INCLUSÃO (INTEGRAÇÃO) DO ALUNO ESPECIAL NA ESCOLA REGULAR

Por Jocelí Clemente Versalli Lima | 15/04/2013 | Educação

INCLUSÃO (INTEGRAÇÃO) DO ALUNO COM BAIXA VISÃO NA ESCOLA REGULAR 

JOCELI CLEMENTE VERSALLI LIMA

Resumo: Discute-se neste trabalho algumas questões que são voltadas, a inclusão da criança com “baixa visão”, na educação infantil em sala regular, quais as dificuldades que professores, pais e até mesmo o aluno encontram nesse momento, trata ainda de como os professores podem buscar conhecimento para que possam fazer um bom atendimento pedagógico com essas crianças, alguns recursos baratos que podem ser construído pelos próprio professores.

Palavra chave: Inclusão, baixa visão, educação infantil, recursos pedagógicos.  

INTRODUÇÃO 

O presente artigo tem como objetivo desenvolver uma pesquisa bibliográfica visando a importância da inclusão e como ela deve acontecer, no contexto da educação infantil em sala regular. Observar como deve ser a prática pedagógica, como é importante a busca dos professores por novos conhecimentos, e ainda observar que com o passar do tempo a sociedade muda e junto com ela devem ocorrer modificações nas práticas educacionais. Busca ainda analisar as dificuldades que os alunos com “baixa visão” apresentam mediante uma determinada atividade e qual as dúvidas e os medos dos professores, qual a compreensão do professor frente a essas questões. “Quanto mais rica a experiência humana, tanto maior será o material disponível para a imaginação e a criatividade”. ( Lev Vygotsky).

O professor deve adotar uma postura reflexiva, de sua prática pedagógica, analisar e reconhecer quando necessário se reformar ou buscar ajuda de outros profissionais, para que dessa maneira seja capaz de proporcionar ao seu aluno com “baixa visão”, a experimentação de mundo, trabalhando com diversos recursos em diferentes locais.

A DEFICIÊNCIA VISUAL “BAIXA VISÃO” 

A deficiência visual é caracterizada por perdas parciais ou totais da visão, que após a melhor correção ótica ou cirurgia, limitem seu desempenho normal (MELO, 1991).

Rocha e Ribeiro Gonçalves (1987), citam como causas da cegueira na infância, anomalias de desenvolvimento, infecções no período gestacional e durante o nascimento, prematuridade, erros inatos do metabolismo, distrofias, traumas e tumores.

Em 26 de julho de 1961, Jânio Quadros o Presidente da Republica criou por meio do Decreto n. 51.405/61 publicado no Diário Oficial da União em 26 de julho de 1961 “O Dia Nacional do Cego”, buscando com isso incentivar a solidariedade, que é mundialmente estabelecido no principio de Declaração Universal dos Direitos Humanos, que preserva o Direito Fundamental de igualdade e solidariedade entre todos, não havendo discriminação.  Sendo esse um grande passo para inclusão, que já acontece nos dias de hoje, pois já podemos encontrar pessoas com deficiência visualtrabalhando, estudando, se locomovendo com mais acessibilidade. Fatores importantes mudaram como o modo da sociedade lidar e encarar os deficientes visuais, a tecnologia e os recursos hoje disponíveis facilitam inclusão do deficiente visual nos grupos sociais.

 A inclusão.

Mas temos que pensar que para que a inclusão se efetue, não basta estar garantido na legislação, mas demanda modificações profundas e importantes no sistema de ensino. Essas mudanças deverão levar em conta o contexto sócio.­econômico, além de serem gradativos, planejadas e contínuas para garantir uma educação de ótima qualidade (Bueno, 1998). 

A Declaração Mundial de Educação para Todos resultantes da Conferência de Educação para Todos, realizada na Tailândia no ano de 1990 e o Plano Decenal de Educação para Todos e a base para a política educacional de inclusão (BRASIL, 1993), ou seja, a Declaração Mundial da Educação para Todos propõe que a educação seja destinada a satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem e do desenvolvimento pleno das potencialidades humanas. Com a Declaração de Salamanca houve importantes modificações nos objetivos e formas de atendimento na educação especial, sendo a meta incluir todas as crianças, inclusive as tem deficiências graves ou dificuldade de aprendizagem no ensino regular. Nessa perspectiva o grande desafio da escola fica sendo desenvolver uma pedagogia centrada na criança, buscando atender as necessidades especiais de cada individuo, surgindo assim o termo “necessidades educacionais especiais”

Segundo o Instituto Ressoar o ultimo Censo do IBGE constatou que hoje há no Brasil 17 milhões de pessoas com deficiência visual.

 

 

E EDUCAÇÃO INFANTIL

 

A educação infantil para crianças abaixo de 6 anos é um direito que é garantido por  Lei sendo que, de acordo com a Constituição os municípios ficam responsáveis pelo provimento da educação dessas crianças.  A Lei de Diretrizes e Bases da Educação definiu a educação infantil como sendo a primeira etapa da educação básica atendendo crianças de 0 a 6 anos de idade. A Lei de Diretrizes e Bases nos diz ainda que fica a cargo do Ministério da Educação a responsabilidade governamental pela educação infantil ou seja, a Coordenação Geral da Educação Infantil, do Ministério da Educação é o órgão administrativo federal responsável pela educação infantil,então, cada estado e cada município possuem uma Secretaria de Educação Conselhos de Educação, então os três níveis de governo elaboram procedimentos e normas para o setor.

A PROBLEMÁTICA DA INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL DA CRIANÇA COM “BAIXA VISÃO”

 

Na perspectiva da educação infantil inclusiva, deve-se atentar para uma grande problemática, do ponto de vista do professor, como ele se sente ao atuar com crianças com deficiência, a preocupação de como agir, e se agindo assim obterá êxito, se não oprimirá o aluno.

Laplane e Batista (2003), atentam para um ponto preocupante onde nos diz que os professores do ensino regular tem apresentado constantes preocupações sobre o modo de aprendizagem do aluno cego e a seleção de recursos necessários para a aquisição de conhecimentos.

Batista (2005), nos aponta que essas dúvidas dos professores podem se originadas na ideia de que a aprendizagem esteja centrada no aporte sensorial, principalmente da visão.Para Oliveira (1998), residimos em um mundo que se manifesta de forma predominantemente visual.

É preciso observar que o aprendizado pode acontecer de várias formas e em diferentes momentos, uma vez, que cada individuo possui sua particularidade ou necessidades especificas sendo ele portado de deficiência ou não. É necessário observar que o medo de enfrentara inclusão, nada mais é que falta de informação, por mais que estejamos caminhando para que ela aconteça em plenitude. Podendo ser também o medo ocasionado pela falta de preparo, a falta da busca de muitos profissionais que estacionaram e não buscam estudar e se reformar sobre o que diz respeito a novos conceitos e novas estratégias de ensino. A escola é um local muito rico para o aprendizado, uma vez que irá proporcionar um convívio mais amplo e de grande interação sendo um ambiente social que permite a socialização do aluno com faixa etária compatível com a que se encontra.

A interação da criança cega com a criança vidente trará um grande aprendizado tanto para a criança cega que através desse contato conseguirátestar e aprimorar suas hipóteses perceptivas, simbólicas e pré-lógicas, sentindo a si mesmo percebendo suas limitações, identificando a si e ao outro, percebendo as particularidades de cada individuo e do meio em que está inserido, por meio do tato, audição, olfato e paladar, de outro lado a criança vidente terá a experiência de conviver com o diferente, terá que aprender a respeitar e entender as necessidades especiais do outro.  Outro aspecto importante é atentar para que não haja restrições do deficiente visual aos vários ambientes da escola os seguintes cuidados.

Segundo a UNESCO (UNESCO – UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATIONS, 1994), cabe a escola reconhecer e responder as necessidades dos alunos , qualquer que seja   a dificuldade de aprendizagem, de maneira que assegure o êxito na assimilação de conhecimentos.

O corpo docente da escola, professores, diretores, auxiliares, coordenadores, enfim todos os funcionários da instituição devem estar sempre em dialogo, buscando melhorar o convívio dessa criança no que diz respeito a socialização e a acessibilidade. E por outro lado professores e coordenadores buscando atividades que visem desenvolvimento cognitivo do aluno. Ou seja, cabe a escola desenvolver estratégias de ensino, capacitar seus profissionais, o uso de recursos auxiliares e compensatórios, procurarem parcerias com a comunidade, qualquer adaptação que se faça necessária em seu espaço físico, uma maior reflexão sobre a avaliação da criança cega, dessa maneira contribuindo para que esse aluno não fique “de fora”, dos acontecimentos da escola. Lembrando que a inclusão da criança cega na escola regular deve acontecer num processo, onde os pais e os familiares do convívio dessa criança possam formar uma parceria com escola, auxiliando na adaptação desse aluno.

ATENDIMENTO PEDAGÓGICO PARA CRIANÇAS CEGAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM SALA REGULAR

 

Para Ormelezi (2006), na ausência da visão, há uma reorganização de toda a estrutura mental que possibilitará ao cego adquirir conhecimento sobre o mundo.

Ou seja, Ormelezi nos diz que, a criança que não tem o sentido da visão, reorganiza-se e consegue extrair informação usando os outros quatro sentidos que lhes sobram, informações com: espaço, tamanho, quente, frio, macio, algo que faz muito ruído, algo que tem o som agradável, enfim todas essas percepções lhes serão fornecidas, olfato, tato, paladar e audição. As crianças cegas devem ser estimuladas desde muito cedo, por meio de atividades lúdicas (como acontecem com as demais crianças, estimulação lúdica), com auxilio de brinquedos ou brincadeiras e recursos pedagógicos que podem ser construídos pelo próprio professor de sala. Essas atividades devem desenvolver habilidades táteis, de coordenação motora, orientação espacial, sentido de orientação, mobilidade, entre outras.

Rodrigues (2002), diz,que a criança cega deve vivenciar o mundo por meio do tato, audição, olfato e paladar. Não contando com a percepção visual de seu ambiente e orientação no espaço, ela deve ser encorajada pelo toque, pela voz de pessoas e por brinquedos móveis e sonoros que lhe permitam apoio, segurança e organização postural. O contato direto com os objetos, para explorá-los tatilmente, percebendo suas formas, tamanhos, texturas e outras qualidades, favorece a percepção global, condição necessária para inclusão educacional da criança. Quanto a escrita e a leitura em braile, a criança precisa conhecer as convenções, é necessário ainda desenvolver habilidades e destreza para conseguir realizar a coordenação bi manual, pois essa técnica exige movimentos das mãos sincronizados e ainda uma percepção tátil sutil. Na educação da criança cega, podem ser adotados recursos alternativos, tais como o Sistema Braille, constituído por 63 possibilidades de combinações de pontos organizados para representar o alfabeto, os acentos, a pontuação, os sinais especiais de composição e os códigos matemáticos, químicos, musicais e aqueles aplicados na informática. Há três tipos de instrumentos usuais para produzir os relevos em Braille: a reglete, a máquina Perkins e a impressora Braille (REILY, 2004).

Para o auxilio do desenvolvimento do letramento da criança cega, pode-se utilizados outros instrumentos que também trazem grandes resultados, são eles: Sorobã, gravadores ou ainda outros recursos de áudio , além de recursos que podem ser confeccionados buscando atender ao que se esta sendo estudado em sala pelo grupo.

ALGUNS EXEMPLOS DE RECURSOS PEDAGÓGICOS QUE PODEM SER CONSTRUÍDOS PELOS PROFESSORES OU AUXILIARES DA EDUCAÇÃO INFANTIL REGULAR.

 

(Extraído por meio de pesquisa na internet, qual site, data e hora).

 

 

O recurso acima pode ser usado para ensinar os números ou ainda em realizações de continhas matemáticas, podendo ainda o professor colocar pontinhos feitos com tinta relevo, para trabalhar o braile.

 

(Extraído da internet, qual site, data e hora).

 

Alfabeto braile em formato grande, pode ser trabalhado com auxílio na alfabetização (escrita e leitura).

 

(Extraído da internet, qual site, data e hora).

 

Outra forma muito interessante de alfabeto braile, esse tipo de recurso é muito rico para quem está iniciando o aprendizado e também auxilia no treino da leitura tátil.

QUAL A BUSCA QUE OS PROFESSORES DEVEM FAZER, MEDIANTE A INCLUSÃO

 

A inclusão escolar é um tema muito abordado e discutido, porem, deve-se observar que nada mais é que a transformação do sistema escolar, para um sistema mais justo.  Mas a inclusão escolar deve acontecer em plenitude, e não tão somente na presença da criança portadora de deficiência na escola, mas essa criança deve estar inserida em todas as atividades que envolvam sua turma, ou seja, ser um aluno participativo, e a partir dai o aluno conseguirá fazer a aquisição do conhecimento.

O professor por sua vez, só conseguirá fazer com que isso aconteça se buscar os meios adequados para se trabalhar as diferenças e para isso ele deverá buscar capacitação, procurar cursos, visitar entidades que atendam essas crianças em contra turno, estar em contato com a família e os demais profissionais que atuam com a criança entre outras. Quanto aos cursos, a Secretaria de Educação das cidades investe em cursos, e ministram aos professores, é preciso buscar esses recursos, que temos disponíveis em nossa rede de ensino. Existem os cursos particulares, os palestrantes que atuam nessa área, curso de Pós-graduação, livros que tratam do assunto, sem contar que temos hoje em nossas mãos uma ferramenta fortíssima que é a internet, onde podemos nos comunicar e trocar experiências com outros profissionais. 

CONCLUSÃO 

Ao realizar essa pesquisa bibliográfica, pude perceber que a inclusão é algo que ainda precisa ser muito trabalhado, apesar de já estar fazendo parte das escolas regulares, ainda tropeçamos em alguns obstáculos, como alguns medos que o professor enfrenta ao trabalhar com crianças com “baixa visão”, e também a falta de dialogo entre a família e professores. A família e a escola precisam estar unidas como um elo, trocando informações, ideias para que dessa maneira colham juntos os bons resultados. Pude analisar como é necessário sempre que o professor se sentir inseguro, que busca ajuda com demais profissionais da área, ou participar de palestras, cursos, buscar na internet, que hoje é uma grande aliada dos educadores (porém ao usa-la é preciso estar sempre atento se as informações são realmente verídicas). Ficou claro que ao trabalhar com crianças sendo elas portadoras de alguma deficiência ou não, consegue se muito mais resultados quando trabalhamos com recursos pedagógicos.

REFERENCIAIS 

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Política de educação infantil no Brasil: Relatório de avaliação / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB; Unesco, 2009.

Declaração de salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília:CORDE, 1994.

http://www.ressoar.org.br/dicas_inclusao_luta_cegos.asp- 12-11-2011 19:47 HS.

http://kellysaladerecursoscefpipiripau.blogspot.com/2010/03/materiais-pedagogicos-adaptados.html   16/11/2011 23:30 hs.

http://luciblimabraga.blogspot.com/2011_05_01_archive.html     17/11/2011 01:17 hs

http://www.nosrevista.com.br/2010/06/02/dicionarios-de-pvc-ilustrados-em-libras-e-braille-promovem-inclusao-social/   17/11/20011  07:30hs.

http://www.pedagobrasil.com.br/educacaoespecial/inclusaoescolar.htm    17/11/2011 8:45hs.

LAPLANE, A. L. F.; BATISTA, C. G. Um estudo das concepções de professores do ensino fundamental e médio sobre a aquisição de conceitos, aprendizagem e deficiência visual In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 1; CICLO DE ESTUDOS SOBRE DEFICIÊNCIA MENTAL, 9, 2005, São Carlos. Anais... São Carlos: ABPEE.

MELO, Helena Flávia R. Deficiência Visual - Lições práticas de orientação e mobilidade. Campinas, Editor da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP , 1991.

OLIVEIRA, J.V.G. Arte e visualidade: a questão da cegueira. Benjamin Constant, Rio de Janeiro, v.4,1998.

ORMELEZI, E. M. Inclusão Educacional e escolar da criança cega congênita com problemas na constituição subjetiva e no desenvolvimento global: uma leitura psicanalítica em estudo de caso. 2006. 412f. Tese (Doutorado em Psicologia e Educação) - Universidade de São Paulo, SP.

REILY, L.H. Escola inclusiva: linguagem e mediação. Campinas: Papirus, 2004.

ROCHA, H; RIBEIRO–GONÇALVES, E. (Coord.) Ensaio sobre a problemática da cegueira: prevenção, recuperação, reabilitação. Belo Horizonte: Fundação Hilton Rocha, 1987.

RODRIGUES, M.R.C. Estimulação Precoce – a contribuição da psicomotricidade na intervenção fisioterápica como prevenção de atrasos motores na criança cega congênita nos dois primeiros anos de vida. Benjamin Constant, Rio de Janeiro, v. 8, n. 21, p. 6- 22, 2002.

UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATIONS- The Salamanca Statement: Network for Action on Special Needs Educacion. Salamanca, 1994. Annals. UNESCO, 1994 (UNESCO-ED-94/WS/18-documento síntese)

DEDICATÓRIA

Dedico a minha querida filha Júlia.

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, a minha família, por entender os momentos em que precisei estar ausente, a todos os professores que participaram de mais essa etapa da minha formação. Obrigado a todos.... 

JOCELI CLEMENTE VERSALLI LIMA