Isabel dos Santos: "Para viver feliz, viva escondido"

Por Valdir Pinto | 10/06/2015 | Crescimento

O interesse público e internacional na pessoa e na vida privada de Isabel tornou-se mais notório a partir de 2013, quando as suas iniciativas empresariais, além de serem notadas na revista norte-americana Forbes, se tornaram igualmente mais notadas, por chegarem, nomeadamente, a Portugal e ao Brasil.

E embora Isabel, efectivamente, viaje num avião particular e usufrua de outras comodidades ao alcance de poucos, será difícil encontrá-la a desfrutar os imensos rendimentos que já alcançou.

Na verdade, a discrição é uma das imagens de marca de Isabel dos Santos. Alguma imprensa internacional, e muitos críticos, alegaram que o facto de ser filha do presidente José Eduardo dos Santos foi o único ou principal motivo para o seu sucesso nos negócios, confundindo a discrição pessoal com teorias da conspiração políticas.  Porém, ser filha de político não é sinônimo de sucesso nos negócios. Por exemplo, George W. Bush só conseguiu perder milhões nas suas empresas Arbusto Energy e Spectum 7.

Pode dizer-se que Isabel segue o provérbio "para viver feliz, viva escondido" - uma máxima que, na verdade, terá herdado do seu pai, um líder africano tradicionalmente discreto. E a discrição da empresária tem duas componentes distintas.

Por um lado, Isabel não se dedica à ostentação. Pelo contrário, a empresária adopta um estilo de vida simples e relativamente austero. Ela costuma andar sozinha, sem segurança, e sem motorista, os cabelos soltos ou presos num rabo-de-cavalo. Isabel dos Santos é dedicada aos seus negócios e à sua família, ela que tem três filhos do seu casamento com Sindika Dokolo, o empresário e coleccionador de arte congolês, trabalha sete dias por semana.

Na verdade, os críticos têm dificuldade em identificar traços de novo riquismo, uma vez que Isabel raramente aparece em público, e quando o faz é no âmbito dos seus negócios ou então, simplesmente, acompanhando o seu marido, como aconteceu quando o coleccionador de arte esteve no Porto para lançar uma plataforma de cooperação artística entre Luanda e a cidade do norte de Portugal.

Por outro lado, porque Isabel nunca se envolveu em política. O máximo que é possível é vê-la  participando em campanhas eleitorais pelo MPLA, enquanto simples militante, vestindo t-shirts com as cores do partido. Isabel nunca ocupou qualquer cargo público, nem tão pouco algum cargo na estrutura partidária do MPLA, o que seria tão simples, no raciocínio dos críticos, tendo em conta o cargo do seu pai.