INOVAÇÃO: Como ela é
Por José Chavaglia Neto | 25/08/2010 | EconomiaIntrodução
No mundo dos negócios contemporâneo, em que a inovação tem se apresentado como o fator decisivo para as empresas vencedoras no mercado, têm-se visto várias tentativas de explicação da inovação, algumas por meio de trabalhos científicos sérios e outras de forma sensacionalista. A abordagem deste estudo pode ser considerada uma abordagem alternativa ao que se tem visto, pois ela enfatiza a familiaridade das organizações com as pessoas de uma forma mais geral, em que as aplicações decorrentes da inovação se repetem, só que em escalas diferentes.
1- Como o que acontece com as empresas pode ser visto em menor escala nas pessoas
Pode-se perceber duas coisas em relação à inovação. Primeiro, que algumas pessoas são inovadoras, e segundo, que as outras são apenas seguidoras, sendo que as empresas tendem a se comportar da mesma maneira.
Efetivamente, o homem, em seu processo de evolução como espécie, deparou-se com momentos em que as circunstâncias o levaram a tomar medidas que, por definição, objetivavam quebrar o paradigma existente. Quero dizer, utilizar-se de objetos e processos novos que culminariam, preferencialmente, na substituição do modelo anterior, como, por exemplo, a criação da roda, invenção da energia elétrica, do computador, etc. Este novo modelo de objeto, serviço ou processo - a inovação - tenderia à substituição gradual do modelo existente até então.
Assim, esse fato é comum às pessoas - socialmente - e nas empresas, o mesmo pode ser visto. Aceitando que o homem vive com e para a empresa, pode-se aceitar que o comportamento geral de uma empresa parece com o comportamento individual de uma pessoa. Isso pode ser confirmado pelo conceito de geometria fractal, que significa a repetição de padrões geométricos em escalas diferentes, revelando versões menores de si mesmas (ver Taleb 2009, pp. 321).
Essas unidades produtivas desempenham o papel de propulsoras da inovação - evidentemente, no caso de empresas inovadoras. A inovação, quando gerada e percebida no mercado, toma uma forma singular na questão de expansão e utilização pelas massas de consumidores de determinados segmentos da economia, podendo ela ser considerada a parte maior, e logicamente, as pessoas que trabalham na empresa podem ser a repetição em menor escala dessa mesma empresa inovadora, como ocorre no conceito de geometria fractal.
2- A inovação, a empresa e o papel do inovador
No entanto, este artigo privilegia a observação das inovações geradas a partir do "marco zero", quero dizer, iniciadas por meio da inexistência de regras pré-estabelecidas ou de forma categórica, baseada em padrões aceitos amplamente no mercado. Isso reflete que o portador da capacidade de inovação, e somente se for assim, deverá ele mesmo seja por meio da formação de equipes ou por meio do desenvolvimento de habilidades próprias que lhe permitam transpor a barreira do "existir" e do "ser aceito" pela massa de compradores em potencial. Caso contrário, esta empresa não poderá ser considerada uma empresa inovadora, e todo o conceito explicado acima não pode ser aplicado.
Não se trata só de custo de oportunidade, pois o inovador, sabendo que sua descoberta transformará para sempre o que existia, deve saber lidar com a defesa do status quo por parte das pessoas e empresas avessas a mudanças. De forma geral, a possibilidade de ocorrência de uma mudança derivada ou baseada em uma inovação causa certa resistência nas pessoas.
Porém, o papel do inovador individual ou da empresa inovadora é garantir seu lucro de monopólio de curtíssimo prazo. Esse efeito pode ser representado pelo nível de utilização da inovação, que inicialmente será utilizada por poucos, mas que, no decorrer da expansão do seu uso, atrairá mais e mais consumidores até o momento em que esse número de usuários começará a cair até o ponto de não utilização, ou por uma parcela insignificante de usuários.
Por vezes, considerando o senso comum, a tendência após uma inovação se consolidar no mercado é a de que várias outras empresas venham a copiar a empresa inovadora, participando dos lucros do setor. Por isso, acredita-se que o indivíduo ou empresa que inovam são importantes no início do processo. Porém, tal afirmativa ignora que uma inovação pode acontecer em outras esferas além do produto.
Conclusão
Portanto, levando em consideração o exposto, pode-se concluir que a inovação é um reflexo ou extensão nas empresas do que ocorre com as pessoas e que os benefícios derivados de tal situação são inegáveis.
Bibliografia
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Mcafee, Andrew; Brynjolfsson, Erik (2008). "Diferença Competitiva". Harvard Business Review. Segmento: São Paulo.
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