Introdução ao Livro de Malaquias

Por george ferreira | 29/12/2008 | Bíblia

MALAQUIAS

ykia'l.m;

Pastor George Emanuel

Malaquias; ykia'l.m; -quer dizer em hebraico: mensageiro ou anjo do Senhor. Malaquias foi o último dos profetas menores e escritor do último livro do cânon do Velho Testamento (Ml 4:4, 5, 6). Nada se sabe sobre ele, além do que está escrito no seu livro. Alguns pensam que o nome é simplesmente um título descritivo para o sacerdote Esdras, mas há muitas razões, contudo, para acreditar que Malaquias era mesmo o nome do profeta.

O termo ykia'l.m; é muito discutido no âmbito acadêmico, alguns chegaram a defender tal nome como um título, e não um nome próprio. Como nome próprio, seria bastante incomum, embora não sem um ou outro paralelo na BH, como mostra, por exemplo, o nome yrIaeB. (Os 1.1). O nome poderia até ser uma forma reduzida de WhY'kia'l.m;, "mensageiro de YHWH". Todavia, entendemos como o nome próprio do profeta. Entretanto, também devemos lembrar que diversas versões antigas, como a Peshitta, Áquila, Símaco, Teodocião e a Vulgata, além de vários outros estudiosos, entre os quais Baldwin; Rudolph; Verhoef; Glazier-McDonald; Deissler; Hill1 entendem o nome como um "titulo". Como título o compreendem, entre outros, a LXX 2; Elliger; Petersen3. Neste caso, teria tal interpretação teria entrado aqui por influência de Ml 3.1, identificando o mensageiro aí anunciado com o autor do livro, sendo, possivelmente, uma obra anônima. Mas, como já dito, optamos pela tradução convencional do termo ykia'l.m; em língua portuguesa, Malaquias, entendendo, que se trata de um nome próprio e não um título.

Malaquias foi contemporâneo de Neemias (comp. Ml 2:8 com Ne 13:15 e Ml 2:10-16 com Ne 13:23). Ele não faz qualquer referência a Esdras, nem menciona a restauração do templo. Por isso se infere que ele profetizou depois de Ageu e Zacarias e quando os serviços do templo ainda existiam (Ml 1:10; Ml 3:1, 10). É possível que tivesse transmitido as suas profecias por volta do ano 420 a.C., após Neemias ter voltado da Pérsia pela segunda vez (Ne 13:6), ou possivelmente, antes do seu regresso.

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[1] Cf. BALDWIN, Haggai, Zechariah, Malachi, p. 211-213; RUDOLPH, Haggai – Sacharja 1-8 –

Sacharja 9-14 – Maleachi, p. 247s; VERHOEF, The Books of Haggai and Malachi, p. 154-56; GLAZIER-McDONALD, Malachi: The Divine Messenger, p. 27-29; DEISSLER, Zwölf Propheten III, p. 315, entendendo que o significado do nome seria "YHWH é meu anjo (protetor)"; HILL, Malachi, p. 135s.

[2]A LXX traz, em lugar de "por intermédio de meu mensageiro", a expressão evn ceiri. avgge,lou auvtou/, "pela mão/por intermédio de seu mensageiro" (pressupondo aqui a forma hebraica Aka'l.m;), o que parece ser uma correção.

[3] Cf. ELLIGER, Das Buch der zwölf kleinen Propheten II, p. 189; PETERSEN, Zechariah 9-14 and Malachi, p. 165. Este último segue a LXX, que ele considera que parece atestar a formaoriginal do título, e traduz: "his messenger". A lição da LXX, contudo, parece muito mais um caso de leitura facilitante.

Quando Malaquias escreveu, os judeus repatriados passavam novamente por adversidade e declínio espiritual. Eles se haviam tornado cínicos, e questionavam a justiça de Deus, duvidando do proveito em se obedecer aos seus mandamentos. À medida que a sua fé minguava, iam se tornando mecânicos e insensíveis na sua observância ao culto a Deus, e indiferentes às exigências da Lei. Eles faziam-se culpados de muitos tipos de transgressões contra o concerto. Malaquias confronta os sacerdotes e o povo com uma exortação profética:

  • Para se arrependerem de seus pecados e da hipocrisia religiosa para que não fossem surpreendidos pelo castigo divino;
  • Para removerem a desobediência que bloqueava o fluxo do favor e bênção de Deus;
  • Para voltarem ao Senhor e ao seu concerto com corações sinceros e obedientes.

O profeta proclama a sua mensagem para uma comunidade frustradas e sem esperança. As expectativas levantadas pelos profetas Ageu e Zacarias ainda não tinham sido cumpridas. O futuro estava muito turvo, e tal situação era terrível para uma comunidade tão imediatista. O povo passou a ser negligente, indiferente, e pecaminoso. O culto era, de acordo com o profeta Malaquias, o melhor lugar para avaliar a péssima qualidade de vida da comunidade judaica durante esses anos, pois tudo que os judeus faziam para Deus era com mediocridade e insatisfação. Os judeus pecavam contra Deus ao deixarem de responder ao amor divino, 1:2; ao desonrar o nome de Deus, 1:6; ao apresentarem ofertas imundas, 1:7, 8,13-14; ao darem péssimo exemplo em seus lares; os sacerdotes se converteram em pedras de tropeço em vez de serem lideres espirituais, 2:1-8; honravam a pecadores, mas que ao Senhor, 2:17;3:15; não devolviam os dízimos, 3:8; e acima de tudo,justificavam a impiedade, 3:14. Os pecados sociais da nação eram dignos do juízo de Deus, pois realizavam tratos enganosos, 2:10; casamentos com incrédulos, 2:11; deslealdade para com as esposas, 2:14-16; e havia muita feitiçaria, impureza, opressão, 3:5.

Imbuído de espírito deuteronomista, o autor coloca o acento no culto. Insurge-se com violência contra os sacerdotes, que, pelas suas infidelidades, impedem a chegada da era messiânica. Malaquias inspirado pelo Espírito de Yahweh, enraíza seu ensino do Pentateuco (Torá), na instrução do Senhor, mais especificamente, no livro de Deuteronômio. Para além de questões de estilo (cf. Ml.2:2, 3 e 3:7), várias questões-chave foram levantadas por Malaquias, mostrando sua proximidade da teologia do Deuteronômio. O tema que abre o livro de Malaquias (1:2) é o amor de Deus, encontrado em vários textos Deuteronômio (por exemplo, Dt. 7:7, 8; 23:5). O relacionamento entre Pai e filho em Malaquias 1:6, 2:10, 3:17 é encontrado em Deuteronômio 1:31, 32:5, 6. Sobre o Nome de Deus, Malaquias 1:6, 11, 14, 2:2, 5; 3:16, 4:1, é encontrado em várias partes do Deuteronômio (por exemplo, 12:5, 21; 14:24; 26:2). O reconhecimento da unicidade de Deus e do convite à apresentação de uma absoluta lealdade para com ele (Mal 2:15) são baseadas especialmente em Deuteronômio 6:4, 5. Os sacrifícios e ofertas agradáveis e aceitáveis(Mal. 1:8, 13, 14)encontrado em Deuteronômio 17:1 e 15:21. A melindrosa questão sobre o dízimo (Mal. 3:7-10) está em Deuteronômio 18:1-8. O tema da abominação do pecado (zombaria, sacrilégio em Ml. 2:11, éabordada em Deuteronômio 14:3, 17:1, 23:17 e 4, 18. Além disso, o ensino contra a idolatria (Ml 2:11) eInjustiça (al. 3:5) que são ensinoscentrais no Deuteronômio (por exemplo, Dt. 10:12-22). Oargumento geral do livro de Malaquias é resumida em três temas centrais: (1) A denúncia apresentada pelamaldade do povo e dos seus dirigentes (2), uma reivindicação do caráter moral de Deus e seu amor, e (3) umamensagem de esperança para os restantes fiéis e piedosas. O livro, que consiste num sêxtuplo "peso da palavra do SENHOR contra Israel, pelo ministério de Malaquias" (1.1), está entremeado por uma série de dez perguntas retóricas e irônicas feitas por Israel com as respectivas respostas de Deus por intermédio do profeta. Embora o emprego de perguntas e respostas não seja exclusivo de Malaquias, seu uso é distintivo por ser crucial à estrutura literária do livro. O "peso" (ou "mensagem repressiva") do Senhor proclamado por Malaquias é assim constituído: (1) Deus reafirma seu fiel amor a Israel segundo o concerto (1.2-5). (2) Deus repreende os profetas por serem vigilantes infiéis do relacionamento entre o Senhor e Israel segundo o concerto (1.6-2.9). (3) Deus repreende Israel por ter rompido o concerto dos pais (2.10-16). (4) Deus relembra a Israel a certeza do castigo divino por causa dos pecados contra o concerto (2.17-3.6). (5) Deus conclama toda a comunidade judaica pós-exílica a arrepender-se, e a voltar-se ao Senhor, para que tornasse a receber as suas bênçãos (3.7-12). (6) A mensagem final refere-se ao "memorial escrito" diante de Deus a respeito daqueles que o temem e lhe estima o nome (3.13-18). Malaquias encerra seu livro com uma advertência e promessas proféticas a respeito do futuro "dia do Senhor" (4.1-6).

Cinco aspectos básicos caracterizam o livro de Malaquias. (1) De modo simples, direto e vigoroso, retrata vividamente o debate entre Deus e seu povo. O debate é levado a efeito na primeira pessoa do singular. (2) Dá destaque ao método de perguntas e respostas na apresentação da palavra profética com nada menos que vinte e três perguntas trocadas entre Deus e o povo. Sugere-se que o método adotado por Malaquias pode ter-se originado quando o profeta apresentou, pela primeira vez, sua mensagem nas ruas de Jerusalém ou nos átrios do templo. (3) o nome de Deus (tAaøb'c. hw""hy>) "o SENHOR dos Exércitos" ocorre vinte vezes neste breve livro. (4) Destaca-se que a profecia final (que encerra a mensagem profética do AT) prediz que Deus enviaria alguém como Elias para restaurar os pais piedosos em Sião, contrariamente às tendências sociais predominantes que levaram a desintegração da família (4.5,6).

Três trechos específicos de Malaquias são citados no Novo Testamento (1) As frases "amei a Jacó" e "aborreci a Esaú" (1.2,3) são registradas por Paulo em suas considerações sobre a eleição Rm.9.13. (2) A profecia de Malaquias a respeito do "meu anjo, que preparará o caminho diante de mim" (3.1; cf. Is 40.3) é citada por Jesus como referência a João Batista e seu ministério (Mt.11.7-15). (3) Semelhantemente, Jesus entendia que a profecia de Malaquias a respeito do envio do "profeta Elias", antes do "dia grande e terrível do SENHOR" (4.5), aplicava-se a João Batista (Mt.11.14; 17.10-13; Mc.9.11-13). Além destas três claras referências a Malaquias no NT, a condenação que o profeta faz do divórcio injusto (2.14-16) antevê o ensino do NT sobre o tema (Mt.5.31,32; 19.3-10; Mc.10.2-12; Rm.7.1-3; 1Co.7.10-16,39). A profecia de Malaquias a respeito do aparecimento do Messias (3.1-6; 4.1-3) abrange tanto a primeira quanto a segunda vinda de Cristo. As promessas gloriosas em Malaquias são: da vinda do mensageiro da aliança, 3:1-4; do derramamento de uma grande bênção, 3:10-12; dos santos ao converter-se em tesouro especial do Senhor, 3:16-18; do amanhecer de um novo dia no qual a justiça triunfará, 4:2-3; da aparição de um reformador espiritual antes da vinda do dia do Senhor, 4:5-6.

Bibliografia: ___________________________________________________

  • Feinberg, Charles. God Remembers. Portland: Multnomah Press, 1965.
  • Mallone, George. Furnace of Renewal: A Vision for the Church. Downer's Grove: Intervarsity Press, 1981.
  • Mason, Rex. The Books of Haggai, Zechariah, Malachi. New York: Cambridge University Press, 1977.
  • Petersen, David L. Haggai and Zechariah 1-8: A Commentary. OTL. Westminster John Knox.
  • ______________. Zechariah 1-9 and Malachi: A Commentary. OTL. Westminster John Knox.
  • Verhoef, Pieter. Haggai and Malachi. NICOT. Eerdmans.
  • Wolf, Herbert. Haggai and Malachi. Chicago: Moody Press, 1976.

Anexo:

·EsboçoExpositivo.

·Introducão(1:1)

I. A Eleição e o Amor de Deus a Israel (1:2-5)

II. O Sacrilégio dos Sacerdotes de Yahweh (1:6-2:9)

A. O Sacrilégio dos Sacerdotes no Serviço (1:6-14)

1. Sacrifícios Inferiores (1:6-10)

2. Sacrifícios Insolentes (1:11-14)

B. O Sacrilégio dos Sacerdotes no Ministério (2:1-9)

1. A Corrupção da Vocação Sacerdotal (2:1-7)

2. A Violação da Aliança Sacerdotal (2:8-9)

III. A Rebelião do Povo de Yahweh (2:10-16)

A. Eles Romperam com o Pacto (2:10-13)

B. A Ilustração do Pacto (2:14-16)

IV. A Obstinação, a Resistência, e a Auto-suficiência contra Yahweh (2:17-3:21; [4:3])

A. Obstinação no Auto-Engano (2:17-3:5)

1. O Problema (2:17)

2. A Promessa (3:1-5)

B. A Resistência Egoísta (3:6-12)

1. O Problema (3:6-9)

2. A Promessa (3:10-12)

C. A Auto-Suficiência (3:13-21 [EB 4:3])

1. O Problema (3:13-15)

2.A Promessa (3:16-21 [4:3])

V. A Restauração do Povo de Yahweh (3:22-24 [EB 4:4-6]).

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·O valor ético e teológico

O tema central de Malaquias é que Deus revelou seu amor por seu povo por meio da história da redenção de Israel.

  1. Assuntos abordados nos sermões:

(1)Igreja: Povo Eleito que Deve Amar a Deus.

(2)Igreja: Povo Sacerdotal que Deve Servir a Deus.

(3)Igreja: Povo Santo que Deve Louvar a Deus.

(4)Igreja: Povo Obediente que Deve Honrar a Deus.

(5)Igreja: Povo Missionário que Deve Pregar a Palavra de Deus.

(6)Igreja: Povo Escatológico que Deve Aguardar o Grande Dia do Senhor.

(7)Igreja: Povo Messiânico que Deve Santidade ao Senhor.

  1. Assunto Especial: O Dizimo.
  • Bases Bíblicas Teológicas: Porquê Dizimar?
  • Bases Bíblicas Eclesiásticas: Onde Dizimar?
  • Bases Bíblicas Sociológicas: Quem deve dizimar?
  • Bases Bíblicas Espirituais: O Que Significa Benção Sem Medida?
  • Alianças Abordadas:
  • Aliança de Abraão.
  • Aliança do Sinai.
  • Aliança de Levi.
  • Aliança do Matrimonial.
  • Aliança Nova.