Japiassú e Margaret Shäffer: Dois olhares sobre a Interdisciplinaridade

Por Liliam Pereira Ramos | 04/05/2011 | Educação


Ao realizar a leitura de Japiassu e Shäffer, pude compreender que as idéias dos dois autores são convergentes, se completam, porém não são totalmente iguais.
No texto "O espírito Interdisciplinar" Japiassú nos mostra o que é a interdisciplinaridade e qual o perfil do educador interdisciplinar. Indica a importância dos trabalhos em grupo e da integração do professor com os alunos.
O texto de Japiassú é um texto interdisciplinar, pois para caracterizar seu pensamento ele utiliza vários artefatos, inclusive a poesia. O autor nos aponta a realidade das instituições de ensino que hoje encontram-se compartimentadas, muitas vezes tradicionais, e em outras, voltadas aos modismos sem que haja uma reflexão maior sobre essas novidades.
Japiassú nos mostra que não basta repetir as práticas interdisciplinares para que ela exista, mas sim que é preciso repensá-las, questioná-las constantemente para que assim seja possível uma troca de saberes entre os especialistas e então a interdisciplinaridade verdadeiramente acontecerá.
No texto de Margaret Shäffer encontro várias concordâncias com as falas de Japiassú, porém sobre um olhar mais preocupado. Margaret faz um relato histórico da interdisciplinaridade e também fala da realidade atual das instituições de ensino, fazendo uma referência muito coerente ao compará-las com a "Torre de Babel", onde se fala várias línguas e ninguém se entende.
Para a autora, embora aponte a interdisciplinaridade como a possível cura para a fragmentação dos saberes, é imprescindível que não se caia na armadilha de um saber superficial, pois para ela isso pode vir acontecer, ao juntar especialistas, unificando seus conteúdos, corre-se o risco de que ocorra este ensino mais "raso", embora interdisciplinar. E este é o maior receio que Margaret possui.
Acredito, assim como Margaret e Japiassú, que a interdisciplinaridade possa ser a chave de abertura para o progresso da educação, sendo uma questão ainda sem conceitos ou fórmulas pré-definidos, onde os questionamentos e debates são essenciais e estas inquietações mais importantes que as respostas em si.