Incidência de Cafaleia Pós-Punção de Dura-Máter em Hospital Acreditado

Por ROGERIO ALVES RIBEIRO | 23/12/2017 | Saúde

               A cefaleia pós-punção da dura-máter (também chamada de cefaleia pós-raqui) é uma temida complicação por parte dos pacientes; não pela gravidade, mas sim pela incapacidade provocada. Sua incidência é calculada de 0,4% a 3%, podendo atingir 70% se não houver cuidados de prevenção e se utilizar agulha calibrosa, tendo sido descrita desde 1898.

               Dentre os fatores de risco para sua ocorrência podemos citar o gênero feminino, predomínio em adultos jovens, história prévia, calibre da agulha e tipo da ponta da agulha. Dentre as possibilidades para tentar evitar sua ocorrência, o principal fator está na redução do calibre da agulha utilizada para a punção. Em segundo lugar cita-se a utilização da agulha tipo Whitacre (ponta de lápis), que apenas separa as fibras da dura-máter.

               Até 2014, no serviço de Anestesiologia do Hospital Anchieta, não havia padronização do calibre da agulha a ser utilizado, sendo a indicação feita pelo anestesista que realizaria a procedimento. Até este ano eram apenas utilizadas agulhas do tipo Quincke nos calibres 25G e 27G. No início de 2015, com a criação dos protocolos de cesariana e de tratamento de cefaleia pós-punção da dura-máter, foi padronizado que todo paciente a ser submetido a raquianestesia deveria ser obrigatoriamente utilizada agulha 27G e do tipo Whitacre, salvo casos especificados no protocolo (dificuldade na punção com esta agulha, paciente com obesidade classe III).
Após divulgação, treinamento da equipe e utilização da agulha supracitada, os índices de cefaleia pós-punção da dura-máter caíram  em 2015 quando comparados com 2014 e seguiram caindo desde então, conforme dados abaixo:

ANO

RAQUIANESTESIAS

CEFALEIAS

INCIDÊNCIA

2014

2326

44

1,89%

2015

3028

13

0,43%

2016

3180

5

0,16%

2017

3053

4

0,13%

               Estes dados mostram a importância em criar indicadores, avaliar os dados colhidos e promover ações de melhoria. Com isso conseguimos reduzir ainda mais a incidência deste evento tão temido por parte dos pacientes e evoluir no padrão de qualidade do serviço.