Jean Baudrillard e a mística da solicitude
Por Jacot Werner Stein | 28/03/2018 | SociedadeA sociedade de consumo não designa-se somente pela profusão de bens e de serviços, mas de fato, o mais importante, tudo é serviço, que o que é dado a consumir não se dá jamais como produto puro e simples, mas como serviço pessoal, como gratificação. Após a propaganda "Guinness is good for you [Guinness é bom para você]" até uma profunda solicitude dos políticos por seus concidadãos através do sorriso da anfitriã e os agradecimentos de um distribuidor automático de cigarros, cada um de nós está cercado por uma tremenda ajuda, cercado por uma coalizão de dedicação e boa vontade. O menor sabão é dado como fruto do reflexo de todo um conselho, os especialistas se apoiaram durante meses no aveludado de sua pele. A Airborne coloca toda a sua equipe ao serviço de sua ‘bunda’: “Pois tudo está lá. Este é o nosso primeiro campo de estudo... Nosso trabalho é sentar. Anatômica, socialmente e quase filosoficamente. Todos os nossos assentos nascem de uma observação meticulosa de sua pessoa... Se uma poltrona tiver uma capa de poliéster, é para casar melhor sua curva delicada, etc.” Este assento não é mais um assento, é um benefício social total a seu favor. Nada é hoje puramente e simplesmente consumido, isto é, comprado, possuído, usado para tal propósito. Objetos não servem tanto para algo, em primeiro lugar eles servem você. Sem esse complemento de objeto direto, o ‘você’ personalizado, sem essa ideologia total de serviço pessoal, o consumo seria apenas o que é. É o calor da gratificação, da lealdade pessoal que lhe dá todo o sentido, não é a satisfação pura e simples. É no sol da solicitude que os consumidores modernos consomem bronzeando.