INFORMAÇÃO EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO

Por KATYA FERNANDES | 08/04/2010 | Educação

RESUMO

Essa pesquisa implica em esclarecer alguns pontos sobre a situação da mídia relacionada e direcionada as crianças enfocando a violência dos centros urbanos, transmitida através da televisão. As ações e reações que possuem as crianças para auto se defenderem ou se identificar com tais personagens que encontram dentro da mídia, envolvendo telejornais, programas de auditório, desenhos animados, filmes em geral. O desenvolvimento da criança dentro dos limites da brincadeira faz de conta, a sua suposta visão do mundo real.

Palavras-chave: Violência; Desenvolvimento; Ação e Reação.

1 INTRODUÇÃO

As crianças, jovens e adultos completamente seduzidos pela mídia. O que as envolve tanto? O que elas podem estar desenvolvendo? Veremos a seguir como é o comportamento da criança com relação ao mundo da qual está exposta, quais reações e ações são estabelecidas por elas mesmas no seu entendimento de cidadã.

O espaço da criança na mídia vai crescendo pouco a pouco, apenas alguns pontos devem ser revistos perante a qualidade das imagens referentes ao comportamento dos personagens de desenhos animados, telejornais, filmes, o simplesmente brincar de faz de conta, a mediação do professor educador. Todas as ações devem ser administradas a procura da evolução do individuo ou grupo a ser trabalhado.

2 MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA NO AMBIENTE DAS CRIANÇAS

Atualmente as pesquisas sugerem que a televisão seja uma maneira de recompensa para crianças que possuem pais cada vez mais ocupados com os empregos, e pouquíssimo tempo para compartilhar com os filhos. Os Centros de Educação Infantil (creches) cada vez mais lotados, a população crescendo, o volume das instituições não aumentam. A maioria das crianças passa mais tempo com a televisão do que na companhia dos pais.

As pesquisas indicam que as crianças suprem sua falta materna com a televisão, ela tornou-se um ponto de referência em organização dentro dos lares; de acordo com a programação as pessoas almoçam, as crianças tomam banho ou dormem. Essa tecnologia televisiva traz muitos benefícios e malefícios; não sendo usada como se deve.

Citando um exemplo plausível, cada programação tem sua classificação por idade, basta pai/mãe ou responsável estabelecer o que a criança deve ou não assistir. As crianças alimentam suas fantasias e sonhos, baseadas na informação que recebem através da televisão e seus programas sendo eles apropriados ou não.

A criança interage juntamente com os personagens da televisão, favorecendo seu desenvolvimento com relação a comportamento/atitude e voluntário/espontâneo.

2.1 A VIOLÊNCIA PROPAGADA

Existe um espaço considerável na mídia direcionado aos acontecimentos violentos; crimes, abusos sexuais, etc, desde os programas de auditório aos filmes em geral e desenhos animados. Possibilitando a coincidência das crianças e adolescentes serem mais agressivos nessa fase de acontecimentos violentos. Considerando o estresse que abrange uma sociedade inteira, essa situação de insegurança constante faz com que as crianças desse meio se ludibriem com a vontade de crescer na vida, sem si quer perguntar se isso seria fácil.

Por mais que sejam acolhidas e bem instruídas, elas possuem suas próprias idéias e argumentos com relação a tudo que vêem, ouvem e lêem. Elas se divertem mais com os desenhos de luta e perseguição do que com bonecos de massinha de modelar que se mexem e contam estórias.

As crianças são alvos fáceis e vulneráveis para a mídia. São apontadas como extremos consumidores das chamadas 'modinhas'.

A mudança de comportamento entre meninos e meninas, nessa questão da violência ou agressividade, observa-se que meninas não são tão afetadas e ainda aprendem a ter outras formas de comportamento. Já os meninos, enfeitiçam-se com a idéia da brincadeira de luta, de polícia e ladrão.

Mostrando assim a tão diversa transformação e formação de meninos e meninas, ambos em desenvolvimento.

2.1.1 A toda ação uma reação

O mesmo acontecimento pode ser visto por várias crianças e inúmeras exercerem diferentes influências de comportamento, ou não. Cada criança possui sua experiência emocional individual, então, partindo desse ponto, cada uma será influenciada de uma maneira diferente. Portanto nos faz deduzir que ao assistir uma cena violenta cada criança terá sua própria identificação se baseada em seus conhecimentos vivenciados.

O desenvolvimento psicológico da criança se dá através de seu grupo de convivência, as pessoas com quem interage. Assim, construindo a zona de desenvolvimento proximal. Nessa parte as crianças imitam ações variadas na base que se tem do seu grupo de convívio com cenas vistas na televisão. Então existe um questionamento a ser feito: será que as crianças imitam personagens espontaneamente, ou se identificam com tal?

Sendo assim, primeiro a criança imita sendo espontânea, logo após limitando-se as suas necessidades ocorre à identificação. A identificação se torna um traço da personalidade da criança. Conforme seu desenvolvimento e novas identificações são formadas a personalidade de cada individuo.

As crianças que já são agressivas têm preferência por personagens agressivos, enquanto as outras se identificam por algumas características de comportamento. O estado emocional que motiva o menino ou a menina à imitação é variada, tanto para a violência quanto para outros comportamentos.

Existe um conflito entre as pessoas quando surge o fato de enfrentar a agressão, necessitando de muita reflexão sobre esse assunto. "A grande maioria dos estudos em todo o mundo relata que os homens são mais atraídos pela violência do que as mulheres."

A mídia tem se mostrado prontamente a cobrir noticias sobre violência em geral, público poderia sim, dar explicações de suas atitudes agressivas através desse motivo justificando-se a cada atitude.

As crianças que vivem um ambientes com argumentos verbais altos e/ou inesperados se apavoram muito mais em frente de um filme com tiros e gemidos dos personagens. Estas com idade entre os 4 anos não possuem controle de suas emoções e ansiedade. Nessa idade a criança possui dificuldade para distinguir a realidade da fantasia. Elas conseguem reconhecer os personagens 'bons' dos personagens 'maus', porém, não sabem qual a intenção de cada qual. Quando têm entre 8 e 9 anos que passam a perceber as verdadeiras intenções dos personagens diversos.

A violência (agressão) se torna grave quando não tratada como algo sério, podendo persistir da infância a vida adulta. Devemos analisar que a maioria das programações preferidas das crianças; os desenhos, a grande maioria ou toda ela, são estrangeiras e todas sem exceção, possui o seu destaque para uma atitude agressiva ou comportamento agressivo.

Indiferentemente de crianças ou adultos, as pessoas imitam personagens da mídia, ou apenas algumas características das quais se identificam, como forma de recompensa; aprendem quais são comportamentos adequados sendo recompensados ou punidos. "As pesquisas relatam que a criança aprende a agressão desde pequena, mas à medida que ela cresce, fica menos vulnerável a esse tipo de aprendizagem."

O comportamento da infância é memorizado e passa a se tornar um elo para a resolução de problemas na vida adulta. Os espectadores que têm o acesso à violência na mídia podem desenvolver o seu comportamento agressivo como somente desenvolver a necessidade de ver mais violência. As crianças que convivem em ambientes violentos ou verbalmente agressivos tendem a ser violentas ou agressivas verbalmente num futuro próximo.

As pessoas num todo que acompanham a violência na televisão, ou em outro meio de comunicação, tendem a desenvolver o medo, tornando-se auto-protetoras, temendo ser uma vítima, aumentando a desconfiança com relação aos outros.

3 EDUCAÇÃO POR MEIO DA MÍDIA

Crianças e adolescentes que assistem aos noticiários referentes às crianças e adolescentes de mesma idade somente são informados sobre a violência, as drogas e os crimes que os menores sofrem ou cometem. Elas desenvolvem um sentimento pessimista com relação à idade em que estão não diferem o que poderá ser amenizado no conteúdo da reportagem ou artigo, mas no sofrimento desse outro individuo de mesma idade.

O envolvimento da criança e mídia para as crianças deve ser claro e objetivo não somente ver e rever o fator violência, mas também o progresso das crianças que venceram essa etapa e crianças que estão passando por ela.

As crianças deveriam ter mais espaços na mídia, programação com informação e diversão na linguagem e expressão da própria criança ou adolescente. A educação pela televisão deve realmente acontecer, pois esse é um meio de comunicação de massa, aberto para todos, deveriam se basear na pedagogia, para as crianças e adolescentes poderem se envolver e desenvolver o cognitivo e o social de modo a aprenderem com as situações.

A mídia tem muito a oferecer, só necessita de uma base plausível para que possa estabelecer o desenvolvimento dos jovens e futuros adultos de amanhã.

3.1 A INFORMAÇÃO ATRAVÉS DO LÚDICO

O dito 'faz de conta' possibilita que a criança desenvolva suas percepções de mundo a partir do seu conhecimento/vivência com as pessoas ao seu redor. Ela faz a representação de diversos personagens aprendendo como resolver ou amenizar situações do seu dia a dia.

As representações de inicio podem parecer simples, mas com o passar do tempo se tornam mais elaboradas por elas, dando espaço a compreensão dos papéis que fazem parte os adultos nas classificações de pais, mães, professores, médicos e outros personagens que se relacionam com a criança. Essa brincadeira entre as crianças faz com que aprendam a lidar com regras e normas, que no momento da brincadeira elas que constroem.

O mediador se encarrega de utilizar desse ponto de partida para futuramente trabalhar as regras e normas da turma, como segue a citação abaixo:

"As crianças evoluem por intermédio de suas próprias brincadeiras e das invenções de brincadeiras feitas por outras crianças e adultos. Nesse processo ampliam gradativamente sua capacidade de visualizar a riqueza do mundo externamente real, e, no plano simbólico procuram entender o mundo dos adultos, pois ainda que com conteúdos diferentes, estas brincadeiras, possuem uma característica comum: a atividade do homem e suas relações sociais e de trabalho."

Nesse jogo real a criança faz identificação do seu ser em diversas situações, no inicio apenas baseada na imaginação, em seguida pelos fatos reais já vividos por ela, sendo assim realizando-se consciente do seu propósito. Analisando ainda que esse jogo desenvolva seu pensamento abstrato.

A criança se supera a cada dia transpondo seu comportamento. Ora ela é criança, ora ela é criança se projetando como adulta, obedecendo e regendo normas e regras. Ela cria uma zona de desenvolvimento proximal entre realidade vivenciada e brinquedo. Seu comportamento a cada etapa se aproxima mais e mais da realidade aprendendo separar o objeto/significado.

Ela, enquanto criança vai além da sua capacidade tornando uma situação que antes era externa, para outra próxima a sua realidade infantil, reconstruindo cada passo.

A mediação professor/aluno deve partir de um processo de aprendizagem ditado pela própria criança, cabe ao professor estabelecer os critérios para os avanços futuros intervindo com o propósito de ensina/estimular o progresso.

Todas as brincadeiras, sem exceção, devem ser direcionadas ao desenvolvimento da criança, seja ele cognitivo ou social, não apenas um passatempo e/ou diversão. O adulto mediador precisa ter a percepção do conhecimento que a criança traz consigo, podendo assim fazê-la evoluir partindo desses conhecimentos para o novo, no que diz respeito ao mundo físico, social ou afetivo; "é necessário que a escola possibilite o espaço, o tempo e um educador que seja o elemento mediador das interações das crianças com os objetos de conhecimento".

3.2 O DESENVOLVIMENTO INFANTIL ATRAVÉS DOS FILMES

O filme escolhido antes de mais nada deve ser interessante com uma estória que possa ser trabalhada em diversos pontos no desenvolvimento da criança, tanto em sua própria identidade como cidadã na sua percepção de mundo; que possua tópicos que possam trabalhar valores que são muito importantes para a vida em sociedade.

3.2.1 Mediação em meio aos filmes assistidos

A perspectiva dos filmes aos olhares das crianças é tão somente a sedução pela história inicialmente. A mediação deve ser envolvedora, instigando o interesse de todas as crianças. Quando um colega coloca suas idéias com relação ao filme, outro expõe, e assim todos interagindo entre si. Como já citado nos textos anteriores as crianças possuem suas interpretações individuais, cada qual com a sua, possibilitando uma a uma a encaixar uma idéia a outra, formando um entendimento e esclarecimento maior. A partir disso "a criança constrói sua experiência de significação".

4 CONCLUSÃO

As pessoas deixam-se levar pela mordomia do lar, quando seria somente necessário o aconchego do ambiente. Todos os adultos esgotaram seu tempo com trabalho e pouco lazer em família. Pouco contato com as crianças, leva a futuros adultos a serem reprimidos pela sua vasta infância não aproveitada de maneira apropriada. Os valores familiares que antigamente eram passados de pai para filho, a escola que acaba tendo que exercer esse papel. Na falta de instituições de educação infantil e sua vagas totalmente preenchidas cabe um espaço na televisão dedicada ou não, as crianças.

O mero prazer de assistirem aos desenhos, não nos faz perceber para todo tipo de atividade que a criança faça deve-se sempre existir um adulto por perto para acolher melhor a criança em questão.

O maravilhoso mundo infantil que poucos conhecem, deveriam ser valorizados, visando a saúde emocional das crianças com base nessa seção de violência por toda a parte diariamente. Envolver o lúdico em situações importantes para o desenvolvimento da criança, nos proporciona a chance de mudar todo esse contexto, viabilizando o bem estar das mesmas e possibilitando um caminho diferente das que estamos acostumados a vivenciar pela televisão referentes a abusos da infância, tanto nos crimes quanto no tráfico em geral que a muito nossos noticiários nos alertam.

5 REFERÊNCIAS

BORGES, M.A.F. Interfaces da violência televisiva no processo de socialização da criança: agressividade. Disponível em:

http://www.unimontes.br/unimontescientifica/revistas/Anexos/artigos/revistas_v5_n2/13_artigos_interfaces> Acesso 27 de janeiro de 2007.

FANTIN, M. No ar: crianças, cinema e mídia-educação. Disponível em:

<http://www.educamidia.unb.br/03-noar/crian%E7as-cine-m%EDdia-educa%E7%E3o.dwt>. Acesso em 27 de janeiro de 2007.