JARDIM DO INFERNO

Por Leilson Leão | 30/07/2009 | Poesias

No jardim da promiscuidade
Bailam borboletas radioativas
De asas cor de chumbo
Antenas contaminadas
Em um vôo de pura ignomínia
Jardim de rosas doentes
De solo contaminado
Onde prolifera a corrupção
Proxenetas rastejantes
Gigolôs do erário público
Edires a serviço do privado
São umas das pragas desse jardim
Onde rastejam vermes medíocres
Voam insetos hipócritas
E cantam pássaros amestrados
No jardim da promiscuidade
Os anjos são de podre barro
Os santos são horripilantes miragens
E o céu é formado por nuvens de lodo
Que chovem o ocre odor da falsidade
No jardim da promiscuidade
As flores têm cheiro de carniça
Os espinhos são línguas de navalhas
E as pétalas são frases idiossincráticas
A caírem no pantanoso chão de víboras
Por onde trafegam meus inimigos
Com ares de doutos benfeitores da moral
Vestidos forjados de cristalina ética
Esses abutres do consumo
E tudo que digo assumo
Vocês são o que há de mais podre
Nesse asqueroso jardim de superficialidades
          LEILSON LEÃO