Fiz isso por brincadeira” (Pv 26:19). Quando uma pessoa não assume o ônus da palavra, dizendo que falou algo por brincadeira ou negando ter dito o que de fato disse, sua língua compõe o engano (Sl 50:19) e, assim, ela anula a comunhão com Deus e arruína relações humanas; se isso ocorre com os relacionamentos no seio da Igreja, quão grande mal é este o qual deve ser imediatamente corrigido a fim de curar males existentes e evitar outros iminentes. Compor o engano com palavras fere o nono mandamento (Êx 20:16) que chama a pessoa para ser leal e sincera; todavia, a onisciência divina perscruta a mente, o coração e suas intenções. Pode-se mentir ou omitir coisas ou atos das pessoas, mas jamais de Deus. Por isso, onde quer que tenhamos errado, precisamos nos corrigir diante de Deus, restituindo à pessoa o que dela tiramos (Lc 19:8), seja na esfera material, emocional, espiritual – se é que queremos de fato estar em comunhão com Deus.
Há, também, o fato de uma pessoa não falar, mas dar ouvidos a falácias de outrem sem buscar o conhecimento dos fatos, dando crédito a ela como se estivesse coberta de razão, pois sua reação após essa audição é a de repreender quem não deveria ser repreendido, e de não repreender quem deveria sê-lo – uma verdadeira contradição às ações pertinentes.
Pedro foi indisciplinado em sua reação porque o que ele fez no referido contexto não foi o que o Mestre o ensinou a fazer. Atos de indisciplina devem ser investigados antes de serem julgados. Jesus, no entanto, sabia exatamente o que Pedro estava fazendo; por isso, sabiamente “puxou sua orelha”, explicando-lhe o que ele não entendia, e foi justamente essa falta de entendimento que o levou a errar. “Puxar a orelha” de alguém sem prévias investigações para certificar-se dos fatos é um erro, e quem o faz comete ato de indisciplina, pois esta é uma ação que não se coaduna com os ensinamentos do Mestre, violando suas regras de conduta.
Cristo sabe de todas as coisas, mas nós não. Precisamos, portanto, imitar Cristo com sabedoria e prévio conhecimento de situações que se nos apresentam. Está escrito: “NÃO ADMITIRÁS FALSO BOATO” (Êxodo 23:1). Não se deve dar ouvidos a comentários já os recebendo como verdadeiros. É mister que se procure saber e conhecer todos os detalhes de determinada situação antes de julgar, condenar, pensar mal, interpretar mal, ou ameaçar publicamente “puxar a orelha” de alguém que não cometeu nenhum ato de indisciplina. Principalmente para servos idôneos do Senhor que fazem a obra com zelo, diligência e boa vontade, há que se prestar o devido respeito, a devida honra, a devida dignidade, a fim de se evitar feridas desnecessárias em corações de pessoas que são voltadas para Deus, que têm o senso da responsabilidade de pregar as doutrinas cristãs segundo os mandamentos divinos.
Aprenda: Não se deve julgar nada nem ninguém sem conhecimento de causa. E mesmo que não julgue, procure sempre conhecer toda a verdade de uma situação antes de emitir qualquer juízo ou crítica desmoralizadora. Saiba reconhecer quando Deus escolhe um membro da igreja para servi-lo em determinada área eclesiástica e aprenda a respeitá-lo.
Seja, portanto, fiel escudeiro do Senhor, aprendendo a respeitar os demais escudeiros escolhidos pelo Senhor. Escudeiro significa “Pajem de armas”, ou seja, o moço que leva as armas quando seu rei vai para a guerra. Portanto, escudeiro do Senhor é o servo que leva suas armas para o campo de batalha – seus ensinamentos, suas doutrinas, seus mandamentos, sua palavra.
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