Imagem no espelho
Por Antonio Ribeiro | 12/03/2011 | CrônicasEla parou frente ao espelho, contemplou sua imagem de mulher jovem, bonita de seus vinte e poucos anos e pensou em mudanças.
Queria mudar porque queria mudar.
Romper todos os laços atuais.
Queria coisas novas, vivência, amizade, lugares.
Pintou o rosto. Maquiagem que realçaram ainda mais seus brilhantes olhos.
Exagerou em alguns detalhes, inclusive no perfume.
Criou, em seu quarto, clima propício as suas fantasias. Alterou a tonalidade da luz e musicou o ambiente.
Pensou em pessoas diferentes do seu dia a dia. Queria outras que lhe causasse fortes sensações.
Quem a amasse intensamente com força e ímpeto de selvageria.
Queria ser amada, dominada sem pudores, por alguém forte, só nos músculos, que a levasse a loucuras de amor.
Ser chamada por vários nomes. Ser um objeto, explorada, exigida em troca de simples flor vermelha.
Distanciar-se da mesmice.
Ser diferente de todas quanto a rodeavam desde a infância.
Em coisa alguma se assemelhar a sua mãe, tias ou avó.
Tirar marcas e roupas que a faziam como a maioria de suas iguais no dia a dia.
Não ter preocupações diárias com família. Marido, casa e etc.
Trocar o dia pela noite, romper com todos os seus paradigmas.
Não ser de um, mas de inúmeros amantes. Vários e de características diversas.
Em suas fantasias não havia problemas.
Tudo seria exatamente como previamente pensado. Um mar de rosas. Um oceano de calmarias.
Todos com quem se envolvesse seriam pessoas que tivesse total domínio, por tanto nenhuma conseqüência teria estes seus atos. Todos os personagens, esculpidos com os formões de seus pensamentos.
Clemente não conseguia entender por que algumas pessoas procuram coisas fora do normal, do cotidiano, coisas que inevitavelmente terão conseqüências desastrosas com cicatrizes permanentes no corpo e na alma.
Lembrou que seu pai dizia que o dia a dia pode ser açucarado, alegre cheio de emoções se o vivermos com alegria e prazer.