Intuição: Uma Necessidade Administrativa
Por Ary Carlos Moura Cardoso | 01/07/2008 | AdmHá algo dentro de você que sabe
muito mais que você.
Rochelle Myers
Uma administração, sobretudo a de caráter público, jamais deve descartar o fenômeno intuitivo. Dirigir um país, um estado ou um município requer muito mais do que razões numéricas: contar, pesar e medir.
Ao formularem suas estratégias, suas ações de planejamento, enfim, suas políticas, os gestores têm que recorrer à intuição. Quantas idéias brilhantes e inimagináveis podem ser encontradas por meio dela!
Não me passa pela cabeça que a intuição seja, digamos, a "salvação da lavoura", mas, entre homens e mulheres inteligentes, ela é aceita como uma luz nesse caos hodierno.Suas bases, nos termos de Posner, são o conhecimento mesclado com a experiência.
Compreendê-la, conceitualmente, é, convenhamos, tarefa de fôlego. Emerson a chamou de "sabedoria básica". Posso assegurar, sem mitificar seu poder, que sua função maior consiste no desvendar as possibilidades. De modo que inovar, sem intuição, é cair num certo tipo de comportamento demasiado previsível, é apelar apenas para experiências e métodos padronizados.
A fé exagerada em análises, em quantificações e coisas do gênero, tem cegado governantes e assessores, inviabilizando, assim, aberturas criativas, salutares, mais condizentes com as carências do povo.
Michel Hammer está certo ao falar da necessidade, urgente, de três tipos de profissionais: aqueles aptos para identificar tendências sem precedentes, com boa intuição para extrair tendências coerentes de dados conflitantes. Aqueles com capacidade para pensar além dos limites convencionais e aqueles eficazes em influenciar opiniões, atitudes e persuadir os outros a se livrarem do familiar e abraçar o incerto.
O chamado "senso intuitivo, destarte, é fundamental quando se tem como objetivo novas formas de fazer as coisas. É ele, conforme metáfora briggseana, que nos permite enxergar a floresta, em vez de se deter em determinada árvore.
Os "ismos" proliferam por todos os lados e numa velocidade espantosa, cada um se julgando portador da receita infalível. Portanto, com o devido cuidado, é preciso levar a sério a decisão de romper com a rotina objetiva (Pública/Privada) para darmos oportunidade aos raios intuitivos.
Ary Carlos Moura Cardoso
Mestre em Literatura pela UnB
Professor da UFT