INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS HOSPITALIZADOS (Neusa Amorim)

Por Neusa Amorim | 26/08/2011 | Educação

3.3 INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS HOSPITALIZADOS (Neusa Amorim) O número de Classes Hospitalares ainda é pouco, em relação a demanda. Nem em todos os hospitais há esse segmento e, portanto, são poucas as crianças que usufruem desse benefício. Em contrapartida, uma das finalidades da classe hospitalar, segundo Esteves (2008, p. 5), é "promover uma melhor qualidade de vida para as crianças hospitalizadas", pois é algo benéfico a elas, daí a necessidade de estar acessível à todas as crianças e adolescentes hospitalizados. Por se tratar de um direito, Esteves (p. 2008, p.5) esclarece que: "desde que seja desenvolvida e tratada com responsabilidade e seriedade, sua criação é uma questão social, que pode proporcionar para a criança e adolescente hospitalizado uma melhor qualidade de vida", porém no momento, ainda são poucos os hospitais que dispõe desse atendimento pedagógico. A implantação de novos espaços voltados para a questão social, que promova o bem estar social, constitui-se numa questão de cidadania, a qual precisa ser vista como uma necessidade da atual sociedade, conforme afirmam Matos; Mugiatti (2008, p. 80): Destacando a questão do respeito à cidadania, cada vez mais voltada às necessidades de uma sociedade mais humana, cabe ao cidadão reformulá-la sob novos aspectos de bem-estar e promoção social. É onde se evidenciam novos deveres, no que tange ao respeito a espaços diferenciados e decorrentes apoios, como contribuição a uma melhor qualidade de vida. Esse atendimento constitui-se numa forma de garantir uma melhor qualidade de vida aos alunos hospitalizados, não apenas no sentido de dar continuidade aos estudos evitando que se perca o ano letivo, mas também contribuindo para o processo de desenvolvimento principalmente no período da infância. De acordo com Justi; Fonseca; Souza (2011, p. 23): "[...] o atendimento escolar hospitalar para a faixa etária de zero até seis anos incompletos é necessário porque contribui para os processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança pequena [...]", já que em alguns casos, por causa de longo período de internação acaba convivendo pouco tempo com a família, podendo comprometer o desenvolvimento saudável em vários aspectos. Dessa forma observa-se a relevância e a necessidade deste atendimento de inclusão escolar para com este público, no sentido de proporcionar um desenvolvimento saudável, evitando assim, distúrbios que poderiam comprometer o futuro destas crianças. As crianças e adolescentes hospitalizados, são carentes de atenção, já que estão distantes dos seus entes queridos, foram interrompidos do convívio social bruscamente, por isso, precisam de pessoas que possam lhe ouvir. Diante disso Ross (1996, p.271) relata: Frequentemente, os pacientes reagem com uma admiração quase exagerada por quem cuida deles e lhes dedica um pouco de tempo. Ficam privados de tais gentilezas num mundo atarefado, de números e aparelhos, e não é de estranhar que um toque leve de humanidade provoque uma reação tão positiva. Porquanto, pode-se afirmar que o trabalho educativo realizado em classe hospitalar, tem a função de tornar este ambiente mais humano, oferecendo um pouco de atenção, a qual poderia ser chamada de escuta pedagógica, uma vez que o docente se dispõe a ouvir estes pequenos pacientes. Essa atenção oferecida pelo educador hospitalar é mencionada e ponderada por Matos; Muggiati (2008, p. 69): [...] a atenção pedagógica, mediante a comunicação e diálogo, é essencial para o ato educativo e se propõe a ajudar a criança (ou adolescente) hospitalizado para que, imerso na situação negativa que atravessa no momento, possa se desenvolver em suas dimensões possíveis de educação continuada, como uma proposta de enriquecimento pessoal. Percebe-se que o atendimento em classe hospitalar é de suma importância diante das circunstâncias pela qual passa essas crianças e adolescentes, não apenas no sentido de oferecer-lhes a oportunidade de dar continuidade aos estudos, mas também no sentido de amenizar ou evitar as possíveis conseqüências que estes momentos difíceis de internação poderiam causar, por exemplo, tédio, revolta e até mesmo a perda do interesse em retornar aos estudos posteriormente. Para citar este trabalho: AMORIM, Neusa da Silva. A PEDAGOGIA HOSPITALAR ENQUANTO PRÁTICA INCLUSIVA. Porto Velho, 2011. disponível em: Para conhecer este trabalho na íntegra ou outras obras da autora envie email para: neu.amorim@hotmail.com REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Maria Isabel. Educação para a saúde: Guia para Professores e Educadores. Lisboa :Texto Editora, 1995 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. 3ª Ed. São Paulo: Moderna, 2006. BOWLBY, John. Cuidados Maternos e Saúde Mental. Tradução de Vera Lucia de Souza e Irene Rizzini.São Paulo:Martins Fontes, 1995. BRASIL. Lei 9394 ? LDB ? Lei das Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de dezembro de 1996. ________. Lei 8.069, de 13/07/90: Estatuto da Criança e Adolescente. Brasília, 1990. ________. CORDE. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília, 1994. ________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. 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