INCLUSÃO ESCOLAR: REALIDADE OU IMAGINAÇÃO?

Por Bruna Carraro de Oliveira | 10/09/2016 | Educação

INTRODUÇÃO

O objetivo dessa resenha é analisar criticamente as culturas políticas e práticas de inclusão na Educação dentro e fora do nosso país. Irei apresentar a história da educação especial, e as conquistas adquiridas até hoje baseando nos materiais disponibilizados e através de estudos e pesquisas.

No Brasil, a inclusão é um assunto com poucos estímulos, está evoluindo gradativamente. Porém, ela precisa do apoio das políticas públicas e talvez esse seja o maior problema para a resolução desse desafio. Além das políticas públicas, as escolas precisam da presença e apoio da família, sendo assim um acompanhamento e segurança do fazer.

HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO

Devemos primeiramente pensar no início dos casos de deficiências, como eram tratadas essas crianças, etc. De acordo com estudos, a literatura de Roma Antiga, a história da era cristã,até mesmo as histórias de pessoas mais velhas, contam que as crianças com deficiências eram tratadas com muito preconceito. Algumas eram mortas, outras, isoladas, a maioria não era aceitapela própria família. Eram assegurados por lei, pois se a criança nascesse com alguma deficiência não poderia ser soldado. Então, nesse contexto, podemos observar que a dificuldade de aceitação era principalmente dentro de casa, talvez por medo das atitudes da população.

Infelizmente, sabemos que vivemos esse reflexo de preconceito e medo até hoje, porém, estamos caminhando para acabar com essas atitudes.

Foram diversos períodos e todos eles descriminavam os deficientes de forma rigorosa, se fosse aos dias atuais seria muito difícil conviver com todas as ideias citadas. Até que surgiu o Renascimento, conhecido como século das luzes, ou seja, veio para novas descobertas em diversas áreas, e então a ciência começou a pesquisar as causas paraas deficiências, estudar e descobrir o motivo de tudo, para assim entendermos cada detalhe. Assim, concluíram que poderiam ser doenças hereditárias, males físicos e mentais.

Foi aí que começaram a pensar na hipótese de aceitação, começaram as iniciativas para formação de escolas. Em 1620, em Paris foi fundada as primeiras instituições especializadas para a educação de crianças deficientes. Também em Paris, no ano de 1784 foi criado o instituto real dos jovens cegos e em 1834 foi criado o sistema de leitura e escrita em Braille.Portanto, foi em Paris onde tudo começou a caminhar, e depois outros países além da França começaram também a contribuir para a aceitação e colaboração às pessoas deficientes, principalmente ao ambiente escolar.

Somente no século XX as coisas começaram se estabilizar. O nome dado a inclusão escolar não é unânime, cada país utiliza um termo diferente para o seu fazer.

Trazendo a educação especial para o nosso país, somente no fim do século XIX foi aceito e começado a trabalhar com essa aceitação, nos espelhamos na ideia Europeia, e antes disso, os deficientes eram tratadostambém com descaso, assim como em todos os outros países.

Atualmente, ainda existe muito preconceito da população, mas estamos sempre trabalhando para acabar com esse descaso, sendo também que as famílias atuais já aceitam mais e não ocorre o preconceito dentro de casa como antigamente, então está mais fácil de conscientizar a população. Hoje temos leis que proíbem abandono de crianças com deficiências, que asseguram a frequência em escolas regulares. Em algumas escolas existem as salas de recursos, onde os alunos com deficiências podem ir no contra turno para ter auxílios, aulas particulares, para reforçar o que aprendeu no seu turno regular, com profissionais preparados para essas atuações. São muitos benefícios que encontramos hoje, porém, em alguns locais específicos, pois infelizmente em alguns estados ainda não tem nenhum suporte para esse trabalho.

Muitas vezes a exclusão parte de dentro da família, tem que existir parceria entre a família e a escola, se não o sistema também não funciona. Dentro da sala de aula hoje, a aceitação dos colegas é sensacional, eles ajudam no que for preciso e se exaltam com as conquistas dos colegas com deficiência. E isso é um ato lindo de inclusão e parceria. A ausência da família está na cultura dos pais brasileiros, pois não são somente os pais de crianças com deficiência que não dão apoio, são pais de crianças em geral, é triste saber que a vida escolar das crianças está totalmente depositada na escola e a ausência dos pais é normal.

Para existir o sucesso do aluno, as políticas públicas precisam se sensibilizar e trabalhar para ajudar na inclusão, precisa ser um trabalho em conjunto com diversas áreas, cada um ajudando no seu fazer e o que cabe a ele. As escolas precisam de uma boa estrutura, os materiais didáticos próprios para cada deficiência, boa formação e preparação dos profissionais, não só de professores, maspara todos aqueles que lidam com as crianças na escola, e outras melhorias, mas isso tudo é preciso ser organizado pela parceria das políticas públicas.

Foram criados A Inclusão e o PDE-Escola e O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), todos com o objetivo de compreender e trabalhar a inclusão na escola, sendo utilizados a todo o momento.

Para uma cultura institucional, o professor deve trabalhar a partir de alguns pontos para estar sempre em movimento para uma boa inclusão, sempre trabalhar com atividades criativas, avaliações diferenciadas, saber ser paciente, humilde, amigo, trabalhar acima de tudo com muita competência.

Em uma das apostilas em estudo foi mencionado uma citação muito importante, de acordo com Santos e Paulino (2008 p. 8), “Inclusão é processo, e processo não se ensina, vive-se”. Realmente a fala deles é muito coerente, eu concordo, porém, podemos viver sem saber o caminho? Sem saber o que fazer? As políticas públicas estão pensando que inclusão é simplesmente colocar o aluno com necessidades especiais em uma escola regular, e “largar de mão”. Muitas prefeituras ainda não disponibilizam assistente de sala e para o aluno não ficar sem o contato social e escolar, as mães deixam suas casas e vão fazer o papel de assistente para seu próprio filho.E tem os casos piores, muitas prefeituras colocam pessoas despreparadas, sem noção alguma de educação inclusiva para trabalhar com esses alunos, fazendo com que não exista auxílio, e nenhuma evolução. No Jornal Nacional do dia vinte e três de novembro de dois mil e quinze, passou uma reportagem muito interessante sobre o tema, em homenagem a uma série de reportagens de Sandra Passarinho. E em algumas falas da entrevista, foi passado um dado muito importante: 

“Em 2003, só 29% das crianças com deficiência estavam em salas de aulas comuns. Esse número subiu para 79% em 2014.Quase 700 mil crianças brasileiras com alguma deficiência estão hoje em escolas comuns. Isso significa que todos os alunos estudam juntos e com o mesmo currículo.” 

Com esses dados podemos ver o aumento da inclusão, e isso nos traz muita alegria, pois essa conquista é muito importante para toda a sociedade, e não só para os alunos com necessidades especiais e suas famílias. Mas precisamos fazer mais, buscar mais e aumentar esses dados, fazendo com que todos os alunos participem de uma escola regular e com o mesmo currículo, sendo tratado também como pessoas iguais, sem qualquer tipo de diferença.

Precisamos vencer essa luta, as pessoas que têm qualquer tipo de deficiência precisam ter uma vida comum como qualquer outra pessoa, claro que muitos têm dificuldades que vão além do viver, mas todos têm que ajudar, cada um fazendo sua parte, eles serão inclusos, sendo na ajuda para atravessar a rua, entrar em uma loja, sentar em uma praça, deitar em um quarto de hospital, são diversas as atitudes humanas para a contribuição à inclusão.

Finalizo dizendo que esse assunto está sendo muito discutido atualmente e é muito complexo. Alguns anos atrás a população tinha muita resistência ao assunto, mas hoje ganhou um espaço enorme na mídia, na vida escolar, e na realidade de todos. Felizmente já tiveram muitas conquistas em relação a isso. Antigamente as pessoas não aceitavam a diferença, hoje em dia já agem com mais naturalidade, as políticas públicas também dão mais aberturas e resoluções de problemas, mas ainda têm muito a conquistar. E a inclusão devagar está chegando às escolas. Na maioria das vezes, as pessoas falam que aquela determinada escola inclui alunos, mas na verdade ela está tentando, pois podem existir algumas falhas, seja na estrutura, no despreparo do profissional, ou em outras coisas. Todos deveriam se preocupar com o assunto, ler e estudar mais para assim, talvez, terem mais consciência e começar agir. 

REFERÊNCIAS

BEZERRA, MAURA COSTA. Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) no Ensino Fundamental: inovação ou prática antiga? 2003. 110p. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2003.

BOOTH, T. & AINSCOW, M. Index Para a Inclusão - Desenvolvendo a aprendizagem e a participação na escola. Traduzido por: Mônica Pereira dos Santos. Produzido pelo LaPEADE, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas. Brasília: MEC, 2007.

MORAES, Isabel Ana de. O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE/FUNDESCOLA) e a Autonomia na Gestão Escolar. 2002. 95p. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Católica de Goiás, 2002.

QUEIROZ, Maria Ireide Andrade de. Uma breve reflexão sobre o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE): realidade ou utopia. Disponível em: http://www.cereja.org.br/arquivos_upload/maria_ireide_breve_refl.pdf Acesso em: fevereiro/2009.

SANTOS, Mônica P. A Formação de Professores no Contexto da Inclusão. In: II Congresso Internacional do INES, VIII Seminário Nacional do INES - Surdez e Escolaridade: Desafios e Reflexões, 2003, Rio de Janeiro. Surdez e Escolaridade: Desafios e Reflexões. Rio de Janeiro: INES, Divisão de Estudos e Pesquisas, 2003. v. 1. p. 63-70.

BOGDAN, Robert & BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação uma introdução à teoria e aos métodos. Coleção Ciências da Educação, n° 12. Portugal: Porto, 2000.