Impacto da Obesidade e como a Terapia de Grupo Auxilia Pessoas Obesas

Por Erika Lander Besko | 08/06/2016 | Saúde

FACULDADE DE TECNOLOGICA SENAC  

ERIKA LANDER BESKOW

GIZELY ZEZUINO 

O IMPACTO DA OBESIDADE E COMO A TERAPIA DE GRUPO AUXILIA PESSOAS OBESOS 

JARAGUÁ DO SUL

2014

FACULDADE DE TECNOLOGICA SENAC  

ERIKA LANDER BESKOW

GIZEY ZEZUINO 

O IMPACTO DA OBESIDADE E COMO A TERAPIA DE GRUPO

 AUXILIA PESSOAS OBESOS 

Trabalho apresentado a Unidade Curricular de Desenvolvimento de Projeto em Educação em Saúde, Curso Técnico em Enfermagem, Faculdade de Tecnologia Senac Jaraguá do Sul-SC.

Orientadora: Maryane Nepomuceno Pivotti 

JARAGUÁ DO SUL

2014 

1.  INTRODUÇÃO

            A incidência de sobrepeso e obesidade tem crescido de maneira rápida nos últimos 30 anos no Brasil. A obesidade está inserida dentro do cenário epidemiológico das doenças crônicas não transmissíveis, porém desencadeando doenças e fatores de risco para outras comorbidades (BRASIL, 2006). O excesso de peso tem causado forte preocupação não só pelas patologias que pode desencadear, mas também pela imagem corporal distorcida que ela pode gerar em pacientes obesos.

            A obesidade é uma epidemia global com um forte impacto negativo na saúde e economia, onde há uma urgência na tomada de medidas de desenvolvimento e estratégias de prevenção e tratamento desta doença. No Brasil, a obesidade recentemente tem sido considerada um problema de Saúde Pública (REIS, 2010).

            A Terapia de Grupo surge como uma possível estratégia no combate à obesidade. Onde o indivíduo tem a chance de conviver com pessoas que vivem experiências semelhantes as suas, tem afinidade e compreensão das mesmas problemáticas e dificuldades, buscam aceitação, apoio, para vencer e combater a obesidade.

            Neste sentido este estudo visa abordar a importância que existe nestes grupos de apoio para obesos dentro da saúde comunitária, o quanto facilita o trabalho da equipe de saúde e da vida de pessoas obesas (SANTOS 2011). Buscando conhecer os significados de “conviver com a obesidade”, suas causas e consequências na saúde de pessoas obesa, às dificuldades por eles vividas e sofridas, seus sentimentos de exclusão e abandono em meio a suas dificuldades de ser compreendido como um todo.

            Sendo, assim a presente pesquisa tem como objetivo geral verificar o impacto que a obesidade gera na vida dos obesos e como o grupo de apoio trata esses problemas. Bem como apresentar o referencial teórico, e mostrar os principais perigos da obesidade, salientando a importância de um grupo de apoio para pessoas obesas no que diz respeito ao seu bem estar. 

  1. REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1 OBESIDADE 

            A obesidade está relacionada ao grupo de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). É considerada uma doença que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura corporal e que causa prejuízos à saúde do indivíduo (VALENTE, 2008). Pode “ser compreendida como um agravo de caráter multifatorial envolvendo desde questões biológicas às históricas, ecológicas, econômicas, sociais, culturais e políticas” (BRASIL, 2006, p. 19).

            Acarreta limitações físicas devido ao excesso de peso, interferindo negativamente no desenvolvimento de ações do cotidiano, como o ato de realizar a higiene pessoal, atividades domésticas, cuidados com a família, vestir-se, caminhar, abaixar-se, subir uma escada e relacionar-se sexualmente (MARQUES; MELO; SANTOS, 2014). Estas limitações e a exclusão social, podem causar baixa autoestima no obeso e transtornos psicológicos como a depressão.

            Hoje a obesidade atinge pessoas de todas as classes sociais, sendo ocasionada por um distúrbio no balanceamento dos nutrientes, ou seja, má nutrição induzida pelo excesso de alimento. O aumento crescente da obesidade está relacionada ao sedentarismo e ao mau hábito alimentar, devido o ritmo acelerado da vida atual. Também está relacionada à genética e nutrição irregular (VALENTE, 2008).

            A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a promoção da saúde e redução de morbimortalidade, não só por ser um fator de risco importante para outras doenças, mas também por interferir na duração e qualidade de vida, e ainda ter implicações diretas na aceitação social dos indivíduos quando excluídos da estética difundida pela sociedade contemporânea.

            A Atenção Básica se constitui no primeiro contato dos usuários com o sistema de saúde. Para que ocorra o primeiro contato é necessário considerar o acesso da população aos serviços de Atenção Básica. Esse acesso está relacionado à forma como o serviço está organizado para receber o usuário e como o usuário chega a esse serviço, incluindo todas as facilidades e barreiras que possam contribuir ou dificultar o acesso.

            Acolher e diferentemente de triar é receber bem, com atenção e disponibilidade para escutar e valorizar as particularidades de cada caso, estabelecendo uma relação humanizada. Pressupõe a avaliação do contexto familiar e social da pessoa, para o desenvolvimento das ações em saúde e definição de um projeto terapêutico (BRASIL, 2006).

           

2.1.1 Evolução da Obesidade no Brasil e no Mundo

 

            De acordo com dados do Ministério da Saúde-Brasil cerca de 52,8% dos adultos brasileiros tem algum grau de excesso de peso. Dos 6,8 milhões de brasileiros, 8% apresentam obesidade, dos quais 17% são mulheres. A idade com maior índice de obesidade no Brasil é a faixa etária de 45 a 54 anos. A Região Sul encontra-se em estado mais crítico quanto ao sobrepeso e obesidade, na qual 34% dos homens e 43% das mulheres apresentam grau de excesso de peso (PINHEIRO; FREITAS; CORSO, 2004).

            No Brasil as doenças crônicas não transmissíveis concentram 72% do total de óbitos, sendo as que mais matam são as doenças cardiovasculares (31,3%), o câncer (16,2%), doenças respiratórias crônicas (5,8%) e o diabetes mellitus (5,2%), as quais estão relacionadas com a presença de obesidade, em maior ou menor grau (BAHIA, 2013).

            Segundo dados da World Health Organization (WHO):

Nas Américas, estudos demonstram que o padrão de obesidade para ambos os sexos vem aumentando, tanto em países desenvolvidos, quanto em países em desenvolvimento. Na Europa, verificou-se em 10 anos um aumento entre 10% e 40% de obesidade na maioria dos países, destacando-se a Inglaterra, com um aumento superior ao dobro, entre os anos 80s e 90s. A Região Oeste do Pacífico, compreendendo a Austrália, o Japão, Samoa e China, também apresentou aumento da prevalência de obesidade; porém, importa destacar que China e Japão, apesar do aumento da obesidade em comparação com outros países desenvolvidos, apresentam as mais baixas prevalências: na China, 0,36% para mulheres e 0,86% para homens de 20–45 anos em 1991; no Japão, 1,8% para homens e 2,6% para mulheres maiores de 20 anos, em 1993 (PINHEIRO; FREITAS; CORSO, 2004, p. 526).

            De acordo com uma pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro no ano de 2010 o custo anual com doenças relacionadas à obesidade foi de 3,57 bilhões de reais, estes dados são estimados, já que a DATASUS coleta os dados apenas para fins financeiros e não para pesquisas. Estes custos estimados foram equivalentes a 0,1% do PIB nacional, demonstrando o impacto financeiro destas doenças na economia do país.

            Para Bahia (2013) se não houver uma mudança no cenário atual dessas doenças, como medidas preventivas e conscientização populacional, e o crescimento populacional permanecer na mesma proporção, a projeção é de que os gastos do governo aumentem em até 10 vezes nos próximos cinco anos, o que resultaria em um impacto econômico grande, podendo comprometer a sustentabilidade do sistema.

 

 

2.1.2 Determinantes e Fatores de Risco do Sobrepeso e Obesidade

A causa fundamental da obesidade e do sobrepeso é um desequilíbrio entre ingestão e gastos de calorias. O aumento de sobrepeso e obesidade é atribuível a vários fatores, dentre os quais: a mudança na alimentação, tendência para inatividade física e dieta hiperenergética. Existem provas científicas que sugere haver uma predisposição genética que determina, em certos indivíduos, uma maior acumulação de gordura na zona abdominal, em resposta ao excesso de ingestão de energia e/ou à diminuição da atividade física.

O principal determinante no acúmulo excessivo de gordura e de obesidade é o balanço energético positivo. Esse balanço pode ser definido como a diferença entre a quantidade de energia que é consumida e a quantidade que é gasta pelo corpo na realização das funções vitais e atividades em geral. Vai ocorrer quanto a quantidade de energia consumida for maior que a quantidade gasta. Os valores que influenciam no balanço energético positivo variam de uma pessoa para a outra.

Apesar de existirem evidências que sugiram a influência genética no desenvolvimento da obesidade, Francischi e Sichieri comentam que estes mecanismos ainda não estão totalmente esclarecidos. Nesse sentido os autores consideram que os fatores genéticos podem estar relacionados à eficiência no aproveitamento, mobilização dos nutrientes ingeridos e armazenamento, quanto ao gasto energético e a taxa metabólica basal (TMB), também podem estar relacionados ao controle do apetite e ao comportamento alimentar (BRASIL, 2006).

A maneira mais recomendada para a avaliação do peso corporal é o IMC (Índice de Massa Corporal), o qual é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (CZEPIELEWSKI, 2008).

 O IMC é calculado dividindo-se o peso (kg) pela estatura elevada ao quadrado (m²). O valor resultante do cálculo do IMC estabelece o diagnóstico da obesidade e caracteriza o grau de risco conforme Tabela 1:

Tabela 1

IMC ( kg/m2)

Grau de Risco

Tipo de obesidade

18 a 24,9

Peso saudável

Ausente

25 a 29,9

Moderado

Sobrepeso ( Pré-Obesidade )

30 a 34,9

Alto

Obesidade Grau I

35 a 39,9

Muito Alto

Obesidade Grau II

40 ou mais

Extremo

Obesidade Grau III ("Mórbida")

Fonte: Czepielewski, 2008

            O IMC apresenta definições independentes do sexo, conforme os seguintes valores: IMC de 20 a 24,9 considerado peso normal, o IMC de 25 a 29,9 é considerado como sobrepeso, e a partir do IMC 30 considera-se como obesidade Grau I o ICM de 30 à 34,9, obesidade Grau II o IMC de 35 à 40,0 e obesidade grau III tem o IMC acima de 40 (CARRARA; et al., 2008).

            A obesidade apresenta riscos de acordo com a deposição da gordura, classificadas em: obesidade difusa, obesidade ginecoide, e obesidade androide. A difusa ou generalizada se distingue de maneira homogênea por todo o corpo, já a obesidade ginecoide, a gordura predomina no nível do quadril, tendo a forma corporal semelhante à uma pera, prevalecendo o risco de maior incidência de artrose e varizes.

             A obesidade andróide, também conhecida como troncular ou centrípeta, a gordura armazena-se na área visceral e relaciona-se com a alta propensão às doenças metabólicas e cardiovasculares, com forma corporal semelhante a uma maçã (CZEPIELEWSKI, 2008).

Fonte: Czepielewski, 2008

            Diversos estudos têm identificado situações e fases do curso da vida que deixam as pessoas mais vulneráveis a obesidade. Como fatores relacionados ao ciclo reprodutivo: idade da menarca, o ganho de peso gestacional, a duração da amamentação, o intervalo entre partos, o período da menopausa. Outro fator são mudanças durante a vida como: casamento, viuvez, separação, morte dos filhos; fatores psicológicos como a ansiedade, o estresse, a depressão, e a compulsão alimentar; situações de violência, alguns tratamentos medicamentosos, a suspensão do hábito de fumar, redução drástica de atividade física, consumo excessivo de álcool (BRASIL, 2006).

 

 

2.1.3 Doenças Relacionadas à Obesidade

            Uma grande preocupação médica é o risco elevado de doenças associadas ao sobrepeso e à obesidade, relacionadas ao sistema respiratório, cardiovascular, digestório, reprodutor, articulações e psíquico.

            No sistema respiratório (pulmões), enquadram-se o cansaço e apnéia do sono, a qual é causada devido ao acúmulo de gordura na faringe, provocando o ronco e com isto ocorrem as pausas respiratórias enquanto a pessoa dorme, podendo desencadear o aumento da pressão e elevar a chance de ocorrer um derrame. No sistema cardiovascular, coração veias e artérias, podem apresentar as seguintes doenças: hipertensão, derrame, varizes, hemorroidas e insuficiência coronariana – angina e enfarte (VALENTE,  2008).

            Segundo a autora, Valente (2008), algumas doenças relacionadas à obesidade são:

  • Psicológicas: depressão e diminuição da autoestima;
  • Sistema Cardiovascular (coração, veias e artérias): hipertensão, insuficiência coronária a angina e os enfartes, derrame, varizes e hemorroidas;
  • Sistema Respiratório (pulmões): cansaço, apneia do sono;
  • Articulações: acumulo de ácido úrico (artrite), artrose (coluna e joelhos principalmente);
  • Sistema Digestório: pedra na vesícula (calculo biliar), gordura no fígado que pode levar a cirrose hepática, refluxos esofágicos, tumores de intestino e de vesícula;
  • Sistema Reprodutor: na mulher: infertilidade e distúrbios de menstruação, dificuldade durante o parto, pressão alta durante a gravidez, maior risco de diabetes gestacional, câncer de útero; nos homens: impotência sexual, câncer de próstata;

2.1.4 Tratamento da Obesidade

 

A obesidade precisa ser considerada uma enfermidade e ser tratada da mesma forma. Deve haver uma compreensão das pessoas que a perda de peso é mais que uma mudança estética e sim uma redução da morbidade e mortalidade associada a obesidade. Tendo em vista que a perca de 5 a 10% do peso corpóreo já se obtém uma melhora significativa da pressão arterial, glicemia e das gorduras no sangue (NONINO-BORGES; BORGES; SANTOS, 2006).

Independente da escolha da forma de tratamento se é por dietas, medicamentos ou cirúrgica, exige mudança de estilo de vida das pessoas, e mudanças nos hábitos de alimentação e prática de atividade física. Existem muitos tipos de tratamentos para à obesidade, ao qual descrevemos a seguir um pouco dos principais métodos utilizados na saúde.

Tratamento Dietético: a pessoa necessita de mudanças nos processos ativos da sua alimentação onde ela terá que se esforçar, consciente e consideravelmente à fim de manter os novos hábitos alimentares. Todo planejamento dietético baseia-se em estabelecer práticas e hábitos de escolher os alimentos certos, a redução da ingestão e a queima de gastos energéticos em longo prazo.

Ainda segundo os autores, o tratamento, incluindo atividade física, é essencial que seja acompanhada de dieta alimentar para sua eficácia, na qual se facilita o controle do peso em longo prazo e tem-se uma melhora significativa na saúde. Atividade de menor impacto é a mais adequada para evitar lesões musculoesqueléticas, infarto agudo do miocárdio e broncoespasmos, doenças quase sempre presente em obesos, como atividades continuadas de caminhada cerca de 30 minutos em torno de três vezes por semana.

Tratamento Medicamentoso: o uso de medicamentos na obesidade deve ser como auxiliar no processo de mudança de estilo de vida e facilitar a adaptação da nova dieta. Pode-se classificar os medicamentos usados na perda de peso em três grupos: os que diminuem a fome ou a saciedade, os que reduzem a digestão e absorção de nutrientes e os que aumentam o gasto energético.

Tratamento Psicológico: as mudanças no estilo de vida são os pilares do tratamento da obesidade e são possíveis com a ajuda de importantes alterações comportamentais. A terapia Cognitivo-Comportamental é a modalidade mais apropriada e eficaz para o tratamento, as estratégias psicoterápicas desta abordagem melhoram o humor, o funcionamento social e diminuem consideravelmente a preocupação com o peso corporal.

 Os autores também falam sobre o Tratamento Cirúrgico: cirurgia bariátrica, somente deve ser indicada como última opção terapêutica para obesos mórbidos, estágio mais grave de obesidade. A cirurgia bariátrica tem como finalidade induzir e manter perda de peso corporal, assim como reduzir ou eliminar as comorbidades relacionadas à obesidade (NONINO-BORGES; BORGES; SANTOS, 2006).

 

2.1.5 Impactos Psicológicos que os Obesos Sofrem

 

            Em um mundo onde a beleza é referenciada por pessoas magras de corpos trabalhados nas academias de ginastica e pilates, os impactos psicológicos que os obesos sofrem são diversos, tais como dificuldade de encontrar numeração de seus vestuários, vergonha do próprio corpo escondendo-se atrás de roupas grandes e largas, ou então tomando banho de piscina e mar semivestidos para esconder seu corpo. Em transportes públicos a dificuldade de passar nas catracas de ônibus e assentos estreitos onde invadem mais de um para sentar-se (GERALDINO,2014).

            Nos ambientes sociais ganham apelidos ora depreciativos, ora pejorativos, enfrentam preconceitos nos processos seletivos quando buscam vaga de emprego, onde se evita contratar obesos. No âmbito amoroso tem dificuldade de encontrar um parceiro que os aceite e os ame, devido à idealização que todos têm de um parceiro lindo perfeito, reforçada pela cultura do corpo ideal o que chamamos de “bodybuilding”.

             Muitos são cobrados por sua família a perder peso e intitulados de glutões indisciplinados. Enfim, uma série de sentimento de frustração, vergonha, impotência, humilhação, rejeição, fracasso e baixa autoestima têm suas origens no meio ambiente em que o obeso convive, dificultando a sua inclusão social e mantendo sua autoestima baixa (GERALDINO,2014).

            A insatisfação da imagem corporal tem causado alguns transtornos psicológicos sérios como a depressão, ansiedade e a dificuldade de ajustamento social, causando o efeito do processo de aumento de peso.  O obeso tem um sentimento estigmatizado frente a sociedade e passa a se esquivar socialmente, desistindo de uma busca por ajuda profissional e passando a um processo de aceitação da obesidade como algo não passível de mudança (SANTOS, 2011).

            Existe uma invasão exagerada e sofisticada ao consumo de alimentos, consumo de produtos farmacêuticos, por mecanismos sofisticados que penetram as casas, pela televisão, panfletagem, e agem nos hábitos; impotentes, as pessoas reproduzem de forma distorcida esses ideais de beleza e juventude que são totalmente inacessíveis.

            As propagandas enganosas que na grande maioria das vezes escondem seus efeitos nocivos à saúde. De um lado a mídia que gera um consumo exagerado e incontrolável no seu cotidiano, incentivando ao consumismo de alimentos nada saudáveis, em contrapartida vive-se num ambiente ambivalente que estimula a obesidade e depois ela mesma a rejeita (OLLITA, 2013).

            O olhar psicossomático ou somatopsíquico, ainda é muito pouco utilizado no tratamento da obesidade. A junção do saber médico e psicológico criou a oportunidade de dar sentido e significado a queixa das pessoas em relação à mente e corpo.  Essa prática da medicina necessita de um acompanhamento semanal da pessoa para que se possa atingir a fase de emagrecimento de forma mais rápida e segura, para depois atingir a fase mais difícil e temida tanto pelo paciente como pelos profissionais da saúde, que é a fase de manutenção de peso, ou o efeito “rebote” de ganho de peso novamente.

            Nesses encontros semanais surge a oportunidade de abordar diversos temas que fazem parte do cotidiano e que levam as pessoas a ingerir mais alimentos. Os obesos acabam muitas vezes regredindo, procurando aplacar a angustia através de ingestão prazerosa e repetitiva de alimentos, a fim de satisfazer algo sobre o qual não se tem consciência (GERALDINO, 2014).

            Neste sentido pode-se verificar a importância para os obesos que vivem estes tipos de conflitos, e sentem a sua incapacidade para alcançar resoluções sozinhas, o apoio e incentivo por parte da equipe de saúde, dos amigos, familiares e de pessoas que vivem situações semelhantes as suas, de interagir neste meio para o seu bem estar e melhor entendimento das situações que desencadeiam seus picos de ansiedade e frustrações (SANTOS, 2011).

 

 

2.2 TERAPIAS DE GRUPO

 

            O ser humano é um ser social e está inserido em um grupo desde seu nascimento: a família. Depois, é inserido em outros grupos como escola, a vizinhança, o trabalho, nos quais convive, aprende, e forma seus próprios conceitos, seus valores e constrói a sua personalidade.

            Nesse meio a pessoa vai ao longo da sua vida, elaborando diferentes formas de colocar-se no mundo, de entrar em contato com ela mesma e com as outras pessoas. Aquela criança espontânea e criativa dá lugar a um adulto rígido, com relacionamentos endurecidos, sem o encantamento da infância. Nesse cenário, chega e procura ajuda na psicoterapia individual muitas vezes desprezando a terapia em grupo, pela falta de conhecimento e medo de relacionar-se (FARAH, 2009).

            As pessoas se deparam diante de dilemas e conflitos, partem em busca de soluções. Diante do sofrimento psíquico vivenciado buscam apoio geralmente em um amigo, familiar ou um religioso. A cooperação social é essencial para o bem estar pessoal e exerce importante papel, porém, muitas vezes o mais indicado é um terapeuta, profissional especializado em saúde mental (BECHELLI, SANTOS, 2002).

            Na busca pela psicoterapia em grupo espera-se que esta possa solucionar o problema. Para isto terá que reavaliar suas ideias, sentimentos e comportamentos ao longo de sua história, num passado recente ou, longínquo. E aí, entra a psicoterapia que tem a intenção de mudar pessoas em sua forma de pensar e agir, exatamente o que a pessoa vem buscando mudança de vida ou condição de vida que se encontra (BECHELLI, SANTOS, 2002).

            No início, os membros de um grupo não se conhecem, o ambiente é totalmente novo, mas todos se reúnem com o mesmo objetivo, que é cuidar de suas dificuldades e problemas. Esse objetivo, porém, e delicado, pois haverá uma exposição de fatos muito íntimos de cada um. A exposição sempre pode ser perigosa. Por isso cabe ao terapeuta deixar bem claro a questão da confidencialidade a tudo que é exposto, a fim de preservar a imagem dos mesmos. (FARAH, 2009).

            Santos (2001) afirma que o contato com pessoas que vivem experiências semelhantes, ajuda o indivíduo a perceber que não é o único, se espelham nas experiências vividas por seus semelhantes. Diante dos depoimentos, identifica-se que a convivência entre pessoas obesas, favorece a autoaceitação e elaboração de seus sentimentos em relação às dificuldades encontradas no cotidiano e nas relações dos indivíduos. Essa compreensão emocional pode promover maior segurança e melhorar a sua autoimagem, atuando diretamente na forma como esse indivíduo observa o mundo e relaciona-se com as pessoas de seu meio social. Um paciente altamente motivado fortalece a disposição do outro para engajar-se na busca de transformação, consolidando a união do grupo em um objetivo comum.

2.2.1 Terapia Cognitiva Comportamental para Obesos

 

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) diz que a maneira como as pessoas pensam, afeta diretamente o que elas sentem e fazem. Assim sendo, a TCC busca ajudar a pessoa quanto aos sentimentos que conflitam dentro dela de derrota, e a responder positivamente a eles, inteirando-a ao ambiente.  Altera a forma das crenças disfuncionais das pessoas sobre alimentação e dietas com excesso de peso.

Um dos objetivos da Terapia Comportamental (TC) junto com a TCC é identificar estímulos que antecedem o comportamento compulsivo e a não aderência do mesmo como consequência do insucesso, visando à modificação de hábitos prejudiciais as pessoas, como comer em excesso ou a inatividade física (NEUFELD; MOREIRA; XAVIER, 2012).

O terapeuta e o paciente devem em seus encontros identificar os principais problemas do excesso de peso, buscando soluções e estratégias.  Deve-se testar e aplicar a eficácia das estratégias no dia-a-dia do paciente, visando selecionar aquelas que propiciem a modificação de comportamento na perda e manutenção de peso. O envolvimento direto da família e amigos é fundamental no tratamento e suporte para a perda de peso. Grupos terapêuticos conduzidos por psicólogos, nutricionistas e assistência social são fundamentais, pois são um espaço de autoajuda ao paciente e apoio (BRITO; et al., 2005).

Reis (2010), diz que: a intervenção terapêutica aliada a sessões de grupo tem sido usada em clínicas e estudos em diversos países, mas também já é usada em programas comerciais e por associações. Nos próximos subcapítulos serão abordados alguns grupos de apoio existentes.

2.2.1.1 Peso Comunitário

 

            O Programa PESO (Promoção de Exercício e Saúde na Obesidade) é um projeto Português de investigação científica, da Faculdade de Motricidade Humana, sobre o aumento da atividade física e a motivação da mesma, a reeducação de peso, a melhoria da alimentação, saúde e qualidade de vida em mulheres adultas com excesso de peso ou obesidade, com duração de um ano. O programa decorre bianualmente e é constituído por um conjunto de 15 sessões educativas semanais em grupo de 90 minutos, em horário pós-laboral.

2.2.1.2 Weight Wastchers ®

            O programa existe há 45 anos e está presente em mais de vinte países por todo o mundo, inclusive no Brasil onde é conhecido pelo nome de Vigilantes do Peso. É um programa comercial, onde se paga uma joia de mensalidade.

            É baseado nos quatro pilares da perda de peso saudável na versão americana, e no Brasil é conhecido como: quatro pilares do sucesso, que são:

  • Comportamento – pense antes;
  • Alimentação – coma bem;
  • Exercícios – mexa-se mais;
  • Apoio – venha as reuniões.

            As reuniões são vistas como oportunidades de obter conselhos, compartilhar estratégias úteis ou, apenas ouvir e encontrar motivação. As orientadoras destes encontros são ex-membros que obtiveram sucesso na perda e manutenção do peso através do programa.

             Cada reunião tem um tema diferente e são iniciados por pesagem confidencial para medir o progresso. Outro ponto forte é o programa em diferentes horários para facilitar a adesão às reuniões. No programa comercial os membros recebem um plano englobando a alimentação, exercícios físicos, e de mudança de comportamento. Nos encontros de grupo semanais partilham tudo.

2.2.1.3 Overeaters Anonymous ® - JUNCCAB – Junta de Serviços Gerais de Comedores Compulsivos Anônimos do Brasil.

 

            Comedores Compulsivos Anônimos é uma irmandade de indivíduos que compartilha experiências, força e esperança onde se recuperam do comer compulsivamente. Não há taxas ou mensalidades para ser membro de CCA, são autossustentados por meio das próprias contribuições, não solicitando nem aceitando doações de fora. O CCA não se filia a nenhuma organização pública ou privada, movimento político, ideologia ou doutrina religiosa; não toma posição em assuntos externos. O propósito primordial é abster-se do comer compulsivo e transmitir esta mensagem de recuperação aos que ainda sofrem.

            Encontra-se nas reuniões:

  • Aceitação – como você é agora, como você foi e como você será;
  • Compreensão dos problemas que você está enfrentando agora- problemas quase que certamente compartilhados por outros no grupo;
  • Comunicação que surge como resultado natural da nossa compreensão e aceitação mútua;
  • Recuperação da sua doença;
  • Poder para entrar em um novo modo de vida através da compreensão e da aceitação de si mesmo, da prática do programa de recuperação dos doze passos, da crença em um poder superior a você mesmo, e de apoio e companheirismo do grupo.

 

 

 2.2.1.4 Instituto AMO – Assistência Multidisciplinar da Obesidade e Saúde Integral

É um grupo multiprofissional cuja missão é oferecer atendimento integral para o tratamento clínico e cirúrgico da obesidade e sobrepeso. Oferece acompanhamento para pacientes em período pré e pós cirurgia bariátrica e ainda tratamento clínico adulto e pediátrico para sobrepeso e obesidade.

Uma vez por mês realiza reuniões com pacientes, seus familiares e amigos, além do público em geral interessado em participar, onde visa a troca de experiências, discussão e compartilhamento de informações importantes ao tratamento. Sua visão multidisciplinar  ao tratamento da obesidade ´´e focado nos diversos ciclos de vida, contemplando prevenção, tratamento, recuperação e acompanhamento do paciente.

           

                                                                      

2.3 PERCEPÇÕES DAS PESSOAS OBESAS SOBRE AS TERAPIAS DE GRUPO

           

            Segundo pesquisa Santos (2011),  onde participaram 14 pessoas por meio de observações e gravações dos encontros e entrevista semiestruturada, o autor relata que os  depoimentos dos obesos mostraram sentimentos de preconceito, auto preconceito, desanimo e inadequação social, gerando uma insegurança e fuga social. Os participantes revelaram frequentar o grupo em busca de apoio, compreensão e afinidade com indivíduos que entendam a sua realidade e dificuldade, buscando mudanças nestes encontros através das experiências de outros.

            O autor menciona ainda que o trabalho de grupos ou terapia de grupos reduz o tempo na assistência prestada, além de proporcionar uma excelente oportunidade de integração no convívio em grupo entre os profissionais da saúde e o paciente, reduzindo a relação vertical que ocorre muito facilmente entre ambos (SANTOS, 2011).

            Neufeld (2012) realizou uma pesquisa em um centro de estética do interior do Paraná, ao longo dos anos de 2008 e 2009 com 50 pessoas. A pesquisa era sobre a terapia em grupo. O autor percebeu que os participantes obtiveram melhoras nas dificuldades interpessoais, no grau de adaptação social, à autoestima, nos níveis de ansiedade, sentimento de bem estar e diminuição da compulsão alimentar além da redução de peso.

            Ao final da intervenção foi realizada uma sessão de avaliação sobre a participação no grupo, sendo algumas falas apresentadas a seguir:

“[...] O programa me ajudou nos objetivos que queria alcançar, e o principal onde achava que não iria conseguir era diminuir a minha ansiedade, percebi muita mudança nesta parte, diminuir a ansiedade e controlar as compulsões...”, “... Há muito tempo tinha perdido as esperança de emagrecer e me sentir melhor comigo mesma; através deste programa consegui resgatar minha autoestima, controlar as compulsões e controlar a ansiedade...”, “... Eu percebi várias mudanças no meu comportamento alimentar, aprendi a comer de maneira correta, sem estresse e sem ansiedade...”,[...] “... O que eu mais gostei foi saber que o problema não é só meu, saber que todas nós tínhamos o mesmo objetivo, isso me deu muito mais força de vontade para seguir a dieta”,[..] “... Foi a primeira vez que eu fiz regime e consegui seguir por mais de uma semana, eu acho que isso foi graças ao grupo...”. (NEUFELD, 2012, p.98)

            Um estudo em uma comunidade rural comparou estratégias terapêuticas diferenciadas pelo uso de sessões de grupo ou individuais. Chegou-se à conclusão que a terapia em grupo obteve melhores resultados, com maiores reduções de peso e massa corporal. Bem como, adultos com diabetes mellitus tipo II inseridos num programa de grupo, manifestou uma melhoria na sua qualidade de vida relacionada com a saúde, após perda de peso significativa, aumento das suas atividades físicas e redução dos sintomas físicos (REIS, 2010).

            O enfrentamento da obesidade, dos sentimentos relacionados a ela e a maneira como o obeso percebe seu corpo pode ocorrer de formas mais eficientes nos grupos. A convivência entre pessoas obesas, favorece a auto aceitação e elaboração de sentimentos em relação às dificuldades encontradas no cotidiano e nas relações dos indivíduos (SANTOS, 2011).

             Tratando-se de doenças crônicas, acredita-se que essa adequação do grupo seja ainda maior, sendo que estas necessitam não apenas de adesão a tratamentos farmacológicos, mas também de mudanças nos hábitos de vida e na maneira como percebem a sua patologia (SANTOS 2011).

 

 

2.4 COMO IMPLANTAR UM GRUPO DE APOIO A OBESOS NOS POSTOS DE SAÚDE

 

            A Atenção Básica no Sistema Único de Saúde (SUS), é um conjunto de iniciativas para cuidar da população no ambiente em que vive, é o primeiro nível de atenção em saúde e se caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde das coletividades. Este trabalho é realizado nas Unidades Básicas de Saúde(UBS)  (BRASIL, 2006).

            Desta forma, entende-se que um grupo de apoio a pessoas obesas em uma cidade deve começar dentro da Atenção Básica do SUS, nas Unidades Básicas de Saúde, os postinhos de saúde, assim conhecidos pela população.

            A implantação desse projeto nos postos de saúde inicia-se com o trabalho dos agentes comunitários. O fato de estarem sempre atentos, ao que acontece com as famílias de sua área de abrangência, podem estimular a participação comunitária para ações que visem à melhoria da qualidade de vida da comunidade, realizar ações de promoção de saúde, orientação de alimentação saudável e prevenção do excesso de peso, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, sob supervisão e acompanhamento do Enfermeiro como seu instrutor e supervisor da Unidade Básica de Saúde. Tendo acesso livre, e próximo às pessoas facilita a sua função de orientar, monitorar, esclarecer, ouvir e também passam a exercer o papel de educador.

            Uma vez identificado os casos de obesidade e a necessidade de um tratamento mais eficaz, as agentes comunitárias levariam isso a equipe de Enfermagem, que cuidaria da formação de um plano de atendimento e acompanhamento dessas pessoas e das suas necessidades.

            O Enfermeiro irá realizar ações de promoção de saúde, orientação de alimentação saudável e prevenção do excesso de peso, realizar ações de vigilância nutricional, acompanhar as ações dos auxiliares de enfermagem e dos agentes comunitários, realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares, aferir os dados antropométricos de peso e altura, avaliar os casos de riscos e quando for necessário buscar o apoio especializado, utilizar o serviço de nutrição, o clínico, psicólogo ou outros profissionais.

            Verificar em um segundo momento, após a verificação das comorbidades de cada paciente, uma forma diferenciada de tratamento, que seria a implantação de um grupo de apoio para obesos, no qual através do relacionamento com outras pessoas obesas elas possam ter a oportunidade de escutarem relatos de vivências de outros participantes, e percebem que eles não são os únicos a vivenciarem estas experiências.

            Participar de um grupo de obesos tem como finalidade à busca mútua de apoio entre os participantes, compreensão e afinidade com indivíduos que conhecem de perto a sua problemática, evidenciando mudanças em suas vidas diante da participação. Onde o individuo pode conhecer suas características pessoais, qual a sua forma de relacionar-se com as outras pessoas e com o meio ambiente, qual a leitura que ele faz das situações que vive, e encontrar no grupo um ambiente seguro, para experimentar novos desafios e superação nestas áreas, buscando aquelas possibilidades mais satisfatórias para sua realidade, e efetuar as mudanças necessárias para atingir suas metas de vida.

            A possibilidade de dividir experiências e ouvir o que as outras pessoas já passaram por situações semelhantes as suas e superaram é muito importante, e faz toda diferença, o que não ocorre na terapia individual, por mais que o terapeuta diga que ela não é a única, que outros já passaram por situações semelhantes, é muito diferente que ouvir do próprio individuo que vivenciou. É esse compartilhamento de experiências, que faz todo diferencial da terapia de grupos de apoio.

             O trabalho com grupos é valido para área de enfermagem, pois, reduz custos e tempo na assistência prestada, e reduz a relação verticalizada, facilitando a oferta do cuidado em saúde.

           

  1. ANÁLISE DE DADOS

           

            Com objetivo de avaliar a importância de um grupo de apoio para obesos, seus sentimentos como ansiedade, dificuldade de ajustamento social, foram preenchidos questionários sobre o tema por pessoas que estavam no terminal de ônibus da cidade de Jaraguá do Sul/SC, no mês de agosto de 2014. A entrevista foi realizada pelas alunas do curso Técnico de Enfermagem da Faculdade de Tecnologia do SENAC Jaraguá do Sul.

            A escolha dos participantes foi de forma aleatória e sem pré-requisitos. Foram entrevistadas pessoas de ambos os sexos e de diferentes faixas etárias.

Os depoimentos demostraram preocupação com o sobrepeso, os riscos das doenças, sentimentos de preconceito, desanimo e inadequação social, gerando insegurança e fuga social, e falta de oportunidades iguais no mercado de trabalho.

            Quanto à análise quantitativa do sexo dos participantes, pode ser visualizada no Gráfico 1.

Fonte: Própria pesquisa

            Verifica-se que o público entrevistado foi maior do sexo feminino que do sexo masculino. O que pode estar relacionado ao comportamento das mulheres de serem mais acessíveis para fornecer informações e abordagem em públicos do que os homens.

            Com base nos dados levantados (altura e peso), foi calculado o Índice de Massa Corpórea (IMC) do grupo entrevistado.

            Pode-se constatar que apenas 33,3% estavam com o peso saudável e 66,7% com sobrepeso ou algum grau de obesidade, os quais precisam de atenção e cuidado relacionados ao peso, conforme pode ser visualizado no Gráfico 2.

Fonte: Própria pesquisa

 

           

            A seguir será realizada a análise de dados das respostas do questionário.

            Para a pergunta: “Você considera importante à criação ou implantação de um grupo de apoio a obesos, com programas semanais nos postos de saúde, com palestras, orientações, consultas, exames, etc... ”.

           

Fonte: Própria pesquisa

            Constatou-se que a população considera muito importante a criação e implantação de um grupo de apoio nos postos de saúde, sendo que 100% dos participantes se manifestaram favoráveis, conforme Gráfico 3.

            Para a pergunta: “Você acredita que os obesos têm a mesma oportunidade de concorrer a vagas de trabalho, crescimento profissional, promoção, indicações, etc... Nas empresas”?    

Fonte: Própria pesquisa

            Conforme pode ser visualizado no Gráfico 4, com relação às oportunidades de trabalho e crescimento profissional, a maioria dos entrevistados afirmou que os obesos não têm as mesmas oportunidades no mercado de trabalho que os demais candidatos. Comentaram que há discriminação, devido o seu peso, e as oportunidades são diferentes dos demais candidatos.

            Para a pergunta: “Você acredita que haja uma preocupação e um atendimento profissional adequado em sua cidade às pessoas obesas”?

Fonte: Própria pesquisa

 

            O Gráfico 5 apresenta às respostas quanto à preocupação e o atendimento profissional adequado na cidade para as pessoas obesas. Os entrevistados não percebem uma preocupação e um atendimento profissional adequado em Jaraguá para obesos, apenas 23% das pessoas se manifestaram favoráveis, quanto ao atendimento adequado para os obesos na cidade.

 

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            Esta pesquisa buscou enfatizar os Grupos de Apoio a Obesos como sendo uma das melhores formas de inclusão e tratamento dos mesmos, por inseri-los em um ambiente com pessoas que vivem situações semelhantes a ele. Sendo um aspecto positivo de incentivo há um tratamento mais eficaz, com resultados mais rápidos e menor custo para a rede pública, que se não for realizado afeta o indivíduo, seus familiares, e a economia do país num todo.

            Através da terapia de grupos de apoio, identificamos que a convivência entre pessoas obesas, promove maior segurança e melhora a sua autoimagem. No entanto, nota-se que o trabalho em grupo na cidade onde os dados foram coletados, ainda não tem essa estrutura nos postos de saúde, com isto, os poucos trabalhos semelhantes ao grupo de apoio atendem apenas um pequeno público.

            Dessa forma nota-se a importância de realizar trabalhos que foquem o tratamento, e a prevenção da obesidade na cidade mencionada. A rede pública deveria realizar esta função. Portanto a enfermagem tem um papel fundamental na abordagem desse atendimento bem como de toda a Equipe de Saúde, engajada num único propósito que é a Atenção Básica aos Obesos nos Postos de Saúde. Buscando proporcionar um tratamento e atenção com equidade, através da elaboração e implantação de estratégias de grupos de apoio.

            Um desafio para os profissionais da área de Enfermagem é auxiliar na  elaboração de projetos estruturados, para serem implantados nos postos de saúde grupos de apoio a obesos. Sendo assim espera-se que essa pesquisa contribuir para disseminar a importância do tratamento eficaz e prevenção da obesidade.

           

           

           

 

 

REFERÊNCIAS

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INSTITUTO AMO, Assistência Multidisciplinar da Obesidade e Saúde Integral. Disponível em: < http://www.institutoamo.com/#!sobre-o-amo/c1wfv>. Acesso em: 07 set.2014

ANEXOS

 

SEXO: (   )FEM (   ) MASC    IDADE:__________             PESO:_____________  ALTURA:____________

  1. VOCE CONHECE ALGO SOBRE GRUPO DE APOIO PARA PESSOAS OBESAS? ( ) SIM    (   ) NÃO
  1. VOCE CONSIDERA UM GRUPO DE APOIO PARA OBESOS IMPORTANTE? (    ) SIM    (   ) NÃO
  1. QUAL PROFISSIONAL VOCÊ CONSIDERA QUE DEVERIA FAZER PARTE DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE UM GRUPO DE APOIO? ( ) MÉDICO   (   ) NUTRICIONISTA   (   ) PSICÓLOGO  (   ) ENFERMEIRO   (   ) FISIOTERAPEUTA (   ) PREPARADOR FÍSICO  
  1. VOCE CONHECE ALGUMA PESSOA QUE PRECISA DE AJUDA COM RELAÇÃO AO SEU PESO, OU DOENÇAS QUE A OBESIDADE POSSA DESENCADEAR COMO DIABETES, TIREOIDE, CARDIACAS, RESPIRATÓRIAS, ETC ( ) SIM   (      ) NÃO  
  1. VOCE CONSIDERA QUE A CLASSE SOCIAL DAS PESSOAS (RICO/POBRE) PODEM INFLUENCIAR NA OBESIDADE? ( )SIM     (   ) NÃO   
  1. VOCE CONSIDERA IMPORTANTE A CRIAÇÃO OU A IMPLANTAÇÃO DE UM GRUPO DE APOIO A OBESOS, COM PROGRAMAS SEMANAIS NOS POSTOS DE SAUDE, COM PALESTRAS, ORIENTAÇÕES, CONSULTA EXAMES... ( )SIM     (   ) NÃO  
  1. VOCE ACREDITA QUE PESSOAS OBESAS SOFRAM BULLING? (    ) SIM  (   ) NÃO
  1. VOCE CONSIDERA A OBESIDADE UMA DOENÇA GRAVE? (    ) SIM   (    ) NÃO 
  1. VOCE ACREDITA QUE PODEMOS NOS TORNAR UMA NAÇÃO DE OBESOS? ( )SIM  (    ) NÃO
  1. COMO VOCE PERCEBE OS OBESOS NO MERCADO DE TRABALHO?

(    )  PESSOAS NORMAIS  (    ) PESSOAS PROBLEMAS  (    ) PESSOAS COM DIFICULDADES APENAS

  1. VOCE ACREDITA QUE OS OBESOS TÊM A MESMA OPORTUNIDADE DE CONCORRER A VAGAS DE TRABALHOS, CRESCIMENTO PROFISSIONAL, PROMOÇÃO, INDICAÇÕES ETC... NAS EMPRESAS? ( ) SIM   (   ) NÃO  
  1. VOCE ACREDITA QUE OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE COMO MÉDICOS, ENFERMEIROS, ETC... TRATEM OBESOS DIFERENTES DAS DEMAIS PESSOAS EM SEUS PROCEDIMENTOS?(  ) SIM   (    ) NÃO  
  1. VOCE ACREDITA QUE HAJA UMA PREOCUPAÇÃO E UM ATENDIMENTO PROFISSIONAL ADEQUADO EM SUA CIDADE AS PESSOAS OBESAS?        (    ) SIM         (    ) NÃO 
  1. VOCE TEM UMA ALIMENTAÇÃO SAUDAVEL TODOS OS DIAS INGERINDO FRUTAS, VERDURAS, BEBENDO ÁGUA, CUIDANDO COM O SAL, GORDURAS, AÇUCARES? (   ) SIM     (      ) NÃO