INFLUÊNCIA DE DESENHOS ANIMADOS VIOLENTOS NO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR
Por Aimara Celi Souza da Silva | 22/06/2011 | Psicologia1.0 Apresentação
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia e com a proposta de interdisciplinaridade prevista no projeto pedagógico do curso de Psicologia das Faculdades Jorge Amado, os professores do 2º semestre de curso de Psicologia do semestre letivo 2007.1 responsáveis pelas disciplinas Fundamentos Filosóficos e Epistemológicos da Psicologia, Teorias da Aprendizagem, Psicologia Experimental, Teorias do Desenvolvimento, Neurociências I e Estatística Aplicada à Psicologia, elaboraram a proposta do trabalho interdisciplinar que consiste na elaboração de um relatório teórico-prático, identificando em contextos diversos o processo de aprendizagem na criança. O trabalho deverá abordar conteúdos específicos de cada uma das disciplinas, em uma articulação interdisciplinar que permita explorar o tema proposto. A nossa equipe abordou um assunto que envolve a maioria das crianças no Brasil hoje, independente de classe social: como o desenho animado pode interferir no comportamento e na assimilação do conhecimento por parte das crianças, como ele pode estar servido de forma positiva ou negativa no dia-dia em sala de aula, como a violência apresentadas nestes desenhos podem modificar a assimilação de repertórios no seu cotidiano e na sua escola., tendo em mão os resultados escolares como uma forma de avaliar esse tipo de influência.
As respostas obtidas podem nos mostrar caminhos para entender como esse processo interfere na aprendizagem da criança e como pode ser entendido de forma clara os efeitos da exposição destas crianças a um instrumento de entretenimento que é difundido e exibido massivamente, que é o desenho animado.
2.0 Objetivo
2.1 ? Objetivo geral
Refletir se os desenhos animados violentos interferem no desempenho escolar de crianças.
2.2 ? Objetivos específicos
? Observar dos alunos em sua rotina escolar, desde o início até o fim do seu turno de aulas, incluindo o intervalo para recreio.
? Observar os comportamentos emitidos durante esse espaço de tempo na escola
? Analisar o histórico escolar dos alunos e identificar as mais agressivas e mais inquietas
? Aplicar um questionário
? Identificar o desenho animado mais assistido
? Aplicar o desenho animado assistido
? Verificar quais comportamentos emitidos durante e após a execução do desenho escolhido
? Comparar as notas dos alunos "agressivos" com as notas dos alunos "quietos"
3.0 Justificativa
A televisão é algo que desde que foi criada, tornou-se um dos principais meios de informação e diversão do homem, e o número de pessoas que começaram a adquiri-la passou aumentar de acordo com os anos e em pleno o século XXI este aparelho é tido como um bem comum à boa parte da população. Para as crianças, a televisão serviu como uma boa fonte de diversão e aprendizado. Tendo visto o fascínio que ela cria, os pais pelo pouco tempo que possuíam para acompanhar e cuidar dos filhos começaram a usar a televisão como um instrumento de controle das crianças, onde para evitar que elas se exponham aos riscos que a rua pode dispor, usam-na para mantê-las em casa. Essa maior exposição da criança a televisão e aos desenhos animados fizeram (e fazem) com que parte do repertório seja adquiro por desenhos animados. O uso desse conhecimento adquirido vai mudar de acordo com o ambiente que a criança vive e esse ambiente vai regular o comportamento da criança sendo fundamental no desenvolvimento da criança. E esta nessa relação entre desenho animado e ambiente que habita nosso trabalho, colocando um enfoque particular nos desenhos que exploram a violência entre seus personagens, de forma mais específica. Sendo que a violência é uma das forma com que a criança demonstra seu envolvimento com o desenho e extravasa o comportamento aprendido , através de atividades simples no seu contexto social.
4.0 Fundamentação Teórica
Animação é a arte ou técnica, em cinema, de fazer com que os desenhos ou bonecos adquira movimentos na tela, como na ação real (cinema de animação, desenho animado). (LUFT, 2000, p. 66). Violência é 1. a qualidade ou ação de violento. 2. constrangimento físico ou moral. (LUFT, 2000, p. 675). Logo a animação violenta ou o desenho animado violento é aquela animação que apresenta uma série de comportamentos que levariam a um constrangimento físico como socos e chutes, e constrangimento moral como insultos, provocações e palavrões.
A Teoria Social Cognitiva de Albert Bandura afirma não ser necessário receber sempre um reforço para se aprender algo. A aprendizagem, segundo esse teórico, ocorre também por meio do reforço vicário que seria o aprendizado mediante a observação tanto dos comportamentos das outras pessoas como das suas conseqüências. Com isso tem-se um processo de aprendizagem fundamentado na observação de "modelos" dado através do comportamento de outras pessoas e tomadas para si como comportamento padrão. (Schultz e Schultz, 2006, p. 305 e 306)
Schultz e Schultz (2006, p. 306) trazem também que a tendência do indivíduo é modelar o próprio comportamento com base nas pessoas do mesmo sexo e idade, ou seja, nos semelhantes que conseguiriam resolver os problemas simulares aos nossos. Há uma propensão também de se deixar impressionar por modelos de prestígio e status superiores ao nosso. O tipo de comportamento envolvido afeta a amplitude de imitação. A tendência é de imitar mais ou comportamentos simples do que os extremamente complexos. A hostilidade e a agressividade tender a ser muito imitadas, principalmente pelas crianças (Bandura, 1986). Assim, o que se vê na vida real ou na mídia, muitas vezes, determina o nosso comportamento.
Albert Bandura, junto com outros cientistas, tem demonstrado que a observação de cenas violentas aumenta a probabilidade de que a criança tenha um comportamento agressivo no período imediatamente posterior ao programa de televisão (BRAZELTON, 1995, p. 465)
Um princípio básico da aprendizagem social é a distinção entre a aprendizagem (aquisição de conhecimento) e o comportamento (execução observável desse conhecimento). Pode dar-se o caso de não haver fatores internos e/ou externos que nos impelem a não agir da forma que sabemos. Contudo, há 4 elementos na aprendizagem por observação:
? Atenção. Existe uma seleção àquilo que prestamos atenção, o que é crucial para se aprender por observação. Essa seleção é feita em função das características do modelo (estatuto/prestígio, competência, valência afetiva), do observador e da atividade em si.
? Retenção. A informação observada é codificada, traduzida e armazenada no nosso cérebro, com uma organização em padrões, em forma de imagens e construções verbais. Deve possuir o que se designa por prática coberta (ser capaz da repetição imagética ou proposicional de procedimentos que observou ou de regras) e do que se designa de prática comportamental (ser capaz da execução repetida e sistemática dos procedimentos que observou.)
? Reprodução. Consiste em traduzir as concepções simbólicas do comportamento armazenado na memória nas ações correspondentes. Pode haver dificuldades na tradução (ex.: inabilidades físicas) e por isso, deve-se facilitar a execução correta, quando se está a se ensinar alguém.
? Motivação e Interesses. Bandura defende que a aquisição é um processo diferente de execução. Então para que um determinado comportamento aprendido seja executado, deve-se estar motivado para fazê-lo, o que pode ser alcançado através de incentivos. Experiências demonstram que um modelo de comportamento recompensado tem mais probabilidades de ser imitado pelos observadores do que um modelo cujas conseqüências não eram recompensadoras ou mesmo penalizadas.
A experiência social da criança se constrói através do processo de imitação, as ações quando repetidas, acumulam-se umas sobre outras resultando num princípio definido de atividade. Na medida em que a criança se torna mais experiente, adquire um número cada vez maior de modelos compreendidos por ela. Esses modelos constituem um plano preliminar para vários tipos possíveis de ação a se realizarem no futuro. (VYGOTSKY, 1994, p.29).
Com todo este panorama, quem resulta mais afetada é a criança que ainda em processo de desenvolvimento e socialização, constitui um individuo cujas características vão sendo formadas a partir da constante interação com o meio ? entendido este como mundo físico e social. (REGO, 1999, p. 94).
5. Metodologia:
5.1 Participantes: Alunos, professores e diretora da Escola municipal Henriqueta Machado, localizada no bairro de Massaranduba, Salvador/BA
5.1.1 Critério de Inclusão: Estudantes entre 6 e 9 anos, de ambos os sexos que fazem a CEB 2 do ensino fundamental.
5.1.2 Critério de Exclusão: As crianças com aparente comportamento mais acomodado; com deficiência mental; que não trouxeram o termo de consentimento endereçado aos pais.
5.2 Instrumentos: Termo de consentimento; Oficio de autorização para estudo; Questionários de pesquisa que avaliavam quais desenhos eram mais assistidos (preferências) pelos alunos; A freqüência com que as crianças assistiam a estes desenhos; Entrevistas com a professora, a coordenadora e diretora responsáveis pelas crianças avaliadas; Desenho animado Dragon ball z.
5.3 Procedimentos: Observação do comportamento dos alunos dentro e fora do horário de aula, no intervalo (na sala e no pátio), durante a entrega da merenda, no momento da exibição do filme e na liberação dos alunos para casa.
5.4 Tratamentos estatísticos: Foi utilizado distribuição de freqüência para trabalhar os dados colhidos na escola. Onde foi retirada a Moda, Mediana
6.0 Resultados
6.1 Tabelas
Notas do 1º Bimestre dos alunos agressivos
Notas fi Fi xi fi.xi xi-
(x- )²
xi )².fi
1|2 5 5 1,5 7,5 -5,2 -27 -135
2|3 0 5 2,5 0 -4,2 -17,64 0
3|4 0 5 3,5 0 -3,2 -10,24 0
4|5 2 7 4,5 9 -2,2 -4,84 -9,68
5|6 3 10 5,5 16,5 -1,2 -1,44 -4,32
6|7 7 17 6,5 45,5 -0,2 -0,04 -0,28
7|8 4 21 7,5 30 0,8 0,64 2,56
8|9 6 27 8,5 51 1,8 3,24 19,44
9|10 6 33 9,5 57 2,8 7,84 47
10|11 1 34 10,5 10,5 3,8 14,44 14,44
h=1 fi=34 fi.xi=227 =-65,84
Notas do1º Bimestre dos alunos quietos
Notas fi Fi xi fi.xi xi-
(x- )²
xi )².fi
1|2 0 0 1,5 0 -5 -25 0
2|3 3 3 2,5 7,5 -4 -16 -48
3|4 2 5 3,5 7 -3 -9 -18
4|5 4 9 4,5 18 -2 -4 -16
5|6 0 9 5,5 0 -1 -1 0
6|7 0 9 6,5 0 0 0 0
7|8 0 9 7,5 0 1 1 0
8|9 2 11 8,5 17 2 4 8
9|10 6 17 9,5 57 3 9 54
10|11 1 18 10,5 10,5 4 16 16
h=1 fi=18 fi.xi=117 =-4 b
6.2 Gráfico dos alunos agressivos
6.3 Gráfico dos alunos quietos
6.4 Gráfico da média
6.5 Gráfico da mediana
9.0 ? Referências Bibliográficas
[1] SCHULTZ, D. e SCHULTZ, S. História da psicologia moderna. São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006
[2] REGO, T. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995
[3] VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2004