INFLAÇÃO: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Por Larissa Gonçalves Albano | 18/09/2017 | Adm

  1. INTRODUÇÃO

 

A inflação, um dos índices econômicos mais polêmicos em todo o mundo, tem sua origem na economia de mercado. Está diretamente relacionada ao poder de compra do consumidor e do Estado em controlá-la. No atual cenário econômico nacional, onde a economia se encontra fraca e estagnada, os atuais índices inflacionários medidos pelos institutos oficiais demonstram que vivemos um período em que ela está tendo um efeito devastador.

Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo aprofundado sobre a inflação na economia brasileira, como ela chegou ao índice que está hoje, o valor justo e valor presente dos produtos, os efeitos provocados pelo descontrole dos altos índices inflacionários, ações governamentais adotadas para controlar a inflação, as ações tomadas por empreendedores para que ela não atingisse tanto seus negócios e meios de tributações adotadas pelo governo.

A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, enriquecida por um estudo de caso com análises direcionadas nos acontecimentos do desenvolvimento econômico brasileiro no primeiro semestre do ano de 2015, buscando-se relacionar matérias lecionadas no quarto período de Ciências Contábeis.

  1. INFLAÇÃO NO BRASIL

 

Inflação é um fenômeno em que a maioria dos preços vai sendo reajustada com uma frequência mensal. Neste sentido é uma remarcação de preço generalizada – que pode ser pequena ou pode ser grande, por algum tipo de acidente, para algum tipo específico de produto. SILBER (2015).

Este autor indica que o último índice oficial de inflação divulgado mostrou que difusão do IPCA foi de 64%, o que significa que, dos preços pesquisados, 64% tiveram algum tipo de reajuste para cima. Este processo pode ser verificado no seguinte exemplo hipotético, uma cesta de produtos custa R$ 150,00 reais em março e passa a ser vendida por R$ 225,00 reais em abril, neste caso houve uma inflação de 50% no mês.

Segundo CARMO (2015), a inflação ocorre quando há expansão da demanda em ritmo mais forte que a expansão da oferta. Ou seja, a oferta agregada não acompanha a demanda e a demanda tem um componente que é o lado monetário. O principal fator é oferta de moeda, quando é preciso injetar mais moeda na economia que o necessário para o processo econômico. Esse aumento pode ser motivado por uma série de fatores.

CARMO, afirma que:

Conflito distributivo – trabalhadores querem ganhar mais e empresários querem manter lucro. Pode ter um problema ligado a choque de oferta, que acaba sendo acomodado com oferta de moeda. Em nível macroeconômico, pode estar associada à expansão dos gastos no setor público. (CARMO, Heron. 2015).

Nesta perspectiva, o choque da oferta e procura acaba por afetar o valor da moeda obrigando o governo a emitir mais papel moeda, o que pode gerar um ciclo inflacionário, que pode ser medido por determinados índices estabelecidos para este fim.

O Brasil possui vários índices que medem a inflação, os principais estão descritos a seguir:

  • IGPM ou Índice Geral de Preços calculado pela Fundação Getúlio Vargas; Criado a pedido da Federação dos Bancos com uma cláusula que impede sua modificação pelo governo e tinha como função, servir de corretor de contratos bancários aplicáveis já no dia 30 do mês em curso.
  • IPC ou Índice de Preços Ao Consumidor medido pela FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas; este índice considera o consumo de famílias com renda até 33 salários mínimos que vivem no Rio de Janeiro e em São Paulo.
  • INPC ou Índice Nacional de Preços ao Consumidor medido pelo IBGE; efetua a produção contínua e sistemática de índices de preços ao consumidor tendo como unidades de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e condomínio). A população-objetivo do INPC abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 (hum) e 5 (cinco) salários-mínimos.
  • IPCA ou Índice de Preços ao Consumidor Amplo, calculado pelo IBGE. O IPCA, de maior abrangência, pesquisa famílias com renda de até 40 salários mínimos em pelo menos 10 grandes capitais brasileiras.
  • ICV, calculado pelo DIEESE, considera apenas os preços de alimentação, transporte, saúde e habitação, praticados na cidade de São Paulo.

A inflação alta é prejudicial para a economia de um país. Quando alta ou fora de controle, pode gerar diversos problemas e distorções econômicas. Taxas de inflação altas são aquelas que ficam acima de 6% ao ano, o caso do Brasil que atualmente, no acumulado nos 12 últimos meses, medido no mês de agosto de 2015, segundo a Fundação Getúlio Vargas (2015) foi de 9,52%.

Hiperinflação

Segundo BARBOSA E SALUM (2002), a hiperinflação é explicada através de dois tipos de hipóteses. No primeiro, estão aquelas que atribuem a origem da hiperinflação a bolhas. O segundo grupo identifica nos fundamentos da economia as causas do aumento explosivo da taxa de inflação.

A perspectiva das bolhas é limitada, devido basear-se na instabilidade da dinâmica do sistema econômico. A hipótese econômica supõe que o déficit público a ser financiado por moeda é maior do que o valor máximo do imposto inflacionário que a economia é capaz de arrecadar dos agentes que demandam a moeda. Para BARBOSA E SALUM (2002)

Ambos os modelos são insatisfatórios, pois o mecanismo de expectativas adaptativas produz erros sistemáticos de previsão, e o ajustamento parcial no mercado monetário é uma hipótese casuística e não tem nenhuma fundamentação teórica. Ademais, estes modelos supõem uma combinação particular de valores para os parâmetros para que exista uma trajetória de hiperinflação. (BARBOSA E SALUM. 2002. p. 518).

Na perspectiva de BARBOSA E SALUM (2002), a hiperinflação deve-se, basicamente, ao fato de que a restrição intertemporal do governo não é satisfeita, porque é impossível financiar o déficit público de maneira permanente através da emissão de moeda.

No caso Brasileiro atualmente não se evidencia tal configuração. Entretanto é importante destacar que este cenário de hiperinflação existiu durante vários períodos da história brasileira, tendo alcançado a estabilidade econômica a partir da implementação do plano real em 1994.

A situação inflacionária, na sociedade de consumo, ao atingir níveis que desestabilizam os setores econômicos, sociais e inclusive políticos, Segundo Singer (1988), provocam conflitos distributivos, os quais resultam em alterações, como

a abertura de barganha coletiva, o aumento de necessidades devido à aparição de novos bens e serviços no mercado, a perda de rendimento real devido à inflação, o reconhecimento de oportunidades para investimento lucrativo etc. Numa economia estagnada com preços estáveis, tais alterações não são frequentes, de modo que a probabilidade de conflitos distributivos é pequena. (Singer, Paul. 1988, p. 87).

Nessa conjuntura, considerando o histórico inflacionário brasileiro, os índices atuais representam um aumento considerável da inflação, que, consoante, com Singer (1988), tendem a provocar alterações com reflexos na vida social, política e econômica dos sujeitos, a partir de demandas de empregabilidade (ou ausência deste), nas urnas e na diminuição das arrecadações governamentais e produtividade e lucratividade das empresas.

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