INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: PROJETO EDUCACIONAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO DISTRITO DE ALEXANDRITA/MG

Por FABRÍCIA SILVA MOYSES | 09/12/2015 | Educação

INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: PROJETO EDUCACIONAL DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO DISTRITO DE ALEXANDRITA/MG

Fabrícia Silva Moyses[1]

     Naime Souza Silva[2]

 

RESUMO

 

 Este artigo tem como objetivo verificar e analisar como se desenvolve o processo de ensino aprendizagem para as crianças que necessitam de participar de um projeto de intervenção. Fazer uma abordagem das práticas pedagógicas adotadas na escola do distrito de Alexandrita-MG. O trabalho realizado apresenta e coloca em evidência alguns aspectos do modo de definição e implementação da Intervenção Pedagógica para uma nova organização do sistema educacional no contexto das atividades trabalhadas nesta escola e apresenta a concepção dessa proposta realizada pelos professores que atuam nesta intervenção. A metodologia foi bibliográfica, com consulta em sites e livro e também foi feito uma pesquisa de campo utilizando entrevista semiestruturada. Para trabalhar a questão exposta neste artigo, foi feita uma pesquisa sobre as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores com o apoio da supervisora pedagógica e do gestor escolar. Os resultados através da pesquisa permitiram verificar que os profissionais são comprometidos com a aprendizagem dos alunos, e ficou evidenciado que os profissionais sentem dificuldade em trabalhar interdisciplinaridade, mesmo sabendo do benefício que traz para o desenvolvimento dos educandos, outro indicio que ficou em destaque foi a falta de apoio da família, mas mesmo assim o projeto de intervenção da escola pesquisada, apresenta resultados satisfatórios.

Palavras-chave: Educação; Práticas pedagógicas; legislação

INTRODUÇÃO

  1. 1.               PRÁTICA PEDAGÓGICA E CONHECIMENTO

 

1.1  Conceito de Educação

 

Existem vastos conceitos sobre educação, mas basicamente educação é quando uma pessoa transmite a outro algum tipo de conhecimento, através de um processo, no qual a pessoa receptora desse conhecimento utiliza-o para o seu desenvolvimento pessoal.

Para contribuir com o processo de educação é interessante ressaltar a leitura.

 Segundo Freire (1986), quando alguém faz uso da leitura, está descobrindo um novo mundo porque ler significa muito mais que ver as letras do alfabeto e juntá-las em palavras, mas também estudar a escrita, decifrar e interpretar o sentido, reconhecer e perceber.

Ainda sobre Freire: “ninguém ensina ninguém a ler, mas pode, sim, incentivar, apresentar as maravilhas proporcionadas por esse hábito” ( FREIRE,1986, p.13).

Não basta o educador apenas frisar o valor da leitura, ele deve criar meios para estimular esse hábito.  

Segundo Piletti (1995, p. 34), para que a aprendizagem seja de fato relevante na vida do educando, deve provocar uma efetiva mudança de comportamento tanto por parte do aluno como por parte do professor. Deve também ampliar cada vez mais o potencial do educando, é necessário que ele perceba a relação entre o que está aprendendo e a sua vida.

Sendo o educando o centro deste trabalho, ele precisa ser capaz de reconhecer as situações em que aplicará o novo conhecimento ou habilidade, isso se dá com o apoio da família e do professor. É uma atividade que pressupõe uma relação que envolve três elementos principais: o sujeito, o conhecimento e o elemento mediador que torna possível o conhecimento.

Existe relação que caracteriza o ensinar e o aprender se apresenta a partir de vínculo entre o professor e o aluno com a participação da escola e da família onde as pessoas inicia-se no âmbito familiar. Dessa mesma forma, é a partir da relação com o outro através do entendimento, diálogo que, nos dias atuais, aonde os alunos vão tendo acesso ao mundo e, assim conquistando avanços significativos no âmbito cognitivo. Nesse sentido, para o educando torna-se importante e fundamental o papel do professor preparado, que inicialmente apresenta-se na relação trazendo confianças a seus alunos (PILETTI, 1995, p. 78).

Todo profissional de educação deve observar e respeitar a maneira de cada aluno, trazendo para o convívio, através do diálogo que poderá ajudar na aprendizagem, e partir dessa convivência o educador deve estabelecer uma relação de confiança com a criança.

1.2 A Educação na sociedade atual

A sociedade mudou e exige pessoas questionadoras e conscientes de seus direitos e deveres. É necessário que professores e professoras, e todos os envolvidos com as instituições de ensino reflitam quanto à sua prática e sua postura diante dos discentes. Não é possível culpar apenas os alunos ou os professores, todos os que estão envolvidos com a educação são responsáveis por esta mudança. Observa-se: A escola deseja formar um cidadão consciente e reflexivo, como consta na LDB, em seu art.22º, a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (BRASIL, 1988).

                  Teve como parte da pesquisa uma entrevista semiestruturada, que contou a participação de 03 (três) profissionais da educação, dentre eles foi entrevistado 01 (um) gestor, 01 (uma) supervisora, 01 (uma) professora.

                           Quando questionado sobre as leis que embasam o projeto de intervenção o gestor dispôs do seu parecer:

Eu acredito que as leis são feitas pelo os estudiosos, mas na verdade tem que partir do real, da sala de aula do professor no dia-dia. E é necessário ouvir mais as pessoas que trabalham, e que estão na linha de frente. Muitas das vezes quem faz os projetos não ouvem as pessoas, as pessoas falam através de dados. Uma coisa é você trabalhar com números e outra é você realmente vivenciar a realidade da escola, com os problemas e não são só problemas pedagógicos, mas também problemas pessoais. E para um projeto envolver apenas pesquisas, eu acho fica um pouquinho desumano o bom seria partir da experiência vivida. (G 1) (gestor)

Mas o processo de intervenção deve ir além de uma avaliação daquilo que o aluno não foi capaz de aprender, isso significa que não basta nomear esse aluno e simplesmente oferecer lhe novas oportunidades de aprendizado, através do reforço escolar realizado no contra turno, ou através da enturmação temporária como propõe a Resolução Nº 1.086/2008.

Cabe ao educador ajudar seus alunos no caminho para desenvolver uma cidadania consciente, dando lhes meio para isso atividades que permeia a cidadania e isso está presente nos parâmetros transversais dentro da ética e cidadania

A aprendizagem não consiste em mera cópia, reflexão exata ou simples reprodução do conteúdo a ser aprendido, mas que implica um processo de construção, no qual as contribuições dos alunos desempenham um papel decisivo (COLL, 1996, p.395).

Cabe ao professor conhecer de perto seus alunos para estar familiarizado com os modos através dos quais eles raciocinam. Conhecendo bem o pensamento dos alunos, ele está em posição de organizar a situação de aprendizagem e, sobretudo, interagir com eles, ajudando-os a elaborar hipóteses pertinentes a respeito do conteúdo em pauta, por meio de constante questionamento das mesmas. ( DAVIS e OLIVEIRA (1994, p.90).

 

 1.3 Práticas Pedagógicas adotadas em sala de aula

  Na atualidade e no mundo globalizado, cheio de transformações sociais, tudo muda constantemente e a escola não pode ficar para trás, precisa caminhar junto a esse progresso, pois é nessa que encontra os futuros cidadãos.



Neste começo de um novo milênio, a educação apresenta- se numa dupla encruzilhada: de um lado, o desempenho do sistema escolar não tem dado conta da universalização da educação básica de qualidade; de outro, as novas matrizes teóricas não apresentam ainda a consistência global necessária para indicar caminhos realmente seguros numa época de profundas e rápidas transformações. (GADOTTI, 2000, p. 5)

Dessa Forma, a prática pedagógica dos professores no momento atual, vem acompanhada de novos saberes em prol dos educandos, cabendo aos professores saber aproveitar e aplicar em sala de aula. De um lado está o professor com sua responsabilidade, mas também precisamos lembrar que do outro está a responsabilidade do aluno apoiado pela sua família. Na entrevista com os profissionais da escola pesquisada, procurou-se saber sobre interdisciplinaridade. Onde a supervisora ofereceu o seu ponto de vista. Também deu sua opinião a professora regente da turma.

Essa parte interdisciplinar ela acaba tendo uma barreira, pois nem todos os professores são acostumados a trabalhar dessa maneira. Eles acham mais fácil trabalhar Português em Português. Mas é muito importante trabalhar interdisciplinarmente, o resultado é muito bom porque o mesmo assunto consegue abranger todas as disciplinas. Mas o professor ainda não está bem preparado, eles não foram educados para trabalhar assim. .( S 1) Supervisora

A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de co

nhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles questiona a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu. Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas. (BRASIL,1997)

 

Diante dessas mudanças no mundo, é necessário que o professor faça uma reflexão de suas práticas pedagógicas.

Na pesquisa realizada na escola de Alexandrita, pude observar algumas práticas adotadas pela professora com seus alunos do 3º ano. Ao realizar as atividades do dia, por algumas vezes ela organiza sua sala de aula em duplas (onde uma dessas crianças tem facilidade para executar a atividade, e a outra tem defasagem em sua aprendizagem, assim o colega pode auxiliar o outro com defasagem na sua aprendizagem, com a participação da professora, coordenando e orientando esse auxilio dado pelo colega.), coordenar a sala em círculo também obteve resultados positivos, outra prática interessante é a forma com que a professora trabalha a dúvida de seus alunos sobre como se escreve alguma palavra ( a educadora solicita ao aluno com dúvida,  que ele repita a palavra lentamente junto com a professora, assim o educando ouve o som da palavra fazendo uma organização do seu pensamento chegando na forma adequada de como se escreve a palavra desejada).

           

  1. 2.     O QUE LEVA UMA CRIANÇA A TER QUE PARTICIPAR DE UM PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA?

            As Dificuldades de Aprendizagem, de acordo com Antunes (1999), envolvem alunos comuns, ou seja, aparentemente sem danos de natureza médica ou psicológica que necessitam de práticas educativas especiais.  Apresentam dificuldades de aprendizagem crianças que não rendem de acordo com o seu nível escolar em uma ou mais áreas, dentre as seguintes: expressão oral, compreensão oral, expressão escrita com ortografia adequada, habilidade básica de leitura, compreensão da leitura, cálculo matemático.

Segundo Del Prette, (2001); Souza, (1997) os problemas de aprendizagem podem ser fruto de falhas nas inter-relações do sistema direto do qual a criança participa. A criança precisa ser compreendida dentro de seu sistema social de interação, como parte inseparável do seu sistema social, o qual inclui família, escola, entre outros. Dentro da escola, faz-se necessário procurar entender os problemas que a criança está apresentando relacionando-os aos diferentes sujeitos envolvidos, com o objetivo de planejar as intervenções.

Segundo Maluf (2014) a dificuldade de aprendizagem, não tem causa única que a determine, mas há uma conjugação de fatores que agem frente a uma predisposição momentânea da criança. Alguns estudiosos enfatizam os aspectos afetivos, outros preferem apontar os aspectos perceptivos, muitos justificam esse quadro alegando existir uma imaturidade funcional do sistema nervoso.

 Ainda segundo Maluf (2014) há os que sustentam que essas crianças apresentam atrasos no desempenho escolar por fatores como a falta de interesse, perturbação emocional ou inadequação metodológica. De modo mais pontual, acredita-se que as dificuldades de aprendizagem surgem, por exemplo, a partir de:

-Mudanças repentinas de escola, de cidade, de separações;

- Problemas sócios culturais e emocionais;

- Desorganização na rotina familiar, excesso de atividades extracurriculares, pais muito ou pouco exigentes);

- Envolvimento com drogas, separações;

- Efeitos colaterais de medicações que causam hiperatividade ou sonolência, diminuindo a atenção da criança; (MALUF, 2014, 19).

Para melhor compreendermos esse aspecto, podemos citar o exemplo de quando a criança se defronta com um desafio de ter de mudar de cidade porque o pai mudou de emprego, e momentaneamente ela sente-se fracassada ela pode se frustrar de maneira importante porque tudo e novo para ela.

Faz-se necessário ouvir os alunos, o que pensam sobre sua escola e sua turma. Isso pode ser feito através de desenhos, entrevistas, ou mesmo que escrevam o que pensam, sentem, como percebem sua turma e sua escola.

O professor precisa avivar em si mesmo o compromisso de uma constante busca do conhecimento como alimento para o seu crescimento pessoal e profissional. Isto poderá gerar-lhe segurança e confiabilidade na realização do seu trabalho docente. Esta busca poderá instrumentalizá-lo para assumir seus créditos, seus ideais, suas verdades, contribuindo para referendar um corpo teórico que dê sustentação para a realização de seu fazer. (OLIVEIRA, 1995, p.64).

Neste sentido fica evidente que o professor precisa-se atualizar, assim ao trabalhar com as crianças terá confiança contribuindo para a aprendizagem.

2.1 Apoio Familiar

 

Promover a família nas ações dos projetos pedagógicos significa enfatizar ações em seu favor e lutar para que possa dar vida às leis. Mais do que criar um novo espaço para tratar das questões da família ou da escola, a própria escola deve articular seus recursos institucionais, de maneira a assegurar que as reflexões, os debates, os estudos e as propostas de ação possam servir de embasamento para que o desenvolvimento social se concretize por meio de práticas pedagógicas educativas efetivas. Os paradigmas tradicionais modificam-se com a gestão democrática. Assim, a escola democrática deve ser a escola da cidadania, em que se objetiva a formação de cidadãos autônomos, críticos e que sejam capazes de enfrentar todos os obstáculos que possam surgir em seu meio social.

É indispensável que família e escola sejam parceiras, com os papéis bem definidos, onde não se pratica a exigência e sim a proposta, o acordo. A família pode sugerir encontros para a escola, não ficando presos somente às reuniões formais, pois além de ser um bom momento para consolidar a confiança, podem discutir juntos acerca dos seus papéis. A escola pode estimular a participação dos pais, procurando conhecer o que pensam e fazem e obtendo informações sobre a criança. (LOPES, 2009 P. 01).

Observa-se que o gestor faz uma crítica a escola particular onde acha que ela não prepara o aluno para a cidadania preocupando mais com os resultados das provas externas.

Salientou que escola pública pensa mais na formação cidadã do aluno, mas precisa melhorar.

            Hoje a estrutura familiar mudou, mudou para pior. Hoje há uma quantidade grande de lares desestruturados e os problemas familiares são enormes e isso reflete na escola. Porque a escola não tem aquele apoio psicológico, aquele apoio especial e era para ter, mas antes quem fazia esse papel era a família que fazia e a pessoa vinha para escola exclusivamente para receber o aprendizado. Hoje muitas das vezes a família tenta colocar os filhos no período integral para se livrar delas, ou porque a mãe é sozinha ou porque tem muitas dificuldades são inúmeros problemas. E algumas vezes não tem aquela visão que está levando a criança para uma casa de educação, para melhorar o futuro, lembrando que não são todos. Nesse sentido acho que podemos melhorar, porque a escola vendo isso ela não pode fechar os olhos, temos que saber que as famílias mudaram sua estrutura, e que não tem um apoio psicológico, a situação financeira é ruim. Falta também dentro da escola profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, assistente social e isso não dependem somente da escola precisamos de um apoio do estado, não que seria uma garantia certa, mas iria melhorar bastante. (G 1) gestor

Toda a sociedade deve viver dentro de uma moral que valorize seu caráter para que haja respeito entre os indivíduos, mas isso deve partir de forma consciente das pessoas não por imposição. A moral é o conjunto de regras e normas que partem sempre de uma ordem geral que rege as condutas dos seres humanos. Podemos defini-la claramente a moral como uma instituição de valores formada pelas relações sociais, modelada nas condições sociais e culturais em que vivem.

Moral é um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual é regulamentado as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal. (VALQUEZ, 1998, p. 77)

A palavra “ética” vem do latim ethos e quer dizer” costumes”, já a palavra “ moral”, que também vem do latim ( moris) , significa maneira de ser e de se comportar regulamentada pelo uso. Daí o sentido da palavra “costume”, Muitas vezes, ética é sinônimo de moral.

Portanto, “Ética é o maior valor do homem livre”. “respeitar e venerar a vida”. (VALQUEZ, 1998, p. 77).

O meio familiar, a comunicação em todos os sentidos, mas principalmente a visual a convivência social influem significativamente na formação e educação do ser humano. Mas, agora, o meio escolar ocupa grande parte da vida das pessoas e é neste meio que o indivíduo busca suas bases de conhecimento, aprendendo, pesquisando e vivenciando novos conceitos, novas práticas, que nortear suas ações e atitudes, seja enquanto educando, como profissional e ser social.

Por isso, a qualidade da educação, depende cada vez mais, da parceria, escola e família, porque a família dá as primeiras informações da criança como ser humano, sendo assim, muito importante sua atuação que marcará sua existência, e essa parceria escola e família, vai representar a ação conjunta rumo à consolidação de uma pedagogia voltada para o desenvolvimento do educando.

Logo, o diálogo entre a família e a escola favorece a construção do conhecimento por parte do aluno, o que denota que a criança e seus pais mantêm entre si e com a aprendizagem uma ligação muito íntima.

Independente de como a família é constituída, esta é uma instituição fundamental da sociedade, pois é nela que se espera que ocorra o processo de socialização primária, onde ocorrerá a formação de valores. Este sistema de valores só será confrontado no processo de socialização secundário, isto é, através da escolarização e profissionalização, principalmente na adolescência. (SANTOS e VALADÃO, 1997, p.22)

A supervisora disse que conhece todos porque a cidade é pequena então pra chamar os pais fica fáceis, mas isso às vezes causa transtorno da escola porque os pais agridem seus filhos dentro da escola.

A gente conhece todos, mas alguns só aparecem aqui na escola quando são chamados, e às vezes também não resolvem, as vezes passam por agride os filhos o que não precisa. E as vezes as crianças não aprendem por problema social, por falta de alimentação, por constrangimento por estarem sujos, e outros problemas nesse sentido. (S 1)

O apoio familiar junto à escola é importante, mas também a escola deve estar preparada para atender as necessidades de seus alunos, mesmo sem a participação da família.

A professora diz estar preparada para atuar na intervenção pedagógica uma vez que é formada em educação inclusiva, mas também queixa da falta da família dando apoio ao seu trabalho.

 Falar sobre os pais é bem relativo, e os que eu menos tenho apoio é dos pais de alunos que tem defasagens, e os pais jogam a responsabilidades das dificuldades dos alunos tudo sobre o professor, a maioria das vezes que manda tarefa para casa não fazem, tenho um aluno que mando tarefa e quem faz é a mãe, e os pais que mais ajudam os alunos são melhores, que são aqueles pais que colocam o aluno para fazer a tarefa. Já tive caso de mãe que falou que ia colocar o filho para estudar a tabuada mas acaba que não coloca, eu até compreendo que hoje o tempo é pouco pois trabalham muito, mas tem que tirar tempo para o filho. Por outro lado, tenho aluno que não sabe amarrar o cadarço dos sapatos, são muito dependentes dos pais, e sem esse apoio familiar dificulta o trabalho do professor. Tem pai que pergunta para filho se tem tarefa e o filho fala que não tem, e ele não olha o caderno do aluno e nem ajuda nas atividades. E apenas alguns fazem as tarefas, tenho aluno que nunca fez tarefa. Tem pai que não vem nas reuniões, tenho prova do 1º bimestre e eles ainda não me procurou para pegar essas provas. E nem mesmo de eventos que a escola promove eles não aparecem. Eu não conheço todos os pais, alguns se chamar vem na escola. (P 1)(professor)

Deve ressaltar que o ensino deve buscar articulações em sua atuação as quais vão muito além da formação e preparação  do pedagogo, as exigências sociais que "batem à porta" da escola são inúmeras.  As flexibilidades de seus processos, responsabilidade social e elaboração de projetos sociais, vêm mostrar a capacidade das escolas em serem capazes de transcender as suas obrigações legais, tradicionalmente consolidadas.

 

  1. 3.     O projeto de Intervenção Pedagógica e o Professor 

 

Diante do diagnóstico feito na escola, os entrevistados disseram ter observado algumas dificuldades nos alunos do 3ºano do ensino fundamental, dentre elas são: leitura, escrita e interpretação de textos, e fez-se necessário a elaboração desse projeto de intervenção que visa desenvolver uma maior aprendizagem na alfabetização e no letramento de maneira significativa e lúdica.

Faz-se necessário a busca por aprimoramentos para melhor atender as defasagens dos alunos. Cabe ao professor buscar informações, ou até mesmo novas formações profissionais. O gestor da escola de Alexandrita foi questionado quanto ao oferecimento de qualificação profissional para se trabalhar com as crianças com defasagens.

Existem. Os planos de intervenção pedagógica, tem também os professores que ficam auxiliando fora das salas de aulas, mas o mais interessante seria a participação da família que tem muito pouquinho. Existe uma pequena participação da família. Então eu acho que esse projeto tem seus méritos e suas falhas, eu penso que a situação de aprendizado hoje não passa somente na escola, tem que ter a continuação em casa com as tarefas com a participação dos pais, o acompanhamento na escola. É muito mais complexo, pois não é só ter uma sala de recuperação é mais profundo, pode ser que nós estamos fazendo nossa parte, mas a família já não faz e a própria escola deixa alguns pontos a desejar. (G 1) (gestor)

A professora trabalha atividades com a participação de todos os alunos no processo de ensino e aprendizagem, com métodos lúdicos e recursos audiovisuais para que o ensino se torne mais eficaz.

Na realidade, o nosso projeto é feito dentro da sala de aula, o que pode e cabe dentro das possibilidades de cada um, eles ajudam. O professor trabalha em classe, nos horários de educação física, e/ou com a professora eventual, com a supervisora, com a professora apoio. Existe um projeto futuro para período integral. Fiz uma pós-graduação em educação inclusiva, e utilizo algumas coisas para trabalhar em sala, mas ainda não procurei nada na parte de alunos com defasagens. Em dias diferentes trabalho com a sala de diferentes maneiras, para que eles se sintam à vontade. As vezes coloco trabalhar de duplas, em grupos grandes, e eles reagem bem em círculo, levo para ambientes externos, fazemos passeios.  A gente tenta ao máximo colocar a teoria em prática, mas nem sempre a teoria é a pratica. Alguns assuntos sim trabalho interdisciplinarmente, em textos informativos por exemplo. (P 1) (professor)

Quando o educando dialoga com os demais sujeitos, expondo ideias e dúvidas, só as consegue realizar através da palavra. A palavra só é possível pelo uso da linguagem. A linguagem não é apenas um instrumento, mas um laço que nos une ao mundo. “A palavra capta, conhece, interfere e transcende a consciência do homem em sua busca de mundo”. (FAZENDA, 1994, p.54).

Considera-se de suma importância a opinião dos professores, supervisores e diretores das escolas frente ao Plano de Intervenção Pedagógica. Percebemos que a maior preocupação de todos é a falta de apoio das famílias.

  1. Metodologia

A realização das entrevistas contou com a aplicação de um formulário semiestruturado, com perguntas abertas e abrangentes. Teve a finalidade de obter o máximo de informações ligadas ao objeto de estudo. Para Barros & Lehfeld (2000, p.90), “o formulário é um instrumento mais usado para o levantamento de informações. Não está restrito a uma determinada quantidade de questões [...] e pode possuir perguntas fechadas e abertas e ainda a combinação dos dois tipos”.

A pesquisa trouxe vários questionamentos em relação a Intervenção pedagógica e vários esclarecimentos em relação ao trabalho realizado na escola de Alexandrita.

A análise de conteúdo com categorias diferentes permitira discutir e analisar o trabalho profissional dos educadores na cidade de Alexandrita, numa escola de ensino fundamental com alguns alunos o projeto de intervenção que são: 15 (quinze) alunos do 3º ano do ensino fundamental.

A análise das entrevistas revela que todos os sujeitos conhecem o trabalho realizado na escola e acreditam em sua importante ampliação, bem como o aprimoramento e a qualidade no trabalho desenvolvido.

            Percebe-se que se deve estimular o acompanhamento da família, orientando-os para a importância da busca constante pelo conhecimento, uma vez que esta conquista é passo primordial para o crescimento pessoal e cognitivo.

 Procurar, sempre que conveniente, promover atividades que visem elencar argumentos, com respostas subjetivas, realizando posteriormente uma correção coletiva, estimulando e valorizando as repostas de cada um, principalmente fazendo com que se sintam sujeitos ativos de seu posicionamento enquanto aprendizes.

A pesquisa de campo foi realizada na Escola Estadual do distrito de Alexandrita – MG. Segundo Gonsalves (2001, p.67),

A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas [...]

             

Os entrevistados foram denominados como profissionais da educação que contribuíram no conhecimento com propostas para o universo e o objeto de estudo pesquisados, suas falas serão acrescentas junto às falas dos sujeitos da pesquisa em todo o percurso da análise.

 As entrevistas foram agendadas com contatos prévios, por meio de ligações telefônicas, em dias e horários estabelecidos pelos profissionais. Foram transcritas segundo a autorização dos pesquisados. A realização ocorreu no mês de outubro de 2015.

Foram utilizados três formulários com questões semiestruturadas, empregado nas entrevistas dos sujeitos.

         Os sujeitos dessa pesquisa foram identificados por siglas e números, sendo 01 (uma) professora, 01(um) gestor, 01 (uma) supervisora escolar. Suas falas registradas nas análises estarão sempre reconhecidas pela identificação do profissional. Vale destacar que os profissionais, duas são do sexo feminino e um do sexo masculino.

Segundo Barros & Lehfeld (2000, p.58),

A entrevista semiestruturada estabelece uma conversa amigável com o entrevistado, busca levantar dados que possam ser utilizados em análise qualitativa, selecionando-se os aspectos mais relevantes de um problema de pesquisa. BARROS & LEHFELD (2000, p.58),

As entrevistas com os sujeitos foram registradas objetivando garantir a autenticidade dos depoimentos representados pela fala dos entrevistados e transcritas conforme seu consentimento.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro do contexto da pesquisa apresentada, com intuito de responder como é realizada e qual o impacto da Intervenção Pedagógica na Escola Estadual de Alexandrita – Mg, teve-se como objetivo verificar e analisar como desenvolve o processo de ensino aprendizagem para as crianças que necessitam de participar de um projeto de intervenção.

Após a pesquisa ficou evidenciado que os profissionais entrevistados são comprometidos com a educação, auxilia as crianças no desenvolvimento de seus direitos de aprendizagem, o seu raciocínio a aprender com facilidade, assim, elas conseguem trabalhar com tranquilidade aplicando teoria e prática na intervenção pedagógica, respeitando a faixa etária dos alunos, conseguindo obter resultados positivos despertando nas crianças sua criatividade.

Na entrevista, ficou evidenciado que os professores têm dificuldade de trabalhar a interdisciplinaridade embora saiba que ela ajuda no aprendizado, quando perguntado sobre o intercâmbio entre a família e a escola foi percebido que é ponto da pesquisa onde ficou evidenciado que uma parte das famílias não participam da escola e às vezes comparece quando é chamada e quando comparecem alguns agridem seus filhos na escola.

Entretanto, todos disseram ter autonomia para desenvolver seu trabalho na escola, embora achem que o governo deveria ter maior participação.

Mesmo sem a presença da família, a intervenção pedagógica realizada na escola pesquisada, apresenta resultados satisfatórios, onde todos os envolvidos exercem suas atividades de modo a acompanhar o crescimento e aprendizagem dos alunos.

Dessa forma, conclui-se que a intervenção pedagógica realizada na Escola Estadual de Alexandrita valoriza a teoria, prática e metodologias na sua atuação profissional.  

ABSTRACT

 

This article aims to check and analyze how develops the teaching process learning for children who need to participate in an intervention project. Make a pedagogical practices approach adopted in the school district of Alexandrite-MG. The work presents and demonstrates some aspects of the definition and implementation of Pedagogical Intervention for a new organization of the educational system in the context of activities work at this school and presents the design of this proposal held by teachers who act in this intervention. To work the issue exposed in this article, was made a research on pedagogical practices used by teachers with the support of the educational supervisor and the school manager. The results through research made it possible to verify that some pedagogical trends could be different for that are traditional.

Words- Key : Education; Pedagogical practices; legislation

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ANTUNES, C. A memória: como os estudos sobre o funcionamento da mente nos ajudam a melhorá-la: fascículo 9, Petrópolis, RJ: Vozes. 1999.

 

ARROS, Aidil Jesus da Silveira; Lehfeld, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica. 2ª. Ed. São Paulo: Makron Books, 2000.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.

CIASCA, S.M. (org.) Distúrbios de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. SP: Casa do Psicólogo. 2003.

COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. org. Desenvolvimento Psicológico e Educação.Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma. Psicologia na educação. 2ª ed. São Paulo: Cortez,

1994.

DEL PRETTE, A. & Del Prette, Z. A. P. (2013). Programas eficaces de entrenamiento en habilidades sociales basados en metodos vivenciales. Apuntes de Psicologia (Espanha), 2001.

FERNÁNDEZ, A.  A Inteligência Aprisionada. 2.ª ed, Porto Alegre: Artes Médicas.FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1990.

GADOTTI, Moacir. Reinventando Paulo Freire no Século 21. São Paulo: Livraria e Instituto Paulo Freire, 2008.

FAZENDA, I. C. A Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo: Loyola, 1992.

 

GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de Artigos Científicos. São Paulo: Editora Avercamp, 2004.

PÁDUA, E .M.M Metodologia de Pesquisa: abordagem teórico-prática, Campinas :Papirus, 1999.

PILETTI, Claudinho. Didática geral. São Paulo: Ática, 1995.

POLITY, E. Dificuldade de Aprendizagem e Família: Construindo Novas Narrativas. São Paulo; Vetor. 2001.

MALUF, Maria Regina. Atribuição de estados mentais e linguagem: um estudo de intervenção. Psicologia Escolar e Educacional, 2014.

SANTOS, Regina de Fátima Mendes; VALADÃO, Cláudia Regina, e. Família e escola: Visitando seus discursos. (Trabalho de Conclusão d e Curso apresentada a UNESP-França), 1997.

 

SOUZA, M.P.R. Psicologia Escolar: em busca de novos rumos 3ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.



[1]  Aluna concluinte do Curso de Pedagogia da Faculdade Aldete Maria Alves – Iturama-Mg.

2 Mestre em Educação pela Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE (2012). Possui graduação em Pedagogia (1990) e bacharel em Direito (2005) pela Fundação Educacional de Votuporanga, Pós graduação lato Sensu na área da Educação, denominado "O Processo Ensino Aprendizagem: Uma Fundamentação Filosófico-Antropológica e Técnico-Pedagógico"(1993), Psicopedagogia(2001), Psicopedagogia Clínica Complementação (2008), Docência do Ensino Superior(2011). Atua como Professora e Coordenadora do Curso de Pedagogia da Faculdade Aldete Maria Alves e também como Supervisora Escolar da E.M. José Lúcio de Sampaio do Município de União de Minas. Tem experiência como docente na área de Educação e supervisão escolar.