Inteligência Emocional. A empatia nos mais novos

Por Rute Mendes | 31/10/2017 | Psicologia

Introdução
A emoção é essencial ao longo da nossa vida.
“(…) a um sentimento e aos raciocínios daí derivados, estados psicológicos e biológicos, e o leque de propensões para a ação” (Goleman, 2010, p.310)
A emoção é um sentimento que aparece repentinamente e que provoca diversas transformações fisiológicas que nos leva a ter comportamentos irracionais. Enquanto os sentimentos são mais estáveis, as emoções são mais espontâneas levando-nos a agir por impulso, segundo Goleman. (Goleman, 2010).
“Sem qualquer exceção, homens e mulheres de todas as idades, de todas as culturas, de todos os graus de instrução e de todos os níveis económicos, têm emoções, estão atentos às emoções dos outros, cultivam passatempos que manipulam as suas próprias emoções, e governam as suas vidas, em grande parte pela procura de emoção, a felicidade, e pelo evitar emoções desagradáveis.” (Damásio, 1998, pp.55-56)
Como podemos retirar do excerto anterior, todos nós temos emoções independentemente das características pessoais ou coletivas e é isso que nos distingue dos outros seres humanos.
De acordo com Damásio (1998), as emoções fazem parte da nossa vida e são fundamentais para o nosso dia a dia e para a nossa adaptação na sociedade.
Segundo António Damásio (1998), existem três tipos de emoções. As emoções primárias ou universais que são a alegria, cólera, medo, aversão, surpresa e tristeza. O ciúme, vergonha, culpa e o orgulho fazem parte das emoções secundárias ou também denominadas de emoções sociais. Por último, faz parte das emoções de fundo o bem-estar, mal-estar, calma e a tensão.
A emoções são processos desencadeados por um acontecimento, pessoa, situação, que é objeto de uma avaliação cognitiva nem sempre conscientes. (Monteiro & Ferreira, 2012, p.64)
Como descrito anteriormente, as emoções levam-nos a comportamentos irracionais devido ao seu carácter maioritariamente inconsciente.
Goleman, (Goleman, 2010, p.30), afirma que nós possuímos duas mentes. Uma racional e outra mais emocional. A mente racional “é o modo de compreensão de que temos tipicamente consciência (…) capaz de ponderar e refletir. Já a mente emocional “é muito mais rápida do que a mente racional”. (Goleman, 2010, p.312). Esta é intuitiva e movida por impulsos. A mente emocional dá “o tipo de resposta rápida-e-suja da mente emocional domina-nos praticamente antes que tenhamos tempo de perceber o que se está a passar.”(Goleman, 2010, p.313)
Inteligência emocional
Segundo o site da wikipedia, dedicado à inteligência emocional (“Inteligência emocional,” n.d.), por volta da década de oitenta imperava os estudos sobre o quociente de inteligência. A inteligência era focada essencialmente na parte cognitiva, e os estudos desta estavam predominantemente ligados à vida académica.
Mas a estes estudos faltava a parte emocional, que ajuda a predizer o sucesso que se vai construindo ao longo da vida.
Já Charles Darwin na sua teoria evolucionista referia as emoções como algo importante para a sobrevivência e adaptação.
Gardner, mais tarde, ainda no ritmo dos estudos sobre o QI, destacou a existência não apenas de uma inteligência, mas de inteligência múltiplas. (“Inteligência emocional,” n.d.)
Mas só na década de 90, a emoção passou a ser um tema de maior destaque na intelig ência. Jonh D. Salovey e Peter Mayer, foram os vanguardistas na definição de inteligência emocional. Em 1997, estes autores publicaram o artigo “What is emotional intelligence? (1997), onde a inteligência emocional era definida como:
“The ability to monitor one´s own and other´s feeling and emotions,to descriminate among them, and to use this information to guide one´s thinking and action”(Mayer & Salovey, 1997, p.10)
Segundo este artigo, a primeira definição, dada por estes autores, podemos perceber a ênfase dada na emoção e a sua prevalência no guiar do nosso pensamento.
O problema encontrado nesta primeira noção de inteligência emocional deveu-se ao excessivo relevo dedicado às emoções. Os sentimentos devem fazer parte da definição deste tipo de inteligência e foi uma componente deixada primeiramente de lado.
Posteriormente, em 1997, a definição acima sofreu uma revisão incorporando os conceitos não abordados anteriormente. (Mayer & Salovey, 1997, p.10)
“Emotional intelligence envolves the ability to perceive accurately, apraise, and express emotion; the ability to acess and/or generate feelings when they facilitate thought; the ability to understand emotions to promote emotional and intelectual growth.”(Mayer & Salovey, 1997, p.10)
Em 1995, o livro Inteligência emocional de Daniel Goleman veio popularizar este conceito.
Segundo Goleman (2010), a inteligência emocional é “a capacidade de a pessoa se motivar a si mesma e persistir a despeito das frustrações; de controlar os impulsos e adiar a recompensa; de regular o seu próprio estado de espirito e impedir que o desanimo subjugue a faculdade de pensar; de sentir empatia e esperança.” (Goleman, 2010, p.54)
De acordo com Goleman (2010), a consciência de si mesmo, o autocontrolo, motivação, empatia e as habilidades sociais, são as cinco características inerentes a este conceito.
A empatia, segundo Goleman (2010), é a “habilidade de saber como os outros se sentem (…)”, sendo esta essencial ao longo da nossa vida.” (Goleman, 2010, p.54)
Quem desenvolve esta capacidade, tem maior facilidade em relacionar-se com os outros e manter essas relações saudáveis. Conseguimos perceber o que agrada e desagrada o outro, conseguindo uma vivência mais agradável com as pessoas que estão ao nosso redor. (Mayer, 2001)
A infância é uma fase crucial de aprendizagem e de desenvolvimento de aptidões. É essencial incentivar as crianças a compreender as emoções dos outros, sendo uma componente importantíssima para o resto das suas vidas. (Monteiro & Ferreira, 2012)
É com base nestas ideias que desenvolvemos duas dinâmicas de grupo, para aplicarmos com os mais novos.

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