Interpretação.

Por Edjar Dias de Vasconcelos | 30/09/2012 | Poesias

 

 

Interpretação.

 

Sento-me nessa paisagem olho indefinidamente para o infinito.

Talvez não tivesse que olhar, seria razoável apenas pensar.

Mas imagino que devo descobrir  qual o significado da razão.

Teria uma noite toda, seria o tempo suficiente para imaginar.

Como nada disso de certa forma acontece, procuro outras definições.

 

Tento-me entender o silencio das flores, entretanto, percebo apenas.

Um giramento total e tudo solto no ar, até mesmo o meu olhar.

Pergunto-me o que significa o tronco das árvores e as sombras do mar.

Sem ser metafísico entendo, no entanto, a verticalidade do ar e a não transparência  dos vultos.

O que devo dizer de tudo isso, se a noite aproxima, amanha será feriado.

 

Nunca fui um poeta desses racionais e tão menos procuro ser interpretativo.

Interpretar o quê, esse mundo da mais absoluta subjetividade.

Essa ideologia estupidamente figurativa entende o que falo curvadamente.

Profundo  com diversos olhares, todos eles  não fundamentados .   Resta-me sentar sobre algum trilho e olhar desfiguradamente a luz do sol que brilha.

Porque o hidrogênio vai acabar, o universo inteiro congelará.

 

 

O restante do tempo, esperar pela tarde e contemplar o seu obscurantismo.

 Deixar as amarras e silenciosamente vangloriar os intervalos.

Tudo isso aqui é apenas um parcelamento,  indescritível ao segredo.

O qual eu não sei sequer revelar, muito menos entendê-lo.

O que é o mundo a  não ser a fragilidade do fragmento.

Eu mesmo compreendo tão somente o universo vazio e o delírio das representações.

 

O que é o desejo a não ser a intimidade dele mesmo, na perspectiva dos sonhos e das ilusões.

Aquilo que nunca foi não está sendo, não poderá ser, mas existe.

Todos tem medo que um dia poderá ser eliminado, o mundo é essa descrição diária.

Eu não tenho nada mais a dizer, além de fugir dela, como se tudo não fugisse.

 

Além disso, vejo o mundo somente em ti, o vácuo distante além do caos.

Um turbilhão ignorado e um clarão desconhecido, seja lá o que  for,  como posso designar o arcete referencial aos olhos fechados .

Além dos sinais um rasto e a alegria absoluta dos degraus.

Sou referencialmente a minha sombra e a caverna que ela mesma criou.

Mesmo não sendo Platão, o mundo é o silêncio implacável do destino.

 

É dentro dele que procuro imaginar a luz, nada além dessa imaginação.

A noite fria, o vento forte, porque teve que ser tão cruel desse modo.

Uma referencia a distancia, as estrelas perdem seus brilhos, como se tudo fosse natural.

Um ou outro sussurra o grande significado do silêncio, entre as flores perdidas no campo.  

 

Não sei a quem eu devo sonhar, vejo-me subitamente a estampa e a enormidade do desdobramento.

Eis me aqui o renque da estrada pendente,   uma estátua que pensa e a esfinge  de um desbandeirado.

 

Desembrulha-se o status, amanha vão dizer a contemplação, tu fostes iluminada.

A resposta é brilhante, um candeeiro soterrado as pirâmides.

Elas não leem,  não leem e usam aventais.

Quanto a mim como poeta apenas um reprodutor de ideologias.  

Algumas interessantes, outras sem sentido, mas figura se no silencio.

 

Edjar Dias de Vasconcelos.