Inteligência
Por Patricia Devetak Pereira | 27/11/2017 | EducaçãoO conceito de inteligência é definido por Gardner (1995) como a capacidade de aprender. Essa capacidade pode ser inata ou aprendida, e ambas são possíveis de serem estimuladas, motivadas, passíveis de aperfeiçoamento. Sob a ótica de conceitos atitudinais a inteligência é desenvolvida a partir da interação do homem com o meio, desenvolvido no exercício cotidiano do viver. Ao aprender a viver em sociedade, o homem transmite o que sabe o que vivenciou suas experiências e aprendem normas, valores ou conceitos com o meio social que o rodeia e esse exercício rotineiro de compartilhar e adquirir promove conhecimentos.
- Quando falamos de inteligência num todo os conteúdos conceituais surgem através da construção do pensamento, e o aprender a conhecer ocorre quando o homem aprende a discernir o racional (realidade) do emocional (emoções-abstrato), sabemos que podemos classificar as inteligências em : Inteligências Linguísticas; Inteligência Lógico –Matemática ;Inteligência Espacial; Inteligência Musical; Inteligência corporal - cenestésica; Inteligência Interpessoal (característica do professor, por exemplo);Inteligência Intrapessoal. Neste contexto esta dubiedade possibilita novas visões, oportunizando a construção e a descoberta do conhecimento por vias diferenciadas, demonstrando que o conhecimento é múltiplo e incompleto.
No que se refere à Inteligência Intelectual (racional) o homem aprende a construir seus conceitos através do questionamento, da observação. O pensar racional, desenvolve o cognitivo englobando a memória, o raciocínio, o julgamento e a abstração. O uso da razão promove a elaboração de conceitos (QI) desenvolvendo aptidões de forma analítica para solucionar problemas objetivos capazes de desenvolver a ciência. O pensar racional o desenvolvimento da Inteligência Intelectual é fruto de leituras, pesquisas e reflexões.
No que concerne a Inteligência Emocional o desenvolvimento da consciência, da autoconsciência permite o domínio sobre as emoções e sobre a razão, permitindo ao homem tecer estratégias, caminhos, atitudes, que o levem a refletir, pensar e agir sobre um assunto. O pensar emocionalmente antes de agir exige a construção de capacidades intelectuais emocionais. O desenvolvimento da Inteligência Emocional (QE) atribui a capacidade para operar símbolos, imagens, ideias e representações que permitam organizar as realidades e interagir positivamente com a realidade que o cerca. A Inteligência Emocional engloba instintos ou comportamentos adquiridos ao longo da vida onde o domínio do humor, das sensações, das emoções em si propicia a capacidade de auto motivar-se ampliando as portas para um aprendizado constante.
Golemam (1995), em sua teoria, afirma que os homens são dotados de duas mentes, a racional e a emocional. Enfatizando que uma sem a outra não é capaz de estabelecer o equilíbrio. Para que promover o equilíbrio, elas precisam estar sintonizadas em harmonia e devem complementar-se para que o agir seja coerente, tal qual o desenvolvimento/ aprendizado seja consistente.
“Estas duas mentes, a racional e a emocional, funcionam a maior parte das vezes em harmonia perfeita, combinando os seus dois modos diferentes de saber para guiar-nos através do mundo. Normalmente, há um equilíbrio entre as mentes racional e emocional, em que a emoção se alimenta e ao mesmo tempo informa as operações da mente racional, e esta refina e por vezes veta as contribuições da emoção. No entanto, as mentes emocional e racional são faculdades semi-independentes, refletindo cada uma delas o funcionamento de circuitos distintos, mas interligados, no interior do cérebro.” Daniel Goleman, Inteligência emocional”, p.31.
Tendo em consideração as duas mentes e seus modos diferentes de aprender /saber os conteúdos procedimentais ganham um conceito relevante na sociedade contemporânea onde o aprender a fazer se resume ao campo da ação, em saber colocar em prática o conhecimento desenvolvido através da inteligência intelectual e emocional. O aprender a fazer, o saber agir revela o conhecimento e possibilita o desenvolvimento profissional e pessoal do indivíduo em seu meio.
O saber fazer faz a diferença em uma sociedade competitiva e ele se revela através do cognitivo e da construção dos conceitos adquiridos, e no uso da criatividade e na reprodução de conceitos. Para aprender a fazer é preciso antes de tudo de procedimentos corretos, o uso da Inteligência Intelectual e Emocional conjugados, oportunizando-se da motivação do aprender para ação. Associados de forma que o resultado esperado seja proveitoso e atingido pela conciliação de técnicas e estratégias que associem a QI e a QE ao saber fazer.
Afinal o conhecimento não se faz por si só, e todo conhecimento produzido é oriundo de uma base, assim como os conteúdos conceituais ,conteúdos atitudinais, os conteúdos procedimentais, o aprender a conhecer é base do aprender a fazer, aprender a fazer também se torna base para os outros conceitos de aprender a viver em sociedade.
Segundo Goleman ( 1995) a construção da inteligência no indivíduo pressupõe cinco habilidades essenciais para ampliação da base da Inteligência Emocional embora essa base favoreça o desenvolvimento do indivíduo num todo são elas:
- O conhecimento das próprias emoções: Capacidade de reconhecer seus próprios sentimentos.
- Capacidade de controlar as emoções: De grande relevância como base saber controlar suas emoções e utilizá-las de forma positiva.
- Capacidade de motivar-se; Consiste em saber utilizar seu potencial de forma racional aliando o estímulo emocional para atingir objetivos maiores e produtivos.
- Reconhecimento das emoções alheias: Além da capacidade de identificação das emoções alheias, consiste em uma habilidade compreender o outro sem que ele se comunique verbalmente.
- Controle dos relacionamentos: a partir da capacidade de reconhecer emoções alheias essa habilidade propicia o controle e a solução de problemas oriundos de conflitos. Tal qual a capacidade de preveni-los.
Por fim, concluímos que um indivíduo pode desenvolver mais a Inteligência Intelectual e outro a Inteligência Emocional. No entanto, o desenvolvimento de todas as inteligências, não só essas mais todas as formas de Inteligências Múltiplas (Gardner 1995) oportuniza o aprender e a lidar melhor as emoções. Porém, aprender a lidar com as emoções não é simples, uma vez que a razão se sobrepõe no viver humano. O importante é compreender que dentro de um contexto social, o uso da Inteligência Emocional assegura satisfação pessoal e qualidade no relacionamento interpessoal. A Inteligência se constrói ao longo da vida, é potencial, complexa e ampla.
É importante compreender que a inteligência emocional não é o oposto de inteligência ,não é o triunfo do coração sobre a cabeça, é a interseção de ambas...David Caruso
A verdade é que o coração nos diz o que precisa ser feito , mas a razão nos diz o que devemos evitar e nos ajuda a entender. Manter o coração e a razão trabalhando juntos deve ser nossa maior aspiração..
Referências Bibliográficas:
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas – a teoria na prática, Editora Artes Médicas, 1995.
GARDNER, Howard. Inteligências – múltiplas perspectivas, Editora Artes Médicas, 1998.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional – a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente, Editora Objetiva, 1995.
GOLEMAN, Daniel. Trabalhando com a inteligência emocional, Editora Objetiva, 1999.