IMPLICAÇÕES DA CARGA HORÁRIA SEMANAL NA GESTÃO...

Por Miranda Muturule Muirene Joao | 14/03/2017 | Educação

IMPLICAÇÕES DA CARGA HORÁRIA SEMANAL NA GESTÃO DO PROGRAMA DE ENSINO DE FÍSICA – CASO DA 9ª CLASSE DA ESCOLA SECUNDARIA DE MUATALA

Miranda Muturule Muirene João[1]

Introdução

As competências que os novos programas de apresentam procuram desenvolver e compreender um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para a vida e permite ao graduado do Ensino Secundário Geral enfrentar o mundo de trabalho numa economia cada vez mais moderna e competitiva. Esta surge num momento que Moçambique está numa forte batalha contra a pobreza absoluta, a crise politica militar e a crise económica.

Tratar questões relacionadas com a necessidade de compatibilidade da carga horária na gestão do programa de ensino de física é contribuir na melhoria da qualidade de ensino e na formação de jovens munidos de conhecimentos de qualidade desejável de forma a garantir o seu futuro em particular e do país no geral. As implicações da carga horária semanal na gestão do programa de física na 9ª classe foi o tema do presente estudo.

A linha de pesquisa deste estudo, insere-se na componente, pré - concepção em relação ao processo de ensino aprendizagem de física, enquanto o seu objecto de estudo é: O processo docente educativo com a carga horária semanal no programa de física da 9ª classe.

A opção do tema da pesquisa, deve-se ao facto de ter-se constatado que, no decurso dos vários anos de trabalho como professor da referida disciplina, nas quais esta classe tem apenas 2 horas semanais e consequentemente, o grande atraso no cumprimento de programa de ensino e quando se considera cumprido, outros conteúdos não são leccionados devidamente e ou ainda são copiados pelos alunos através de ditado dos apontamentos, tudo na tentativa de ganhar o tempo.

A prática do incumprimento do programa em referência, perdura por longo tempo em várias escolas do País, da Província e em particular na Escola Secundaria de Muatala. Todavia, foi na base desta frequência e coincidência deste facto que conduziu a este estudo, levantando-se a seguinte questão:

Que estratégias podem ser adoptadas nas aulas de física 9ª classe de modo a carga horária semanal não comprometa o cumprimento do Programa de Ensino?

E como supostas respostas ao problema levantado, esta pesquisa procurou encontrar sugestões sobre a incompatibilidade da carga horária semanal com os conteúdos programáticos como formas de minimizar o incumprimento do programa de ensino de física.

O ponto básico do tema individualizado e especificado na formulação do problema, sendo uma dificuldade sentida, compreendida e definida, necessita de uma resposta, provável, suposta e provisória, isto é uma hipótese, por isso, há diferentes formas de hipóteses, sendo entre elas “ as que afirmam em dada situação a presença ou ausência de certos fenómenos, as que se referem a natureza ou características de dados fenómenos em uma situação específica, as que apontam a existência ou não de determinadas relações entre fenómenos e as que prevê variação concernente, directa ou inversa, entre certos fenómenos entre outras.

A pesquisa é do tipo qualitativo e de carácter exploratório, procurando saber as percepções dos membros da Direcção da escola, professores e alunos a cerca das implicações da carga horária semanal na gestão do Programa de Ensino de física na 9ª classe para melhorar o seu cumprimento e a qualidade de ensino, procurando o alcance de mecanismos e estratégias para minimizar o problema.

O seu objectivo geral é: - Avaliar as implicações da carga horária semanal para compreender a sua influência na gestão de Programa de física na 9ª classe, e os específicos: - Relacionar a carga horária semanal e os conteúdos programáticos de física da 8ª classe para verificar o grau de cumprimento do Programa de física; - Analisar o nível de uso do livro do aluno para verificar a sua influência na gestão do Programa de física da 9ª classe; e - Propor estratégias didácticas - pedagógicas para minimizar a problemática da suposta incompatibilidade dos conteúdos programáticos e a carga horária semanal.

Para a efectivação do presente trabalho foram empregues os seguintes métodos: indutivo, empíricos, histórico – lógico, comparativo, estatístico/ matemático, e análise - sintético e técnicas de colecta de dados tais como a entrevista, inquérito e consulta bibliográfica.

O estudo mostrou - se relevante para os alunos, professores assim como as direcções das escolas em particular de Muatala e do País em geral, pois contribuiu no cumprimento do programa de ensino na medida em que a pesquisa sugeriu algumas estratégias que podem ajudar no cumprimento do mesmo, por conseguinte os alunos estarão munidos de conhecimentos que lhes serão úteis nas classes subsequentes assim como na sua vida futura. Ademais, vai fortalecer o papel da física como ciência.

A compreensão dos fenómenos sócio - económicos precisa de se estabelecer as ligações com os fenómenos físicos naturais. Não obstante o estudo constitui mais um alerta `as estruturas de tutela, que devem fazer um acompanhamento forte inerente ao cumprimento do programa de física pelos seus professores e no sentido de disponibilizar materiais para operacionalização deste programa, por exemplo, o uso adequado de procedimentos didácticos – pedagógicos.

O trabalho apresenta para além dos elementos pré e pós-textuais, 03 capítulos: o primeiro refere a metodologia de trabalho; o segundo a fundamentação teórica e o terceiro refere a análise e interpretação dos dados, conclusão, sugestões, apêndices, anexos e a bibliografia.

O estudo levou os seguintes resultados e conclusões: Os professores têm uma formação psico - pedagógica e com anos de experiência; a gestão do Programa de física no ESG é defeitoso; Não há orientação rigorosa para aquisição do livro do aluno e mesmo a escola não o possui apesar do reconhecimento da sua importância; falta de medidas de soluções atribuídas pela direcção da escola que ajudem no cumprimento flexível do programa; O volume dos conteúdos programáticos não corresponde com a carga horária semanal e propõem para a sua redução ou aumento da carga; uso de procedimentos didácticos pedagógicos tradicionais (Exposição); o incumprimento do programa é motivado pelas visitas, feriados, tolerâncias de ponto e a constante mudança de professores.

Porém, para além destas linhas conclusivas, alguns documentos da escola reporta o não cumprimento do programa de física nos anos 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, isto significa que esta situação tem sido constante para além do período em estudo.

Depois da leitura actas do grupo de disciplina de física, não se verificou nenhuma medida tomada pela direcção da escola como forma de ultrapassar a situação do não cumprimento do programa de física.

CAPÍTULO I: DESENHO METODOLÓGICO

O capítulo acima citado espelha a metodologia utilizada na efectivação desta pesquisa. Pois ela vai procura explicar minuciosamente e detalhada toda acção que foi desenvolvida durante todo processo.

1.1. Tipo de Pesquisa

Para o presente estudo, a pesquisa é qualitativa pois, permitiu ao pesquisador fazer uma análise crítica dos dados obtidos no terreno. O uso desta pesquisa foi devido aos instrumentos que foram empregues durante a efectivação da mesma tais como: a observação, inquérito e entrevista, isto porque é imprescindível fazer parte integrante da observação do fenómeno, de modo a dar – lhe um significado claro do local onde decorreu o estudo.

1.2. Método de pesquisa

Para a realização desta pesquisa, aplicaram-se os seguintes métodos: os métodos de abordagem e de procedimentos.

1.2.1. Método de abordagem

Para esta pesquisa usou-se o método indutivo, que permitiu a inferência do fenómeno em estudo que decorreu na Escola Secundária de Muatala, que é uma situação a partir do particular mas que pode estar a ocorrer em muitas Escolas dos Distritos, das Províncias e do País em geral, tal como refere CERVO e BERVIAN (1996:30) ao afirmar que “Argumento indutivo baseia-se na generalização de propriedades comuns e certo número de casos até agora estudados, a todas ocorrências que se verificam no futuro (…) Para este autor partindo-se de teorias e leis particulares, pode – se chegar à determinação ou previsão de fenómenos gerais.”

1.2.2. Métodos de Procedimentos

Os dados mereceram uma análise descritiva, seguindo de uma manipulação estatística facilitando comprovar as relações dos fenómenos entre si, e obter generalização sobre sua natureza e ocorrência. Assim, nos métodos de procedimento, empregou-se métodos empíricos como o caso de: observação directa, no momento de levantamento dos dados no campo na ESM, onde se observou o fenómeno. Este método é sustentado por LAKATOS e MARCONI, (1992: 107), afirmando que “o método de observação directa utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos das realidades, não consiste apenas em ver e ouvir mas também em examinar factos ou fenómenos que se deseja estudar”. Neste contexto, a observação cingiu-se na visita a ESM para verificar a realidade que se vive no concernente ao tema da pesquisa com alguns membros da direcção, professores e alunos.

Enquanto a observação indirecta, centrou – se na análise dos documentos da Escola tais como: o programa de física da 9ª classe, regulamentos, dosificações, actas do grupo de disciplina de física e do Conselho Pedagógico, inquérito feito aos professores e aos alunos e entrevista feita aos membros de Direcção da Escola. Também usou-se os métodos históricos, comparativos, estatísticos e sintético.

1.2.3. Análise documental

Este método geralmente envolve materiais que não receberam tratamento analítico. Com ele, foi possível a consulta de documentos da Escola, tais como: actas do grupo de disciplina de física e do Conselho Pedagógico do período em estudo entre outros.

1.3. Técnicas de colecta de dados

Como técnica de recolha de dados usou-se a entrevista, na medida em que a entrevista desenvolve-se de maneira metódica e proporciona aos entrevistados, verbalmente, a informação necessária. Esta técnica é sustentada por GIL (1999) ao afirmar que “ (…) técnica por excelência na investigação social, atribuindo-lhe um valor semelhante ao tubo de ensaio na química e ao microscópio na microbiologia. Por flexibilidade é adoptado como técnica fundamental de investigações nos mais diversos campos e pode se afirmar que parte importante do desenvolvimento das Ciências naturais nas últimas décadas foi obtida graças a sua aplicação”. Quanto ao tipo, preferiu - se a estruturada que respeitou uma ordem de perguntas dirigidas aos entrevistados, nomeadamente: o Director Adjunto Pedagógico do I Ciclo e o Delegado de disciplina da física.

 

1.5. Universo e amostra

O universo previsto no projecto para esta pesquisa é de professores do I Ciclo que leccionam a disciplina de física e alunos da 9ª classe e sua amostra é probabilística intencional composta por 2 professores que leccionam a disciplina de física, 50 alunos da Turma A, da 9ª classe e 2 membros de direcção da escola.

 

 

CAPITULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.

Neste capítulo, estão apresentados os dados obtidos mediante a pesquisa de campo realizada na Escola Secundária de Muatala em Novembro de 2009. Segundo a divisão Administrativa da cidade de Nampula, a escola em estudo encontra-se no Posto Administrativo de Muatala, bairro de Mutauanha e localiza-se, a Oeste da cidade de Nampula e ao Sul da Escola Secundária de Teacane, a 1km do Posto policial de trânsito em direcção a Vila de Murrupula, aproximadamente a 100 metros da subestação de Electricidade de Moçambique, (vide o apêndice nº 4).

3.1. Localização astronómica da Cidade de Nampula.

Segundo LOPES (1996), a cidade de Nampula, está situada entre os paralelos de 15º 01 35´ 13 15´ de latitude sul e entre os meridianos 39 º 23 28 e 39 º 10º 0´ de Longitude Este.

3.1.1. Localização astronómica da escola Secundária de Muatala

De acordo com o relatório anual (2006), a Escola em estudo, encontra-se localizada a 15º 35´ 7´ de latitude Sul e encontra-se sensivelmente a 393 metros de altitude em relação ao nível das águas do mar, (vide o apêndice nº4).

3.1.2. Apresentação, análise e interpretação dos dados

 A apresentação é seguida de uma breve interpretação visando analisar os discursos dos sujeitos. As técnicas usadas para a recolha de dados, baseiam-se na observação, inquérito e entrevista, que de certa maneira facilitou uma análise quantitativa e qualitativa.

A análise e interpretação dos dados é método cuja aplicação ocorre após a colecta de dados e é complementado pelo método estatístico / matemático. Estes dois processos (analise – síntese), apesar de serem diferentes, relacionam-se e complementam-se, por isso, seria difícil interpretar os dados em bruto, isto é, tal como foram obtidos, sendo necessário organizar e sumariar com vista a interpretá-los e melhor dar resposta ao problema da pesquisa.

Portanto, GIL (1999), afirma que os dados colectados embora sumariados, ainda não constituem resposta ao problema proposto para investigação, daí que há necessidade de interpretá-los. A interpretação consiste na procura do sentido das respostas fornecidas pelos sujeitos da pesquisa, ligando-os a outros conhecimentos anteriormente obtidos.

A técnica usada para a apresentação dos dados foi a categorização. Conforme BARDIN (1995) citado apud IVALA (2007:122) “a categorização, consiste na classificação de elementos que constituem um conjunto. Essa operação passa pela diferenciação, seguida do reagrupamento dos elementos segundo o género (analogia), com critérios previamente definidos”. Ainda, segundo apud IVALA (IBID:122) “as categorias são as rubricas ou classes que reúnem um grupo de elementos sob um título genérico. Na análise de conteúdo, esses elementos desaguados por unidades de registo. O agrupamento é efectuado em função das características comuns dos elementos de causa”.

Tal como refere GIL (2007:173) que “a análise e interpretação dos dados da pesquisa, constituem processo relacionado. Por isso, não é muito fácil distinguir onde termina a análise e onde começa a interpretação (…) também a quem compara a analise com a actividade artesanal e a interpretação com a actividade artística.”

A apresentação, análise e interpretação dos dados desta pesquisa foi feita simultaneamente, consoante com as respostas que foram adquiridas durante a pesquisa, na base de entrevistas e inquéritos, respeitando a ordem que se segue:

Segundo a explicação anterior, para tornar fácil a tabulação da informação da entrevista feita ao Director Adjunto Pedagógico do 1º Ciclo e o Delegado da Disciplina de física, usou-se o seguinte código: DAPIC (Director Adjunto Pedagógico do 1º Ciclo) e DDF (Delegado de Disciplina de física), enquanto o inquérito dirigido aos 4 professores de física da 9ª classe com 7 perguntas, com opções obedeceu o seguinte critério PF1 (Professor de Física nº1), P1 e R1 (Pergunta 1 e Resposta 1) e assim, sucessivamente seguindo a ordem para os alunos, codificando 60 números consecutivos, partindo de 1, 2, 3, 4, até 60.

De referir, que a categorização foi feita de forma diversificada, devido aos diferentes grupos (entrevistados e os inquiridos), como se pode ver:

3.2. Perfil dos sujeitos da pesquisa

Como forma de conhecer os sujeitos foram feitas perguntas relacionadas com pessoas entrevistadas sobre: (vide apêndice nº1).

Formação e anos de experiências na docência.

  • Gestão do Programa de Ensino de física no ESG.
  • Volume dos conteúdos programáticos e a carga horária semanal.
  • Dificuldades dos professores.
  • Componente formação de professores.

 

Para cada uma destas categorias equivalente a uma pergunta, são similares para cada um dos entrevistados e constam na matriz do inquérito com os números 1, 2, 3 … 9.

A primeira parte da entrevista visava, fornecer algumas informações básicas nomeadamente formação Psico-Pedagógica e anos de experiências na docência. Das respostas, obtidas observou-se que:

 O quadro da Formação Psico-Pedagógica refere que os dois elementos entrevistados possuem formação Psico-Pedagógica de nível superior, licenciados a disciplina de física e o outro em Ensino de Matemática, ambos pela UP, Delegação de Nampula.

Dos dois entrevistados, ambos são do sexo masculino. No que diz respeito aos anos de experiência, a pesquisa monstra que um possui 23 anos e outro apenas 02 anos, que segundo o nosso ponto de vista, eles são profissionais munidos de métodos e procedimentos apropriados para docência.

3.3. Gestão do Programa de Ensino de Física no ESGI.

Para compreender esta situação foi lançada a seguinte pergunta: Como tem sido a gestão do Programa de Ensino de Física da ESG?

Os entrevistados DAPIC e o DDG correspondentes a 100%, responderam que a gestão do programa de ensino da disciplina de física no ESG é defeitoso incluindo a 9ª classe, que sempre tem tido irregularidades no seu cumprimento, a razão da pesquisa.

Segundo os dados, mostram que há dificuldades na gestão do Programa de Ensino de física da 9ª classe comparativamente a das outras classes. (vide o anexo nº1).

3.4. Atitudes da Direcção da Escola em relação a esta categoria, foi dirigida a questão:

Que atitudes a Direcção da Escola tem tomado face a gestão do Programa de Ensino de física no ESG? Pretendia se com esta pergunta saber, se a Direcção da Escola, está a par da gestão dos Programas de Ensino ou por outra, se faz acompanhamento da gestão dos mesmos.

Nesta questão, houve quase respostas similares dos entrevistados, afirmando-se que nos encontros de planificação e dosificação do grupo de disciplina a Direcção da Escola poucas vezes tem recomendado aos professores estratégias para contornar a situação.

Na nossa opinião urge a Direcção da Escola propor medidas como: assistência `as aulas, debates, capacitações, seleccionar temas de grande importância, resumo dos conteúdos, trabalhos de pesquisa e elaboração de textos de apoio.

3.5. O uso do livro do aluno

Nesta categoria, levantou se a seguinte questão: Até que ponto o livro do aluno tem ajudado aos professores no cumprimento do Programa de Ensino de Física da 9ª classe?

Com esta pergunta, visava saber junto dos entrevistados, se têm conhecimento, acerca do uso do livro do aluno como um meio de ensino pelos professores ou pelos alunos durante as aulas de física para ajudar na gestão do Programa de Ensino de uma maneira flexível e no aprofundamento dos conhecimentos dos alunos.

Para o DAPIC, reconheceu a existência do livro do aluno da disciplina e da classe em estudo só que infelizmente a biblioteca da sua escola não o possui. E geralmente, os professores do ESG não têm o hábito de orientar os seus alunos na compra ou aquisição do livro em alusão.

Para o DDF, confirmou a não existência do livro de física da 9ª classe na sua escola e muito menos os professores o possuem. Não se faz sentir o esforço para aquisição deste material didáctico para os professores e para os alunos tornando as aulas mais expositivas e longas.

Segundo a pesquisa, julga-se que o não uso deste material deriva dos próprios professores que não divulgam a sua relevância e não orientam para a sua aquisição. Não obstante, a falta do uso deste livro pode contribuir no retrocesso na gestão do Programa de Ensino de Física.

A indiferença demonstrada pelos professores acerca do uso deste meio de ensino, não apenas reflecte na fraca criatividade dos mesmos, mas também no incumprimento do plano de lição em 45 minutos devido ao volume de apontamentos que o seu ditado, sempre transita para a aula subsequente, implicando o incumprimento do Programa de Ensino física até no final do trimestre ou do ano. Justificando-se no volume dos conteúdos programáticos em relação a reduzida carga horária.

3.6. Carga horária semanal, no cumprimento do Programa de Ensino de física da 9ª classe.

Nesta categoria levantou-se a questão: que comentários poderiam fazer sobre a carga horária semanal e o cumprimento do Programa de Ensino de Física da 9ª classe, devido a grande disparidade que a entrevistadora constatou durante as PPII e III, fases do estágio, a carga horária era de 2 aulas semanais de 45 minutos para cada uma. E a matéria introduzida pelo estagiário no segundo trimestre depois de terem iniciado as aulas em mais de duas semanas deveriam ser dadas no I trimestre, em suma sensivelmente um mês de atraso em ambas as fases das PPs.

Neste pacote afirmou-se em unânime que a carga horária semanal não era acessível ao programa de ensino de física da 9ª classe devido ao grande volume dos conteúdos programáticos o que leva muitas vezes o não cumprimento do mesmo. Porém, adiantam um pensamento de se reduzir os conteúdos ou aumentar a carga horária em 3 aulas semanais.

Face aos comentários acima evocados, julga-se que o problema não se dissolverá na base da redução dos conteúdos ou aumento da carga horária, mas sim na introdução de estratégias, como nos referimos nas páginas anteriores, abraçando as didácticas renovadas.

3.7. O volume dos conteúdos programáticos e a carga horária semanal

Inerente a este assunto, a questão foi formulada de seguinte maneira: O volume dos conteúdos corresponde a carga horária semanal?

Em relação a questão levantada, os entrevistados afirmaram categoricamente que os conteúdos programáticos são tão extensos e que não correspondem com a carga horária proposta pelo MEC.

Assim, acha-se que o não contorno deste problema, até certo ponto afecta o PEA na medida em que o Programa de Ensino de física em Moçambique é concêntrico, facto que dificulta a assimilação dos conteúdos nas classes de exames e nas classes subsequentes. Sendo assim, propomos que os professores tenham iniciativas de seleccionar o essencial dentro do programa, façam sínteses e não uma gama de apontamentos, produzam textos de apoio entre outros.

3.8. Dificuldades dos Professores no cumprimento do Programa de Ensino de Física 9ª classe.

Face a esta categoria, levantou-se a seguinte questão: o que dizem os professores que têm dito dificuldades de cumprir o Programa de Ensino?

Em relação a questão os entrevistados referiram-se que não é imediato o cumprimento do programa pela reduzida carga horária e vastidão do programa, tolerâncias de ponto e feriados, visitas de altas personalidades nos dias úteis, e mudanças de professores (vide o anexo nº2).

Feita a análise achou-se que apesar destas ocorrências que eles consideram grandes obstáculos na gestão do programa demonstram resistência na procura de medidas de soluções que ajudem no cumprimento flexível do programa ao nível da escola verificando se assim o espírito de deixa andar por parte dos dirigentes, tornando-se um ciclo vicioso.

3.9. Gostaria de acrescentar ou clarificar mais alguma coisa do que disse?

Em resposta a esta pergunta, o DDF sugeriu o uso de livros de autores moçambicanos como: o saber física 9 (Longman) que possui conteúdos resumidos e actualizados), enquanto para o DAP, dizia que actualmente os alunos não têm hábito de leitura, incluindo os da 9ª classe e são raras vezes que os professores atribuem o TPC.

Isto revela que os entrevistados possuem experiência profissional só que não aplicam durante a leccionação. 

Portanto, o inquérito é um método largamente usado nas pesquisas científicas, dadas múltiplas vantagens que este apresenta, como por exemplo: a possibilidade de alcançar maior número de pessoas, por mais que estas estejam distantes em certos espaços geográficos, garante o anonimato dos inquiridos daí a probabilidade de obter informações fiáveis, permite que os inquiridos respondam no momento em que eles quiserem e sem pressão ou influência de opiniões externas, e muito menos por agitação do inquirido.

Porém, apesar das vantagens já demonstradas, o mesmo tem algumas desvantagens como é o caso do impedimento do conhecimento das circunstâncias em que foi respondido; não dá segurança que os inquiridos devolvam – no bem preenchido, não permite que haja ajuda em casos de existência de algumas dúvidas em determinadas questões.

Em relação a esta pesquisa, o inquérito serviu para minimizar o tempo e por outro lado para permitir a colecta de muita informação. De realçar é que o inquérito utilizado foi do tipo misto (vide o apêndice nº2) modelo de inquéritos dirigido aos professores e alunos) com perguntas fechadas e em número muito reduzidos as abertas, isto devido a exiguidade do tempo, e porque para os alunos muitas das vezes deixam perguntas sem resposta. Com base neste inquérito, pretendia-se verificar junto aos inquiridos não apenas os seus conhecimentos, mas também identificar as dificuldades e opiniões que possuem sobre o assunto em estudo.

Após a análise dos resultados da entrevista, seguiu-se a fase de análise dos resultados do inquérito aos professores. A categorização das repostas, obedeceu os passos abaixo descritos.

3.9. Inquérito feito aos Professores

O inquérito aos professores foi feito pelo mesmo tipo de perguntas em número de 7 (sete): P1, P2, P3,P4, P5, P6 e P7, equivalendo a seguinte correspondência: P1-R1, P2-R2, P3-R3, P4-R4, P5-R5, P6-R6, P7-R7 e o código para os professores é: PFI 1, PFI 2, PFI 3. e PFI 4 (Professor de Física Inquerido 1, Professor de Física Inquerido 2

 PFI 4 (Professor de Física Inquerido 3, Professor de Física Inquerido 4).

3.9.1. Dados pessoais dos professores:

Formação Psico – Pedagógica 

 Para o conhecimento dos sujeitos que estavam sendo inquiridos foi lançada a pergunta com duas opções sobre formação e sexo, tendo obtido os seguintes resultados vide a Tabela abaixo.

Quadro 1 – Formação Psico-Pedagógica, sexo e anos de experiência.

Nº Pergunta

Pergunta

Alternativa da resposta

Resposta do inquérito

Frequência absoluta

Frequência relativa

1

Formação Psico – Pedagógica

Formado

4

4

100%

Não formado

_

_

_

2

Sexo

Feminino

2

4

50%

Masculino

2

4

50%

3

Anos de experiencia de docência

10 – 20

2

2

50%

20 – 30

2

2

50%

Fonte: adaptado pelo autor

A tabela acima demonstra que: todos professores inquiridos possuem formação Psico-Pedagógica, o que até certo ponto é muito importante pois garante sucessos no PEA. E em relação ao sexo, dos inquiridos 2 são mulheres e 2 são homens. Portanto, isto leva a querer que a amostra íntegra a perspectiva de género que é uma grande aposta, na conjuntura actual no país e ao nível planetário em geral. (Vide o gráfico abaixo).

Gráfico 1- Professores inquiridos por sexo

Fonte: elaborado pelo autor a partir do inquérito dos professores

Anos de experiência na docência.

Lançado este item nos dados pessoais, verifica – se que todos possuem uma experiência de docência de longa data, sendo 2 com uma experiencia entre 10 - 20 anos e os restantes, entre 20 – 30 anos.

Gráfico 2 – Anos de experiências dos professores inquiridos

Fonte: elaborado pelo autor a partir do inquérito dos professores

 

3.9.2. Cumprimento do Programa de Ensino de Física

Foi lançada a P1. (Pergunta nº1) – Como docente, tem cumprido o programa de ensino de Física da 9ª classe? Três dos quatro (Pf1I, Pf3I e o Pf4I) que corresponde a 75%, responderam que não têm cumprido com o Programa do Ensino, enquanto os (PF2I) que perfaz 25% na R1 tenta cumprir com o programa de ensino. Isto leva a perceber que os professores da disciplina de física, não têm cumprido na íntegra o programa de ensino.

P1.1. Se não tem cumprido com o programa quais são as causas? Para esta questão foram dadas as seguintes respostas:

Das pessoas inquiridas afirmaram que raras vezes cumprem com o programa motivado aos feriados nacionais, tolerâncias de ponto; visitas de personalidades de alto nível na província; a vastidão do programa e a redução da carga horária semanal, (vide o anexo nº2).

De acordo com NÉRICI (1991:88) “o programa de ensino representa a previsão de todas actividades escolares a serem desenvolvidas numa disciplina durante um período lectivo que pode ser semestral ou anual a fim de tornar o ensino mais orgânico, eficiente e com sentido de continuidade.”

Assim, apoiando-se do pensamento acima, achamos que o não cumprimento do programa de ensino, prova que não há previsão das actividades escolares durante as dosificacões, e isto vai se reflectir negativamente no PEA.

A P2 Sobre a carga horária semanal e o cumprimento do programa de ensino tinha quatro opções: a) Facilita muito o cumprimento do programa; b) Facilita o cumprimento do Programa; c) Facilita pouco o cumprimento do programa; d) Não facilita o cumprimento do programa.

Com o objectivo de procurar saber se a carga horária semana estabelecida pelo MEC, se facilita o cumprimento do programa do ensino da disciplina de física 9ª classe com as opções acima expostas aos inquiridos dera as seguintes respostas: Os PFIs 1, 2, e 3 escolheram como R2 a opção d) que corresponde 75% dos inqueridos e somente o PFI 4 escolheu a R2 opção b), corresponde 25%.

Os docentes consideram que a carga horária semanal estabelecida não ajuda no cumprimento do programa de ensino. Estas alternativas vem reforçar os argumentos do não cumprimento do programa do ensino pelos professores o que contradiz com as orientações do MEC que aconselha a articulação do programa localmente e autoriza a sua apreciação do mesmo com as possíveis sugestões.

Vide o gráfico 3: A carga horária semanal e o cumprimento do programa de ensino

.

Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados do inquérito

A P3, sobre o volume dos conteúdos programáticos e a carga horária semanal. Para esta pergunta havia quatro alternativas: a primeira que dizia que corresponde com a carga horária semanal, a segunda alternativa que não corresponde com a carga horária semanal, a terceira em que diz que os conteúdos são muitos e a quarta, o número de horas é pouca.

Para a primeira alternativa, 3 inqueridos afirmaram que os conteúdos são muitos, este número corresponde a 75%, e finalmente na quarta alternativa 1 inquerido que corresponde a 25% respondeu que o número de horas é pouca.

Enquanto isso, a segunda e a terceira opção não foram escolhidas porque a orientação da autora da pesquisa foi de apenas que a escolha devia ser de uma única alternativa.

Gráfico 4. O volume dos conteúdos programáticos e a carga horária semanal.

Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados do inquérito

Como se pode depreender, os resultados obtidos e representados pelo gráfico acima, dão a entender que a maior parte dos professores reclamam o volume dos conteúdos programáticos por ser elevado e não corresponde com a carga horária semanal estabelecida. 

No que diz respeito a P 3.1. Argumente sobre a sua escolha. Vários foram os argumentos apesar de muita coincidência nas respostas e pouca convergência como se pode ver: Para os PFI 1, PFI 2, PFI 3 no seu argumento da R 3.1, abordam sobre o grande volume dos conteúdos programáticos o que leva a vastidão do programa; reduzida carga horária que não corresponde com o volume dos conteúdos e sugerem o aumento de pelo menos uma hora ou a redução dos conteúdos.

Enquanto para o PFI4 na sua R.3.1. concorda com a vastidão do programa de ensino, o importante para ele é a dosificação do programa que o professor deve fazer para atingir os conteúdos programáticos.

Para o INDE (2008), ˝ alerta aos professores a ficarem muito atentos na realização da acção docente educativa, trabalhar com o programa de forma flexível, crítica e criativa, situação que poderá trazer êxitos no PEA ˝.

Na nossa percepção, cumprida esta particularidade citada pelo INDE, pelos professores que leccionam a disciplina e a classe em destaque, iria minimizar as barreiras levantadas pelos inqueridos e entrevistados como constrangimentos no cumprimento do programa do ensino.

 Isto vem provar que as dificuldades que os professores encaram no cumprimento do Programa do Ensino por vezes são por falta de iniciativa e criatividade individual ou do grupo, que estes não aplicam e nem discutem durante os seus encontros no grupo de disciplina, limitando-se apenas na elaboração das actas ou relatórios que relatam o não cumprimento do programa, no final do trimestre ou do ano. (vide os anexos nºs 3 e 4).

Já para a P4, até que ponto o livro do aluno tem ajudado aos professores no cumprimento do Programa de Ensino de Física 9ª classe?

Com esta questão pretendia saber se de facto os professores têm a consciência do valor do uso do livro do aluno, visto que a autora durante a assistência das aulas nas PPII e PPPIII nesta escola sentiu a ausência do mesmo durante as aulas, interrogando-se a si mesma em relação a esta constatação.

Como R4 os PFI 1, PFI2, PFI 3 e PFI 4 que constituem 100% dos inquiridos, na sua R 4 reconhecem a importância do uso do livro em destaque pelos professores no cumprimento do programa do ensino e se todos os alunos o tivessem, facilitaria no cumprimento do programa do ensino na medida em que os professores marcariam trabalhos para casa com base nos mesmos livros e para a consolidação dos conhecimentos adquiridos durante as aulas, o que não se verifica.

 A análise que se faz sobre esta questão é que os professores estão cientes que o uso do livro pode ajudar em certa medida no cumprimento do programa do ensino, apenas não exigem para a sua aquisição e nem aos pais e encarregados de educação logo no inicio do ano lectivo, o que revela que os professores não tem iniciativas como vimos anteriormente e tem o espírito de deixa andar.

Na P5, qual é em média o número de livros do aluno em cada Turma? Para esta pergunta, havia quatro opções em que os 4 inquiridos deviam escolher, tais como: Para alínea a) menos de 15 alunos; a b) entre 16 e 30; c) entre 31 e 45 e por último a d) mais de 46.

Dos 4 inquiridos que correspondem 100% confirmam que a R4 é a alternativa a) que a média do número de alunos em cada turma é de menos de 15 que possui livro em alusão.

Esta resposta revela que o número de livros existentes ou que se estima para cada turma é insignificante a saber que cada turma tem acima de 60 alunos.

Isto obriga que muitas vezes os eles não realizem o TPC recomendado com o uso do mesmo recurso, ou não conheçam o livro até na classe subsequente, o que não é normal para um indivíduo preocupado em dominar a ciência e relacionar os factos fisicos.

A P6 como tem usado o livro do aluno tem 4 alternativas em que a alínea a) para a realização do TPC; a b) para passar apontamentos, a c) Para copiar esquemas/ mapas e por último a d) para ler durante as aulas.

Como R6, dos inquiridos, 2 que são PFI estes que correspondem 50% optou pela alternativa a) enquanto os restantes 2 do PFI 50%, escolheram a alternativa c).

Nisto, confirma-se que não há evidências do uso regular do livro de Geografia da 8ª classe pelos professores.

Durante o estágio, na avaliação dos cadernos foram poucas vezes que se observaram os tais esquemas / mapas nos cadernos o que significa que este meio de ensino é pouco explorado pelos docentes assim como pelos próprios alunos.

  1. Gostaria de acrescentar ou clarificar mais alguma coisa do que respondeu?

Dos 4 professores inquiridos, 3 correspondente a 75%, insistiram no aumento da carga horária  semanal, na redução dos conteúdos programáticos. Enquanto 1 equivalente a 25%  não deu nenhum palpite sobre esta questão.     

No concernente ao inquérito feito aos estudantes, a primeira indagação foi referente a idade e o sexo dos mesmos. Os resultados do inquérito, mostram que dos 60 alunos inquiridos, 33 são do sexo feminino, correspondente a 55% e 27 são do sexo masculino equivalente a 45%.

E sobre a idade dos mesmos, varia entre 13 a 16 anos sendo: 12 com 13 anos (20%) ; 25 com 14 anos ( 41%); 16 com 15 anos ( 27% ) e 7 com 16 anos ( 12 % ).

Em função do inquérito feito aos alunos, foram formuladas as seguintes perguntas que constam na matriz acima e no do inquérito dos mesmos com 6 perguntas fechadas e 2 abertas, estas últimas não constam na matriz acima. A pergunta 1, como conheceu o livro do aluno da classe, disciplina de Física? Feita a todos alunos inquiridos na medida em que todos eles tiveram o mesmo tipo de inquérito.

O objectivo desta pergunta era de saber em que circunstâncias os alunos conheceram o livro da 9ª classe, disciplina de física. Para esta questão, dos 60 alunos inquiridos, o correspondente a 100%, 13 optaram na opção a) Vi numa biblioteca equivalente a 22%, e 42 alunos correspondente a 70% escolheram a alternativa b)Vi com alguns amigos e por último 5 equivalente a 8% dos inquiridos escolheram a alternativa c) Eu possuo e a d) Outros não foi escolhida.

Gráfico 5 como o aluno conheceu o livro de Geografia da 8ª classe, disciplina de Geografia.

Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados do inquérito dos alunos.

 

Os resultados deste gráfico, revelam que a grande parte dos alunos desta turma correspondente a 92% não possuem livro de física da 9ª classe e tiveram apenas oportunidade de conhecer através dos seus colegas, o que pode reflectir negativamente no PEA.

Para a pergunta 2, como tem usado o livro do aluno? Esta com 4 alternativas sendo: (a, b, c e d). Assim, dos 60 alunos inquiridos o equivalente a 100%, destes 24 alunos correspondente a 40% optou a alternativa a) Para realização de TPC, 4 alunos correspondente a 7%, responderam a alternativa b) Para passar apontamentos, 32 alunos equivalente a 53 %, escolheram a alternativa c)Para copiar esquemas/ mapas e a d) para ler durante as aulas. À semelhança das outras questões esta também foi dirigida a 60 alunos para perceber como é que têm usado o livro do aluno o que se demonstrou que os professores orientam os seus alunos para o uso do livro apenas para representar esquemas/ mapas nos seus cadernos e não para passar apontamentos o que iria lhes facultar na gestão do Programa de Ensino de Física. Eu penso que os professores de física da 9ª classe deviam usar o livro em referência com os seus respectivos alunos não apenas na elaboração dos mapas assim como para passar apontamentos o que iria ajudar para economizar o tempo estabelecido que se reclama em ser insuficiente em relação ao volume dos conteúdos programáticos e até entre outros livros e muito menos para ler durante as aulas. Como retrata o gráfico que abaixo se segue.

 Gráfico 6: Como é que os alunos têm usado o livro do aluno de Física da 9ª classe?

Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados do inquérito dos alunos.

 

Para a pergunta 3, na sua turma o número de alunos que possui livro de física 9ª classe é de para as opções: a) menos de 5 alunos; b) entre 5 e 15 alunos e c) entre 16 e 50 alunos. Com esta pergunta, pretendia-se provar a abrangência do livro na turma. Portanto, dos 60 inquiridos, apenas 17 que corresponde a 28% deram como resposta a opção a), enquanto 43 inquiridos, o correspondente a 72% responderam que na turma o número de alunos que possui livro está entre 5 e 15 alunos que é a opção b) e por último a c) não foi escolhida. Vide o gráfico abaixo.

Gráfico 7: O número de alunos que possui livro de física da 9ª classe?

Fonte: elaborado pela autora a partir dos resultados do inquérito dos alunos.

A análise atenta a este gráfico, faz perceber que a maior parte dos inquiridos equivalente a 72% afirmaram que corresponde a alternativa de menos de 15 alunos que possui o livro acima referido apesar de existir alguns que já o conheceram através dos seus colegas. Portanto, a mesma questão dada aos 4 professores inquiridos que correspondem 100% confirmam que a R4 é a alternativa a) que a média do número de livros em cada Turma é de menos de 15 alunos o que coincide com a resposta dos alunos.

Esta situação, pode não contribuir significativamente na qualidade de ensino hoje que é uma grande aposta na Republica de Moçambique em todos os níveis de ensino. Pois, o livro não somente ajuda na passagem de apontamentos como na leitura; na realização do TPC; em suma na consolidação dos conhecimentos adquiridos durante as aulas. Por isso considera-se um material indispensável para o aluno assim como para qualquer cidadão que queira ser informado.

Dos 60 inquiridos sobre a questão 4 relacionada com a importância do livro do aluno, 55 correspondente a 92%, afirmaram que o livro ajuda lhes a perceber a matéria que é alternativa a), não houve escolha das alternativas b) não me ajuda a perceber a matéria e a c) serve para o professor não me mandar fora da sala de aula, enquanto para a alternativa d) é para o professor usar na sala de aula, apenas 5 alunos optaram por esta o que corresponde a 8% dos inquiridos. Ao fazer-se se esta indagação, tinha como finalidade, se os alunos sabem do qual vale o uso do livro do aluno. Na perspectiva da escolha da alternativa a) por muitos deu a entender que eles sabem que o livro do aluno é um material que incentiva, facilita ou possibilita a eficiência do processo do Ensino-aprendizagem que na falta deste, pode comprometer o processo do ensino e até na gestão do programa do ensino de física.

Contudo, apesar do reconhecimento da importância do livro por eles, falta a exigência dos professores para a sua aquisição. Os resultados desta questão foram graficamente representados.   

Gráfico 8: A importância do livro de turma.

Fonte: elaborado pelo autor a partir dos resultados do inquérito dos alunos.

Quanto a questão 5, como tem sido o uso do livro do aluno pelo professor na disciplina de Física na sala de aula? Esta pergunta teve 3 alternativas tais como: a) Regularmente, nesta responderam 5 que equivale a 8% dos 60 inquiridos, a seguir a alternativa b) Ocasionalmente que optaram 19 correspondente a 32% e por fim a c) Não usa, com 37 alunos que equivale a 62%.

Pode-se entender que o uso do livro em referência pelo professor na disciplina de física é extremamente deficiente e apesar da biblioteca da escola em estudo não possuir este material.

O professor, por iniciativa própria poderia ter como sua propriedade pessoal o que podia motivar os seus instruendos para a sua aquisição visto que o livro tem conteúdos resumidos o que ajudaria na compensação da carga horária semanal estabelecida na gestão do Programa de Ensino de Física.

Portanto, as respostas obtidas, vêm representados graficamente abaixo e provarem que de facto o uso do livro do aluno não se faz sentir muito o que entra em contraste com as didácticas modernas que recomendam o uso do material didáctico e o tal livro não foge da regra visto que é uma das formas de reforçar a explicação do professor e levar o aluno a abstrair – se em volta daquilo que está sendo leccionado. 

Gráfico 9: O uso do livro do aluno pelo professor na disciplina de Física na sala de aula.

Fonte: elaborado pela autora a partir dos resultados do inquérito dos alunos.

Sobre a questão 6 teve como pergunta: O que acha em relação a carga horária semanal de Física? Esta pergunta diferentemente das outras tem 2 opções que são: a) satisfatória e a b) não satisfatória. Na óptica dos 60 alunos que representam 100% dos inquiridos, 17 que perfazem 28% aderiram a opção a) enquanto 43 optaram pela alternativa b). Desta feita, esta aderência da alternativa b) por esta maioria, coincide com as opções dos DAPIC, DDF ambos entrevistados durante esta pesquisa e dos Professores inquiridos. Durante o inquérito várias foram as propostas, tais como a redução do volume dos conteúdos ou aumento de mais uma hora. E no seu entender, o grande segredo, é que enquanto os professores não tiverem a responsabilidade e criatividade na sua vida profissional ou por outra se não deixarem de usar os procedimentos didácticos pedagógicos mais activos e modernizados a tónica será a mesma no que respeita a esta questão e a saber que os Programas de Ensino do nosso País são dinâmicos. A reacção inerente a esta pergunta também pode se observar no gráfico abaixo.

Gráfico 10: O que os alunos acham sobre a carga horária semanal da disciplina de física 9ª classe.

Fonte: elaborado pela autora a partir dos resultados do inquérito dos alunos.

 

Enquanto na pergunta 7 Se não quais, foram as causas? Dos 60 alunos inquiridos, 40 apresentam como causas do não cumprimento do Programa de Ensino a mudança de professores; ditado de muitos apontamentos pelos professores; existência de muitos feriados; poucas horas para a leccionação e muitos apontamentos na disciplina em estudo e não muitos materiais como livros, mapas, figuras ou cartazes e estes correspondem a 67%. Enquanto isso, 15 apontam como causas: faltas cometida pelos professores durante as aulas; feriados e tolerância de ponto, estes equivalem a 25%, e os restantes 5 não conseguiram identificar as causas somando assim 8%.

Portanto, estes resultados vêm provar mais uma vez que o Programa de Ensino não tem sido cumprido, para além da sua vastidão e a reduzida carga horária semanal, os professores ditam muitos apontamentos absorvendo as tais horas consideradas insuficientes e fazem pouco uso dos meios de ensino que lhes ajudaria para economizar o tempo.

Esta questão pretendia se saber através das possíveis causas identificadas pelos alunos no ponto 7.1. se podem também sugerir algumas ideias que possam ajudar os seus professores no cumprimento do Programa de Ensino de física.

Em resposta, dos 60 inquiridos equivalentes a 100% responderam, que os professores devem: usar meios como mapas, cartazes, livros diversos por exemplo, o do aluno, marcar trabalhos de investigação. Foram 30 inquiridos equivalentes a 50%, 20 referiram-se do ditado de apontamentos que leva muitas horas, assim como o uso do livro que tem poucos apontamentos o que corresponde a 33%, enquanto os restantes 10 que equivalente a 17% não conseguiu dar o seu palpite sobre esta pergunta.

Para tal a partir dos resultados adquiridos nesta pergunta, fazem-nos entender que os professores fazem pouco uso dos meios de ensino o que os leva a ocuparem-se no ditado de apontamentos longo, isto é pouco resumido dar os alunos e não marcam trabalhos de pesquisa que iriam ajudar os alunos no desenvolvimento das suas habilidades memo no uso de várias obras bibliográficas nas bibliotecas existentes na cidade de Nampula, já que não possuem o livro em alusão ou por outra por iniciativa própria deviam elaborar textos de apoio com resumo de apontamentos para os seus alunos.

 

 

 

  1. Gostaria de acrescentar ou clarificar mais alguma coisa sobre o inquérito?

Em resposta da questão acima, dos 60 alunos inquiridos 30 destes correspondentes a 50% sugeriram a redução dos apontamentos na disciplina e da classe em estudo e que a direcção da escola deve evitar a mudança de professores constantemente enquanto os restantes equivalentes também a 50%, não deram nenhuma resposta inerente a questão.

 

 

Conclusões

De acordo com os objectivos traçados e através dos métodos e técnicas usadas para a presente pesquisa, se seguem as conclusões subordinadas ao tema: as implicações da carga horária semanal na gestão do Programa de Ensino de Física 9ª classe casam – Escola Secundaria de Muatala˝, Cidade de Nampula, 2014-2015.

No concernente ao cumprimento do Programa de Ensino no ESG na escola em estudo, os 2 membros de Direcção entrevistados e os 4 professores que leccionam a disciplina de Física 9ª classe, confirmaram que raras vezes se cumpre o programa devido a sua vastidão isto é, suporta grande volume dos conteúdos e a saber que não corresponde com a sua carga horária estabelecida visto que são apenas dois tempos semanais.

Inerente ao volume dos conteúdos programáticos que não corresponde com a carga horária estabelecida eles sugeriram algumas ideias que o INDE, na selecção destes, deve aumentar a carga horária para 3 tempos semanais ou por outra, reduzir os conteúdos programáticos assim como grande parte dos alunos inqueridos optaram pelo aumento de horas para a leccionação desta disciplina porque os professores ditam muitos apontamentos que muitas vezes concluem nas aulas subsequentes.  

 Evocaram como outras causas do não cumprimento do programa, tais como: feriados nacionais, tolerâncias de ponto por causa de visitas de grandes personalidades e mudanças sucessivas de professores.

Em relação ao livro do aluno da disciplina de física da 9ª classe, a escola não se dispõe do mesmo, segundo as afirmações dos entrevistados e dos inquiridos. Nisto, os professores apenas orientam os seus alunos para realizarem o TPC para representarem esquemas e não mais para outros fins segundo 32 alunos correspondentes a 53% dos 60 alunos inquiridos.

Apesar do reconhecimento que os entrevistados e os inqueridos têm sobre a importância que este recurso de ensino possui no PEA, raras vezes fazem o seu uso e não exigem os seus alunos assim como os pais e encarregados de educação para a sua aquisição.

Uma das confirmações obtidas através dos professores e alunos é que na turma onde decorreu o inquérito entre outras os alunos que possuem o livro em destaque varia entre 5 – 15 alunos a saber que as turmas suportam mais de 60 alunos e na sua maioria disseram que conheceram o livro através dos seus colegas.

Portanto, as questões respondidas durante a entrevista e inquéritos vêm confirmar as hipóteses formuladas nesta pesquisa, assim, considera-se confirmada as hipóteses previstas. Para dar resposta a questão da pesquisa consta nas sugestões, estratégias que possam ajudar no cumprimento flexível do programa de ensino de física da 9ª classe.

É curioso, que para além das informações obtidas através das actas e relatórios referentes ao período das PPs, também informações idênticas foram recolhidas através das actas nºs 5 e 6 dos anos 2006 e 2007, reportam o não cumprimento do Programa de Ensino de física o que significa que tem sido constante este caso.

 

 

Sugestões

Em função dos resultados da pesquisa feita, assim sugere - se as seguintes estratégias como forma de melhorar a incompatibilidade da carga horária semanal com o programa de ensino de física, 9ª classe:

  • Encontros regulares no grupo de disciplina para o estudo e análise do Programa de Ensino entre outros documentos do MEC ligados a leccionação, para permitir os professores a trabalhar com o programa de uma forma flexível, crítica e criativa segundo INDE (2008)
  • Dosificação permanente do programa de ensino com previsão das interrupções alegadas como constrangimentos no cumprimento do programa como por exemplo, os feriados nacionais, tolerâncias de ponto entre outras barreiras, através de aulas de recuperação.
  • Elaboração de textos de apoio e selecção de conteúdos pelos professores;
  • Os professores devem orientar os seus alunos e os pais e encarregados de educação para a aquisição do livro do aluno para minimizar o ditado de apontamento em excesso visto que o livro do aluno possui conteúdos resumidos, mapas e esquemas que poderão ser úteis para a consolidação da matéria estudada na aula que servirão de alicerce nas classes subsequentes e para vida futura.
  • Recomenda – se aos professores para atribuírem trabalhos de pesquisa aos alunos e uso de outras bibliografias geográficas para além do livro do aluno e o uso de procedimentos didácticos – pedagógicos que se adequa ao PEA.
  • O Delegado de disciplina de física junto `a direcção da escola deve fazer assistências `as aulas regulares e controlo rigoroso dos encontros de dosificação de programas e de planificação de aulas para garantir o cumprimento do programa de ensino
  • A direcção da escola deve comprar o livro do aluno de física 9ª classe para a sua biblioteca.

 

Bibliografia

 

BARRAL, Hélder. Metodologia de Pesquisa Jurídica, 2ed. Fundação boitex, Florianopolis, 2003.

BARRETO, Alcyrus Pinto e HONORATO, César Feitas. Manual de sobrevivência de selva académica, Rio de Janeiro, 1998.

CERVO, Amano Luís e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 4ª Edição, São Paulo 1996.

Científico, editora Atlas SA, São Paulo, 1991.

DICIONÁRIO DE LÍNGUA PORTUGUESA, Dicionários Académicos Porto Editora, Porto Portugal, 2004.

DUARTE, Stella Cristina Mitha. Avaliação de aprendizagem em Geografia, Pontrificia Universidade Católica de São Paulo, 2001.

fracasso escolar na 10ª classe, ensino secundário Geral, cidade de Maputo.

GIL, António Carlos. Como elaborar projecto de pesquisa, 4ª edição, editora Altas São, Paulo 2002.

GIL, António Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social, 4 ª Edição, editora Altas SA, são Paulo 1995,

GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4ª Edição, Atlas editora, São Paulo, 1999.

INDE, Programa de Geografia da 8ª classe, Maputo 2008.

IVALA, Zacarias et all. Orientação para Elaboração de Projectos e Monografia Cientifica. Universidade Pedagógica, Nampula, 2007.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia cientifica.3ª Edição, Atlas editora, São Paulo 2000.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia de Trabalho Cientifico, Procedimentos Básicos, Pesquisa Bibliográfica, Projecto e Relatório, e trabalho científicos. Editora Atlas. São Paulo. 1992.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia de Trabalho Cientifico, Procedimentos Básicos, Pesquisa Bibliográfica, Projecto e Relatório, e trabalho científicos. Editora Atlas. São Paulo. 1999.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia de trabalho Científico, editora Atlas SA, São Paulo, 2001.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Maria de Andrade. Técnicas de pesquisa em Ciências Sociais, editora Atlas SA, São Paulo, 2002.

LIBANEO, José Carlos. Didáctica. Colecção Magistério Primário, 2º grau, série de Formação de professores, editora córtex, São Paulo, 1994.

Lisboa.

LOPES, Leonel et. all. Perfil ambiental da cidade e distrito de Nampula. S/ed. MICOA, CEP/UEM. Maputo, 1995.

MARTINS, José do Prado, Didáctica Geral, Editora Atlas, SA, São Paulo, 1991.

MINEDE / INDE. Plano Curricular, do Ensino Secundário Geral, Maputo, 2007.

NERICI, Imídio. Introdução a didáctica geral.16ª Edição, Atlas editora, São Paulo.1991.

OLIVEIRA, João B. Araújo. Tecnologia educacional; teorias da instrução. Petrópolis, Vozes, 1978.

PILETTI, Claudino. Didáctica Geral. Editora ática, São Paulo, 1991

RICHARDSON, Roberto Jarry (1999) Pesquisa Social Métodos e Técnicas, 3ª Edição. São Paulo.

SKILBCK, Malcon. A reforma dos programas escolares, editora ASA, 1ed, Rio Tinto, 1992.

TURRA, Clodia M. G. alii. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre, PUC-EMMA, 1975.

UNESCO, Manual para o Ensino de Geografia, Editora Estampa, Lda.

 

 

 

 

 

 

 

 

[1] Professor de física a mas de 7 anos, e assistente de laboratório de Mecânica na Escola Secundaria de Anchilo