Integração Lavoura-Pecuária ? Qual É O Mais Preparado?
Por Eleri Hamer | 14/08/2008 | AdmGestão, competitividade, concorrência, escala e outros termos mais, fazem parte do cardápio do dia-a-dia do produtor rural. Muitas críticas têm sido feitas sobre a falta de agilidade e eficiência na adoção de práticas e estratégias de gestão por parte do agropecuarista. Porém, temos que reconhecer a evolução de muitos e por esse e outros aspectos conseguem se manter na atividade e de certa forma crescer num ambiente hostil como a agropecuária.
O processo de mono-atividade que foi implantado principalmente desde o início da década de 70 trouxe muitos benefícios sócio-econômicos, mas também contribuiu para o esgotamento do modelo de produção em si. Dessa forma, não somente do ponto de vista econômico, mas também em virtude da debilidade do processo produtivo baseado nesse padrão, foi necessário que estratégias sistêmicas de produção tornassem a ser discutidas e apresentadas como alternativa.
A grande virtude oferecida pela produção centrada na mono-atividade está na Economia de Escala que denota vantagens econômicas e financeiras a partir do volume de produção. Na prática a escala de produção é usada como diferencial competitivo desde que o ser humano começou a dominar as espécies e recebeu esse nome a partir do momento em que a economia e a administração se tornaram ciência. Isso faz muito tempo.
Porém, se escala de produção fosse suficiente para manter os produtores na atividade, não teríamos tantos grandes pecuaristas ou agricultores ineficientes e em fase de insolvência.Entre algumas estratégias, o destaque vem da integração lavoura-pecuária que tem demonstrado bons resultados em boa parte dos casos.
Neste tema é importante que se destaquem alguns pontos que tangem a substituição do modelo: as monoculturas de um modo geral estão esgotadas, normalmente o agricultor apenas faz agricultura e não aproveita para produzir carne e vice-versa; é óbvio também que não é a salvação da lavoura ou da pecuária e necessita ser encarada como mais uma estratégia para ampliar as possibilidades de manutenção e crescimento na atividade, assim como mercados futuros e muitas outras; por fim, em relação ao mercado, o aumento da demanda por carne de animais produzidos a pasto é amplamente conhecido e o diferencial consiste exatamente na possibilidade do país apresentar condições de atender este mercado.
O sistema apresenta alguns objetivos como preservar ao máximo o solo, recuperar áreas degradadas, reduzir os custos de produção e utilizar de maneira intensiva as áreas durante o ano todo. Mas a maior virtude dentre elas está na economia de escopo. Economia essa que num economês caseiro significa fazer duas coisas juntas melhor do que se fizéssemos cada uma elas separadamente.
Na prática da agropecuária significa conjugar atividades complementares e utilizar-se dos benefícios diretos ou indiretos de cada uma delas para melhorar o desempenho do conjunto. Desse modo, a integração promete trazer vantagens para as atividades envolvidas e ampliar o desempenho empresarial.
Embora tenhamos vários modelos de integração envolvendo diferentes atividades, na percepção de vários especialistas percebe-se que a maior parte das vantagens são econômicas, embora apresente vantagens financeiras de pequena escala a favor da integração-lavoura pecuária, em detrimento da produção isolada de quaisquer delas.
Além de reconhecer que não é a alternativa em si capaz de resolver os problemas, os ganhos da mudança para o sistema de produção dependem dos preços relativos e do risco de produção do gado bovino em relação ao milho e/ou trigo, soja ou mesmo o algodão, dependendo da região é claro.
Por outro lado, pode-se afirmar de um modo geral, que a integração lavoura-pecuária facilita a venda do gado na entressafra a melhores preços, ao mesmo tempo em que melhora a performance da conversão ambiental, reduz o uso de áreas marginais ou degradadas que possuem baixa produtividade, dentre outros benefícios.
Uma pequena análise e algumas questões derradeiras porém, se mantém. Sabe-se que nesse novo modelo há necessidade de incorporação rápida de novas tecnologias e estratégias de gestão haja vista que temos pelo menos duas atividades de forte inserção internacional, e desse modo potencializam necessidades e possibilidades, mas que são desenvolvidas por um mesmo empresário.
Qual é então o perfil mais adaptado a atuar com o novo sistema? O agricultor ou o pecuarista? Qual deles está mais propenso à gestão profissionalizada, às modernas estratégias de mercado, às rápidas novidades da tecnologia e à crescente importância do consumidor e da coordenação da cadeia de produção? Tenho meus motivos para acreditar que a maioria dos pecuaristas sai na desvantagem, mas ainda é cedo para vaticinar.
Boas idéias na semana que se principia e obrigado pela leitura.