INFLUENCIA DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS SAZONAIS NA SAUDE HUMANA: UM OLHAR PARA O QUADRO EPIDEMIOLÓGICO DA MALÁRIA.

Por António Eduardo Chiloia | 10/01/2018 | Saúde

Autor: António Eduardo Chiloia

Huambo, 2017

Resumo

Este documento espelha a importância do estudo sobre alterações climáticas e sua relação com a saúde humana, realçando a incidência e proliferação da Malária. Em função da realidade objectiva do nosso país, que se tem debatido com fortes eventos relacionados a proliferação de vectores para a Malária e um quadro epidemiológico elevado, causando altas taxa de morbidade e mortalidade, por isso levantamos o seguinte problema científico: Que impactos têm as alterações climáticas sazonais na proliferação de patologias vectorias que atentam a saúde humana?  Tem como objectivo Descrever os impactos das alterações climáticas sazonais na proliferação de patologias vectorias que atentam a saúde humana. O mesmo foi redigido com base a uma Revisão bibliográfica com pesquisa do tipo Descritiva, bem como o uso de métodos empiricos, o que permitiu fazer uma análise e síntese de diferentes conteúdos afins, para perceber a evolução desta componente e sua importância no para a saúde humana. O trabalho está estruturado no seguinte: Introdução, Desenvolvimento e Conclusões.

Palavras-chave: Alterações climáticas; Doenças vectorias; Malária.

Introdução

O mundo actual está a ser alvo de diversos factores que levam a alterações a nível do clima de maneira local ou de maneira global, em que muitos destes factores são evidentemente provocados por acção antrópica, relacionando-se principalmente com o desenvolvimento das sociedades e aumento da densidade populacional a nível do mundo. Decerto que estas alterações acabam também por ter um grande impacto a saúde humana, levando a diversas enfermidades de maneira directa ou indirecta. Estas alterações afectam o desenvolvimento económico, os ecossistemas, a produção de alimentos, água e a agricultura, (Bernaddi, 2008).

De acordo a Menne(2008), as alterações climáticas têm efeitos adversos sobre a Saúde das populações, levando-as a debilidades na circulação do ar puro para os processos respiratórios, na qualidade da agua, de alimentação diversificada e em quantidade suficiente, e de habitação/abrigo. Essas alterações são uma preocupação global porque os seus efeitos adversos têm implicações em todo o mundo. Não obstante alguns continentes como Europa, America ou Asia, em que há um elevado desenvolvimento social, os impactos dessas alterações para a saúde humana são de incidência menor em relação a outras regiões, tendo em vista diversas medidas de mitigação ou adaptação face a uma característica do clima. Contudo, as consequências mais severas das mudanças climáticas, de acordo a St. Louis & Hess, (2008), irão ocorrer em países mais pobres, constituindo, assim, um nítido paradoxo, quando se toma em consideração a contribuição dos mesmos na génese das mudanças climáticas.

Nas regiões do Sudeste asiático e do Pacífico ocidental as alterações climáticas foram as que mais contribuíram para o número total de mortes relacionadas com o ambiente em 2012, com um total de 7,3 milhões de mortos, sendo que a Europa, com 1,4 milhões de mortes; o Mediterrâneo oriental, com 854 mil mortes; e as Américas, com 847 mil óbitos anuais. E a Africa com cerca de 2,2 milhões de mortos, revela a Organização Mundial de Saúde, (OMS, 2013). Estes dados revelam claramente que em África os resultados dessas alterações sobre a saúde humana têm sido cada vez maiores, comparando a outras regiões, associados a diversos factores, que são resumidos em dois principais: a deficiência dos serviços de saúde e a escassez de recursos; são apenas dois factores identificados como contribuintes para a gravidade do problema nos países mais pobres em África, principalmente na região subsariana, (Cambell-Lendrum & Corvalán, 2007).

Angola, como país da África subsariana, não foge a realidade, pois são cada vez mais evidente estes efeitos. As nossas instituições hospitalares registam diariamente números elevados de casos de patologias que derivam das condições do clima e suas alterações. Diversas alterações climáticas ou flutuações sazonais no nosso clima têm levado de certa forma a proliferação de diversas patologias, principalmente as vectoriais. As flutuacoes climaticas sazonais produzem um efeito na dinamica das doencas vectoriais como, por exemplo, a maior incidencia da dengue no verao e da malaria durante o periodo de estiagem. Os eventos extremos introduzem consideravel flutuacao que podem afetar a dinamica das doencas de veiculação hidrica, como a leptospirose, as hepatites virais, as doenças diarreicas, (Ebi, 2006).

De acordo as palavras do autor, a nossa realidade local do Huambo, revê-se também actualmente nessa perspectiva, pois tem sido cada vez mais frequente a incidência de casos dessas doenças relacionadas principalmente com as flutuações verificadas no clima local, como escassez anormal de chuva em algum período não comum, elevação da temperatura,  e de maneira contrária em outro período algum excesso de chuva, o que tem levado a proliferação de vectores patológicos, essencialmente para a Malaria e a Dengue, facto que tem vitimado muitos pacientes em diversas comunidades locais, sendo crescente o numero de óbitos, o que deixa-nos deveras preocupados.

Por via disto, foi possível chegar a temática deste trabalho, que consideramos ser de extrema importância, tendo em vista o estado actual da província e do pais em geral, face ao índice elevado de mortes por consequência de patologias resultantes essencialmente de flutuações climáticas sazonais proliferativas de vectores, principalmente para a Malária.

A prática tem-nos mostrado que sempre no princípio da época chuvosa, acabam por ser elevados os índices de incidência de casos de Malária a nível da província, principalmente quando há diversas flutuações entre a época seca e a chuvosa e algum aumento de temperatura, sendo que muitos pacientes acabam por não resistir, o que nos permitiu levantar o seguinte problema cientifico: Que impacto têm as alterações climáticas sazonais na proliferação de patologias vectorias que atentam a saúde humana?   

Objectivo geral

Descrever os impactos das alterações climáticas sazonais na proliferação de patologias vectorias que atentam a saúde humana.

Objectivos específicos

  • Fundamentar teoricamente os pressupostos que sustentam o tema, pela contextualização bibliográfica.
  • Identificar as principais alterações climáticas que influem sobre a proliferação de vectores patológicos para a Malária.  
  • Referir medidas de mitigação e adaptação face as alterações climáticas, e a consequente proliferação de agentes de patologias vectoriais de maneira geral.
  • :

Para concepção deste artigo, fez-se uma pesquisa do tipo Descritiva, que permitiu perceber a evolução desta componente e sua importância para a saúde humana.

Para o efeito recorreu-se a diferentes métodos, mormente métodos teóricos de Revisão Bibliográfica, bem como métodos empíricos, o que permitiu fazer uma análise e síntese de diversos conteúdos de bibliografias que descrevem o impacto das alterações climáticas sazonais na proliferação de agentes de patologias vectoriais e sua influência para a saúde humana, em realce a Malária.

Conclusões

  • A fundamentação teórica mostrou que os fenómenos de alterações climáticas são actualmente evidentes em todo o mundo, havendo tendências de se agravar no futuro, e que maior parte desses eventos estão relacionados com a emissão de gases de efeito estufa.
  • Nesta perspectiva, verifica-se que existe uma estreita relação entre tais alterações e a saúde pública. Daí a responsabilidade de maneira especial deste sector em reflectir sobre questões ambientais para ajudar a combater e/ou prevenir diversas patologias, em realce a Malária, pela influencia que tem alguns factores climatéricos na proliferação de vectores e sua incidência patológica.
  • Não obstante o impacto negativo que tem a incidência de Malária e quadro epidemiológico alarmante em nosso pais, ela pode ainda ser combatida pelo uso de diferentes meios e métodos, passando principalmente por educação ambiental e medidas de adaptação ou mitigação face as alterações climáticas.

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[1] Gases de Efeito Estufa

[2] Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral

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