INCIDÊNCIA DA SINTOMATOLOGIA PARA SÍNDROME DE BURNOUT EM...

Por Divina Rita da Silva Gomes | 18/10/2016 | Educação

 INCIDÊNCIA DA SINTOMATOLOGIA PARA SÍNDROME DE BURNOUT EM  PROFISSIONAIS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL GOIÁS

 Introdução

 A dinâmica contemporânea leva grande parte da população a determinados níveis de pressão e exaustão física e mental os quais muitas vezes revelam o limite das emoções e desgaste psicológico (BENEVIDES-PEREIRA, 2002).

 Neste contexto, a OMS (2010) destaca a retaliação dos sentimentos e a desmotivação como os principais problemas da sociedade moderna coberta por rotinas administrativas e burocráticas cercados pela globalização, o que pode consequentemente afetar o relacionamento social e profissional dos indivíduos.

 A Síndrome de Burnout (SB) é uma síndrome psicológica caracterizada pela exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal, que aparece devido à tensão emocional crônica no trabalho. A SB gera sentimentos e atitudes negativas no indivíduo com relação ao seu trabalho, causando, insatisfação, desgaste, cansaço e diversos sentimentos negativos que corroboram para o estresse crônico (TAMAYO; TRÓCCOLI, 2002).

 De forma geral, os profissionais tendem a serem menos precisos, mais exigentes, hostis, ansiosos, sofrem com a solidão, irritabilidade, agressividade, alterações no humor somadas a diversos problemas-reflexo desses sentimentos de ordem fisiológica (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). A empresa contratante também sente a projeção da SB que com absenteísmo, conflitos interpessoais, erros em processos e insatisfação laboral culminam em diversos outros estágios como advertências, suspensões e demissão (FERREIRA et al, 2010; SILVA, SASSI, VIEIRA, 2010).

 As instituições com ambiente social cuja pressão laboral beira as metas impossíveis, baixos salários e sem um cuidado específico com a segurança em geral expõe o colaborador ou mesmo os próprios indivíduos que se servem das atividades desempenhadas pela organização a riscos de acidentes de trabalho, estando mais sujeitas a ter algum índice de burnout refletidas em suas atividades (BENEVIDES-PEREIRA, 2010).

 Como consequência a alta complexidade de instituições mais exigentes reflete em baixa qualidade de vida tanto pessoal quanto profissional do colaborador. Tais instituições deveriam propor a este satisfação, saúde e felicidade no exercício da função (VENSON et al., 2013). Com isso, uma séria problemática se estabeleceu como principal objetivo deste trabalho, a preocupação com a saúde ocupacional dos colaboradores da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

 A UEG é reconhecida como uma instituição e ao longo de sua história, desde 1999, quando foi criada a Lei 13 456/99, trouxe muito prestígio enquanto universidade pública. Entretanto, a escassez de concursos públicos com planos de carreira, a má remuneração e o desgaste ocupacional podem ser alguns dos fatores evidentes e decisivos para a compreensão da sintomatologia de SB neste contexto. O problema é ainda mais evidente quando se caracteriza cada um dos campus universitários, em regiões, com nuances completamente distintas e em plena ascensão corporativa, levando a maior pressão e exaustão entre as diferentes classes trabalhadoras.

 Este trabalho teve como objetivo identificar a incidência da sintomatologia para SB nos colaboradores da Universidade Estadual de Goiás, campus Itumbiara e Formosa. 

  1. Objetivos

 Geral

Verificar a incidência da sintomatologia para Síndrome de Burnout entre os colaboradores da Universidade Estadual de Goiás

  Específicos

 - Analisar o processo de perda de idealismo, energia e objetivos aparentes na sintomatologia da SB; - Identificar a maior dificuldade no enfrentamento dos agravos em sua saúde física e psíquica; - Realizar palestras explicativas nos dois campus onde foi realizada a pesquisa.

 5. Metodologia

 O estudo foi realizado em dois campus da Universidade Estadual de Goiás, localizados nos municípios de Itumbiara e Formosa, contando com colaboradores que desempenham as funções de auxiliar de limpeza, técnico administrativo, auxiliar de biblioteca, secretário, docente e diretor, os quais estão envolvidos com os cursos de Enfermagem, Farmácia, Ciências Econômicas, Educação Física no caso de Itumbiara e Geografia, Letras, Matemática, História, Pedagogia e Química em Formosa.

 A amostra total era de 171 colaboradores, representando 109 colaboradores da UEG Campus Itumbiara e 62 colaboradores da UEG Campus Formosa. Os colaboradores que responderam aos questionários totalizaram 55, sendo 39 de Itumbiara e 16 de Formosa.

 Foram utilizados questionários auto aplicáveis (Inventários de Burnout e Maslach) traduzidos e adaptados por Lautert (1995). Os questionários contém 22 itens divididos em três dimensões: Exaustão emocional, Despersonalização e Baixa realização profissional. Cada uma das dimensões contém 9, 5 e 8 questões respectivamente as quais eram respondidas de forma objetiva com: Discordo totalmente, Discordo em parte, Às vezes se aplica a mim, Quase sempre e Concordo totalmente. Tais respostas seguiam a escala progressiva Likert para a sua pontuação de 1 a 5 pontos, a qual foi somada separadamente para cada dimensão seguiu para a avaliação.

Foi aplicado também um questionário sociodemográfico simples com questões abertas às respostas com o objetivo de construir o perfil para cada participante e nenhum dos questionários foi identificado.

 Os pontos de corte utilizados para a Escala de Burnout basearam-se em percentis e seguiram os critérios sugeridos no Manual do MBI: baixo

 (Despersonalização: x ≤ a 5; Exaustão emocional: x ≤ a 11; e Baixa realização profissional: x ≤ a 30), moderado (Despersolnalização: > 5 < 9; Exaustão emocional: > 11,0 < 21; Baixa realização profissional: ≤ 30) e alta (Despersolnalização: x ≥ 9; Exaustão emocional: x ≥ 21; Baixa realização profissional: x ≥ 37) (MASLACH; JACKSON, 1981).

 A análise estatística foi realizada utilizando o Pacote Microsoft Office Excel versão 2007, onde foram feitos cálculos de Média, Desvio-Padrão (DP), o cálculo de incidência que deram base para a inferência e também a segregação em variáveis: Idade, Gênero, Estado Civil, Filhos, Profissão atual, Tempo total de trabalho, Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DE) e Baixa Realização Profissional (RP).

 6. Resultados e Discussões

 A pesquisa contou com a participação de 55 (n) indivíduos, cerca de 78% (n= 43) dos participantes da pesquisa pertenciam ao sexo feminino enquanto os outros 22% (10) apenas, eram do sexo masculino e 3,6% (n=2) se absteram em responder o questionário socioeconômico, conforme mostra a tabela 2 com os dados do questionário sociodemográfico e do Inventário de Burnout foram estratificados nas seguintes variáveis.

 Tabela 2. As variáveis sociodemográficas e o nível de Burnout encontrado

VARIÁVEIS

BURNOUT

%

SEM

%

TOTAL

 

ALTO

 

BURNOUT

   

N

29

52,7

26

47,2

55

           

IDADE (anos)

         

<30

9

16,3

7

12,7

16

>30

18

32,7

19

34,5

37

GÊNERO

         

Feminino

23

41,8

20

36,3

43

Masculino

4

7,2

6

10,9

10

ESTADO CIVIL

         

Solteiro

14

25,4

9

16,3

23

Casado

11

20

14

25,4

24

Divorciado

2

3,6

2

3,6

4

FILHOS

         

Sim

15

27,2

14

25,4

29

Não

12

21,8

12

21,8

24

PROFISSÃO ATUAL

         

Aux. Limpeza

5

9

5

9

10

Téc. Administrativo

12

21,8

6

10,9

18

Aux. Biblioteca

2

3,6

3

5,4

5

Docente

10

18,1

8

14,5

18

Secretário

1

1,8

3

5,4

4

TEMPO TRABALHO

         

TOTAL

         

0,5 ----- 3

10

18,1

13

23,6

23

3 |------- 6

7

12,7

1

1,8

8

6 |------ 14

6

10,9

8

14,5

14

>14

1

1,8

3

5,4

4

FONTE: Questionários aplicados.

 Na variável profissão atual foram contabilizados 18,1% (n=10) auxiliares de limpeza, 32,7% (n=18) para técnicos administrativos, 9% (n=5) de auxiliares de biblioteca, 32,7% (n=18) de docentes e 7,2% (n=4) trabalhavam como secretários nos campus, valores expressos no gráfico 1 o qual mostra o percentil de profissionais que responderam os questionários.

Gráfico 1: Percentil de profissões atuais dos funcionários da UEG Campus Itumbiara e Formosa entre 2015 e 2016.

 

7,20%

18,10%

 

AUX.LIMPEZA

     
       

32,70%

     

TÉC.ADM.

     
     
       
       

AUX.BIB.

       
       
   

32,70%

 

DOCENTE

     
     

SECRETÁRIO

9%

 FONTE: Questionários aplicados.

 Cerca de 41,8% (n=23) dos participantes declararam são solteiros, 43,6% (n=24), a maioria é casada e 7,2% (n=4) são divorciados, 52,7% (n=29) tem filhos e 43,6% (n=24) não os tem.

Em análise, pode-se constatar que 52,7% (n=29) dos funcionários dos campus pesquisados da UEG apresentam forte tendência para desenvolvimento da SB, isto é, com altos índices de Exaustão emocional e baixos índices de realização profissional. A categoria profissional que apresentou o maior índice foram os técnicos administrativos com 21,8% (n=12) seguidos pelos docentes com 18,1% (n=10) como mostra o Gráfico 2.

 Gráfico 2: Categorias profissionais e índices para Síndrome de Burnout na UEG Campus Itumbiara e Formosa entre 2015 e 2016.

 

1,80%

9%

   

AUX.LIMPEZA

18,10%

     
       

TÉC.ADM.

       
         

AUX.BIB.

         

3,60%

   

21,80%

 

DOCENTE

     
       
       

SECRETÁRIO

         
           

FONTE: Questionários aplicados.

Carlotto e Palazzo (2006) citam como uma das causas para baixos índices de realização profissional a relação do funcionário a cultura organizacional da empresa. Cox, Kuk e Leiter (1993) inferem que tal dimensão esta associada ao “estar gasto” ou “sentir-se pressionado” o que pode ser da cultura da empresa, submeter o funcionário a grande pressão devido à responsabilidade do cargo que ocupa e anos de tal situação pode desgastá-lo emocionalmente.

 Em publicação mais antiga, Cherniss (1980) sugere que as frustrações acontecem nesse ponto, em que o indivíduo idealiza grandes e utópicas expectativas, as quais não são realizadas ao longo do trabalho. Em estudo realizado em escolas de Porto Alegre – RG foi constatado que tais idealizações costumam ocorrer com profissionais jovens que também se sentem distantes dos indivíduos no trabalho, deixando de lado o contato interpessoal (CARLOTTO, 2011; FARBER, 1991).

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