imaginario social, movimentos sociais e educaçõa

Por maria do carmo lacerda souza | 10/04/2014 | Educação

ARTIGO:IMAGINÁRIO SOCIAL, MOVIMENTO SOCIAIS E EDUCAÇÃO.

 

INTRODUÇÃO

O artigo, imaginario social, movimentos sociais e educação surge da leitura e reflexão sobre movimentos sociais e educação .

O estudo nos mostra que o imaginário social influencia a construção da identidade dos movimentos sociais e reflete no ambiente escolar na perspectiva de continuidade e ou descontinuidade da ideologia do estado, e esses trouxeram mudanças no currículo das escolas e na educação no País.

O estudo e a análise foi feito na disciplina de imaginário social e os movimentos sociais na educação depois de discussões em

em grupo e leituras, dos textos da coletãnia e a analise do ppp da escola Municipal  no município de  Tailãndia estado do  Pará ‘Guaraci Mendes’.

PALAVRAS CHAVES: imaginário social, movimentos sociais, educação e Projeto Político Pedagógico.

                  IMAGINÁRIO SOCIAL

                Imaginário Social é a construção de caminhos para mudança ou manutenção são escolhas apropriadas a identificação de um grupo, é uma produção coletiva, é sonhar junto, definir junto, projetar o futuro ou manter o presente ou passado, tudo no coletivo.

                  Pode ser caracterizado por palavras, ideias,  rituais, crenças símbolos, alegorias,  ideologia e utopia de um povo.

                A capacidade de imaginar é que leva o homem a projetar um novo amanhã, a sonhar com uma sociedade melhor, a repensar seus atos na relação com o meio ambiente e os seres vivos que formam a biodiversidade, essa imaginação em conjunto voltada para melhoria do mundo trás progresso e esperança, e novos caminhos para a educação e o modo de viver.

                Já o imaginário social voltado para a manter o real, vem da satisfação com o presente, com o que  se tem  aqui e agora ou seja, a crença o ritual, símbolo ou ideologia etc.

              Bronislaw Baczko conceitua imaginário social: ”trata se de aspectos da vida social, da atividade global dos agentes sociais, cujas particularidades se manifestam na diversidade do seu produto.”

              Assim pode se perceber que os conflitos e tensões vivenciados  entre as camadas populares e o governo na busca por novos caminhos para a sociedade e educação foram estabelecidos devido ao imaginário social da sociedade insatisfeita com exploração e negação dos direitos.

MOVIMENTOS SOCIAIS.

          Movimentos Sociais é ação coletiva que busca manter ou mudar algo na sociedade, existe um grande número de movimentos sociais no mundo, que se organizam pelas mais diversas causas, existem movimentos locais e globais. O Estado tanto pode se colocar a favor da continuidade ou descontinuidade geralmente o governo prefere manter as coisas a favor de sua ideologia que está em defesa das classes mais favorecida, se contrapondo com repressão e negação ao movimento social, porém acontece de algumas vezes apoiar ao movimento e acatar as reivindicações de mudanças de proposto por alguns movimentos.

       A importância dos movimentos para a história no Brasil e no mundo na constituição de direitos vem dos primórdios, e cada direito conquistado tem na sua origem o imaginário e o movimento social que até os dias atuais ainda buscam conquistas justas  de direitos, os que  ainda não foram alcançados e outros já garantidos  em lei e são negados pela sociedade e há casos em que são tirados.

      Os movimentos sociais trazem na sua essência a expressão do desejo coletivo, o grito por justiça, é o anseio da maioria, é a negação a opressão, é fazer valer a liberdade de expressão, é o esforço da sociedade em conjunto, para chamar a atenção para o problema é um pedido por solução, os movimentos reafirmam a soberania popular e estão sempre em movimento porque respondem ao desenvolvimento e as ameaças ao bem estar em prol do coletivo e das preocupações comuns.

       É verdade que existe uma grande variedade de movimentos, mas estes possuem características comuns como o sentido de (in)justiça na mobilização individual e mobilização social ,no desenvolvimento de sua força social, de compartilhar a força social,e a motivação moral e preocupação com toda a classe .

       Os movimentos sociais são agentes de transformação social trazem novos caminhos e visões na cultura, política, economia e educação estão presente nas ruas, nas organizações e nas redes de movimentos sociais.

       Os movimentos sociais Populares na década de 80 foram responsáveis por muitas conquistas que vieram a garantir melhor qualidade de vida nos setores sociais, afirmação de direitos e exercício da cidadania, construção de identidade coletiva e auto- estima pessoal e social de setores e grupos historicamente discriminados ou oprimidos, intervenção nas políticas públicas, modificando ou inibindo as praticas assistencialistas e na educação com a conquista da educação básica de qualidade a todos.

EDUC

            A educação no Brasil surge como um método de domínio, e leva consigo esse mesmo método ao longo da história saiu da defesa pela expansão da igreja católica para a defesa do estado e permaneceu excludente, elitista e mantenedora da ordem por muitos anos com pequenas evoluções.

          O conhecimento que era detido por poucos  estava a serviço de quem podia mais a educação era mecanismo de opressão e detenção de poder.

         Mas os movimentos sociais a partir da década de 50 com as ideias de Paulo Freire sobre trouxe o sonho da educação como prática da liberdade numa proposta de educação libertadora .

         Para Paulo Freire a “educação libertadora”, ou melhor “educação como prática da liberdade”, uma vez que ela,embora esteja sustentada em grandes lineamentos, se faz e refaz continuamente na experiência dos indivíduos e coletivos que a fazem. Não qualquer individuo e nem coletivo, mas os oprimidos e os que com eles se comprometem na perspectiva da transformação social. Não qualquer transformação, mas a transformação radical da sociedade.” (p. 84)

        O pensamento de Freire veio a florescer nas camadas dos menos favorecidos nos sindicatos e entre educadores um novo imaginário social que influenciaram os  movimentos sociais, os quais alcançaram mudanças na educação, apesar das mudanças a educação continuava em defesa da classe dominante, elitista e excludente isso trouxe  sérios conflitos nos anos de 70 e 80 entre a sociedade e o estados, ocorreram na época  grandes movimentos e manifestações.

          Os movimentos sociais dos anos 80 tiveram muitas conquistas em todos os setores inclusive na educação que foi garantida na Lei maior como direito de todos e obrigação do estado.

        Nos dias atuais a educação busca uma nova identidade e a ela foi atribuída novas funções, devido a movimentos sociais de preservação do meio ambiente, contra o abuso sexual, pedofilia, o grito pela valorização das raças e da diversidade de culturas, o MST, entre vários outros movimentos que vieram a influenciar a ideologia do estado, principalmente na educação a qual precisou traçar novos caminhos e mudar a visão de currículo nas escolas  para educar e trazer mudanças de hábitos como o cuidado com o meio ambiente, um dos temas transversais que foram incluídos nesse novo currículo educacional.

     A educação teve avanços nas políticas públicas no entanto a mudança no interior da escola esta acontecendo lentamente.

                    

  

  

                  

IMAGINÁRIO SOCIAL, MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO.

 

Os movimentos sociais são influenciados pelo imáginário social do coletivo e vai para as manifestações de luta pelos direitos humanos.

 A mobilização coletiva em busca de direitos e humanização se dão nos movimentos sociais e nas experiências e lutas democráticas por emancipação ao longo da história, e foram esses movimentos que nos possibilitaram hoje vivermos a “democracia”.

      Pesquisas comprovam que os anos 70 e 80 foram marcados por inumeráveis manifestações dos movimentos sociais que refletiam o imaginário de uma sociedade mais justa e igualitária,esses movimentos trouxeram mudanças em todos os setores inclusive na educação que passou a ser direito do cidadão e não doação política.

                  Segundo Arroyo a escola vai deixando de ser uma dádiva da política clientelista e vai sendo exigida como um direito. Vai se dando num processo de reeducação da velha cultura política. Vai mudando a velha imagem que os próprios setores populares carregavam como clientes agraciados pelos políticos e governantes. (p.94).

             Percebe-se a influencia do imaginário social e dos movimentos dentro da educação uma vez que o alunado toma conhecimento de seus direitos, constata-se uma mudança também cultural e política papel relevante no pedagógico no sentido de colocar a educação e a escola a incluir no pedagógico o conjunto de direitos as vezes contradizendo ao discurso oficial   e trazendo um novo olhar para a educação e assim os movimentos sociais vão influenciando a reeducação escolar através das lutas coletivas pela escola.

           As transformações provocadas pelo movimento  promoveram mudanças na teoria pedagógica e na própria história da educação que antes era pensada simplesmente na oficial  hoje a escola tem autonomia para selecionar a grade curricular, trabalhar a partir da realidade do aluno isso se deve em parte aos movimentos sociais.

          Os movimentos sociais tiveram conquistas importantes em todos os setores, a mais relevante é a constituição de 88, e a nova LDB 9394/96, que veio garantir a educação de qualidade como direito de todos e obrigação da família e do estado em ofertá-la.

     Está garanti a valorização do professor, a pluralidade cultural, um currículo aberto a realidade local, a identidade do patrimônio negro e as identidades raciais respeitadas e valorizadas e o cuidado com o meio ambiente, Educação de Jovens e Adultos, educação do índio e inclusão.

O setor educacional teve que se reorganizar e mudar a sua visão de aluno para alcançar seu objetivo de ensino aprendizagem, aceitar que não há como transferir conhecimento mas que precisa despertar no aluno a construção deste, assumir o compromisso de ofertar a história da cultura afrodescendente, educar para manter a vida cuidando do meio ambiente e ampliar os saberes.  

 Segundo Arroyo: “...seria de esperar que a reconstrução da história da democratização da escola básica popular na América Latina não esquecesse , nem porque as elites se tornaram mais humanitárias, mas pela consciência social de que ela é inseparável da história social dos setores populares. De seus avanços na consciência dos direitos. A expansão da escola básica popular se torna realidade não tanto porque o mercado tem exigido maior escolarização e educada pelas pressões populares.”       

  Há dívidas da educação para com os movimentos como a conquista do direito a educação básica na escola pública que trouxe mudança a própria teoria pedagógica e o fazer educativo nas propostas de educação formal e informal .

 Existem também  objetivos comuns entre a educação e os movimentos que a movimentam, exemplo, os movimentos socais se mobilizam coletivamente em manifestações democráticas de emancipação e a educação  trabalha para essa emancipação democrática  no coletivo em busca da construção de um mundo mais justo.

Projeto Político Pedagógico da Escola Guaraci Mendes.

                  No estudo do Projeto Político da Escola Guaraci Mendes foi possível constatar que o imaginário social influencia os movimentos sociais que se refletem no ambiente escolar.

                    A própria construção do Projeto já é uma ação democrática na escola, além do conteúdo do texto formador que mostra  a identidade da escola Guaraci Mendes.

            Verificando os fundamentos epistemológicos sabe-se que a teoria sócio histórico -interacionista, está centrada no aprender a aprender onde o conhecimento é construído através de uma interação do sujeito com o meio, com outros sujeitos e consigo mesmo, a partir de estruturas existentes no sujeito e cabe ao educador mediar o que o aluno já sabe a novos conceitos através da linguagem para ampliar os conhecimentos de forma a transformar esses conhecimentos e elaborar novos, ou melhor partir da realidade existencial para o mundo da ciência e da tecnologia e superá-los, integrado histórico e socialmente no mundo.

Analisando os fundamentos didáticos pedagógicos percebe-se que se baseia na relação da inteiração democrática e o trabalho docente considera o saber articulado a outros saberes que o aluno traz na da realidade para partir no conhecimento do mundo,a educação se faz dentro e nos diversos espaços educativos presentes na comunidade busca contribuir para criar ambientes culturais diversos na intenção de fortalecer a aprendizagem curricular e o convívio social na interação sujeito mundo, sujeito-objeto, relação essa intrapessoal e interpessoal de modo a construir a formação do homem capaz de conhecer, produzir e transformar um cidadão ético e autônomo.

Pesquisando os fundamentos éticos–políticos há cinco valores desenvolver no aluno: Justiça, Solidariedade, Integridade, Respeito e Amizade, buscando definir a identidade do cidadão que pretende formar aponta a sociedade idealizada, sociedade essa, que pode ser construída, por homens norteados por valores vivenciados no cotidiano escolar.

E para formar o aluno e construir uma sociedade justa, democrática, igualitária e solidária, a escola fundamenta-se ética e politicamente nos  cinco valores.

       Busca implementar a educação que a lei garante como um direito de todos, é compulsório a ação da escola incluir nas atividades algumas leis que exige mudança de atitude, como: valorização da cultura afro-descendente amparada pela Lei nº 10.639/03,  inclusão da proteção ao meio ambiente no currículo, Lei  ambiental 9795/99 necessidade de se trabalhar os  direitos e deveres  da criança e adolescente (ECA)  Lei 11525/07.

Busca se aplicar a metodologia a partir da verdade de que aprendizagem acontece quando é possível vivenciar e conhecer na teoria e na prática.

Justiça como primeiro e grande valor a ser desenvolvido no trabalho escolar não foi por acaso, mais sim, porque ela está a serviço de ser justo, e quem é justo, é ético, a sua força maior no trabalho da escola é explorar os direitos e deveres de alunos e funcionários, ressalta-se que é justo o direito de igualdade de direitos entre os homens decretado e garantido em lei, esse direito por sua vez traz deveres de respeito e combate a discriminação de raças, credo, cultura e etc. Com esse valor explora-se o ECA, explora-se a igualdade dos homens, a cultura afro-descendente, a diversidade cultural.

A solidariedade  segundo grande valor em destaque na proposta curricular da escola, ser solidário é dar ao outro o que não é dele, e sim, seu, mas, você oferece generosamente ao outro.

 Integridade terceiro valor destacado, escolha fundamental, porque ser íntegro é ser ético, é ser fiel aos seus princípios e guardar os valores aprendidos e apreender, mantê-los ao longo da vida, não se corromper por nenhum motivo.

. Respeito  quarto valor em que fundamenta -se a ética política desta escola, é uma ação de conduta e estima pelo outro, é obrigatório  e a lei determina.

Amizade quinto e último valor aqui explicitado como fundamental na formação dos alunos da escola Guaraci Mendes, destacada pela contribuição na formação do indivíduo.

Ela é um relacionamento que envolve afeição, conhecimento e lealdade o que justifica a necessidade da mesma em todas as relações existentes.

      Analisando os fundamentos epistemológicos constata -se três teóricos: Levi Vygotsky um dos fundamentadores da proposta pedagógica da escola Guaraci Mendes diz que o processo de apropriação do conhecimento se dá nas relações reais do sujeito com o mundo, distingue dois tipos de conceitos: o primeiro é o cotidiano e prático, desenvolvidos nas práticas das crianças no cotidiano, nas interações sociais; o segundo é o cientifico, adquiridos por meio de ensino, pelos processos deliberados de instrução escolar.

Vygotsky, sintetiza claramente sua concepção acerca do desenvolvimento dos conceitos científicos, apresenta as idéias que fundamentam sua posição de que os conceitos científicos, diferentemente dos cotidianos, estão organizados em sistemas consistentes de inter-relações. Por sua inclusão num sistema e por envolver uma atitude mediada desde o inicio de sua construção, os conceitos científicos implicam uma atitude metacognitiva, isto é, de consciência e controle deliberado por parte do individuo, que domina seu conteúdo no nível de sua definição e de sua relação com outros conceitos”.

A partir das considerações de Vygotsky, pode se considerar outra idéia geral sobre o desenvolvimento é a de que diferentes culturas produzem modos diversos de funcionamento psicológico. Por fim, é necessário ter em mente que, a proposta de Vigotsky é que se intervenha de forma decidida e significativa nos processos de desenvolvimento da criança no sentido de ajudá-la a superar eventuais dificuldades, recuperar possíveis defasagens cognitivas e auxiliá-la a ativar áreas potenciais imediatas de crescimento e desenvolvimento.

                           Outro fundamentador da proposta é Wallon (1996), defensor do sócio interacionismo ressalta a característica geneticamente social do ser humano e a necessidade de articulação entre os aspectos biológicos e as práticas sociais, ele considera a adaptação biológica pela via da emoção, integrando de forma inédita o corpo e a tonicidade com a vida cultural e para ele , a escola oferece essa condição, já que os processos de socialização dão suporte à cognição, facilitam a imitação como categoria inicial do desenvolvimento, e o outro assume o papel de traduzir, no movimento e na ação, os processos de inserção à realidade,introduzindo o sujeito à cultura

 Wallon valoriza a pessoa completa, e é contrário ao procedimento de se privilegiar um único aspecto do desenvolvimento e a favor de que seja trabalhado todos os aspectos afetivo, cognitivo e motor, procurando mostrar quais são, nos diferentes momentos do desenvolvimento os vínculos entre cada um e suas implicações com o todo representado pela personalidade. Desta opção, resultam quatro temas centrais na sua teoria: emoção, movimento, inteligência, personalidade." "Tendo acesso a material teórico que aborda de forma integrada, temas como expressividade, emoção, gestualidade, movimento, representação mental, pensamento discursivo, o professor estará provavelmente melhor preparado para atender o aluno em suas diversas necessidades, assim como impulsionar o seu desenvolvimento e favorecer sua aprendizagem. Afinal, a Escola não deve dissociar a formação da inteligência da formação da personalidade, pois a inteligência tem ´status´ de parte no todo constituído pela pessoa  e seu desenvolvimento está ligado ao das outras esferas constitutivas deste todo."

 "A serviço da Educação, a concepção de Wallon oferece subsídios para aprofundar a reflexão sobre a prática pedagógica, motivando a investigação educacional. Ao mesmo tempo, impõe exigências sobre esta prática, cobrando da Escola o atendimento do indivíduo na integridade dos domínios que o constituem (afetivo,cognitivo e motor)."

Nessa perspectiva significa dizer que o professor tem uma grande responsabilidade na aprendizagem e na elaboração de cada aluno, pois a interação e a problematização da realidade sugerem a reorganização da cognição.

O terceiro fundamentador da proposta é Paulo Freire que defende o diálogo porque através do diálogo o homem (a) restabelece o direito do ser humano pronunciar o mundo, transformá-lo e se humanizar. O diálogo pressupõe compromisso com os homens, um compromisso amoroso, ético, humilde, grávido de fé e de esperança na humanidade e nas suas possibilidades de libertação e de democratização. Pois, “Ao fundar-se no amor, na humildade, na fé nos homens, o diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança de um pólo no outro é conseqüência óbvia” (Freire, 1981, p.96).

Portanto, a pedagogia de Freire não pode ser percebida apenas como uma crítica à educação bancária, tradicional e autoritária, ou como um método rápido de alfabetização de jovens e adultos, e sim, como uma práxis que comporta uma ética pedagógica-política e epistemológica profundamente democrática como a educação  que pretendemos oferecer na Guaraci Mendes capaz de formar um aluno ético e autõnomo que acreditamos ser possível através da relação dialógica e democrática.

                                                                   O respeito à autonomia e a dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. (...) É nesse sentido também que a dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela, é a forma de estar sendo coerentemente exigida por seres que, inacabados, assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos. É preciso deixar claro que a transgressão da eticidade jamais pode ser vista como virtude, mas como ruptura com a decência.  O que quero dizer é o seguinte: que alguém se torne machista, racista, classista, sei lá o quê, mas se assuma como transgressor da natureza humana. Não me venha com justificativas genéticas, sociológicas ou históricas ou filosóficas para explicar a superioridade da branquitude sobre a negritude, dos homens sobre as mulheres, dos patrões sobre os empregados.  Qualquer discriminação é imoral e lutar contra ela é um dever por mais que se reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar (Freire, 1996, pp. 66-67).

Paulo Freire descreve a construção de uma escola realmente democrática, do povo e para o povo, escola de qualidade  que todos  façam parte e tenham também poder de decisão sobre ela. Mais uma vez, é a defesa da autonomia do ser humano, da escola, da sociedade.  Uma autonomia que se desenvolve com os outros, e não de forma isolada.

                 Freire, é contrario a qualquer tipo de autoritarismo, e decisões tomadas de cima para baixo, tão freqüentes nas relações nos diversos setores da educação.  Segundo ele é imprescindível mudar a cara da escola, tornando-a mais democrática, seja no nível das relações sociais de poder, seja na exigência de uma escola competente em que todos participem como sujeitos desse processo.   

        Dessa forma, diretores, professores, pais de alunos, alunos, merendeiras, etc., enfim, toda a comunidade escolar tem direito à voz e voto nos conselhos de escola e em outras instâncias políticas.  Ou seja, é uma escola do povo e para o povo.

Contudo, a implementação dessas mudanças na escola não foi e não é um processo fácil, porém lento e que esbarra em várias dificuldades.  A maior delas talvez seja falta de cultura democrática da população brasileira e daqueles que atuam e vivenciam a escola.  Diretoras acostumadas a apenas mandar e receber ordens dos diversos governamentais, professores não confiando nos pais de alunos e vice-versa, etc., são alguns dos exemplos que podemos citar.  Entretanto, essa cultura anti-democrática, mais que um empecilho para a mudança, foi e deve ser um motivo a mais para se lutar para Incrementar a qualidade da educação, mediante a construção coletiva de um currículo interdisciplinar e a formação permanente do pessoal docente

                               Em relação à formação permanente do professor, um princípio se destaca: “O educador é o sujeito de sua prática, cumprindo a ele criá-la e recriá-la” (Freire, 2000a, p.80).  Dessa maneira, “o programa de formação de educadores é condição para o processo de reorientação curricular da escola” (p.80) assim o currículo ideal é o que não valoriza apenas as disciplinas da grade, mais que abre o espaço para trabalhar a realidade a cultura local o interesse e necessidades do aluno de modo a levá-lo a conhecer o mundo a ciência e a tecnologia  prazerosamente partindo da sua realidade existencial assim a escola para ele é um espaço de construção da verdadeira democracia dialógica e participativa que  possibilita o surgimento de sociedade mais justa e mais humana.

          Freire defende democratizar o poder pedagógico e educativo objetivando o respeito à autonomia do ser humano, à democratização do poder de participação e decisão a toda a comunidade escolar, é a sua marca.

           No que se refere ao professor ele diz que este deve ser reflexivo e crítico para desenvolver  uma formação crítica de jovens que sejam capazes de analisar suas realidades social,  histórica e cultural, criando possibilidades para transformá-la, conduzindo alunos e professores a uma maior autonomia e emancipação. O professor crítico-reflexivo possui como uma de suas grandes características a preocupação com as consequências éticas e morais de suas ações na prática social.

                            Segundo ele o professor é mediador do conhecimento e concebe os alunos como agentes críticos, o conhecimento se torna problemático, o diálogo crítico e afirmativo e os argumentos tudo a favor de um mundo melhor ,  considera a voz ativa dos alunos, cujos sentidos e significados de ser e estar no mundo, construídos historicamente, permeiam todas as suas ações no que se refere à sua aprendizagem, à escola e à sociedade.

                    A linguagem crítica, no  processo reflexivo, torna-se importante para a formação de professores e alunos conscientes do seu agir na sociedade e no mundo.

                 Assim, as ações de linguagem suscitadas dos seus discursos não se baseiam apenas nos conteúdos programáticos, mas emergem de um processo reflexivo. Isso quer dizer que a linguagem pode servir como instrumento para o professor refletir sobre suas práticas educativas, ao mesmo tempo em que a utiliza como objeto de suas ações em sala de aula.

                      Nessa perspectiva, professores e alunos percebem-se como agentes transformadores e passam a se considerar atuantes no processo de transformação sociocultural e concebem a importância da coragem e da vontade de mudar suas realidades, a fim de proporcionar meios para uma resignificação da escola.

              Paulo Freire na sua abordagem sobre avaliação da aprendizagem, apesar desse tema não ter sido priorizado por ele, a avaliação para Freire é  emancipatória ou seja nos constituímos a partir das ações que empreendemos fruto de nossas reflexões, questionamentos e desafios sobre nós mesmos e das incorporações que fazemos a partir das interações com os outros e o mundo, em um processo permanente de avaliação, que  deve ser dialógico para tomarmos consciência dele de modo a provocar mudança,  transformação em nossas vidas e ações, assim o erro serve para futuros acertos e não para eliminação dessa possibilidade então é na avaliação  dialógica  qualitativa e  contínua que o aluno poderá crescer no ensino aprendizagem com ética e autonomia como seres individuais e sociais.

             Portanto resgatar a práxis política-pedagógica de Paulo Freire é reviver e reafirmar a luta por uma sociedade e uma escola mais democrática, humana, ética e fraterna é o imaginário social vivo na sociedade e na escola Guaraci Mendes atual.  

 Constata se que imaginário social teve influencia direta nos movimentos sociais que aconteceram no passado e os que ocorrem na atualidade e que a educação a favor ou não da ideologia dos movimentos, é influenciada e transformada por eles, e o PPP em estudo tem na sua essência todo a democracia sonhada pelos movimentos sociais.

 

 

CONCLUSÃO:

 

           Espera-se com esse trabalho, ter atingido o objetivo de identificar a influencia do imaginário social no processo de construção da identidade dos movimentos sociais e reflexos no ambiente escolar na perspectiva de continuidade e descontinuidade de ideologia do estado.

          Quando se fala em imaginário social, movimentos sociais e faz- se a relação com a educação pressupõe – se que a escola é de alguma forma também contagiada pelo imaginário social e transformada pelos movimentos.

         Através da análise do projeto político pedagógico da escola Guaraci Mendes identifica - se que há a influencia dos movimentos socais na proposta da escola.

        Para finalizar reforça-se a contribuição da analise feita neste trabalho pois percebe-se que o imaginário social e o resultado de  movimentos sociais de décadas passadas, se apresenta na educação e na escola da atualidade.

REFERENCIAS

ARROYO,Miguel G. Pedagogias em Movimentos- o que temos a aprender dos                 movimentos Sociais? Curriculo sem Fronteira,v.3. Nº 1, PP. 28-49,jan/jun.2003

BACZKO, Bronislaw. Imaginação Social.In:Einaudi. Vol.1 Memória e História. Lisboa: Imprensa Nacional e Casa da Moeda, 1984,PP.296-331.

COLETANIA DE TEXTOS Anne Sullivan University: Imaginário Social e os Movimentos Sociais na Educação Popular .2014

VYGOTSKY, Lev Semenovich.Pensamento e Linguagem.2.ed.São Paulo:Martins Fontes, 1989.

FREIRE,Paulo.Pedagogia do Oprimido.37.ed.RJ:Paz.e Terra,2003.

PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO Escola Municipal Guaraci Mendes. Tailãndia. Pará.2012.

 

 

 

 

 

                       

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