Indisciplina e os prejuízos para a criança no processo de aprendizagem

Por Raquel Rocha Drews Valadares | 13/09/2023 | Educação

Indisciplina e os prejuízos para a criança no processo de aprendizagem

Danyelli Baptista da Silva [1] 

Ilma Alves de Oliveira [2]

Jucelma Lima Pereira Fernandes [3]

Marisalva Alves da Silva [4]

Lucimara José Pereira de Souza Silva [5]

Raquel Rocha Drews Valadares [6]

         A indisciplina é um desafio enfrentado por educadores, pais e crianças em ambientes educacionais. Quando não é devidamente abordada, a indisciplina pode ter sérios impactos no processo de aprendizagem e no desenvolvimento da criança. Neste artigo, exploraremos os efeitos da indisciplina na educação infantil, destacando como essa questão pode comprometer o crescimento acadêmico, emocional e social das crianças. A indisciplina não afeta apenas os alunos que estão envolvidos diretamente em comportamentos problemáticos, mas também prejudica o aprendizado de toda a classe. Professores precisam gastar tempo e energia consideráveis lidando com interrupções e disciplinando os alunos indisciplinados, o que pode reduzir o tempo disponível para instrução eficaz. Isso pode levar a uma diminuição na qualidade do ensino e na cobertura de conteúdo, afetando o progresso acadêmico de todos os alunos.

A escola não é apenas um lugar para adquirir conhecimento acadêmico, mas também para desenvolver habilidades sociais e emocionais. A indisciplina pode prejudicar esse desenvolvimento, pois cria um ambiente em que as interações sociais são perturbadas e frequentemente negativas. As crianças podem não ter a oportunidade de praticar a empatia, a cooperação e a comunicação eficaz quando o ambiente está permeado por comportamentos indisciplinados. Crianças que enfrentam uma atmosfera escolar indisciplinada podem perder a motivação para participar ativamente das aulas e se envolver no aprendizado. Sentir que a sala de aula é um ambiente caótico ou hostil pode levar à desmotivação, o que pode ter um impacto duradouro na disposição de uma criança para se envolver no processo educacional. Além disso, a indisciplina pode prejudicar a autoestima das crianças, especialmente daquelas que são alvo de intimidação ou zombaria. O sentimento de ser constantemente julgado ou excluído pode causar danos emocionais significativos e afetar a confiança da criança em suas próprias habilidades. Assim, Gikovate (2001, p.41) enfatiza o papel da instituição de ensino considerando que:

[...] uma escola que queira estabelecer e fazer cumprir limites e formar positivamente atitudes frente a eles deve se guiar por regras claras, nas quais estão definidos os papéis de cada elemento da cadeia educacional e fazer a sua parte antes de cobrar a dos alunos; deve transmitir honestidade e firmeza de posições. Isso não significa que tal assunto se refira somente à questão dos limites. O mesmo se aplica para a transmissão de valores e a formação moral. Se os jovens perceberem fragilidade e falta de rigor por parte dos dirigentes da instituição escolar em que estudam, tenderão a se rebelar e a tentar subverter a ordem. Gikovate (2001, p.41)

A indisciplina se manifesta de várias formas, como a falta de respeito pelas regras, a desobediência e a interrupção constante da aula. Esses comportamentos perturbam o ambiente de aprendizado, afetando não apenas o professor, mas também os colegas. Quando uma sala de aula não é capaz de manter um ambiente de respeito e ordem, o processo de aprendizagem de todas as crianças é prejudicado. A indisciplina cria um ambiente de distrações constantes. Crianças que se envolvem em comportamentos indisciplinados tiram a atenção da aula, afetando negativamente a concentração de todos. Além disso, quando um professor precisa lidar repetidamente com comportamentos problemáticos, o tempo e a energia que deveriam ser dedicados ao ensino e à instrução são desviados. Aqueles que são vítimas de comportamentos indisciplinados, seja por colegas perturbadores ou por suas próprias atitudes, podem se sentir desmotivados a participar ativamente da aula. O medo de interrupções frequentes ou de ser ridicularizado pode impedir que as crianças expressem suas ideias e façam perguntas. Para Guzzoni (1995, p. 93.), a disciplina é entendida como:

Resultado do entrosamento professor-aluno, como decorrência do interesse do aluno em aprender, como conseqüência da responsabilidade do aluno face aos afazeres da escola, como resultado da mais pura e cabal obediência e como produto da colocação de limites. Guzzoni (1995, p. 93.)

            A indisciplina também pode causar prejuízos significativos no desenvolvimento social e emocional das crianças. Aquelas que frequentemente se envolvem em comportamentos indisciplinados podem ter dificuldades em construir relacionamentos saudáveis com colegas e professores. Elas podem ser isoladas ou rejeitadas pelo grupo, o que pode levar a sentimento de frustração, raiva e baixa autoestima. Além disso, a indisciplina pode resultar em consequências disciplinares, como suspensões ou punições, que podem criar ressentimento e hostilidade entre a criança e a instituição educacional. Isso, por sua vez, pode alimentar atitudes negativas em relação à escola e ao aprendizado em geral. Para Guzzoni (1995, p. 102) “A liberdade é, portanto, estabelecida em uma relação unilateral. É necessário sim, que os alunos sejam orientados em sua ação, cabendo à professora estabelecer ou elaborar regras juntamente com os alunos.” O impacto mais evidente da indisciplina é a interrupção do processo de aprendizagem. Crianças que estão constantemente envolvidas em comportamentos indisciplinados perdem oportunidades valiosas de absorver informações, fazer perguntas e participar de atividades educativas. Isso pode resultar em lacunas no conhecimento e no desenvolvimento de habilidades essenciais.

A indisciplina também pode prejudicar a autoconfiança da criança em relação à sua capacidade de aprender. Sentindo-se excluídas ou incapazes de acompanhar o ritmo da classe, as crianças indisciplinadas podem começar a se ver como "problemáticas" em vez de aprendizes capazes. Segundo a autora Garrel (2002, p. 84), sobre os conceitos de educação e valores, ela afirma que:

A educação e os valores devem ser interpretados como um instrumento de mudança, de transformação pessoal e coletiva que permite ajudar a detectar e a criticar os aspectos injustos da realidade cotidiana e das normas vigentes, que impulsione a construção de formas de vida mais justa, que permita elaborar de maneira autônoma, racional e dialogada, princípios gerais de valor, assim como conseguir que os estudantes adquiram condutas e hábitos coerentes com os princípios e as normas construídas. Garrel (2002, p. 84)

A indisciplina tem sérios prejuízos para o processo de aprendizagem e o bem-estar emocional e social das crianças. Ela afeta a concentração, a participação, o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e a autoestima. Além disso, interrompe a aquisição de conhecimento e habilidades, criando lacunas no aprendizado. Para garantir um ambiente educacional saudável e produtivo, é fundamental que educadores, pais e instituições de ensino trabalhem em conjunto para abordar e prevenir a indisciplina. Ao fazê-lo, podemos criar um espaço de aprendizado positivo e enriquecedor para todas as crianças, permitindo que elas alcancem todo o seu potencial acadêmico e pessoal. A indisciplina pode afetar a capacidade das crianças de lidar com desafios futuros. A habilidade de concentrar-se, trabalhar em equipe, resolver problemas e lidar com situações complexas são todas habilidades essenciais que a escola deve cultivar. Quando a indisciplina prevalece, essas habilidades não são adequadamente desenvolvidas, deixando as crianças mal preparadas para enfrentar as demandas do mundo acadêmico e profissional. Enfim, a indisciplina é um desafio que não deve ser subestimado, pois tem impactos profundos no processo de aprendizagem e no bem-estar das crianças. Desde o comprometimento da qualidade do ensino até o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, os prejuízos da indisciplina são abrangentes e duradouros. É responsabilidade de educadores, pais e a comunidade escolar em geral trabalhar juntos para criar um ambiente educacional positivo, onde a disciplina seja mantida, a cooperação seja valorizada e cada criança tenha a oportunidade de desenvolver todo o seu potencial acadêmico e pessoal.

 

REFERENCIAL BIBLIOGRAFICO

GARREL, Teresa. Aprender a conviver. In: ANTÚNEZ, Serafin et al. Disciplina e convivência: na instituição escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002.

GIKOVATE, Flávio. A arte de educar. Curitiba: Nova Didática, 2001.

GUZZONI, Margarida. Autoridade na relação educativa. 2. ed. São Paulo: Annablume, 1995.

[1] Graduação: Pedagogia; Especialização em: Educação Infantil e Alfabetização e letramento/Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

[2] Graduação: Ciências biológicas; Especialização em: Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[3] Graduação: Pedagogia Especialização em: Psicopedagogia Clínica e Institucional/ Sociedade, Política e Contemporaneidade: sobre diversos olhares; Mestra em Educação e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 

[4] Graduação em: Pedagogia; Especialização em: Educação Infantil e letramento/Educação Infantil/Neurociência e Aprendizagem e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso.

[5] Graduação: pedagogia. Especialização em: Educação infantil e letramento e assistente educacional na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis, Mato Grosso.

[6] Graduação em: Pedagogia; Especialista em: Psicopedagogia Clínica e Institucional/ Neurociência Aplicada a Aprendizagem/ABA e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade Rondonópolis, Mato grosso. 


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