INSERÇÃO DA LÍNGUA INGLESA NA FEIRA DE CIÊNCIAS

Por Bruna Carraro de Oliveira | 22/09/2016 | Educação

RESUMO

O trabalho demonstra a importância do projeto de educação científica desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Profª Filomena Quitiba” que é a Feira de Ciências. O objetivo é desenvolver a aprendizagem científica com a inserção da Língua Inglesa. O resumo do trabalho sendo feito a sua tradução passando para o Inglês junto com os alunos em oficinas e obtendo um abstract. Em 2014 participaram duas turmas da oitava série do Ensino Fundamental; do Ensino Médio foram nove turmas do 1º ano, cinco turmas do 2º ano e quatro turmas do 3º ano que permearam por todo o processo do desenvolvimento gerando 89 projetos. Em 2015 foi feito o abstract dos melhores projetos submetidos na feira no sentido de consolidar esta prática pedagógica. O trabalho possibilitou a prática da interdisciplinaridade na Feira de Ciências.

INTRODUÇÃO

Em sintonia com o sistema Nacional de Ensino, o estado do Espírito Santo, através da Secretaria de Educação, elaborou um documento curricular, o Currículo Básico Comum- CBC visando atender às especificidades da região. Dentro de um conceito mais amplo o documento define currículo como: “Conjunto sistematizado de elementos que compõem o processo educativo e a formação humana”.

Visando proporcionar uma educação de qualidade este documento se apoia nos quatro pilares estabelecidos pela UNESCO, por meio da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI, que sustentam, de modo interdependente e integrado o seu conceito de educação de qualidade: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser.

 Não menos importante que os outros, o terceiro pilar  ″Aprender a fazer″ diz:

Aprender a fazer é afirmar que a educação não pode aceitar a imposição de opção entre a teoria e a técnica, o saber e o fazer. As velhas dicotomias do passado devem ceder espaço a uma práxis pedagógica que admita que quem pensa, também executa; que quem executa também pensa (....)

O CBC- ES, também orienta para a qualidade das aprendizagens construídas na escola, que envolve, além de ambientes ricos e dinâmicos para a aprendizagem, estratégias de ensino que possam contribuir intensamente com a formação de sujeitos emancipados, autônomos, críticos e criativos, capazes de saber pensar e aprender e aprender ao longo de suas vidas. Essa aprendizagem perpassa por todo o processo de ler e aprender a ler o mundo, através da leitura da palavra. Como é colocado por Freire dentro do próprio documento em uma leitura complementar, “Ensinar, aprender: leitura do mundo, leitura da palavra” - Paulo Freire:

“[...] Ler é procurar buscar criar a compreensão do lido; daí, entre outros pontos fundamentais, a importância do ensino correto da leitura e da escrita. É que ensinar a ler é engajar-se numa experiência criativa em torno da compreensão. Da compreensão e da comunicação. [...] E a experiência da compreensão será tão mais profunda quanto sejamos nela capazes de associar, jamais dicotomizar, os conceitos emergentes da experiência escolar aos que resultam do mundo da cotidianidade. Um exercício crítico sempre exigido pela leitura e necessariamente pela escuta é o de como nos darmos facilmente à passagem da experiência sensorial que caracteriza a cotidianidade à generalização que se opera na linguagem escolar, e dessa ao concreto tangível. Uma das formas de realizarmos esse exercício consiste na prática que me venho referindo como “leitura da leitura anterior do mundo”, entendendo-se aqui como “leitura do mundo” a “leitura” que precede a leitura da palavra e que perseguindo igualmente a compreensão do objeto se faz no domínio da cotidianidade.”

Em relação à leitura de mundo voltada a Língua Inglesa, temos como exemplo o interesse deles nos games, séries, músicas e até na comunicação. Além de termos algumas palavras em nossa cultura diariamente, tais como: shopping, Milk shake, hambúrguer, download, jeans, outdoor, internet, e muitos outros. E se essas palavras estão sendo utilizadas frequentemente em nossos vocabulários é porque o Inglês está ainda mais próximo do que podíamos imaginar. Então, a partir disso a importância da inclusão da disciplina na Feira de Ciências que é um trabalho maravilhoso e que os alunos têm muito interesse e prazer ao produzir. Além de já estarmos preparando nossos alunos para a vida acadêmica e profissional.

Considerando os aspectos principais expostos pelo CBC, em relação ao ensino da Língua Estrangeira, um dos objetivos é levar o aluno, dentre outras coisas a aprender a usar adequadamente a língua alvo em situações reais de comunicação por meio de atividades que se assemelham ao que acontece na vida fora da sala de aula. As escolhas metodológicas e a escolha de conteúdos devem atender às necessidades e aos interesses desses alunos para crescerem como pessoas em estágio de humanização, ampliando suas visões para com a ciência, a cultura e o mundo do trabalho, onde os múltiplos conhecimentos se apreendem ao longo da vida.

A sinergia entre as áreas de Códigos e Linguagens com a área de Ciências da Natureza possibilitou aos grupos de alunos a fazer a tradução do resumo para o Inglês e Espanhol em oficinas realizadas nas salas de aula pelas professoras das respectivas disciplinas. A quantidade de trabalhos foi muito produtivo, gerando 15 abstracts entre os três anos do Ensino Médio, e 9 resumen, pois, somente, os terceiros anos tem a disciplina de Língua Espanhola. Essa forma de trabalhar a Feira de Ciências trouxe para a comunidade escolar, grandes benefícios de ensino-aprendizagem.

CONCLUSÃO

Finalizo dizendo que é um projeto maravilhoso para todos, incluindo pais, alunos, amigos, parceiros, professores e o corpo escolar por inteiro. É um momento prazeroso de estudo e conhecimento, os alunos ensinam e aprendem ainda mais com os demais colegas e sentem também muito orgulho e vontade de poder passar para outras pessoas o que aprenderam, estudaram e até mesmo criaram com um determinado projeto. É realmente um momento único e enriquecedor. E como um resumo da satisfação, conclui-se com uma parte do Currículo Básico Comum:

“Portanto, ensinar inglês como língua multinacional, como comunicação e interação social, inclui uma mudança na pedagogia tradicionalmente dedicada ao ensino dessa língua. No ensino contemporâneo de língua estrangeira, implica considerar: a) as variedades do inglês no mundo; b) o ensino do inglês para a produção; c) o ensino do inglês para fins específicos.”

Referências

BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO; SECRETARIA DA EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA. A Criação do projeto EDUCOM. Brasília: Ministério da Educação, 2000.

CELANI, M.A.A. As línguas estrangeiras e a ideologia subjacente à organização dos currículos da escola pública. São Paulo: Claritas, 1994, v.1, dezembro.

CHAVES, Eduardo O. C. SETZER, Valdemar W. O uso de computadores em escolas fundamentos e críticas. 1ed. São Paulo: Scipione,1988.

LEFFA, Vilson J. (org.). A interação na Aprendizagem das Línguas. Pelotas: Educat, 2003.

HOLDEN, Susan. O Ensino da Língua Inglesa nos Dias Atuais. São Paulo, Special Book Services Livraria, 2009.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p.262.

Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação e Ensino fundamental : anos iniciais / Secretaria da Educação. – Vitória : SEDU, 2009. 202 p. ; 26 cm. – (Currículo Básico Escola Estadual)